tag:blogger.com,1999:blog-34189427806526224912024-02-02T02:19:47.386-08:00LULA AO AVESSOA decadência moral do falso defensor dos trabalhadores comprovada no livro "Lula, Luís Inácio - Entrevistas e discursos", editado pelo PT em 1981. Contradições e mentiras já percebidos naquela época, por alguns entrevistadores, quando seus discursos evidenciavam a falsa imagem que enganou muitos eleitores.Jurema Cappellettihttp://www.blogger.com/profile/16339170311595061062noreply@blogger.comBlogger24125tag:blogger.com,1999:blog-3418942780652622491.post-53607185238299603722012-04-07T14:05:00.000-07:002012-04-07T14:05:28.693-07:00<br />
<span style="color: #ead1dc; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">ESTA É APENAS UMA PARTE DO PRIMEIRO DISCURSO QUE CONSTA DO LIVRO. COMENTÁRIOS E RESTANTE SERÃO COLOCADOS DEPOIS, POIS O DISCURSO É IMENSO. VÁ FALAR TANTO ASSIM LÁ NA ""<strong><em><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">CAIXA PREGO""</span></em></strong>! </span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS";">No
dia 14 de março de l979, os metalúrgicos do ABC entraram <st1:personname productid="em greve. No" w:st="on">em greve. No</st1:personname> dia 22, no estádio
de Vila Euclides, <st1:personname productid="em São Bernardo" w:st="on">em São
Bernardo</st1:personname> do Campo, Lula submeteu a uma assembléia de 90.000
trabalhadores um documento assinado por representantes dos patrões e a volta ao
trabalho e a constituição de uma comissão integrada por representantes dos
trabalhadores, dos empresários e do governo, para estudar, num prazo de 45
dias, um acordo que<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>pusesse fim ao
movimento grevista.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS";"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS";">Nesta
assembléia, depois de destacar o significado do comento e de advertir pra
o<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>risco de uma intervenção, Lula
colocou-o em votação, e ele foi rejeitado. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>No dia seguinte, os sindicatos de São Bernardo
do Campo e Diadema, Santo André e São Caetano do Sul sofreram uma intervenção
federal.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS";"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS";">Companheiros:<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS";">Hoje
teremos que tomar aqui, quem sabe, uma decisão muito mais importante ainda do que
a decisão que tomamos de entrar em greve.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS";">É
importante, muito importante mesmo, que vocês prestem atenção nesse documento. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Esse documento foi feito ontem à noite,
datilografado hoje e o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e
Diadema, o Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e o Sindicato dos Metalúrgicos
de São Caetano se comprometeram a trazer este documento para apreciação desta
assembléia. E não poderia deixar de ser diferente porque, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u>desde que começamos este movimento, tudo o que foi discutido , tudo
aquilo que nós ouvimos dos empregadores, a gente trouxe aqui à presença dos
senhores, e a diretoria e a comissão de salários se submeteram à decisão máxima
deste plenário.</u></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS";">Eu
vou ler o documento e vocês prestem bastante atenção porque, antes de eu
colocar a minha posição pessoal e a minha posição de presidente do sindicato <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u>darei uma série de explicações sobre
este documento</u></b>.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS"; font-size: 10pt;">“Na presença do Excelentíssimo Sr. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="color: red;">m</span></u></b>inistro
do <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="color: red;">T</span></u></b>rabalho,
Dr. Murilo Macedo, os Sindicatos dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas
e Mecânicas e de Material Elétrico de São Bernardo do Campo e Diadema, Santo
André, Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra e São Caetano do Sul, e os Sindicatos
Patronais do 14º grupo, Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico,
mais a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u>procurando conjuntamente soluções elevadas e patrióticas para o
problema gerado pelas paralisações do trabalho na região ABC</u></b>,
deliberaram formar um acordo nos seguintes termos:</span><span style="font-family: "Trebuchet MS"; font-size: 10pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS"; font-size: 10pt;">1º) Entre os sindicatos metalúrgicos de
empregadores e de empregados deliberou-se que os trabalhadores concordam com o
retorno ao trabalho e que será assinado o protocolo de intenções já firmado por
uma parcela da categoria com as ressalvas constantes das letras seguintes:</span><span style="font-family: "Trebuchet MS"; font-size: 10pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 22.5pt; text-align: justify; text-indent: 0cm;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Trebuchet MS"; font-size: 10pt; mso-bidi-font-family: "Trebuchet MS"; mso-fareast-font-family: "Trebuchet MS";"><span style="mso-list: Ignore;">a)<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";">
</span></span></span></b><span style="font-family: "Trebuchet MS"; font-size: 10pt;">Fica criada uma comissão tripartite, integrada por
representantes dos trabalhadores, dos empresários e do governo, com a finalidade
de estudar, dentro do prazo de 45 dias, o item 2º do referido protocolo, que
dispõe sobre o reajuste salarial dos empregados de empresas que concederam aumentos
salariais reais por acordo ou outra forma, entre 2 de abril de l978 e a presente
data.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS"; font-size: 10pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt 22.5pt; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 22.5pt left 89.6pt; text-align: justify; text-indent: -22.5pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Trebuchet MS"; font-size: 10pt; mso-bidi-font-family: "Trebuchet MS"; mso-fareast-font-family: "Trebuchet MS";"><span style="mso-list: Ignore;">b)<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";">
</span></span></span></b><span style="font-family: "Trebuchet MS"; font-size: 10pt;">A representação dos trabalhadores na aludida comissão
tripartite será constituída pelos sindicatos profissionais signatários deste
acordo e poderá contar com um representante dos signatários do protocolo de
intenção.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt 22.5pt; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 22.5pt left 89.6pt; text-align: justify; text-indent: -22.5pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Trebuchet MS"; font-size: 10pt; mso-bidi-font-family: "Trebuchet MS"; mso-fareast-font-family: "Trebuchet MS";"><span style="mso-list: Ignore;">c)<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";">
</span></span></span></b><span style="font-family: "Trebuchet MS"; font-size: 10pt;">Competirá ao governo através da ação mediadora do <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="color: red;">m</span></u></b>inistro
do <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="color: red;">T</span></u></b>rabalho,
estabelecer a solução conciliatória, em havendo divergência entre as partes.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt 22.5pt; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 22.5pt left 89.6pt; text-align: justify; text-indent: -22.5pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Trebuchet MS"; font-size: 10pt; mso-bidi-font-family: "Trebuchet MS"; mso-fareast-font-family: "Trebuchet MS";"><span style="mso-list: Ignore;">d)<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";">
</span></span></span></b><span style="font-family: "Trebuchet MS"; font-size: 10pt;">Os empresários <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u>assumem
o formal compromisso de não aplicarem penalidades de quaisquer natureza</u></b>,
inclusive demissão, aos empregados que participaram das paralisações gerais, e <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u>durante 120 dias, havendo demissão por
outro motivo, será ela comunicada por escrito ao trabalhador dispensado, com as
razões determinantes da dispensa.</u></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt 22.5pt; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 22.5pt left 89.6pt; text-align: justify; text-indent: -22.5pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Trebuchet MS"; font-size: 10pt; mso-bidi-font-family: "Trebuchet MS"; mso-fareast-font-family: "Trebuchet MS";"><span style="mso-list: Ignore;">e)<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";">
</span></span></span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: "Trebuchet MS"; font-size: 10pt;">O valor relativo às horas
paradas será adiantado aos trabalhadores mediante vales, os quais serão
resgatados no mínimo, através de cinco parcelas</span></u></b><span style="font-family: "Trebuchet MS"; font-size: 10pt;">, de igual valor à
primeira, começando no mês de maio.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 89.6pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS"; font-size: 10pt;">2º) <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Por sugestão do Sr. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="color: red;">m</span></u></b>inistro do <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="color: red;">T</span></u></b>rabalho,
as partes se incumbem de encaminhar ao governo estudos referentes à legislação
do FGTS e da estrutura sindical, dentro de 240 dias; da legislação de greve, da
nova sistemática da representação sindical e do sistema de negociação coletiva,
dentro de l80 dias para análise do Ministério do Trabalho e eventual encaminhamento
ao Congresso Nacional de mensagens governamentais que possam resultar em novos
instrumentos legais para a regulamentação dessa matéria.<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: "Trebuchet MS"; font-size: 10pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 89.6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS"; font-size: 10pt;">A
assinatura deste acordo manifesta o compromisso das partes em levá-lo para a
discussão nas assembléias.”<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 89.6pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 89.6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS";">Então, os três sindicatos assinaram este
documento, comprometendo-se a trazê-lo para a apreciação da assembléia.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS";"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 89.6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS";">Agora, algumas explicações que eu acho
fundamentais. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Peço aos companheiros
trabalhadores que prestem bastante atenção. <span style="color: #999999;">(</span></b><span style="color: #999999;">FEZ COM QUE OS OPERÁRIOS SE SENTISSEM
IMPORTANTES, E OUÇAM SUA VOZ).<o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 89.6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS";">Vocês viram que a proposta não prevê o
aumento imediato de nosso salário. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O que
se pede nesse documento é que os trabalhadores voltem a trabalhar de imediato.
Dentro de 45dias, a partir da volta ao trabalho, serão discutidos os nossos 11%.
Companheiros, deixem eu dar todas as explicações, pois <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u>tem muitas explicações, tem muitas mesmo</u></b>. Diz também o documento que <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u>sequer as horas que nós ficamos em greve
serão pagas. Essas horas serão descontadas
em cinco parcelas</u></b>, a partir do dia 10 de maio.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Diz também esse documento que as outras
coisas, o delegado sindical e outras reivindicações que nós fizemos, serão
discutidas apenas, quem sabe, a partir de 180 dias, e algumas a partir do
primeiro dia.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 89.6pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 89.6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS";">Eu queria que vocês entendessem uma coisa
muito importante. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Desde o primeiro dia,
desde a primeira assembléia que nós fizemos, no sindicato ou aqui, eu disse a
vocês que a diretoria do sindicato e a comissão de salários iriam até às últimas
conseqüências para conseguir<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o nosso
aumento de salário. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Gostaria que os
companheiros deixassem para se manifestar na hora em que eu terminar as
explicações que eu considero de muita valia para todos os trabalhadores.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 89.6pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 89.6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS";">O Ministério do Trabalho teve, na minha
opinião, um comportamento exemplar. Eu nunca tinha visto, nunca – desde ll972
que eu estou no sindicato e desde l975 que eu sou presidente do sindicato - ,
eu nunca vi um <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="color: red;">m</span></u></b>inistro do <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="color: red;">T</span></u></b>rabalho com posições tão
honestas<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>como foram as do Murilo Macedo.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Entretanto, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u>eu nunca vi, mesmo, tanta safadeza como eu dos empresários.<o:p></o:p></u></b></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 89.6pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: "Trebuchet MS";"><o:p><span style="text-decoration: none;"></span></o:p></span></u></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 89.6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS";">Eu já disse a vocês que os 11º serão
discutidos – segundo proposta deles – a partir do nosso retorno ao trabalho. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Entretanto, eu gostaria de alertar os
companheiros para uma coisa. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ontem, pelo
menos todos os que estão aqui, ou <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u>pelo
menos aquelas quase três mil pessoas</u> </b>que se encontravam no sindicato
estavam preocupadas, estavam muito preocupadas com uma coisa chamada “intervenção
no sindicato”. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não foram poucos os
companheiros que, quando<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> <u>eu cheguei às
três e meia da manhã</u></b>, me procuravam pra saber se iria realmente haver
intervenção. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E aqui na assembléia ontem à
tarde, os companheiros do Sindicato de Santos, os companheiros do Sindicato dos
Petroleiros de Paulínia alertavam os companheiros para irem ao sindicato, porque
corríamos o risco de uma intervenção.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
CONTINUA...</div>Jurema Cappellettihttp://www.blogger.com/profile/16339170311595061062noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3418942780652622491.post-21476053455941329522012-04-05T11:27:00.005-07:002012-04-05T12:59:34.185-07:00DISCURSOS - Segunda parte do livro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNe9uEc1qRu21aHAVeVHt9zUdf_nVPDwP7nGrFzZyiDb7R0mIvytta50yX672C9mu9oSe964O9O-QXtpnHu1YR7mw3KmLOpByxrYcKbqq7TzUXprEDZMiXIGFfO0AiiRxcIgSH7-alIPU/s1600/livro+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNe9uEc1qRu21aHAVeVHt9zUdf_nVPDwP7nGrFzZyiDb7R0mIvytta50yX672C9mu9oSe964O9O-QXtpnHu1YR7mw3KmLOpByxrYcKbqq7TzUXprEDZMiXIGFfO0AiiRxcIgSH7-alIPU/s320/livro+2.jpg" width="284" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7g_tEDAcp6CpUGQ6KOffFVKvH5OYRmYygs1AUpjuJzS6PQXx43vIyLhb00HnK9GgNLDt7zNJ8uDB_j8VetjitqkfAGxqlvg5jS0tjk3_gXaGBtR9j9Rx9_Fy-Q59dlgsyhEgja1CiJtI/s1600/livro4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="148" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7g_tEDAcp6CpUGQ6KOffFVKvH5OYRmYygs1AUpjuJzS6PQXx43vIyLhb00HnK9GgNLDt7zNJ8uDB_j8VetjitqkfAGxqlvg5jS0tjk3_gXaGBtR9j9Rx9_Fy-Q59dlgsyhEgja1CiJtI/s320/livro4.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhu6gPdthnTv2GCD8Ap4DdndoVfmbRkF03sgYAxGthNl-Xv4LAw_WXGReuPPpU_mMniL4pmrl_-uuhoK93FAaugxEHRNnVfsraLpDGLB-9It78RBRnUmyay-au4ltvuDF8aeYnt4o6CbGA/s1600/edi%C3%A7%C3%A3o+do+livro+lula.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhu6gPdthnTv2GCD8Ap4DdndoVfmbRkF03sgYAxGthNl-Xv4LAw_WXGReuPPpU_mMniL4pmrl_-uuhoK93FAaugxEHRNnVfsraLpDGLB-9It78RBRnUmyay-au4ltvuDF8aeYnt4o6CbGA/s400/edi%C3%A7%C3%A3o+do+livro+lula.jpg" width="273" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /><span style="color: yellow; font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><em>"Este livro foi editado pelo Núcleo Ampliado de Professores </em></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: yellow; font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><em>do Partido dos Trabalhadores-PT, de São Paulo"</em></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /><br /><br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7UiLHFtxJIr_u40Goxn-cTWPyAyZB95e2jSl7L0-hbq4L4W8uTgUGQMMm5wpPtRPnUolMV_Yyqbo1qfnwHfALbKNdnWb7oY44HONCphxtQFIYrYJIvJQpLUpgxYYTwDJt0WwwdZ4RQwY/s1600/DISCURSOS+LIVRO+LULA.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7UiLHFtxJIr_u40Goxn-cTWPyAyZB95e2jSl7L0-hbq4L4W8uTgUGQMMm5wpPtRPnUolMV_Yyqbo1qfnwHfALbKNdnWb7oY44HONCphxtQFIYrYJIvJQpLUpgxYYTwDJt0WwwdZ4RQwY/s200/DISCURSOS+LIVRO+LULA.jpg" width="141" /></a><span style="font-family: "Trebuchet MS";">Se
as entrevistas mostram com clareza a evolução do pensamento de Lula, seus
discursos constituem uma prova cabal de <strong>sua profunda identificação com a classe
trabalhadora</strong>, principalmente os metalúrgicos que ele representa através do
Sindicato de São Bernardo do Campo e Diadema.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>As campanhas salariais conduzidas pela diretoria desse sindicato
representaram os momentos cruciais da mobilização dos metalúrgicos do ABC a
partir de l978. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não há dúvida de que
essa <u><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">mobilização teve como um de seus
suportes básicos a palavra de Lula</b>.</u> <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><strong>Falando a seus companheiros numa linguagem
direta, clara, por vezes rude, Lula revelava-se não um mestre, mas um
igual,</strong> um membro do mesmo universo de necessidades, lutas e trabalhos. Ouvindo-o,
os trabalhadores ouviam sua própria voz. </span><br />
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS";">Nas
assembléias convocadas durante as campanhas salariais, a maioria
reunindo dezenas de milhares de trabalhadores – algumas alcançando perto de
100.000 pessoas -, os discursos de Lula foram sempre decisivos quanto a
orientação das campanhas e ao comportamento a ser adotado pelos metalúrgicos. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E mais do que isso, é nessas assembléias que,
através de pinceladas cruas e realistas, Lula tem revelado a seus ouvintes<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o que todos eles conhecem<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>mas poucos conseguem discernir com clareza:? Os
traços cruéis das relações entre capital e trabalho.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS";">A
coletânea apresentada neste livro, embora incompleta e contendo discursos
truncados pela impossibilidade<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>de
reconstituição integral, mostra de modo claro e suficiente a identidade<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>de pensamento e ação entre Lula e a classe
trabalhadora. A divulgação desses discursos poderá contribuir para aprofundar a
reflexão sobre a dura realidade da classe trabalhadora brasileira, mas <strong>deverá
sobretudo constituir um instrumento capaz de fazer avança a mobilização</strong> <span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><em>(avançar rumo à vida política seria mais correto)</em></span>
iniciada <st1:personname productid="em São Bernardo" w:st="on">em São Bernardo</st1:personname>,
para a qual a palavra de Lula deu força decisiva.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />Jurema Cappellettihttp://www.blogger.com/profile/16339170311595061062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3418942780652622491.post-7961033635443595252012-02-11T12:32:00.000-08:002012-04-03T17:02:29.943-07:00Entrevista a 'Em Tempo'<div style="text-align: center;">
<iframe allowtransparency="true" frameborder="0" id="twttrHubFrame" name="twttrHubFrame" scrolling="no" src="http://platform.twitter.com/widgets/hub.1326407570.html" style="height: 10px; position: absolute; top: -9999em; width: 10px;" tabindex="0"></iframe></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbrAHwTV89LsSNrZmo0cRu-glPEogqwjxL-FXpFCRafk7udVUc1QPFEdGiPO3AGpmPUfB5h4chJhFESUhbKW5xQ0rJ0cJ2IfzSqGY8BVrNFGPRl6eOvPEE2deuNyiy6JLbzosLfy3iebA/s1600/ENTREVISTA+-+GREVE.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbrAHwTV89LsSNrZmo0cRu-glPEogqwjxL-FXpFCRafk7udVUc1QPFEdGiPO3AGpmPUfB5h4chJhFESUhbKW5xQ0rJ0cJ2IfzSqGY8BVrNFGPRl6eOvPEE2deuNyiy6JLbzosLfy3iebA/s400/ENTREVISTA+-+GREVE.jpg" style="cursor: move;" unselectable="on" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj15qO7owK9qqbYYJDJyQEi0vPBSY_QUmQZzjuJk0SlCBRjUucIDjGkdpqXvduh2SKIHj_Y8VlMhADVXOLHWbdoKLad8HPaiQihkyLuAW_EckQrriukfD8xz1EW8v70xoojRSHi8o_ThCM/s1600/ENTREVISTA+-+GREVE.+2" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj15qO7owK9qqbYYJDJyQEi0vPBSY_QUmQZzjuJk0SlCBRjUucIDjGkdpqXvduh2SKIHj_Y8VlMhADVXOLHWbdoKLad8HPaiQihkyLuAW_EckQrriukfD8xz1EW8v70xoojRSHi8o_ThCM/s400/ENTREVISTA+-+GREVE.+2" width="305" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCOuzDE0GV0qD2zeZ55qc55xBQUA2YlF8xIeVIeZNTVNqwQ8i6ZJgY6Z7mMx0N1DLZjuBB8D7cWuVt2JKYXIh7K1LwSf5uJ_LnZ06HdF3WVTXblInB5CD5SD0N6LZx5j0wwLngZGVgeKw/s1600/ENTREVISTA+-+GREVE+3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="146" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCOuzDE0GV0qD2zeZ55qc55xBQUA2YlF8xIeVIeZNTVNqwQ8i6ZJgY6Z7mMx0N1DLZjuBB8D7cWuVt2JKYXIh7K1LwSf5uJ_LnZ06HdF3WVTXblInB5CD5SD0N6LZx5j0wwLngZGVgeKw/s320/ENTREVISTA+-+GREVE+3.jpg" width="320" /></a><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<span style="color: white;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">10 a 1</span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">6 de janeiro de 1980</span>.</span></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS";">Lula
<strong><span style="font-family: "Trebuchet MS";">concedeu </span></strong>esta
entrevista três meses antes da greve decretada pelos metalúrgicos no dia 1o. de
abril de l980. Aqui ele fala das inovações introduzidas na campanha salarial do
ano.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS";">A
<strong><span style="font-family: "Trebuchet MS";">proposição de estender a luta
dos trabalhadores para outros pontos</span></strong>, além da reivindicação por
um percentual de aumento, é a primeira inovação apontada por Lula. Ele passa a
falar então sobre esses outros pontos e a explicar por que eles são
importantes. Analisa também as possibilidades de vitória, faz considerações
sobre a mobilização dos trabalhadores em torno das novas reivindicações e fala
de sua expectativa quanto à greve nessa campanha.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #f6b26b; font-family: "Trebuchet MS";"><strong>- Tem sido dito que a campanha de São Bernardo, para o próximo
ano, vai inovar em termos do que vem ocorrendo até agora neste ciclo grevista.
Como é que está a coisa?</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS";"> -
Além das reuniões por empresa que cada diretor do sindicato vem fazendo,
tirando nomes de companheiros que serão os <strong><span style="font-family: "Trebuchet MS";">porta-vozes das propostas do sindicato</span></strong> <strong><span style="font-family: "Trebuchet MS";">dentro da empresa</span></strong> e que vão
integrar as comissões de negociação, nós estamos tentando inovar, <strong><span style="font-family: "Trebuchet MS";">mostrando para o trabalhador que existem
algumas brigas mais sérias do que simplesmente por um percentual</span></strong>.
Nós temos dito que não adianta o trabalhador obter um bom aumento, se daí a um
certo tempo ele é dispensado e quando se emprega novamente volta a receber 40%
ou 60% a menos do que antes.</span></div>
<span style="font-family: "Trebuchet MS";"> Em
função disto vamos tentar dar ênfase à garantia do emprego e ao salário
profissional.</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS";"> No
Brasil não existe uma definição profissional. Existe aquela feita pelas
empresas, mas não uma que o trabalhador apresenta e <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">luta</b> por ela e a reconheça. As empresas dividem os trabalhadores
como bem entendem e instauram assim uma concorrência entre eles. E mais, dentro
de uma mesma definição profissional estabelecida pela empresa, por exemplo, a
de ferramenteiro, você encontra salários desde Cr$ 59,00 até Cr$ 103,00 por
hora.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS";"> Este
trabalhador de Cr$ 103,00, quando despedido, volta a se empregar com um salário
muito mais baixo. Enfim, o trabalhador está sempre começando da estaca zero.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS";"> É
como na brincadeira do pau-de-sebo. As empresas colocam o salário teto no alto
e põem os trabalhadores brincando de quem chega lá <st1:personname productid="em cima. Assim" w:st="on">em cima. Assim</st1:personname>, <strong><span style="font-family: "Trebuchet MS";">vamos lutar</span></strong> na campanha para
estabelecer um salário profissional que seja a média dos salários existentes;
ou seja, um piso profissional. Não vamos estabelecer um teto, pois isto é
questão de capacidade ... de<strong><span style="font-family: "Trebuchet MS";">
briga</span></strong> dos trabalhadores, é questão da oferta e da procura.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS";"> Esta
conquista tem outro lado, que é o de diminuir o medo do trabalhador de ser
mandado embora da empresa, uma vez que ele sabe que seu novo emprego não irá
remunerá-lo irrisoriamente.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS";"> Enfim,
há várias reivindicações que estão latentes no interior das empresas e que
devem ser levadas <st1:personname productid="em conta. Por" w:st="on">em conta.
Por</st1:personname> exemplo, a oferta de transporte para o trabalhador, por
todas as empresas. Há um mundo de safadagens dentro das empresas que tem que
vir à tona.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS";"><strong>- Você acredita que estas reivindicações tenham mais chances de
vitória?</strong></span><span style="font-family: "Trebuchet MS";"><o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS";"> -
Isto não; toda reivindicação é uma <strong><span style="font-family: "Trebuchet MS";">luta</span></strong>.
Esta agora é mais sustentável nas <strong><span style="font-family: "Trebuchet MS";">discussões
com os patrões</span></strong>. Um percentual de 90%, por exemplo, é mais
retrucável pelo empregador dizendo que não agüenta, que o culpado das perdas
foi o governo, etc. Agora, o piso profissional se escora na lei que diz que
para trabalho igual, salário igual.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;"></span><br />
<br />
<span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS";"><strong>- Você acha que este tipo de campanha mobiliza mais? Qual sua excpectativa
quanto às futuras assembléias?</strong></span><span style="font-family: "Trebuchet MS";"><o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS";"> -
Esta campanha será mobilizadora a partir do momento em que tivermos capacidade
de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">mobilizar os trabalhadores</b> . Aqui
<st1:personname productid="em São Bernardo" w:st="on">em São Bernardo</st1:personname>
<strong><span style="font-family: "Trebuchet MS";">há uma certa frustração das
pessoas que se habituaram a ver, durante 15 dias, 90000 pessoas <st1:personname productid="em assembléias. E" w:st="on">em assembléias.<span style="font-weight: normal;"> E</span></st1:personname><span style="font-weight: normal;"> </span>as
pessoas já têm dificuldades em fazer reuniões com pequeno número de
trabalhadores</span></strong>. Mas 90000 em um campo de futebol é um <strong><span style="font-family: "Trebuchet MS";">resultado de anos de pregação</span></strong>.
E quando começam os métodos novos, com inovações na campanha, há que dar tempo.
Mas o importante é a criação de uma consciência de reivindicações nos
trabalhadores. Por exemplo, o trabalhador tem que compreender bem a figura do
delegado sindical; ela tem que deixar de ser uma reivindicação apenas de
dirigentes. </span><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<strong><span style="font-family: "Trebuchet MS";"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span><span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS";">Qual sua espectativa quanto à greve na campanha?</span></strong><span style="font-family: "Trebuchet MS";"> <o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS";"> -
Estamos preparando uma campanha salarial e os resultados dela é que levarão ou
não os trabalhadores à greve. Todos gostaríamos de fazer um bom acordo sem ser
necessário chegar à greve, pois a greve não é um fim, mas sim um meio para se
conseguir determinados acordos sem greves. Agora não sei a forma em que será
feita a greve. Vamos jogar algumas idéias para os trabalhadores e vermos se é
possível chegarmos a algumas formas de pressão dentro das empresas antes de
chegarmos às <strong><span style="font-family: "Trebuchet MS";">greves gerais.</span></strong><o:p></o:p></span><br />
<div style="text-align: right;">
<br />
<br />
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><em>Em Tempo, 10 a 16 de janeiro de l980</em></span></div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>Jurema Cappellettihttp://www.blogger.com/profile/16339170311595061062noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3418942780652622491.post-70692877154910705782012-01-18T06:53:00.000-08:002012-02-11T05:12:38.639-08:00Entrevista a Escritra/Ensaio nº 5,1978 *<div style="clear: both; text-align: left;">
<br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Trebuchet MS; font-size: xx-small;"><strong>* O título está exatamente</strong></span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS; font-size: xx-small;"><strong>como colocado no livro.</strong></span></div>
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifBVK-obQEu3JdxvpBaeg5VC7ePmeBD7618MDP_os_6S5Fj6XYo3x8F2_2tGC1exnCx9DxsDGLlcQpYyiIxsDhhrw6YslYgK8VDLBC5qX6PfQhOLZu5PlumubIPDELpKI8CWcamYglMlU/s1600/lula+ao+awvesso+escrita+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifBVK-obQEu3JdxvpBaeg5VC7ePmeBD7618MDP_os_6S5Fj6XYo3x8F2_2tGC1exnCx9DxsDGLlcQpYyiIxsDhhrw6YslYgK8VDLBC5qX6PfQhOLZu5PlumubIPDELpKI8CWcamYglMlU/s400/lula+ao+awvesso+escrita+2.jpg" width="392" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiM7pK6y4fhU8Dh8TCHmiQPgbHaH4ModRcaxatxNBHPJEfGm9eRgNLqlEZRFUQmqdsVMqFTi1tCXFo2X5xwIku3v6qQZAxXe4QmQv5ZX3ebVVEU5DrVtkkCBnV4susnE-xZcYmmAV6lKB0/s1600/000.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="275" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiM7pK6y4fhU8Dh8TCHmiQPgbHaH4ModRcaxatxNBHPJEfGm9eRgNLqlEZRFUQmqdsVMqFTi1tCXFo2X5xwIku3v6qQZAxXe4QmQv5ZX3ebVVEU5DrVtkkCBnV4susnE-xZcYmmAV6lKB0/s400/000.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span></div>
<span style="font-family: Trebuchet MS;">
</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;"><div style="text-align: right;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: x-small;">Entrevista concedida a Maria Te</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: x-small;">reza Ribeiro</span></div>
</span><div style="text-align: right;">
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Um assunto extremamente importante é abordado nesta entrevista: o papel da mulher na sociedade de hoje. Lula afirma que a luta da mulher deve ser conduzida em comum com a do homem, “porque não existem dois tipos de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="background: red; mso-highlight: red;">exploração</span></b>”. Segundo ele, “existe apenas um grupo de trabalhadores, homens ou mulheres, sendo <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="background-color: red;">explorados</span> </b>por um patrão”. Não nega porém que, por ser considerada uma força de trabalho secundária, a mulher é mais <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="background: red; mso-highlight: red;">explorada</span></b> do que o homem. Daí, admite existirem algumas reivindicações específicas da mulher.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Além desses aspectos, apresenta suas opiniões sobre a atividade doméstica da mulher e seu trabalho fora de casa, o controle da natalidade, o aborto, o machismo e o movimento feminista.</span><br />
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #f9cb9c;">- <strong>Como se coloca a mulher trabalhadora na <span style="background: red; mso-highlight: red;">luta</span> por melhores salários e melhores condições de emprego? </strong></span></span><o:p><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span></o:p><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Há testemunho dos próprios homens de que as mulheres estão com muito mais coragem de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="background: red; mso-highlight: red;">brigar</span></b> do que os homens. E ainda: isso é importantíssimo porque elas são um estímulo para que os companheiros trabalhadores continuem <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="background: red; mso-highlight: red;">brigando</span></b>. Eu acho que a participação da mulher sempre foi e continuará sendo efetivamente igual ou melhor do que a do próprio homem, em qualquer tipo de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="background: red; mso-highlight: red;">luta</span></b> que a gente trave em termos de classe trabalhadora.</span><br />
<br />
<span style="color: #f9cb9c;"><o:p><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span></o:p><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Por que você diz que a participação da mulher é um estímulo para o homem? </span></b></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Porque a mulher sempre foi tida como o sexo fraco. Acho que em termos de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="background: red; mso-highlight: red;">luta</span></b> de classes ela tem demonstrado exatamente o contrário. A mulher tem tanto ou mais valor que o homem na hora de ir para a <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="background: red; mso-highlight: red;">briga</span></b>. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">A gente tem que aceitar</b> como verdade que a mulher do trabalhador, a esposa do trabalhador é, na verdade, um estímulo para o marido continuar na <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="background: red; mso-highlight: red;">briga</span></b> porque, se a mulher for contrária, o marido tende a fraquejar. Se a mulher for favorável, o marido tende a se tornar um baluarte na<span style="color: red;"> <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">luta</b></span>. E a gente tem tido em greves aqui na região alguns casos interessantes. Tivemos o caso de uma mulher que chamou o marido dela de covarde porque estava tentando fraquejar, não estava querendo participar da <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="background: red; mso-highlight: red;">briga</span></b>. Então eu acho que a mulher tem um papel preponderante, sabe, nas decisões do homem.</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- A mulher trabalhadora tem, naturalmente, reivindicações próprias. Sua luta, por isso seria diferente da do homem? </span></b><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Acho que em termos de classe trabalhadora a luta deve ser comum, única, porque não existem dois tipos de <span style="background: red; mso-highlight: red;">exploração</span>. Existe apenas um grupo de trabalhadores, homens ou mulheres, sendo <span style="background: red; mso-highlight: red;">explorado</span>s por um patrão. Eu acho que a <span style="background: red; mso-highlight: red;">luta</span> se fixa aí.</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Mas há lugares em que a mulher faz o mesmo trabalho que o homem e tem remuneração inferior. -</span></b><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> É, existem dois aspectos ai. Primeiro, a mulher sofre as consequências do hábito da terra, não é, do hábito do país. Aqui ela é uma força de trabalho secundária, ela trabalha normalmente parta ajudar alguém, o marido, a casa e tal, não é aquela força colocada em primeiro plano, como o homem. Então, as empresas <span style="background: red; mso-highlight: red;">exploram</span> muito esses aspecto, não é, elas contratam uma mulher para fazer o mesmo serviço que o homem pagando muito menos. Por outro lado, as empresas – a grande maioria delas – não estão adaptadas para ter mulheres, porque o banheiro de um homem não é igual ao banheiro de mulher. Não existe nada preparado especificamente para um trabalho feminino, um negócio mais asseado (?). É, são poucas as empresas que têm sanitário preparado exatamente para a mulher usar. Então, eu acho que existem algumas reivindicações especificas da mulher, mas o grosso da <span style="background: red; mso-highlight: red;">briga</span> da mulher trabalhadora é o mesmo que o do homem. Não existe diferença. </span><br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #f9cb9c;"><o:p><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span></o:p><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- O fato de ter uma atividade doméstica além de trabalhar fora influi na participação da mulher na <span style="background: red; mso-highlight: red;">luta</span> dos trabalhadores? </span></b></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Acho que influi, que cansa muito a mulher. Ela é muito mais judiada que o homem porque, além das tarefas domésticas, caseiras, tem o trabalho. E <strong><u>o trabalho doméstico é mais cansativo até do que muitos trabalhos de fábricas, porque é um trabalho muito repetitivo, quer dizer, e a mesma coisa todo dia, toda hora</u>. Passam meses, anos, décadas, e a mulher fazendo o mesmo serviço. É enjoativo demais. Aí eu tiro pela minha mulher, né? <u>Tenho certeza que ela preferiria estar numa fábrica a estar aturando a limpeza da casa, a bagunça que os moleques fazem.</u></strong> </span><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><em>Grande engano para quem, um dia, trabalhadou em uma fábrica, pois não há nada mais repetitivo do que o trabalho de um operário.</em></span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Você acha que a mulher deve trabalhar? </span></b><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu acho que deve trabalhar. Veja, há dois aspectos que eu costumo analisar. Por exemplo, minha mulher trabalhou até nascer a criança. A partir do momento que ficou com três filhos, era impossível trabalhar. Portanto, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">enquanto tiver disponibilidade, a mulher deve trabalhar</b>. O que eu acho é que os filhos não devem ser sacarificados, a educação do filho não deve ser sacrificada pelo problema do trabalho da mulher, sabe? Então, quando a pessoa trabalha por prazer é uma coisa, o <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u>duro é quando a mulher tem que trabalhar para sobreviver</u></b>, porque ela <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u>coloca em risco a formação da criança</u></b>. As crianças precisam mais das mães justamente nos primeiros anos de vida, né? Acho que toda mulher deveria evitar trabalhar na época da amamentação do filho, aquele negócio todo. Ou então, ao invés de ela evitar trabalhar, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u>as empresas poderiam se aparelhar para receber a mulher que tivesse concebido um filho há poucos meses</u></b>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Nesse sentido, como é que está a situação das creches? </span></b><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Depois do Congresso da Mulher Metalúrgica, o sindicato denunciou isso e passou a reivindicar a construção de creches, no máximo num raio de um quilômetro do local de trabalho. Mas isso não tem acontecido, porque <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">a lei permite às empresas fazerem convênio</b> e não existe a menor atenção à mulher. </span><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><em>Mudou alguma coisa depois de tantos de L.I. na presidência do país?</em></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">-As mulheres sabem que têm direito às creches? </span></b><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Há um fato muito gozado: quando a gente ganhou a estabilidade da mulher gestante, isso virou faca de dois gumes. Porque aí, quando <u>a mulher que está grávida <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">quer ser mandada embora</b></u>, a empresa fala: Olha, não mando embora porque o sindicado não deixa. Nós já tivemos caso aqui de mulher que veio vazando leite, dizendo pra nós: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u>Eu quero ser manda embora, não posso trabalha</u>r</b>, meu filho precisa mamar de duas em duas horas e como é que eu vou dar lei pro moleque? Nesse caso, <u>o sindicato e que tem que cavar para a mulher ser mandada embora</u>. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">O certo é ter creche dentro da empresa, <u>um berçário para a mulher ir lá de duas em duas horas amamentar o filho. Quando muito a criança mama 15, 20 minutos.</u></b> <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Não seria tão prejudicial para as empresas</b>, que elas não pudessem ter creche dentro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Como você vê o controle da natalidade? </span></b><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- E <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u>sou contra o controle da natalidade</u></b> aqui no Brasil, que vive ainda com ¾ da sua extensão territorial ainda por ser habitada. Eu acho que a mulher trabalhadora tem tanto direito de ter filho quanto a mulher que não é trabalhadora, sabe? A arte de <strong><span style="color: white;">ter filho é uma coisa tão sagrada</span></strong> que eu acho que não deve ser proibida por lei.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #f9cb9c;">- </span><span style="color: #f9cb9c;">Não é melhor ela não ter cinco filhos do que deixá-los passar fome? </span> </span></b><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu acho que <u>a questão é educar o povo para não ter muitos filhos (?), não proibir</u>. A formação cultural de um povo é que permite que ele tenha um filho ou 20. É uma questão de consciência, não só da mulher, mas do homem também, porque a mulher sozinha não gera um filho e, hoje, um homem sozinho já gera, é só usar o laboratório. Os nenês de proveta estão aí, porra. Então, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u>a conscientização tem que ser muito mais do homem do que da própria mulher</u></b> (?). E há inúmeros meios de se evitar filhos sem prejudicar a saúde da mulher como se prejudica hoje, tomando anticoncepcionais ou coisa parecida. Se eu tivesse condições de criar, de ter gente pra ajudar a educar, aquele negócio todo, eu seria um cara que tentaria convencer minha mulher - ela também adora criança e, como diz o matuto, minha mulher é boa parideira (?).Se a gente vivesse como há 20 anos atrás, com terrenos enormes, sem essa loucura que é hoje, eu seria um cara que teria pelo menos uns dez filhos. </span><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><em>Quanta bobagem! Ninguém controla o corpo de uma mulher, a não ela mesma, a não ser quando é controlado por sua própria estupidez.</em></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- O que você acha da legalização do aborto? </span><o:p><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span></o:p><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu posso até ser mal interpretado, sabe, mas sou contra a legalização do aborto. <strong><u>Sou contra a legalização do aborto</u></strong>. Sou contra por dois aspectos, espera aí, sou contra não, minto, minto, minto. <u><strong>Eu sou a favor do aborto</strong></u>. Primeiro porque eu acho que a pessoa pode cometer um erro. Às vezes, nascer a criança é muito mais prejudicial do que praticar o aborto. O que não adiante é a coisa ficar na clandestinidade e acontecerem milhões de casos. Muitas vezes as pessoas perdem a vida arriscando-se a tomar remédios inadequados, arriscando-se a se tratar com pessoas incapacitadas. Então, seria muito melhor legalizar isso, sabe, dar condição de salvar pelo menos a vidas mãe. Para evitar que as mulheres tomem remédios feitos em casa, tentem ir atrás de feiticeiros, de chá de cobra, de enfermeiros, de parteiros, sei lá. O ideal seria que não precisasse ninguém abortar, mas, como existe essa necessidade, o aborto deveria ser legalizado.<span style="color: #f4cccc;"> </span><span style="color: #fff2cc;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><em>Esse seu</em></span> <span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><em>comentário atrapalhado</em></span> <strong><em><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><u>sou contra</u></span></em></strong> e </span></span><span style="color: #fff2cc;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><em><strong><u>sou a favor,</u></strong> </em></span><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><em> lembra um comentário feito por jornalista que fala sobre sua forma de se comportar na época de sindicalista. Dependendo do assunto, antes de discursar, ele colocava duas ou mais pessoas na ‘linha de frente’. Elas dariam opiniões contraditórias, rapidamente, enquanto ele observava a reação dos ouvintes para saber exatamente o que deveria dizer para ser bem aceito em seguida.</em></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #f4cccc; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- O que você acha do machismo? </span></b><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Olha, eu acho que sou machista, e me orgulho disso, sabe? Penso eu o homem não é um ser superior à mulher. Mas ele tem que preservar certas coisas, né? Por exemplo, eu não aceito, por Deus do céu, esse negócio de muita liberdade com mulher minha. Quando eu era noivo, eu nunca fui chegado a ir num lugar e vir outro e abraçar minha mulher, beijar minha mulher, sabe? Eu procuro defender aquilo que é meu. Sabe, eu nem sei se isso é machismo, acho que é a arte de gostar. Quer dizer, eu, mesmo quando não tinha caso mais sério com uma mulher, sempre fui chamado de machista. Se ela não quisesse mais nada, então fosse embora, porque eu não sou chegado a - como se fala? – dividir. Nada daquilo que eu considero meu, principalmente em se tratando de mulher, eu gosto de dividir. Bem, portanto, eu sou machista, sou ciumento, eu não gosto que minha mulher fique zanzando não, não tem esse negócio de ir a festinha sozinha, não tem nada disso. E eu gosto que minha mulher seja assim comigo. Minha mulher é ciumenta, eu sou ciumento, acho que isso integra muito a gente., faz sentir que a gente quer tomar conta um do outro. O que não pode é largar, como muita larga aí, né, e quando vai tentar pegar já não tem mais. Se isso é ser machista, eu sou machista. Penso que tem que ser dividida a responsabilidade: nem a mulher tem que ser mais do que o homem, e muitas vezes querem ser, nem o homem tem que ser mais do a mulher. Eu, por exemplo, quando minha mulher trabalhava, ela não sabia quanto eu ganhava; e ainda hoje é assim. Não que eu negue pra ela, é que nunca houve necessidade de eu contar. Se ela quiser saber, não tem problema nenhum. Minha mulher, por exemplo, não me pede dinheiro, nunca me pediu. Minha mulher é incapaz de mexer na minha carteira. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u>Se eu mandar</u></b> minha mulher abrir minha carteira, ela ao abre, sabe, ela pega para eu abrir. Portanto, num casal deve existir entendimento, isto é, nenhum querer ser mais do que o outro, nenhum querer dar provas de que é melhor do que o outro. Os dois unidos serão muito mais fortes do que os dois divididos. Então, se o marido e a mulher trabalham, no fim do mês devem juntar os dois pagamentos, parar as contas e ver o que sobra ou o que falta.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">-O que você acha do movimento feminista? </span></b><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- <strong>Não entendo bem o que é o movimento feminista, eu não sei qual é o seu objetivo</strong>. Penso que a mulher poder ser advogada, pode ser médica, um montão de coisas. Agora, você querer que uma mulher trabalhe numa picareta no meio da rua, pé querer acabar com a meiguice feminina. Deve existir alguma coisa na mulher pra cativar o homem. Assim, se você pega uma mulher de macacão no meio da rua, qual é o homem que vai sentir alguma atração por ela? E a mulher tem outros problemas: uma mulher que está amamentando um filho não pode estar na rua cavando buraco. Entretanto,o homem pode, o homem está livre disso. Daí eu achar que em algumas profissões a mulher tem condição de ser muito superior ao homem. Ela tem dado demonstração de que pode, entende? Agora, o que a gente percebe é que algumas feministas, com esse negócio de deixar o cabelo do sovaco crescer, são ridículas , né? Acho que é até questão de higiene. Tenho medo de que esse negócio de feminismo em algumas pessoas seja frustração, sabe? Agora, a mulher deve brigar pela independência dela, é o mínimo que pode fazer. Ela precisa começar a brigar dentro do lar dela, com os pais dela, precisa começar a brigar dentro do seu trabalho pra ser igual aos homens.</span><br />
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span><span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Qual a mulher ideal para você?</strong> </span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- A minha.</span><br />
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Você gosta de ser homem? </span></b><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Se eu tivesse que nascer outra vez eu gostaria de nascer homem. Acho que é melhor ser homem.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #f9cb9c;">- Por quê?</span> </span></b><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Por vários aspectos, sabe? O homem não tem a preocupação de ficar grávido, o homem não tem determinadas preocupações que são próprias da fêmea.</span><br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Quantos filhos você tem? </span></b><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Três homens. Um de sete, outro de quatro anos e um de três meses. <span style="color: #fff2cc;"><em><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">L.I</span></em>. </span></span><span style="color: #fff2cc; font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><em>não citou a outra filha Lurian, que foi ‘descoberta’ pelos marketeiros da campanha de Collor, mas nem por isso ela deixou de se aproveitar das oportunidades oferecidas pelo pai quando se tornou presidente. Além disso, aí está a falsidade de L.I.: para se fazer de bom moço, endeusou a maternidade, enquanto ignorava a filha que já havia nascido sem sua ""autorização""" .</em></span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Sua mulher trabalha em casa, não é, cuidando dos três filhos. Que você acha do trabalho dela? </span></b><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Olha, eu sinto muita pena do trabalho de minha mulher. Primeiro, porque a gente não pode ter empregada; segundo, porque eu chego em caso e sinto, na fisionomia da minha mulher, que está mais cansada do que qual quer operário que trabalhou o ia inteiro na fábrica. Porque não é brincadeira, não, cuidar da casa, lavar roupa, dar mamadeira, trocar a molecada. Realmente é um trabalho que cansa muito mais que numa fábrica. O trabalho que a mulher tem dentre do lar é muito mais dignificante que qualquer trabalho que outra pessoa possa fazer. </span></div>
<br />
<span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- O trabalho dela e tão importante quanto o seu? </span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u>É mais importante que o meu</u></b>. Sabe, o dela é a arte da agüentação, que eu não tenho aqui no sindicato, porque eu convivo com muitas pessoas, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u>atendo muita gente, não fico bitolado e, em casa a mulher fica bitolada.</u></b></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Você acha que o trabalho de sua mulher é uma condição para que o seu possa existir, já que se preocupa com a casa? </span></b><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- É, eu acho que é. Eu acho o seguinte: a minha mulher, se fosse pra ser remunerada, deveria ganhar até mais do que eu. Não só minha mulher. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Qualquer mulher que cuida de um lar deveria ter um salário</b>. A gente fala que é a mulher, mas, na verdade, as mulheres são tratadas como empregadas. São, porque, veja o problema da minha mulher. Eu saio de casa às 8 da manhã e chego em casa à meia-noite, todo dia. Quer dizer, chego em casa pra tomar banho, trocar de roupa, deixar roupa pra ela, sabe, e saio no outro dia de manhã. Não atenho tempo de brincar com as crianças, não tenho tempo de pegar a molecada no colo, quer dizer,praticamente eu só vou lá pra comer e trocar de roupa.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Ainda aos domingos eu tenho eu tenho que receber jornalista, tenho que sair não sei pra quê, é aquele negócio todo. Na prática , minha mulher não precisa pedir dinheiro nenhum, porque eu vou deixando dinheiro em casa. O meu salário teria que ser dividido: X é teu e X é meu. Não ia mudar nada o tratamento pra com ela. Mas, lamentavelmente, a coisa não é desse jeito, a formação cultural de todo brasileiro ainda não evoluiu a ponto de o cara entender melhor o trabalho caseiro.Ele desvaloriza muito esse tipo de trabalho e eu digo isso porque, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u>às vezes, sou obrigado a ficar em cas</u></b><u>a,</u> né? Quando minha mulher foi ter o último filho, eu fiquei em casa com os dois moleques. Aí eu realmente fiquei sabendo o que é ser mãe, o que é tomar conta de uma casa.</span><br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #f9cb9c;">- Como é a educação de seus filhos? </span></span></b><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- É um dos motivos pelo qual eu estou pensando seriamente em largar o sindicato. É que eu percebo que meus filhos sentem muito a minha falta. Acho que estou dando muita responsabilidade à minha mulher quanto à educação deles, quando eu deveria repartir essa responsabilidade. E não reparto não porque não quero, não reparto porque não estou tendo tempo de repartir esse tempo com minha esposa. Isso pode atrapalhar o crescimento das crianças, a educação delas, e eu preciso ajudar.</span></div>
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span><br />
<div style="text-align: right;">
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: x-small;">* Devido a um lapso involuntário, </span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: x-small;">esta entrevista foi incluída entre as de l979. </span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: x-small;">Sua publicação, na realidade, </span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="font-size: x-small;">ocorreu em 1978. (N.E.)</span></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: black; font-size: x-small;">ESTA OBSERVAÇÃO ESTÁ NO LIVRO)</span></span></div>
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span>Jurema Cappellettihttp://www.blogger.com/profile/16339170311595061062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3418942780652622491.post-80751823031248224182011-05-24T12:28:00.000-07:002011-09-26T05:55:49.368-07:00"Entrevista" ao ABCD Jornal<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDEGtPsjqGWGWKMkWDrvlKs5hdbEOeZW4tSe0TTSg8861sXlDbJbE3nId1Mq0QaK3E2HOc_YyPDKEjzvAAlpzKz3wibRSn4HyRRhgkyCK5vVLezkIqvBqIwePj57qshN36bJmlyk6bVvY/s1600/ENTREVISTA2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDEGtPsjqGWGWKMkWDrvlKs5hdbEOeZW4tSe0TTSg8861sXlDbJbE3nId1Mq0QaK3E2HOc_YyPDKEjzvAAlpzKz3wibRSn4HyRRhgkyCK5vVLezkIqvBqIwePj57qshN36bJmlyk6bVvY/s400/ENTREVISTA2.jpg" width="332" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div> <span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>ABCD Jornal, dezembro de l979</strong></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
<strong><span style="font-family: Trebuchet MS;">Apresentação</span></strong><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Esta entrevista, bem pequena, mais parece um depoimento, ou melhor, uma forma de justificar sua entrada para a proveitosa política. Nela, Luiz Inácio faz uma balanço sintético mas muito preciso do movimento sindical nos anos 70. </span><br />
<br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Ele considera os anos que vão desde 1970 até l977 como “um dos piores momentos do sindicalismo brasileiro”, e aponta a luta pela reposição salarial, em l977, como um marco no movimento sindical. A partir daí, Lula continua o balanço dos anos 70, mostrando a trajetória da classe trabalhadora que supera sua posição apolítica e toma consciência da necessidade de se organizar politicamente. Daí surge, cresce a e toma força a proposta do Partido dos Trabalhadores.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span><br />
<br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">A década de 70 foi, até l977, um dos piores momentos do sindicalismo brasileiro. Nem diria tanto por causa do próprio regime militar implantado no país, mas também pela inoperância do movimento sindical. Com raríssimas exceções, o sindicalismo brasileiro se entregou ao assistencialismo, ao favoritismo dos dirigentes sindicais, esquecendo-se de agir como órgão de representação, de denúncia dos problemas que envolvem o trabalhador no dia-a-dia. A safadeza dos dirigentes sindicais se igualava à repressão.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><div style="text-align: justify;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Em l977 há a luta pela reposição salarial de 34, lula esta que surgiu muito mais pela necessidade de alguns dirigentes sindicais participarem do descontentamento de toda a sociedade – já tinham se mobilizado naquela época intelectuais, estudantes, empresários, funcionários públicos – do que qualquer outra coisa. É quando alguns dirigentes sindicais se conscientizam de que nada mudaria enquanto não houvesse participação efetiva da classe trabalhadora. A reposição salarial foi um marco.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">A partir de então, passamos a denunciar para a classe trabalhadora que grande parte do que tinha sido dito a ela tinha sido mentira. Começamos um processo de valorização do trabalho no sentido de mostrar que as coisas só mudariam a partir do desejo dos trabalhadores. Começamos a mostrar as farsas do dissídio coletivo. E em 78 nem índice reivindicamos. Para mostrar aos trabalhadores que havia sido montado um esquema no Brasil para que o trabalhador acreditasse nas autoridades, na bondade dos empresários e nas mentiras que alguns dirigentes sindicais costumavam contar.</span><br />
</div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">E surgiram as greves de 78, que abriram efetivamente os caminhos por onde os trabalhadores trilham até hoje. Se errado ou certo, se com sucesso ou não, a verdade é que os trabalhadores descobriram que somente parando as máquinas os patrões os temem. (interesse pelo poder, não pelos direitos) Porém, no final da década começamos a fazer a greve pela greve. Em alguns momentos se chegou a usar até um certo sadismo de que quem não fazia greve era pelego. E quem fazia, mesmo não dando certo, era considerado herói. </span><br />
<br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">E não podemos deixar de lado o campo político. Realmente eu era um dirigente apolítico até 77. Foi só com as greves que percebemos a necessidade de participação política. Vimos que os dois campos estavam muito ligados. Que não adianta ganhar 10% se quem está no poder tem meios para baixar uma política salarial para tirar todas as conquistas da classe trabalhadora. </span><br />
<br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Resumindo, eu diria que a década de 70, embora apenas com três anos de prática de sindicalismo, foi muito positiva por três coisas básicas:</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">1. os trabalhadores se redescobriram como único setor da sociedade capaz de propor uma transformação na sociedade.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">2. Com este redescobrimento, quebramos de uma vez por todas com a lei antigreve e com uma lei de arrocho salarial. </span><br />
<br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">3. Com tudo isso, descobrimos coisa ainda maior. Que não bastava passar por cima da legislação de exceção e fazer greve. Que não bastava quebrar a lei de arrocho, que só isso não iria solucionar o problema dos trabalhadores. Descobrimos então a necessidade da organização política do trabalhador para que servisse de amparo e de alternativa de organização. Daí a proposta do Partido dos Trabalhadores, PT.</span></div><br />
<br />
<div style="text-align: right;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>ABCD Jornal, dezembro de l979</strong></span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong></strong></span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>Entrevista concedida a Alzira Rodrigues</strong></span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong></strong></span></div><div style="text-align: right;"><br />
<br />
</div></div></div></div></div></div></div></div>Jurema Cappellettihttp://www.blogger.com/profile/16339170311595061062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3418942780652622491.post-84200849542566790162010-09-22T13:41:00.000-07:002010-09-22T18:24:47.862-07:00Entrevista ao Jornal O Pasquim<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieBg0HfibUMkTe6jAcu5iiBN70IKRe-UIsFpWkfKNjf2CK4kSAU2L7OHIbbNhExdUKN27JTrFXHl5U-adcknWOSEMxE9UDJMgcpTMk0rFsweXsP0ia9IGDWesH4VMJjIru3X4KWn01OlU/s1600/entrevista+playboy.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="225" ox="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieBg0HfibUMkTe6jAcu5iiBN70IKRe-UIsFpWkfKNjf2CK4kSAU2L7OHIbbNhExdUKN27JTrFXHl5U-adcknWOSEMxE9UDJMgcpTMk0rFsweXsP0ia9IGDWesH4VMJjIru3X4KWn01OlU/s400/entrevista+playboy.jpg" width="400" /></a></div><br />
<span style="background-color: #444444; color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Pasquim, 24 a 31 de março a l978</span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
<div align="justify"><br />
<span style="background-color: #444444; color: white;"></span><br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444; color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Apresentação</span></div><span style="background-color: #444444;"><br />
</span><br />
<span style="background-color: #444444; color: white;"></span><br />
<div align="justify"><span style="background-color: white; color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;">De todas entrevistas dadas por Lula, esta é uma das mais longas já publicadas. Nela são abordados bordados vários assuntos: liberdade sindical, garantia de emprego, imposto sindical, FGTS, rotatividade de mão-de-obra, participação nos lucros da empresa</span><span style="background-color: #666666;">, além</span><span style="background-color: #444444;"> de muitos outros. </span></span></div><span style="background-color: #444444;"><br />
</span><br />
<span style="background-color: #444444; color: white;"></span><br />
<div align="justify"><span style="background-color: #444444; color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Lula fala ainda de episódios difíceis por que passou, como sua vinda com sete anos para São Paulo, em um pau-de-arara, numa viagem que durou 13 dias. Mas conta também fatos pitorescos de sua vida, como o encontro com sua mulher. </span></div><span style="background-color: #444444;"><br />
</span><br />
<span style="background-color: #444444; color: white;"></span><br />
<div align="justify"><span style="background-color: #444444; color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Nesta entrevista podemos ver suas críticas à legislação trabalhista e a resposta que dá àqueles que o criticam por estar dialogando demais. </span></div><span style="background-color: #444444;"><br />
</span><br />
<span style="background-color: #444444; color: white;"></span><br />
<div align="justify"><span style="background-color: #444444; color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">É importante notar que, nesta época - março de 1978 - Lula afirma-se como um líder operário. Faz questão de dizer que é apolítico e que prefere "preparar a classe trabalhadora para saber optar ". A criação de um partido ainda não faz parte de seus planos. </span></div><br />
<span style="background-color: #444444; color: white;"></span><br />
<br />
<span style="background-color: #444444; color: white;"></span><br />
<br />
<span style="background-color: #444444; color: white;"></span><br />
<div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: white;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Quantos anos você tem?</span></strong> - Trinta e dois. </span></span></span></div><span style="color: white;"><span style="background-color: #444444;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></span></span><br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444; color: white;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: white;"><span style="background-color: #444444;"><strong>- E quantos de batalha?</strong> - <u>Comecei no sindicato em 69</u>, levado por meu irmão, um daqueles que foi preso em 75, na época do Vlado (Vladimir Herzog) quando era vice-presidente do sindicato de metalúrgicos de São Caetano. O nome dele é José Ferreira da Silva, mas o apelido é Frei Chico. E inclusive estava para ser condenado por ser esse o seu codinome. "Você Frei Chico, foi o partidão que te deu esse nome!". Pô, fomos nós lá no sindicato que pusemos esse apelido nele e foi preciso que os diretores do sindicato fizessem uma declaração confirmando isso. </span></span></span><br />
<br />
</div><span style="background-color: #444444; color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444; color: white;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: white;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Onde você trabalhava nessa época?</span></strong> - Na Villares. Torneiro mecânico. </span></span></span></div><div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444; color: white;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: white;"><span style="background-color: #444444;"><strong>- Era bom de torno?</strong> - Me achava bom, sabe, tinha 14 anos de profissão. E continuo na Villares. Faz uns dois anos que entrei com um pedido de equiparação salarial porque quando <u>entrei pra diretoria, em 72</u> (<em><span style="font-size: x-small;">diretoria do sindicato</span></em>), existia um salário teto que depois de certo tempo a gente atingia. Um grande número de companheiros foi mandado embora, mas os que continuaram subiram de cargo, ganhando quase o dobro do que eu ganhava. Em novembro a empresa resolveu me pagar o equivalente ao que meus companheiros que <u>entraram junto comigo e em 66</u> estavam ganhando e passei a ganhar Cr$ 12.000, 00 (1). </span></span></span><br />
<br />
</div><div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444; color: white;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: white;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Você se dá bem com os Villares?</span></strong> - Não tenho contato com eles. Só uma vez estive com Carlos Villares e dentre os empresários com quem temos conversado me pareceu uma pessoa acessível. <u>Quero inclusive testar esses empresários</u>. No primeiro contato que tive com a área empresarial - <u>conversei com mais de 30 empresários</u> - houve os que demonstraram maior aptidão para o sindicalismo livre, mas não chegamos a discutir a coisa em profundidade. Talvez a liberdade sindical que eles queiram não seja a mesma que <u>eu quero. </u></span></span></span><br />
<br />
</div><div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444; color: white;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: white;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: #f9cb9c;"><strong>- Você acha que é só da boca pra fora?</strong> </span>- Não sei ... <u>senti que eles tinham medo de conversar com a gente</u>. Fazia muito tempo que <u>a classe empresarial não descia do pedestal e conversava com o trabalhador.</u> Não acredito que nenhum empresário vá fazer concessões pro trabalhador porque o Lula tem nariz comprido, né, só vão realmente ceder alguma coisa no dia em que a gente poder tomar uma posição mais séria em termos coletivos. A gente precisa caminhar pra isso o mais urgente possível. </span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444; color: white;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: white;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- O que é liberdade sindical para você?</span></strong> - É impossível imaginar um sindicato como o nosso, criado por um governo pela necessidade de agrupar trabalhadores dentro de estruturas que lhe permitam manipular uma minoria que seriam os dirigentes sindicais. Sindicato como eu entendo, deve ser criado pela necessidade da classe trabalhadora. Os trabalhadores é que devem criar seu sindicato e serem os únicos responsáveis pela sua manutenção financeira. </span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444; color: white;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: white;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Acabando com o imposto sindical?</span></strong> - Sim, os trabalhadores devem se sentir responsáveis. Se precisarem pagar até 10 dias de trabalho, que paguem, mas pra ter um sindicato forte e atuante, o que só vai acontecer quando o trabalhador tiver garantia de emprego, sabe? Hoje é muito difícil pra um trabalhador fazer alguma coisa pelo sindicato porque é mandado embora. </span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444; color: white;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: white;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- O que seria " garantia de emprego"?</span></strong> - Não é aquilo que tínhamos há alguns anos atrás, aquela estabilidade aos dez anos de serviço. Aquilo era meio utópico, porque o trabalhador dificilmente atingia esses dez anos. </span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444; color: white;"></span></div><div align="justify"><span style="color: white;"><span style="background-color: #444444;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #f9cb9c;">- Era demitido como nove?</span> </span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> - <u>A estabilidade pra mim tem de ser a partir do primeiro dia em que o trabalhador entra no emprego: pra ser mandado embora tem de ter um motivo justo e sua dispensa tem de ser julgada</u> por uma comissão paritária de empregado com o empregador.</span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444; color: white;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: white;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- O sindicato italiano é assim.</span></strong> </span></span></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444; color: white;">- <u>Mesmo em caso de dispensa tem de haver critérios</u>. Hoje <u>a empresa manda trabalhador embora quando quer e não tem de dar satisfação pra ninguém</u>. O que a gente reivindica é que deve haver alguns critérios. Vamos pegar o caso Ford no ano passado, que queria reduzir os salários e aumentar a jornada de trabalho. Caberia à empresa saber quais os trabalhadores que queriam ser dispensados. Tem trabalhador que quer ser mandado embora e não mandam, outros não podem ser mandados embora firme por sua situação financeira, e a empresa dispensa. Que fosse feita uma pesquisa para saber quem queria ser mandado embora, que fosse adotado o critério de idade ou de responsabilidade familiar. É preciso criar como os critérios. </span></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444; color: white;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: white;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Como é que anda o medo da classe operária ?</span></strong> - Existe muito medo. A gente vai ter que fazer verdadeiras campanhas de massificação da classe trabalhadora pra poder tirar essa cisma de perder o emprego. </span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="color: white;"><span style="background-color: #444444;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></span></span></div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444; color: white;"></span></div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: #f9cb9c;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- O medo básico é esse? </strong></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- E não só entre os operários.</strong> </span></span></span></div><div align="justify"><span style="background-color: #444444; color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Você não pode condenar o trabalhador por isso. A rotatividade da mão-de-obra – que temos denunciado mas pouca gente tem dado ouvidos - faz com que o trabalhador, depois de três anos de firma, ganhando Cr$ 30,00 por hora, arrume um outro emprego ganhando 15 ! Por isso o trabalhador quer segurar o emprego. </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="background-color: #444444; color: white;"></span></div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444; color: white;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444; color: white;"><span style="color: #f9cb9c;">- Esse negócio de passar pro FGTS foi uma safanagem ,né, botou o cara rodando feito peru.</span> </span></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: white;"><span style="color: white;">- Se essa lei veio com o objetivo de criar um banco, que esse banco seja administrado pela classe trabalhadora. O dinheiro é nosso, pô! veio o fundo de garantia pra acabar com a estabilidade, deixando os trabalhadores à mercê dos empregadores e taí financiando</span> mansões, deixando de lado o trabalhador.</span> </span></span><br />
<span style="background-color: #444444; font-family: Trebuchet MS;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: #f9cb9c;">- E essa coisa de voltar a estabilidade junto como FGTS?</span> <span style="color: white;">- Entendo que o FGTS poderia até continuar, mas com uma ressalva, porque dá é um prejuízo pro trabalhador. Lá em São Bernardo já ganhamos um processo a esse respeito. Se você fizer o cálculo da lei velha e o cálculo do que ganha o trabalhador que é mandado embora, verá que hoje tá perdendo pelo menos 40%. </span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="background-color: #444444;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #f9cb9c;">- Aqui no Rio uma juíza do trabalho já concedeu dois pareceres favoráveis à reposição dessa diferença.</span> <span style="color: #f9cb9c;"> - </span></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #f9cb9c;"> As empresas utilizam o sistema de rodízio entre elas : demitem da Chysler pra passar pra Volksvagen com um salário menor, por exemplo.</span><span style="color: white;"> - 70% da nossa mão-de-obra é semiqualificada, operadores de máquina, trabalhadores que aprendem a fazer uma peça dentro de quinze dias, só apertando botões. Mas depois de certo tempo na empresa podem atingir um salário razoável, se comparado com o salário mínimo. Só que quando é mandado embora da Volksvagen ganhando C$ 20,00 por hora, vai entrar na Mercedes ganhando C$10,00. </span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: #f9cb9c;">- As empresas nunca sofrem prejuízo na produção porque a dispensa é recíproca. -Convém registrar que a memória nacional é curta: a safanagem do fim da estabilidade do foi feita por Roberto Campos.</span> <span style="color: white;">- Em 1963, no Congresso Nacional dos Metalúrgicos, os trabalhadores aprovaram a criação de um fundo mas para ser paralelo à estabilidade e não pra acabar com ela. Roberto Campos aproveitou a deixa e criou o FGTS. </span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: #f9cb9c;">- Dois ministros - Prieto e Nascimento Silva - discordam desse FGTS, achando que um seguro-desemprego é desnecessário.</span><span style="color: white;"> - Desnecessário porque não sofrem o problema do desemprego. </span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: #f9cb9c;"><strong>- Com toda a repressão em cima do sindicalismo no Brasil, como é que você conseguiu formar uma liderança sindical efetiva?</strong></span> <span style="color: white;">- É simples. O problema é não ter o rabo preso. Não posso julgar os outros sindicatos porque não conheço, mas acho que o homem que não é corrupto, que não deve nada a ninguém, que não quer fazer do sindicato um emprego, pode falar à vontade. Até estranho quando os dirigentes sindicais de um tempo pra cá falam no medo. Supõem que essas coisas vão acontecer, então não fazem. Todo dirigente sindical teria de estar convicto daquilo que está fazendo e, se achar que a coisa é perigosa, que se afaste do sindicato e deixe um outro do companheiro vir.</span> </span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: #f9cb9c;"><strong>- Há quantos anos você é presidente do sindicato?</strong></span><span style="color: white;"> - Três.</span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f6b26b;">- Como é que ocorreu sua ascenção?</span></strong> <span style="color: white;">- Meu irmão era sócio ativíssimo no sindicato, trabalhava até mais que a diretoria. Em 69 foi convidado para ser diretor mas não quis, porque já tinha um delegado sindical na fábrica em que trabalhava que era amigo dele. Ficou faltando um nome pra compor a chapa e ele falou: "Vamos levar o Lula lá." Eu não queria ir e tal, o pessoal me convenceu. Mas fiquei muito decepcionado, a gente é novo na coisa, achei que se eu entrasse ía resolver os problemas dos trabalhadores. Eu ia chegar e trepar na mesa do chefe... Mas comecei a enfrentar as barreiras. O dirigente sindical sofre várias restrições, existe toda uma estrutura que protege as empresas, e dirigente sindical, mesmo tendo garantias, pode ser mandado embora se </span><span style="color: white;">extravasar no direito de ser dirigente sindical. Em 72 eu não queria mais concorrer, mas o Paulo me convenceu outra vez. Fui ser primeiro-secretário e trabalhar no departamento jurídico, cuidando do INPS e aposentadoria. Aconteceu até um fato gozado: foi aí que conheci minha mulher. </span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Ela é metalúrgica também?</span></strong><span style="color: white;"> - Não, o irmão dela tinha ficado louco e ela ía no sindicato buscar atestado de dependência econômica. Trabalhava um tal de Luizinho comigo e falei pra ele: "Olha, toda viúva e 18 a 25 anos que aparecer e me chama que eu... " Já viúvo, né? </span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Viúvo?</span></strong> <span style="color: white;">- Casei em 69 e fiquei viúvo em 71. E essa é minha mulher de hoje também é viúva, ficou por três meses de casada.</span> </span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- É uma continuação de "Dellito D'Amore".</span></strong><span style="color: white;"> - Com eu tava numa reunião de diretoria, o Luizinho mandou ela voltar de tarde, só preu poder atender. Ele era amigo mesmos, né? Namorei com ela cinco meses e casei.</span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Já tem filho?</span></strong> <span style="color: white;">- Um do primeiro casamento dela, esse meu agora, e ela está grávida de cinco meses. </span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Você não teve filhos do primeiro casamento?</span></strong><span style="color: white;"> - Morreu no parto, a mulher e filho. Quando faltava um ano pra eu terminar a gestão, a fábrica do Paulo, o presidente, mudou pra outra cidade, então ele não podia concorrer. Poder poderia, existem inúmeros dirigentes sindicais não têm nem fábrica e põe em registro frio na carteira (1). </span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Como é isso?</span></strong> <span style="color: white;">- Não tem emprego. Conheço alguns, por exemplo, que suas empresas faliram, logo não poderiam concorrer. </span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- A lei exige que haja vínculo empregatício.</span></strong><span style="color: white;"> - Aí acertam com a empresa: "Redige minha carteira que não vou te encher o saco" (1), e continua com o dirigente sindical. </span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: #f9cb9c;"><strong>- Isso é que pelego? - Não, pelego é pior.</strong></span> </span></span><br />
<span style="background-color: #444444; color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Numa reunião discutimos que seria contra nossos princípios ter um dirigente sindical com registro frio, embora existam centenas de empresas que topam. Bom, o presidente era pra ser o que hoje é meu vice-presidente, em São Bernardo. Fiquei meio apavorado porque o sindicato é muito grande, uma máquina. </span><br />
<span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="background-color: #444444;"></span></div><br />
<span style="background-color: #444444;"> </span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Quantos associados têm ?</span></strong> </span></span><br />
<div align="justify"></div><div align="justify"><span style="background-color: #444444; color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Trinta e oito mil.</span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- É o maior sindicato do Brasil?</span></strong> <span style="color: white;">- Não, tem outros. </span></span></span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- A diferença é que o sindicato dele representa 120.000 trabalhadores.</span></strong> <strong><span style="color: #f9cb9c;">- Só tem 1/4 associado? </span></strong><span style="color: white;">- Nosso sindicato é novo, tem 18 anos, pô. O número de matrículas já é de 102.000, quer dizer, 102.000 já ficaram sócios do sindicato, mas a rotatividade faz com que os caras saim da categoria. Tive um pouco de sorte na presidência, sabe, tô colhendo aquilo que meus antecessores plantaram. </span></span></span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;"> - Você já tinha um certo temperamento de liderança?</span></strong> <span style="color: white;">- Não.... </span></span></span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Seu pai era operário ou camponês?</span></strong><span style="color: white;"> - Camponês, trabalhava na roça lá em Pernambuco. Depois largou a minha mãe e o veio pra Santos carregar saco de café do IBC. Aposentou aqui. </span></span></span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Quantos irmãos você tinha?</span></strong><span style="color: white;"> - Éramos oito. Meu pai veio na frente, acho que no ano em que nasci. Mandava dinheiro pra minha mãe, e tal, a gente não sabia que tinha outra mulher. Aliás, a outra mulher que tinha aqui era prima da minha mãe. Um dia foi lá e trouxe meu irmão mais velho. Esse meu irmão chegou aqui e não contou nada, mas escreveu pra minha mãe como se fosse meu pai, convidando ela pra vir pra São Paulo. Pegamos um pau-de-arara lá, treze dias de viagem, pô, lembro bastante disso. Coloquei uma camiseta lá e vim tirar aqui, depois de treze dias. O fedamãe estourou, tava podre. Vocês nunca viajaram num pau-de-arara, né? É um caminhão como uns banquinhos, nêgo </span><span style="color: white;">sentado ali, criança faz as necessidades dela, a gente dormia ali, dormia na rua, nas calçadas, às vezes acordava com uma fdp duma chuva em cima da gente, ía comendo farinha com rapadura e queijo... </span></span></span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="background-color: #444444;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Os paus-de-arara que existem por aqui também são terríveis. - Quantos anos você tinha?</span></strong> <span style="color: white;">- Sete. Aí chegamos em São Paulo, fomos pra Santos, e encontramos meu pai com outra mulher e mais cinco filhos dessa outra. </span></span></span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="background-color: #444444;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Bicho danado, heim.</span></strong> <span style="color: white;">- Um compadre dele ofereceu uma casa pra minha mãe ficar, depois meu pai colocou uma mulher numa casa e outra em outra, e visitava as duas casas. Dava cobertura: três dias numa, três dias noutra...</span> </span></span><br />
<br />
<br />
<span style="background-color: #444444;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- E sobreviveu?</span></strong><span style="color: white;"> - É, taí... Meus irmãos arrumaram emprego, eu vendia laranja, tapioca... apanhava muito desse irmão frei Chico, porque ele gritava alto: "Ô tapioca", mas eu tinha vergonha de gritar, aí ele metia a mão em mim! Em 56 uns irmãos meus vieram embora pra SP, arrumaram emprego, e buscaram minha mãe. Ficamos eu e Frei Chico morando com meu pai até as coisas melhorarem. Depois de uns três ou quatro meses minha mãe nos buscou pra morar em São Paulo: dez num quarto e cozinha. Tinha também um primo que foi morar conosco. Era o fundo de um bar; o que dava de bêbado passando ali para ir ao banheiro..</span></span></span><br />
</div><div align="justify"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="background-color: #444444;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;"> - As pessoas ficam perguntando a formação política do Llula, etc. e tal. É isso aí.</span></strong> <strong><span style="color: #f9cb9c;">- E os estudos?</span></strong> <span style="color: white;">- Só tenho o primário. Fiz ginásio através do madureza mas não considero feito, sabe. Se puder voltar a estudar - agora só quando sair do sindicato - quero fazer um ginásio melhor, onde realmente aprenda e tenha uma base.</span></span></span><br />
<br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Você costuma ler?</span></strong> <span style="color: white;">- Leio bastante jornal. Não tenho tempo de ler outras coisas. Pra ter uma idéia: Dr. Almir, nosso advogado, tinha me arrumado uns livros sobre a república velha. Cheguei em casa, fui ler, a molecada não deixou. Aí peguei e me tranquei no quarto. A molecada começo bater, xinguei a molecada, a mulher quase me bate. "Pô, você fica o dia inteiro fora de casa, quando chega ainda quer se trancar? O livro não é teu filho, teu filho é esse monte que taí!" Aí pronto, acabou leitura. </span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Mas você se expressa bem e tem facilidade de pensamento. Onde adquiriu isso?</span></strong><span style="color: white;"> - É a escola da vida, né? Converso - e sou um dos diretores que menos conversam - com trinta ou 40 trabalhadores por dia . Converso também com engenheiros, advogados, médicos... </span></span></span><br />
<br />
<span style="background-color: #444444;"><br />
</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><u><span style="color: #f9cb9c;"><strong>- E ultimamente com jornalista</strong></span><span style="color: #f9cb9c;">s.</span></u><span style="color: #f9cb9c;"> - Ih, vai desaprender tudo.</span> <strong><span style="color: #f9cb9c;">- A partir de determinado momento o sindicato passou a agir num nível sindicato-empresário, mas não estava tendo a mínima repercussão. Estava entrando pelo cano mesmo. Mas aí vocês pensaram: "Vamos ver se imprensa dá uma força pra gente ', e realmente foi isso que aconteceu.</span></strong> <span style="color: white;">- Muita gente me pergunta: "Porque vocês só começaram a falar agora?" Pô, não foi só agora, estamos falando há muito tempo. Agora é que a imprensa descobriu que o trabalhador e existe. Não digo os jornalistas, esses não têm culpa, digo os donos das empresas que não permitem que se fale do trabalhador, porque são empresários. <u>Se a grande imprensa resolver parar de falar no trabalhador, este deixa falar outra vez.</u> Por isso <strong>faço as coisas sem me preocupar com imprensa</strong> ou se vai haver cobertura ou não. É </span><span style="color: white;">lógico que com uma cobertura você pode atingir o um público muito maior, mas não posso contar com isso. Amanhã se o dono de um Estadão, duma Folha ou dum Jornal do Brasil pode resolver falar:" trabalhador não entra mais aqui porque a partir do momento que eles ganharem alguma coisa os jornalistas também vão querer ganhar"... sei que vão agir assim. *** - O sindicalismo no Brasil é todo fragmentado e cada sindicato é uma coisa. Está uma zona que não se entende nada. O que você acha da criação de uma confederação nacional? - Sou favorável inclusive ao pluralismo sindical; se a estrutura fosse outra poderíamos até ter sindicatos por empresas.</span> </span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="background-color: #444444;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Como nos EUA?</span></strong><span style="color: white;"> </span></span><span style="color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Como no México ou na Alemanha. Agora, tem que ter um órgão central pra coordenar a coisa . Você conheceu o sindicato ontem. Iimagine se tivéssemos 16 sindicatos naquele prédio, pois representamos 16 categorias econômicas. Imagine isso sabendo que cada sindicato tem 24 diretores. Só diretor a gente teria mais de 300 pessoas trocando idéias sobre os problemas dos trabalhadores. </span></span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="background-color: #444444; color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Pelo que vi lá, o grande problema de vocês e a falta de gente sindical nas fábricas. </strong></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="background-color: #444444; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: white;">- A estrutura sindical permite apenas 24 diretores, não importa o tamanho da categoria. Um sindicato que representa 2000 trabalhadores tem o mesmo número de diretores que o de São Bernardo, que representa 120.000. Tenho 623 empresas na minha base. Só tenho diretor em 12. Ficam 611 descobertas, sem nenhum dirigente sindical, porque a lei não permite mais.</span> </span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Não tem nem representante? - Não, a empresa bota na rua.</span></strong><span style="color: white;"> - Criamos um Conselho de Coordenação de Trabalho de Base, desligando dois diretores da produção, pra dar cobertura nessas empresas. Severino - com quem você conversou - trabalhou numa das poucas empresas onde existe mentalidade sindical. Pegou a Scania com 162 sócios e conseguiu elevar esse número pra 1100 e pouco, e é respeitado por todos os trabalhadores da empresa. </span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: #f9cb9c;"><strong>- Na Mercedes-Benz isso existe também. - Qual é que mais sacaneia?</strong></span> <span style="color: white;">- Olha, é difícil saber qual que menos sacaneia. <u>Se existe subversão no Brasil, muito dela é feita pela classe empresarial.</u> </span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Lula, quais têm sido suas dificuldades com o órgão de repressão? Quantos agentes tão te seguindo?</span></strong> <span style="color: white;">-<u><strong> Se eu disser que sofri repressão, estou mentindo</strong></u>, sabe. Nunca me prenderam. </span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Nem chamaram para depor?</span></strong><span style="color: white;"> - Chamaram <u>quando uma empresa me denunciou como subversivo. Fui com o diretor do Dops e fui muito bem tratado</u>. Isso foi o ano passado. Agora fui na polícia federal por causa do Congresso das Mulheres, mas também foi muito bem tratado. </span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- O que vocês achou dessa reunião das mulheres metalúrgicas?</span></strong><span style="color: white;"> - Pude provar que podemos esquecer esse negócio de mulher e homem pra falar em termos conjuntos de trabalhador. A gente tem a mulher como gente do sexo fraco, esse negócio todo, mas esse Congresso me ensinou que a mulher, bem preparada, é muito mais homem que os homens, inclusive empurra a homarada para tomar posição. </span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;"> - Depois do Congresso das Mulheres várias fábricas do ABC tão mandando a congressistas pra rua. Tem inclusive o caso gritante de uma menina que tinha 9 anos e meio de casa e, a partir do congresso, essa empresa começou a implicar, implicar, até arrumar uma forma de jogar ela na rua por justa causa para. A arteb já mandou umas dez mulheres embora, todas elas participantes do congresso.</span></strong> <span style="color: white;">- Vamos ter que tomar uma posição com relação a isso. Essa empresa nunca irá admitir que foi por causa do Congresso. Na última assembléia que tivemos expus que, se nós trabalhadores não tomarmos a posição quando um companheiro da gente é prejudicado, amanhã seremos nós e todo mundo vai ficar com medo e calado. Quando vim pra cá deixei a diretoria reunida para resolver o problema dessas mulheres. Vou convocar uma assembléia dos trabalhadores e se eles estiverem preparados, e se toparem, a gente chega até a parar para a readmissão das meninas. </span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Parar, que você está dizendo, é greve.</span></strong><span style="color: white;"> - Primeiro a gente sempre procura resolver as coisas amigavelmente. Temos condições de resolver uma porção de coisas assim. Agora, esses trabalhadores quiserem tomar uma posição em defesa das dez... o que posso fazer é dar orientação, dizer que deve ser feito, mas não posso parar, não adianta eu ficar parado e eles trabalhando que a fábrica vai continuar do mesmo jeito. A tendência é tomar uma posição muito séria: o readmissão dessas meninas ou pelo menos pagariem a indenização dessa Maria Helena. </span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Não há nenhuma lei que garanta a proteção dos sindicalizados? - Nada.</span></strong> </span></span></div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: white;">- Só para os 24 diretores.</span></strong> <span style="color: white;">- É a dificuldade de surgir oposição no sindicato. Para não perder o emprego a oposição é obrigada a ficar quieta durante um determinado tempo, tem que trabalhar de mão presa, porque se começar a aparecer é mandado embora. </span></span></span></div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: #f9cb9c;"><strong>- Estive conversando com uma menina que não foi mandada embora, mas como foi ao</strong> </span><span style="color: #f9cb9c;">sindicato, e está a favor da menina que foi mandado embora, já está esperando sua demissão. - Não é preciso ir muito longe pra encontrar outro exemplo: o liberal brasileiro que é o Júlio de Mesquita Neto. Dois jornalistas da sucursal do Rio estavam iniciando uma campanha pra indicar uma chapa. 24 horas depois um deles foi simplesmente mandado embora, sem mais nem menos.</span> <span style="color: white;">- Um pouco antes da formação da chapa tínhamos feito uma reunião com 96 ferramenteiros da Volkswagen. Teve um menino da chapa que me impressionou muito pelo jeito de falar e de mostrar as coisas. Mas é por isso que não gosto de formar comissões: você expõe um grupo de trabalhadores ao empregador. Se fizer uma comissão de 10, daqui a cinco meses não tem mais nenhum com emprego na fábrica. Também não adianta fazer comissão clandestina. Esse menino fez parte de uma comissão e só não foi mandado embora porque registrei a chapa um dia antes. A ficha dele já tinha sido mandada para o departamento de pessoal para ser mandado embora. </span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Manifestou-se aqui a preocupação pela existência de uma lei que pudesse proteger aqueles que se interessam pelo sindicato mas não fazem parte de uma diretoria. O sindicato de trabalhadores no Comércio de Petróleo aqui iniciou uma tentativa perante a justiça do trabalho, pedindo a estabilidade do delegado sindical (consta na consolidação que o sindicato tem direito de nomear um delegado em cada empresa ). Se a gente conseguisse isso seria uma coisa boa.</span></strong> <strong><span style="color: #f9cb9c;">- Como pretendem colocar na cabeça desse pessoal que é preciso não ter medo ?</span></strong><span style="color: white;"> - O movimento sindical trabalha muito em cima do que acontece e a gente tem que dar sustentação a determinadas teses. Por exemplo: o contrato coletivo de trabalho, comprovado no mundo inteiro como a melhor forma de relacionamento entre capital e trabalho, com os trabalhadores tratando coletivamente das suas condições de trabalho. Aqui no Brasil, desgraçamente, o que está em vigência é o contrato indivídual, quer dizer, um trabalhador humilde que veio da roça tratando das suas condições de trabalho com uma multinacional. Então existem aqueles contratos leoninos, em que o empregador exige e o trabalhador aceita. Nós entendemos que o contrato coletivo de trabalho é válido, mas </span><u><strong><span style="color: white;">temos que fazer um trabalho diário</span> <span style="color: white;">de massificação</span></strong></u><span style="color: white;">, jogar contra o coletivo na cabeça do trabalhador todo santo dia, para ele acostumar com isso e aprender o que é. Pra ele saber o que é bom.</span> </span></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="background-color: #444444;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- <u>Senti o que é esse trabalho de massificação quando andei pelas portas de fábricas perguntando quem era o Lula, o que achavam dele e o que achavam do sindicato</u>. Me espantei porque a maioria realmente desconhece o que é movimento sindical, o que é sindicato e quem é o Lula.</span></strong> <span style="color: white;"> </span></span><span style="color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Existem muitos trabalhadores que não sabem nem o que é "sindicato". Se hoje não sabem, imagine há um ano atrás quando ninguém falava nisso. Um dia cheguei para um companheiro da Villares e falei: "companheiro, o negócio é o seguinte: você vai ou não vai ficar sócio do sindicato?" (1) Ele falou: "O que é sindicati?" Existe um grande número de trabalhadores assim. Lá em São Bernardo mesmo existem milhares de trabalhadores que não conhecem <em><strong>o Lula</strong></em>. Isso pode ser explicado. Vocês já entraram numa fábrica automóveis? O trabalhador não tem tempo de nada, de ler, de pensar, só tem tempo de trabalhar. </span></span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;"> - Você falou que existem fábricas que só dão 10 minutos pros caras fazerem as necessidades fisiológicas.</span></strong> <span style="color: white;">- Digo mais ainda. <u>Tem trabalhador que urina apura numa lata por que não tem tempo de sair da linha de produção</u>. como é que um homem desses vai conhecer Lula e o sindicato? <span style="font-size: x-small;">(com o endeusamento do sindicalista feito pelos jornais e TV)</span></span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;"> - E aí, como é que vocês ficam?</span></strong> <span style="color: white;">- Quando penso em movimento do trabalhador nunca penso neles como um todo, porque é impossível. P<u>enso numa maioria organizada, um grupo de sustentação, preparando pelo menos um em cada setor</u> <u>da empresa</u>. <u>Mesmo que não se exponha, quando chegar o momento exato esse trabalhador poderá ser o porta-voz do sindicato </u>dentro da sua seção (1). </span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Uma prova de que um trabalhador consciente, sindicalizado, protegido e reivindicador de seus direitos não prejudica a produção - pelo contrário, até a melhora - está em que o maior sindicato de trabalhadores fora dos EUA é o da Fiat na Itália. Quando estive em Milão o pessoal do sindicato estava me explicando como é que se reúnem com o alfa AGNELLI (presidente da Fiat): a mesa tem duas cabeceiras, o AGNELLI numa e o presidente do sindicato noutra. O AGNELLI também chama o a outro cara de excelência. O trabalhador italiano conseguiu uma proteção incrível e deu certo, pois com toda a pressão dos fabricantes americanos e alemães, a Fiat é uma das fábricas de automóveis de maior expansão. Não deveria ser feito um trabalho não só para conscientizar o trabalhador brasileiro, mas também o empresário brasileiro?</span></strong> <span style="color: white;">- Costumamos falar que o trabalhador não é politizado ou conscientizado... qual a classe brasileira que é consciente? Só a classe empresarial, que tem consciência de que é preciso ter lucro explorando a classe trabalhadora. O que falta para os empregadores entenderem os problemas dos trabalhadores é as suas fábricas pararem. Quando a fábrica dele parar vai ter consciência de uma porção de outras coisas, sabe. </span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Mas vocês não podem parar as fábricas.</span></strong><span style="color: white;"> - Não podemos em termos. Vamos dar mais um tempo, que <u>vamos ver se podemos ou não podemos</u>. Não vejo outra forma, pô. Conversar com o patrão? Já conversamos. Conversar com autoridade? Já conversamos. Ninguém está preocupado com o trabalhador. Nego está preocupado que trabalhador tem de se responsável pela paz social, sabe, tem que produzir bastante para grandeza da nação ... tivemos até que dar ouro pro bem do Brasil, pô, e cadê a volta pra a gente? Nada ? Então vamos dar um tempo aí, está chegando o momento, eu sinto. </span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;"> - <u>Lamentavelmente temos que ir. Vamos entrevistar o presidente Geisel.</u> - Algum recado pra ele?</span></strong><span style="color: white;"> (dois entrevistadores saem) - Acha que um trabalhador vai se preocupar em ir à assembléia de sindicato e perder o ônibus da empresa que vai colocar ele na Lapa? Se for pro sindicato foi ter que pegar um ônibus as 10h da noite.</span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Isso mais empresas grandes.</span></strong><span style="color: white;"> - Mais 80% da nossa categoria trabalha em empresas grandes. </span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: #f9cb9c;"><strong> - Na Itália existe uma recomendação expressa na lei trabalhista para que nas contratações coletivos estabeleçam-se cláusulas dispondo sobre a participação dos trabalhadores no lucro e o empresário tem é a força de trabalho do operário.</strong></span> - <span style="color: white;">Quando o operário senta lá na mesa o Agnelli não fica chamando o cara de doutor só porque ele é bonito, mas porque sabe que atrás de sua palavra tem todo esse pessoal. É isso que temos de conseguir aqui no Brasil. </span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- A coisa mais importante que o empresário tem é a força de trabalho do operário. - Você percebe essa transformação nas outras categorias profissionais?</span></strong> <span style="color: white;">- Sim. Vou contar sobre uns sindicatos mas vai ser em off. Essa aprendi com jornalista. (Dá o serviço e depois manda ligar o gravador de novo.). Não contei isso porque vejo que <u>em São Paulo formei muitos inimigos.</u> A maioria dos dirigentes sindicais são velhos e estavam acomodados, mas agora vários sindicatos estão exigindo que seus dirigentes tomem uma posição. Pra esses caras passei a ser efedepê porque estou fazendo eles trabalharem.</span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- O que se mudou na legislação trabalhista e previdenciária não foi algo normal, mas pouca gente comentou. Estão mudando tudo e preparando uma coisa pra cair de sopetão em cima dos trabalhadores.</span></strong> <span style="color: white;">- A legislação trabalhista é feita nas coxas, sabe, sem ouvir a classe trabalhadora que é a maior interessada. Ouve-se a classe empresarial mas não a trabalhadora. Vamos pegar a lei de férias. Nos reivindicávamos férias em dobro e o que fizeram foi oficializar a venda das férias. Pega agora esse projeto de lei das mulheres que não mudou em quase nada, muito pelo contrário. As mulheres em São Bernardo perderam porque tinham 60 dias a mais de estabilidade do que essa lei agora vai dar. As coisas são feitas sem ouvir a quem de direito, feitas por homens que ganham altos salários, instalados em gabinetes com ar-condicionado... poucos desses homens conhecem o que seja o trabalhador e como funciona o seu trabalho na fábrica. As reformas vêm assim de supetão, sem beneficiar ninguém a não</span> <span style="color: white;">ser empresários e autoridades. </span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Como você prevê um trabalho sindical importante quando toda essa legislação está cerceando cada vez mais o operário?</span></strong> -<span style="color: white;"> Aí é que está o xis. (NÃO SOUBE RESPONDER) </span></span></span></div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;"> - <em>O Lula</em> disse que essa legislação é feita sem consultas. Acredito até que elas existam, só que feitas por uma liderança já ultrapassada, encastelada na confederações, sem o menor interesse pelo trabalhador. A grande responsabilidade está nas cúpulas. Lula, como presidente de sindicato, está nas bases.</span></strong> <span style="color: white;">- Temos a Federação, que é estadual, e a Confederação, que é nacional, cujo presidente é o Ary Campista, mas faz 40 anos que o homem não sabe o que um trabalhador. (CONSTANTES CRÍTICAS A OUTROS SINDICALISTAS) </span></span></span></div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Por que você e o Ronaldo não tomam essa Confederação?</span></strong> <span style="color: white;">- Eu e o Ronaldo inclusive somos de Federações diferentes. </span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Então faz uma Federação para todo Brasil!</span></strong> <span style="color: white;">- Quando a gente fala em confederação geral dos trabalhadores, muitos confundem isso com o movimento sindical de 64, que poderia ter conseguido muita coisa mas não fez talvez porque os interesses maiores não fossem os da classe trabalhadora. Mas a partir do momento que o trabalhador resolver tomar uma posição - não sou otimista, a coisa está mesmo pra acontecer - vamos exigir inclusive a mudança de leis. Se houvesse contratação coletiva de trabalho, esse caderno de leis que temos, que é dessa grossura - os advogados precisam até para de guindaste apara carregá-lo - seria reduzido a um bloquinho. (MAIS COMPARAÇÔES E CRÍTICAS AOS OUTROS). </span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;"> - O resto é casuísmo .</span></strong> <span style="color: white;">- É a sustentação do judiciário trabalhista brasileiro. </span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Você acha que vão conseguir isso ?</span></strong><span style="color: white;"> - Para mim o contrato coletivo é irreversível . </span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: #f9cb9c;"><strong>- Quais são os dados concretos que você tem nesse sentido? <span style="color: white;">-</span></strong></span><span style="color: white;"> Tenho um dado quando vejo o Ronaldo assumir um sindicato aqui com uma idéia danada de briga. Vejo o João Paulo em Monlevade, o Dutra nos Bancários do Rio Grande do Sul, os trabalhadores de outros Estados também começando a entender que a coisa tem de mudar. </span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- O governo vai permitir que vocês cresçam?</span></strong> <span style="color: white;">- Veja só, não podemos ficar sempre esperando a permissão. Há um momento em que a gente tem de exigir. A gente está muito acostumado a pedir, pô, tem dirigente sindical que não faz outra coisa a não ser comprar o Diário Oficial pra ver se saiu algum decreto beneficiando eles. Isso precisa acabar! <u>Precisamos deixar de receber concessão e começar a exigir</u> nossa participação! </span></span></span><br />
<br />
</div><div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: #f9cb9c;"><strong>- <u>Você tem recebido muitas críticas por estar dialogando demais</u>. De repente chega o Delfim - logo quem! - dizendo que você é a coisa maravilhosa que aconteceu nos últimos tempos. Depois recebeu apoio do Dilermando. - Bate um papo com Portella... - <u>Como se explica a sua força com a burguesia?</u></strong></span> <span style="color: white;">- Eu estaria incoerente comigo mesmo se - entendendo do que soluções da classe trabalhadora estão no contrato coletivo de trabalho e no pleno exercício do direito de greve - deixasse de expor isso aos homens como Portella. Os dirigentes sindicais sempre tiveram medo de falar, mas <u>você só começa a fazer as coisas quando forma uma opinião pública</u> e todo mundo fica sabendo o que é aquilo. Estou preparado para sentar numa mesa com um patrão como gente, sem dizer</span> <span style="color: white;">"esse é meu inimigo". Não faço isso não. Converso com o patrão defendendo o trabalhador e ele defendendo o capital dele, mas <u>sem partir pra porralouquice ou agressão moral</u>. O patrão é um inimigo a partir de omissão na gente, é muito cômodo o agente se omitir e falar que os patrões não querem dar, quando a gente não exigiu, pô. Até quando o filho da gente pede uma coisa e a gente não dá, se ele não chorar tudo bem, mas se ficar na porta do bar chorando, ou você dá ou...</span> </span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;"> - O moleque entra em greve.</span></strong> <span style="color: white;">- Esses patrões que estão falando bem de mim, esse negócio todo, <strong><u>vamos ver se vão falar isso quando a gente puder reivindicar e tiver que exigir alguma coisa deles.</u></strong> </span></span></span><br />
<br />
<span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="background-color: #444444;"><br />
</span><span style="background-color: #444444;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #f9cb9c;"> - Ao <u>lucro do patrão corresponde a miséria do trabalhador.</u></span></strong><span style="color: white;"> - <u>Quando o patrão está tendo muito lucro, é sinal de que alguém está tendo pouco . É preciso dividir isso</u>. </span></span><span style="color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Não sou eu que tenho essa consciência, é o mundo desenvolvido que mostra isso. Hoje, no Brasil, <u>uma minoria ganha tudo e a maioria não ganha nada</u>. Essa maioria precisa ganhar um pouco, diminuir um pouco da minoria. </span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;"> - </span><span style="color: #f9cb9c;">Mas em todos os países de grande produtividade operário é protegido.</span></strong><span style="color: #f9cb9c;"> - Mas <u>esse negócio de produtividade é balela,</u> existe quando determinados setores da indústria têm uma demanda e depois começa a cessar. <u>Esse negócio de "elevar a produtividade” é uma maneira de fazer o trabalhador trabalhar mais</u>.</span> <span style="color: white;">- Acho que a questão não seria de produtividade, mas de participação nos lucros da empresa (O POVO DEVERIA PARTICIPAR DO LUCRO DA UNIÃO, NÃO DAS EMPRESAS QUE DÃO QUASE METADE DO QUE ARRECADAM PARA A POLITICALHA DESVIAR, INCLUSIVE O LUÍS INÁCIO-o lula). A partir de determinado valor, o lucro deveria ser distribuído para os trabalhadores da empresa. Qual o país que ficou e economicamente forte sem a criação de um mercado interno? A partir daí, o que sobrar pode ser mandado para fora. Mas nós não temos mercado interno e já queremos montar um mercado externo ! </span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="background-color: #444444;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- O trabalhador sendo protegido tem mais dinheiro; tendo mais dinheiro, compra mais. Aqui não dá para ele comprar nada. - E o general Figueiredo, em entrevista a o Globo, disse que esse negócio de mercado interno é utopia, que o Brasil precisa de é de dólar, por que o cruzeiro não vale nada</span></strong>.<span style="color: white;"> - É uma visão que, se for verdadeira, contraria toda a minha maneira de ver, sabe. Mercado interno é uma realidade. Pega Japão, França, Alemanha, Itália, todos esses países aí: primeiro se criou o mercado interno. O Brasil precisa de dólares pra que? Pra meia dúzia de caras? O Brasil está precisando é que o povo tenha dinheiro para comprar aquilo que produz. Se o trabalhador fabrica geladeira, tem para o ter geladeira. Se fabrica televisão, tem de ter televisão. Se fabrica carro, tem que ter carro. O mínimo que deve ter é que o que produz. (ISTO SERVIRIA TAMBÉM PARA A PRODUÇÃO DE ÔNIBUS, AVIÕES OU IATES?). </span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;"> - Aí <u>você não está querendo uma sociedade de consumo</u>?</span></strong> </span></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: #f9cb9c;"><strong>- É impossível haver uma sociedade de consumo num país com 50% de famintos.</strong></span> <span style="color: white;">- As coisas aqui andam meio erradas. A partir do momento em que o mundo precisa de alimento - coisa que aqui no Brasil dá até em pedra - porque não se faz uma campanha de exportação de alimentos, ao invés de essa campanha de exportação de automóveis? </span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Isso faz parte do programa do general Figueiredo: a internou a internacionalização da </span><span style="color: #f9cb9c;">agricultura.</span></strong><span style="color: #f9cb9c;"> - Com Ludwig não quero exportação!</span><span style="color: white;"> - É, também não pode faltar alimentos pro brasileiro. </span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: #f9cb9c;"><strong>- Vamos mudar de assuntos para falar de algo que paira sobre essa discussão de sindicatos: o pelego, lula, define o que é pelego.</strong></span> <span style="color: white;">- Pelego vocês sabem o que é, né não? </span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;"> - O couro que fica entre a cela e o cavalo.</span></strong><span style="color: white;"> - Foi assim que surgiu essa expressão. Não me sinto em condições de julgar ninguém, cada um é aquilo que acha que deve ser, mas o dirigente sindical que se preza não pode em nenhum momento pelo sindicato como um o órgão empregatício e de um status. O dirigente sindical que se preza não pode deixar de denunciar as arbitrariedades existentes dentro de sua categoria. O pelego é omissão do movimento sindical brasileiro. É de muita recepção, mas de pouca participação . Um dirigente sindical que se preza não deveria se subordinar a ser o vogal, um juiz classista, apenas para ganhar dinheiro. Imagine você um trabalhador que, como eu, ganhe 12.000 cruzeiros por mês e passea ganhar 13.000 cruzeiros como vogal, indo pra Cr$ 25.000,00. Se não tiver princípios, vai querer largar isso pra voltar a ganhar Cr$12.000,00. Isso é que define o pelego. </span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;"> - O pelego serve mais ao operário ou ao patrão?</span></strong> <span style="color: white;">- Muito mais do patrão. É um entrave no desenvolvimento da classe trabalhadora.</span></span></span><br />
<br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Dá muito pelego no sindicalismo brasileiro?</span></strong><span style="color: white;"> - Dá numa proporção de 70 a 80%. Conheço um sindicato que nunca faz o uma assembléia ! Chega na época do dissídio coletivo, pega o advogado, faz a petição e entrega na federação, sem nunca ter feito um o assembléia.</span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Como é o apelido desse sindicato?</span></strong> <span style="color: white;">- Sindicato do Carimbo. O presidente é chamado de João ladrão. Na parte da manhã trabalha no supermercado do qual o ele o dono. À tarde vai para a justiça do trabalho onde é vogal. Aparece no sindicato das seis às sete da noite. </span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;"> - Vai lá, carimba tudo e vai embora.</span></strong><span style="color: white;"> - O movimento sindical que desembocou em 64 era dirigido por pelegos? - Tanto isso é verdade que os homens estão aí, toda a cúpula sindical é composta por homens de antes de 64. Isso também define o pelego: o cara consegue se moldar a qualquer tipo de governo. Se amanhã entrar um governo de ultra esquerda, serão 13 esquerdistas, se entrar um de ultra-direita, serão ultra-esquerdistas. Não vivi muito bem época de João Goulart, mas acho que ele ouvia muito dirigente sindical de gabinete, sem base popular. </span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;"> - Esses pelegos se refugiaram hoje nas cúpulas sindicais?</span></strong> <span style="color: white;">- Nem todos, porque não deu para todo mundo. Pra terem uma idéia da coisa: não vou mais à reunião da Federação porque estou totalmente marginalizado. Quando abro a boca é pau pra todo lado em cima de mim. Os sindicatos são criados de acordo com as necessidades da Federação que, ao perceber que pode haver oposição, cria um sindicato novo, quer dizer, mais um voto pra ela. Cria sindicato, dá um gabinete odontológico, um gabinete médico, compra uma casinha pra ser a sede e põe o presidente pra morar lá. O balançar de cabeça de um presidente de Federação reprova ou aprova tudo que quiser. </span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- A função de um sindicato também é dar consultórios dentários e colônias de férias?</span></strong> - <span style="color: white;">Pode-se até dar isso como complementação, mas nunca como prioridade. </span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;"> - Qual o percentual dos seus associados que utiliza o serviço social do sindicato? Até onde você conta com isso para mobilizar a massa?</span></strong> -<span style="color: white;"> Está havendo um erro por conta dos dirigentes sindicais que pretendo corrigir no próximo mandato. Pô, está certo que o trabalhador vá lá pra gozar de uma assistência médica e odontológica, mas cabe aos dirigentes sindicais aproveitar esse momento que ele está dentro do sindicato e levar uma mensagem pra ele. Ninguém faz isso. Tem que aproveitar a mulher e o filho do cara lá dentro pra levar uma mensagem sindical. Em São Bernardo vamos começar a fazer isso dentro de sala de aula. Nossos alunos do supletivo vão aprender o que é sindicalismo, e nas provas vão cair perguntas sobre isso. Uma vez fizemos uma convocação dizendo que os trabalhadores que não comparecessem à assembléia perderam o direito à assistência médica. Foi a maior assembléia realizada: ll000 pessoas! Mas sou contra isso, porque fizemos o cara ir na marra. Não podemos obrigar, cada um tem que seguir sua consciência.</span></span></span><br />
<br />
<span style="background-color: #444444;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;"> - Você não acha que a grande assistência do sindicato poder ser o advogado?</span></strong> -<span style="color: white;"> Porque a ASSSTÊNCIA MÉDICA NÃO É FUNÇÃO DO SINDICATO. O trabalhador já não paga INPS? - O coração do sindicato realmente é o Departamento Jurídico. O sindicato se perde a partir do momento em que pretende cobrir uma deficiência do Estado e do INPS, e assim a responsabilidade de começar a a dar assistência. O movimento sindical deve brigar pra que o Estado e o INPS dêem assistência médica para os trabalhadores sem jogar a responsabilidade pra cima de outros. </span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;"> - A Justiça do Trabalho não é um verdadeiro absurdo pra cima do trabalhador?</span></strong><span style="color: white;">- O</span> <span style="color: white;">excesso de advogados que tem no Brasil é o entrave pro contrato coletivo de trabalho . Com a contratação coletiva, a maioria desses picaretas deixariam de existir, porque não haveria mais queixas individuais. Em São Bernardo temos apenas uma junta de Conciliação; e, enquanto o limite máximo de processos a serem julgados por ano deveria ser de l500, entram 12000 por ano. Então há interesse do poder econômico de que não haja uma segunda Junta em São Bernardo. </span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Poder econômico quer dizer empresas.</span></strong> <span style="color: white;">- O trabalhador vai no sindicato abrir processo e pergunta quanto tempo vi demorar. Aí quando sabe que vai demorar três ou quatro anos não abre mais.</span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: #f9cb9c;"><strong>- Só a primeira<span style="color: white;"> audiência demora seis ou oito meses.</span></strong></span><span style="color: white;"> <strong>- Os vogais representam mesmo os trabalhadores?</strong> - Não, em nenhuma instância. Não quero generalizar porque existem alguns bons, mas vogal e juiz classista são verdadeiras vacas de presépio. A gente percebe que o vogais de trabalhadores simplesmente acatam o que o juiz determinar. Pedimos uma explicação do TRT sobre quais os critérios adotados pra escolher um vogal, porque teríamos interesse em eleger um. Até hoje esse juiz não nos respondeu e, conseqüentemente, São Bernardo é um dos poucos sindicatos dessa terra que não concorre ao vocalato. Olha, sou favorável à representação classista desde que gratuita. E que o dirigente sindical – que já recebe do sindicato – preste um serviço à categoria sendo vogal sem receber nada.</span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- O dirigente sindical recebe do sindicato ou da empresa?</span></strong> <span style="color: white;"> - Lá em São Bernardo recebemos do sindicato; em outros lugares recebe-se da empresa. Eu acho que deve ser do sindicato mesmo, fica mais independente. (MAS MANTÊM O VÍNCULO - CARTEIRA ASSINADA - COM A EMPRESA VILLARES).</span></span></span><br />
<br />
<div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="background-color: #444444; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Como foi o seu diálogo com o Petrônio?</span></strong> -<span style="color: white;"> <strong><u>Era a primeira vez que conversava com um homem-chave do governo e pelo menos ali na minha frente o Petrônio me pareceu ser sincero</u></strong>. Foi logo dizendo que não ia resolver pô nenhuma e... </span></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><span style="background-color: #444444;"><br />
</span><span style="background-color: #444444;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Então por que ele está conversando, ora?</span></strong><span style="color: white;"> </span></span><span style="color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- <u>Estava colhendo subsídios para depois mostrar a quem quisesse ver</u>. Disse que não poderia soltar um monte de coisas porque a imprensa estava em cima. Fui conversar com ele com o objetivo de levar um documento e acho que atingi esse objetivo. </span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;"><u>- Foi ele que te chamou?</u></span></strong> <span style="color: white;">- Olha, em dezembro recebi um telefonema do Cláudio Lembo dizendo que em janeiro o Petrônio viria a São Paulo e que queria visitar o Sindicato de São Bernardo. Aliás, um dia antes o<u> sindicato tinha recebido a visita do</u> Brossard, que saiu <u>pê da vida comigo</u> porque pensava que eu ia pegar ele no colo só porque era do MDB. “Olha, Cláudio Lembo, as portas do sindicato estão abertas e se ele quiser entrar basta vir aqui.” Mas aí ele não pôde vir e acabou aquele negócio dele do diálogo. Outro dia recebi outro telefonema pedindo que eu fosse a Brasília conversar com ele e respondi que ia, pô. E fui. Disse o que disse aqui pra vocês, que o trabalhador está em situação disgramada, e não adianta apertar porque quanto mais sufocar mais vai se libertar. Não sou adepto da teoria “quanto pior melhor”, mas acho que não adianta esmagar porque, quer queira ou não, ela vai emergir. Só peço a Deus que eu possa participar disso. </span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- E o que disse o Portela?</span></strong> <span style="color: white;">- “A partir de hoje <u>passarei a defender algumas das teses que você me trouxe nos meus discursos no Congresso Nacional</u>. E toda vez que for chamado a levar idéias pra mudanças de qualquer ordem, o que você me trouxe será colocado na mesa.” </span></span></span><br />
<br />
<span style="background-color: #444444;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">Mas na plataforma do general Figueiredo não há uma palavra sobre o trabalhador</span></strong>. <span style="color: white;">- Eu sei. No Brasil ninguém fala no trabalhador. </span></span></span><br />
<br />
<span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="background-color: #444444;"><br />
</span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;"> - Magalhães tem um capítulo inteiro sobre a liberdade do sindicato.</span></strong> <span style="color: white;"><u>- O que você acha da tese</u> <u>de que o operário, para fazer política, deve se filiar a partidos? - Não só o operário mas o povo como um todo</u> deve fazer política, até na mesa de um bar tomando uma pinga. Realmente, não aceito que os políticos exerçam influência dentro do sindicato, mas acho que o sindicato tem obrigação de exercer influência na classe política. </span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;"> - Sua posição é a de não se filiar nem à Arena nem ao MDB, mas você já foi sondado para a formação de um novo partido brasileiro?</span></strong><u> <span style="color: white;">- Não.</span></u><span style="color: white;"> Lá em São Paulo existe um movimento para a criação de um partido social-trabalhista. Participei de uma reunião dessas, onde havia mais de cem dirigentes sindicais mas só um ou dois de expressão, o resto era... Pra ver o nível: <strong><u>quando cheguei lá, uma porrada deles veio me conhecer pessoalmente e me apertar, pra ver se era de carne e osso</u></strong>. (FÁCIL COMPREENDER COMO UM ALUCINADO COMO ESSE, DESDE "CRIANCINHA", ENDOIDOU APÓS CHEGAR À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA!) </span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;"> - Não pediram a guimba do cigarro?</span></strong><span style="color: white;"> - Fala-se na criação de um PTB e os dirigentes sindicais se escudavam num Secretário de Estado de São Paulo. </span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Era o Maluly Neto?</span></strong> <span style="color: white;">- Era. Eu não quis fazer uso da palavra, primeiro queria me situar, saber onde estava pisando, tinha sido convidado... <u>mas insistiram preu (sic) falar e aí fui muito agressivo com os dirigentes sindicais</u>. Eles levantavam e perguntavam assim: “Se a gente sofrer alguma repressão a quem vamos recorrer?” Aí o Maluly? (bate no próprio peito). Os dirigentes sindicais pulavam que nem macaquinho. (AINDA ESTAVA SAINDO DO OSTRACISMO MAS JÁ USAVA O DEBOCHE PARA RDICULARIZAR OS OUTROS, COMO FAZ ATÉ HOJE). Depois disso <u>não tinha jeito, eu tinha que falar</u>, fui obrigado a dizer que mais uma vez os dirigentes sindicais me envergonhavam. O que deveriam ter como escudo era a classe trabalhadora e a consciência de cada um. Não precisavam procurar uma autoridade. <u>Fui descendo o pau nos caras e todo mundo me aplaudiu</u>. Só que resolveram que não devia mais participar de nenhuma reunião. </span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;"> - Você me perdoa, mas acho que você não pode ter isenção política, pois é óbvio que com dirigente sindical você tem uma posição definida. Ou você se acha como o cronista esportivo que diz: “Não, sou isento e não tenho nada Flamengo ou Fluminense?” Ou com o jurado de desfile que diz que não torce pra nenhuma escola de samba?</span></strong><span style="color: white;"> - Não. Tanto é verdade que isso não é verdade, que em época de eleições a gente tem se definido, não por partidos, mas pelo homem. Eu digo que <u>sou apolítico</u>..... tenho que continuar falando que sou apolítico. Pra me filiar a um partido ele teria que afinar comigo</span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: #f9cb9c;"><strong>- Seria o PTB?</strong></span> <span style="color: white;">- Não conheço a sua ideologia, pô. </span></span></span><br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- A tese do Magalhães é de partido não classistas. Ao invés de partido trabalhista, proletário, etc., seriam partidos de acordo com ideologias. - Mas aí os patrões dominam.</span></strong> <span style="color: white;">- A solução dos problemas do trabalhador não está nos partidos políticos, mas na classe. Já tivemos aqui dez, doze, quatorze partidos políticos e o trabalhador continuou na mesma eme. <u>Me admira muito os negos autênticos que hoje estão aí vendo Magalhães Pinto como a salvação! PÔ, quem é Magalhães Pinto</u>? <u>Quem foi Magalhães? Eu me escudar em Magalhães Pinto como uma bandeira?</u> Sem essa! Sei que ele não é o homem. (EMBORA SINDICALISTA NUNCA FOI TRABALHADOR DE FATO. MAS ACHAVA QUE O HOMEM... ERA ELE, APENAS ELE) </span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Quem é o homem?</span></strong> <span style="color: white;">- Quando falo que não sou Arena nem MDB é porque não sou mesmo. Respeito alguns homens do MDB como alguns homens da Arena. Se houvesse possibilidade de criar mais partidos políticos haveria um dilúvio de políticos de ambos os partidos . Prefiro preparar a classe trabalhadora pra saber optar. </span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: #f9cb9c;"><strong>- Concordo</strong> </span><span style="color: #f9cb9c;">plenamente. - Mas qual é a opção política no momento? Figueiredo como coisa estabelecida ou Magalhães que pode rachar?</span> <span style="color: white;">- Já pensou na facilidade que nós brasileiros temos de nos amoldar dentro do que os outros determinam pra gente? Determinaram dois caras e nós, ao invés de estarmos brigando por eleições diretas, estamos discutindo qual o mais viável. Essa nossa facilidade de nos amoldar é que faz com que as coisas continuem como estão. Pra mim seria melhor aquele no qual o povo brasileiro votasse, fosse militar, civil, preto, branco ou amarelo! </span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><u><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Você leu o manifesto do Magalhães?</span></strong></u> <strong><span style="color: #f9cb9c;">- <u>De manifesto já morri afogado.</u></span></strong><span style="color: white;"> (É EVIDENTE QUE NÃO LEU O MANIFESTO) O movimento sindical tem tremendos manifestos. <u>Colocar coisa no papel é muito cômodo,</u> pô, agora vamos pegar a vida real e o que esse homem fez pra ver se merece crédito.</span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Lula, como você está vendo a sucessão paulista?</span></strong><span style="color: white;"> - Eu estou vendo como torcedor de futebol que está assistindo a um jogo de dois times de que não gosta. É lógico que eu gostaria que o que fosse escolhido tivesse sensibilidade para o aspecto social. </span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: #f9cb9c;"><strong> - O que você acha da anistia como um caminho agora?</strong></span> <span style="color: white;">- Sou a favor, só que me coloco na minha situação: sou pela anistia da classe trabalhadora, que é quem realmente merece perdão. Nem perdão, merece é liberdade. Sou contra qualquer cidadão estar preso por demonstrar sua ideologia política, mas também acho que a classe trabalhadora é uma eterna prisioneira. Ao invés de pedir anistia pra poucos prefiro pedir pra toda a classe trabalhadora, entende. Um homem que levanta às 4 e meia da manhã e dorme às 10 horas da noite pra ganhar Cr$ 3.000,00 é um eterno presidiário. (1 - DEMAGOGIA SENTIMENTALÓIDE; 2 - EM SEU GOVERNO, TRANSFORMOU O TRABALHADOR EM PRISIONEIRO DAS BOLSAS E CESTAS BÁSICAS; 3 - APÓS SEIS ANOS DE GOVERNO A MAIOR PARTE DOS 'TRABALHADÔ' CONTINUAM A ACORDAR ÀS 4 E MEIA E DORMIR ÀS 10</span>)_ </span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Mas a anistia aí seria uma medida política. </span><span style="color: white;">-</span></strong><span style="color: white;"> O trabalhador também não tem participação política. *** - Isso é muito bonito mas soa um pouco demagógico. - Não é não. Foi a minha divergência com a Terezinha Zerbini.</span> </span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="background-color: #444444;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #f9cb9c;"><strong>- É, lá <u>no Congresso das Mulheres</u> ela se levantou e pediu pra falar sobre anistia, mas <u>você lhe negou a palavra</u>.</strong></span> <span style="color: white;">- Sofri na carne a prisão de um irmão preso político, mas nem por isso vou passar a brigar pelo meu irmão ao invés de por todo mundo. Quero deixar bem claro que não sou contra a anistia, acho que todo mundo deve voltar a fazer política e defender suas idéias, mas minha anistia, eu quero ela mais ampla. Resolvendo apenas o </span><span style="color: white;">problema dos cassados, os trabalhadores ficarão do mesmo tamanho: f... e mal pagos. Como sempre estiveram (E CONTINUAM SENDO ATÉ HOJE). Os cassados. Os cassados um dia já tiveram liberdade.</span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="background-color: #444444; color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Mas alguns lutaram pela classe trabalhadora. - Sim, eu cito um exemplo: Marcelo Gatto. </strong></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Eu citaria outro: Miguel Arraes.</span></strong> <span style="color: white;"> </span></span></span><span style="background-color: #444444; color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Esse não cheguei a conhecer. (PARA CONHECÊ-LO BASTARIA LER OS JORNAIS)</span></div><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><div align="justify"><span style="background-color: #444444; color: white;"></span></div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444; color: white;"></span></div><div align="justify"><span style="background-color: #444444; color: white;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: white;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- <u>Mas o caso da Zerbini.</u></span></strong> (A MULHER A QUEM ELE NÃO DEU A PALAVRA NO CONGRESSO DAS MULHERES) - A gente estava num congresso aí de mulheres e ela foi lá com uma moção sobre Constituinte e Anistia Ampla, mas o pior é que <u>ela falava nisso e ninguém sabia o que era a palavra “anistia”.</u> No outro dia tinha diretor de sindicato com dicionário na mão! (MOTIVO POR TER LHE NEGADO A PALAVRA!)</span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: #f9cb9c;"><strong>- <u>Mas você disse que o trabalhador não sabia o que era ‘sindicato’</u>.</strong></span><span style="color: white;"> - <u>Alguns trabalhadores sabem</u>, sim. E a prova disso é que o Sindicato dos Rodoviários aqui no Rio formou uma posição a favor: anistiou todos os sócios que estavam em atraso. - O sindicato poderia levantar também essa bandeira da anistia, mas é o tal negócio: tenho certeza de que os caras estão procurando um pezinho pra me pegar. Só não pegaram porque até hoje não saí da área trabalhista. No dia que eu sair me põem a mão. </span></span></span><br />
<span style="background-color: #444444; color: white; font-family: Trebuchet MS;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- O grande erro da Terezinha Zerbini e de outros intelectuais brasileiros é querer chegar prum sindicato de operários pra falar de anistia ampla e irrestrita, aí nego não entende nada, pô!</span></strong> <strong><span style="color: #f9cb9c;">- Lula, eu te dei uma paulada no <span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><em>Pasquim</em></span> porque você <u>repetiu Joãozinho Trinta, dizendo que quem gosta de miséria é intelectual</u>, e que o povo gosta é de luxo. Esse pensamento dele é coisa de bichona, o intelectual procura descobrir as causas da miséria.</span></strong> <span style="color: white;">- Não aceito muito o teórico, por isso conto a coisa prática. Você vai pedir perdão depois que eu contar. Você não viu o Congresso das Mulheres. <u>As intelectuais, as feministas, apareceram lá todas maltrapilhas, até com cabelo no sovaco, pra se identificar com as trabalhadoras.</u> <u>Mas essas apareceram com as melhores roupas delas,</u> com os melhores penteados que podiam fazer, pintadas, com sapato novo... Senti um contraste tremendo: umas lá de cima querendo</span><span style="color: white;"> descer, e as lá de baixo querendo subir. <u>É por isso que eu disse aquilo</u>. (POIS TODOS TÊM O DIREITO DE APARECER, EM QUALQUER LUGAR, DO JEITO QUE QUISER, SEJA POR QUE FOR; OU O MOTIVO FOI O QUE ALEGOU ANTES: PORQUE OS TRABALHADORES NÃO SABIAM O SIGNFICADO DE ANISTIA? DUAS DESCULPAS PARA UM ÚNICO COMPORTAMENTO AUTORITÁRIO) </span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="background-color: #444444;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #f9cb9c;"> - Quando você fala “as intelectuais” está falando de algumas intelectuais. Existem as intelectuais pelegos assim como existem os líderes sindicais pelegos.</span></strong> </span><span style="color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- É, não posso generalizar. Uma vez meti o pau na Igreja e o Isto É generalizou. Tenho que respeitar um D.Hélder, um D.Paulo, pô. Agora, ninguém tira da minha idéia que a Igreja é conservadora, sendo inclusive responsável pela situação que a classe trabalhadora vive hoje, porque compartilhou com o sistema. Senti que existem alguns intelectuais diferentes; então, quando falo ‘os intelectuais’ não estou generalizando, não. Mas outros intelectuais estão escrevendo a <span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><em>eme </em></span>sobre os sindicatos. Desçam até as bases para saber como é a coisa pra depois escrever! Conheço alguns intelectuais que escreveram sobre os trabalhadores e, refazendo aquilo, se estreparam mais ainda. Por que? Porque não sabiam o que estavam escrevendo. </span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;"> - Não acho que o povo quer o luxo, quer apenas viver melhor .</span></strong><span style="color: white;"> - O povo gostaria de viver bem.</span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;"> - O operário italiano tem dois carros. - Olha a sociedade de consumo!</span></strong><span style="color: white;"> - Mas eu que ganho Cr$12.000,00 posso comprar muito mais que um trabalhador que ganha C$ 1.200,00. Se esse mesmo trabalhador ganhasse Cr$ 7.000,00 poderia comer melhor, se vestir melhor, comprar um colchão mais confortável... pô, isso é um direito mínimo do trabalhador! (<u>ADMITE TER MAIS CONDIÇÕES QUE A MAIOR PARTE DOS TRABALHADORES; MAIS ABAIXO SE MOSTRA UM SOFREDOR, COMO NO CASO DA IDA AO JAPÃO</u>) </span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><span style="background-color: #444444;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- <u>Qual deveria ser o salário mínimo</u>?</span></strong><span style="color: white;"> - Em termos específicos <u>não sei, mas seria aquele que deixasse o trabalhador viver.</u> (RESPOSTA ALEATÓRIA DE QUEM NÃO TEM A MENOR NOÇÃO DE QUANMTO PRECISA O TRABALHADOR)</span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;"> - Pagando o seu trabalho com uma sobrevivência digna!</span></strong><span style="color: white;"> - Aquele que desse pro trabalhador tomar leite de manhã, comer carne no almoço, morar numa casa e não numa favela... São Bernardo é o maior centro industrial da América Latina e ¼ da população mora em barracos de favela. E não mora porque quer, não, é trabalhador que não pode pagar aluguel. (HOJE É PRESIDENTE E O SALÁRIO MÍINIMO NÃO MELHOROU EM NADA E AS FAVELAS CONTINUAM AUMENTANDO) </span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;"><u>- Mas você está ascendo socialmente.</u></span><span style="color: #f9cb9c;"> Está bebendo uísque muito bem, sô!</span></strong> <span style="color: white;">E, antes, o que você bebia? - Olha, se você tivesse colocado aqui uma garrafa de 51 eu tomaria o dobro desse uísque. Bebo o que tiver, né, mas na minha sala do sindicato a gente abre é garrafa de 51. </span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Tem alguma coisa que você gostaria de dizer que a gente não te perguntou?</span></strong> <span style="color: white;">- Você abordou <u>um negócio que me preocupa muito: a conotação que se está dando em cima do meu nome.</u> Isso é perigoso pra mim. Talvez eu não tenha estrutura para agüentar a responsabilidade – porque estou sendo responsabilizado – do movimento sindical brasileiro. Porque estou procurando, quando muito, atender às necessidades dos trabalhadores de São Bernardo do Campo. A covardia dos dirigentes sindicais faz com que, quando uma pessoa abre a boca, <u>ganhe ressonância nacional</u>, <u>mas só quero ser presidente do meu sindicato</u>. Aí em 76 fui o primeiro sindicato a rachar com a Federação. No fim de 76 teve aquele caso da Ford no qual <u>senti a necessidade de tomar uma posição sem consultar os trabalhadores</u> porque sabia que dentro da empresa os chefes conseguiriam coagir os trabalhadores a aceitarem sua determinação. Não aceitei a redução de salário e, a partir daí, o sindicato </span><span style="color: white;">começou a crescer. (pegando no Vat 69) Me dá isso aqui, que quando voltar pra São Paulo vai ser 51 mesmo!</span> </span></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="background-color: #444444; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> <strong><span style="color: #f9cb9c;">- Mas queira ou não queira você virou uma grande vedete.</span><span style="color: #f9cb9c;"> Saiu da sua classe pra virar um nome nacional, coisa que nenhum torneiro mecânico fez, a não ser o Agnaldo Timóteo. Quais são as dificuldades que você está enfrentando entre seus colegas por estar conversando com os portellas da vida?</span></strong><span style="color: white;"> - Depois dessa do Agnaldo Timóteo já vi que a tendência dos torneiros é ser vedete. Mas tenho total apoio da minha diretoria, com uma confiabilidade à toda prova sobre meus procedimentos. Quando estou aqui, tenho certeza absoluta de que todos eles lá estão me defendendo. </span></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;"> - Estive conversando com trabalhadores dentro do sindicatos sobre o problema <u>do Lula</u> e do pelego: “Existe a possibilidade de <u>o Lula</u> vir a se tornar um pelego?”</span></strong> <strong><span style="color: #f9cb9c;">Aí o cara me respondeu o seguinte: “Não, porque o sindicato expulsa ele”.</span></strong> <span style="color: white;">- Uma das minhas grandes preocupações é a imprensa. Realmente, tenho medo dela (FALSO MEDO, POIS SABE QUE É JUSTAMENTE A IMPRENSA QUE ESTÁ DIVULGANDO SUA FIGURA). <u>Tenho falado a alguns companheiros da imprensa que existe muita gente boa no movimento sindical e que procurassem eles,</u> porque ficando só a cabeça da gente aí <u>começa a haver uma ciumeira dentro do movimento sindical</u>.<u> Não tenho interesse que só um cara comece a aparecer. Existe muita gente boa no Brasil a quem a imprensa poderia dar a mesma cobertura. Eu não me sinto como uma vedete. Procuro atender bem a quem me procura.</u> Tiro proveito da oportunidade que tenho de falar para os trabalhadores do Brasil. Se amanhã estiver</span> <span style="color: white;">falando outro companheiro meu, terá meus aplausos. O importante é que alguém fale. Somente com alguém falando e o trabalhador sabendo o que está acontecendo é que vai conseguir começar a formar idéias próprias. (PROCURA PASSAR UMA IMAGEM FALSA, POIS EM DIVERSOS TRECHOS DA ENTREVISTAS SE MOSTROU UM FANFARRÃO).</span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- O que é que você estava fazendo no Japão?</span></strong><span style="color: white;"> - Fui num congresso dos trabalhadores da Toyota, convidado pelos trabalhadores da Toyota de são Bernardo do Campo. Bom, eu estava numa <em><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">eme</span></em> danada Sem dinheiro, sem conhecer coisa nenhuma, sem comer aquela comida nojenta do cacete que japonês come... pensei assim: “Antes preso no Brasil do que solto aqui no Japão! Vou embora pra lá”. (NINGUÉM VAI A UM CONGRESSO EM OUTRO PAÍS, SEM CONDIÇÕES DE SE MANTER, ATÉ PORQUE AS MAIORES DESPESAS SÃO PAGAS PELA EMPRESA QUE O CONVIDOU. E NENHUM DOS JORNALISTAS O CONTESTOU!) </span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="background-color: #444444; color: #f9cb9c;"><strong></strong></span></div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444; color: #f9cb9c;"><strong></strong></span></div><div align="justify"><span style="background-color: #444444; color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #f9cb9c;"> - Seu irmão saiu antes ou depois da morte do Vlado?</span></strong> - Ele foi preso dia 4 e Vlado dia 15. Depois que Vlado foi morto ainda ficou mais 60 dias lá dentro. </span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><strong><span style="color: #f9cb9c;"><u> - O que você vai fazer quando acabar sua gestão? - Volto pra Villares.</u></span></strong><span style="color: white;"> A única coisa que aprendi a fazer na vida é ser torneiro mecânico. <u>Acho que todo dirigente sindical, quando sai da direção, deve colocar aquilo que aprendeu em prática dentro das fábricas</u>. O grande mal é que geralmente quando saem se afastam do sindicato. </span></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><u><strong><span style="color: #f9cb9c;"> - Pra fazer carreira política.</span></strong></u><span style="color: white;"> -<u> Não</u>, está cheio de dirigentes sindicais derrotados em eleições. Vai ser vendedor. A empresa permite quando muito que continue trabalhando por um ano, porque existe aquela lei, mas acabou a estabilidade mete o pé na bunda do cara, pô, não vai ficar com um ex-dirigente sindical. São raríssimas as empresas que me aceitariam pra trabalhar como torneiro mecânico.</span></span></span></div><div align="justify" style="text-align: center;"><span style="background-color: #444444; color: white;"></span></div><div align="justify"><span style="background-color: #444444; color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div align="justify"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: white;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></span></span></div></div><div align="justify"><span style="background-color: #444444; color: white;"></span></div><div align="justify"><span style="background-color: #444444; color: white;"></span></div><div align="right"><br />
</div><div align="right"><br />
</div><div align="right"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444; color: white; font-size: x-small;"><strong>Entrevistadores </strong></span></span></div><div align="justify"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: white;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></span></span></div><div align="justify"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: white;"></span></span></div><div align="justify"><span style="background-color: #444444; color: white;"></span></div><div align="justify"><span style="background-color: #444444; color: white;"></span></div><div align="justify"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: white;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></span></span></div><div align="right"></div><div style="text-align: right;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444; color: white; font-size: x-small;">Ziraldo, Félix, Chico Jr., Luis Antônio Mello, Ricky,</span></span></div><div align="right"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444; color: white; font-size: x-small;"> Expedito Teixeira, Mário Augusto Jacobskind, </span></span></div><div align="right"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: white;"><span style="font-size: x-small;">Darwin, Jaguar e Roberto Dutra</span> </span></span></span></div>Jurema Cappellettihttp://www.blogger.com/profile/16339170311595061062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3418942780652622491.post-74587196383522380032010-08-17T04:52:00.000-07:002010-08-17T12:30:15.337-07:00ENTREVISTA - Em Tempo<div style="text-align: left;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">25 a 31 de maio de l979</span></div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcMfZ9v3AWLnXKBBSe1xvr6wv2w3yDA8Bs1BjVxFnuG8CJrzox4RLMnkqanghz0XXzaJ8qgQJeLwYddwI8sqBDwby4zwAH9T6M-HJS1hV6ogCog94H8gPbQ_l9up7Rt9Q3JgiroDFHT1o/s1600/4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="192" ox="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcMfZ9v3AWLnXKBBSe1xvr6wv2w3yDA8Bs1BjVxFnuG8CJrzox4RLMnkqanghz0XXzaJ8qgQJeLwYddwI8sqBDwby4zwAH9T6M-HJS1hV6ogCog94H8gPbQ_l9up7Rt9Q3JgiroDFHT1o/s320/4.jpg" width="320" /></a></div><div style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqNK4W2O0PXBRdopIQdbHJg3aR3W8JYcc8svJDZVdvaZRzINd6aDyQS1hJAxOrH_zgrHi52ZNVlEZyWYgs2yzvnOXOSXAd-8fCYz78eWm1RkGhQRp1fNVBR66qO7YU6f3fDo3f-3CPcTA/s1600/3+completo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" ox="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqNK4W2O0PXBRdopIQdbHJg3aR3W8JYcc8svJDZVdvaZRzINd6aDyQS1hJAxOrH_zgrHi52ZNVlEZyWYgs2yzvnOXOSXAd-8fCYz78eWm1RkGhQRp1fNVBR66qO7YU6f3fDo3f-3CPcTA/s640/3+completo.jpg" width="331" /></a></div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Às vésperas do dia 1o. de maio de 1979 veio a público um documento contendo um anteprojeto do Partido dos Trabalhadores. Lula não escondeu sua discordância em relação ao momento em que o texto foi divulgado. Nesta entrevista ele discute os pontos básicos que, no seu entender, deveriam orientar a criação do PT.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="color: #f6b26b; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Como você se situa diante do episódio de lançamento do anteprojeto do Partido dos Trabalhadores, que veio a público às vésperas do 1o. de maio?</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu não tenho falado muito a respeito do Partido dos Trabalhadores, porque <strong>eu sempre achei que nós não devíamos misturar o nosso movimento com qualquer outra palavra de ordem.</strong> Porque <strong>os trabalhadores poderiam entender que estivéssemos querendo fazer um partido através do movimento</strong>. Acho que as movimentações de São Bernardo foram muito mais importantes do que a discussão sobre o partido. Eu disse aos companheiros que lançaram aquele esboço de um programa que a coisa foi muito precipitada, porque entendo eu que deveríamos procurar outros setores da sociedade antes de lançarmos qualquer coisa. Caso contrário você corre o risco de causar inveja, de causar ciumeira, e a pessoa pode depois até ficar ofendida por não ter participado daquele esboço de programa, não ter tido tempo de discuti-lo e melhorá-lo.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #f6b26b; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Quais setores da sociedade você acha que deveriam ser procurados para a discussão?</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Todos aqueles que vivem de salários, intelectuais, advogados, etc. E não podemos perder de vista que <strong>nós temos um grupo de políticos hoje dentro do MDB, elementos sérios</strong>, que sem dúvida poderiam participar dessa discussão. Temos também outros grupos de políticos que estão aí, cassados, afastados, que sequer participaram da coisa.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Eu acho que <strong>poderíamos ter dado uma amplitude maior ao lançamento</strong> , sabe? Deveríamos ter discutido mais com lideranças sindicais, feito com que mais companheiros participassem da cosia. Isto <strong>para que, quando saísse, saísse como uma coisa grande</strong>, e não como um projeto pequeno. Se tivermos que lançar um partido de assalariados juntando todos os setores da sociedade que vivem de salários, teremos que conversar com todos os setores da sociedade para que cada um dê sua opinião e, a partir daí levar a coisa para discussão nas bases.</span></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #f6b26b; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Você disse ‘’se tivermos...’’ por quê? O que se deu matou a idéia? Ou trata-se de como ela deveria ser tocada daqui para diante?</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- O que eu estou dizendo agora é a minha idéia sobre como deveria ter sido feito e... é como deverá ser feita outra vez, se quisermos <strong>fazer um lançamento com repercussão nacional. É imprescindível a nossa ida ao Nordeste e a qualquer outro ponto do Brasil para conversar com as lideranças</strong> em cada lugar, para saber se estão de acordo, se aquilo é viável, se podem contribuir para melhorar. Porquê nós não podemos lançar um partido de duas ou três pessoas, a partir de meia dúzia de pessoas.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #f6b26b; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Essa reorientação do lançamento se coloca para você como uma tarefa para já? Quais são os próximos passos?</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- <strong>Eu não sei se o momento é já.</strong> Tenho mantido contato com várias pessoas sobre a idéia de lançamento de um partido. Antes de lançarmos temos ainda que conversar com muita gente, principalmente com dirigentes sindicais em vários pontos do país. E a participação das bases não pode se dar apenas a partir do lançamento de um panfleto na porta da fábrica, a partir do momento em que você entrega um jornalzinho, o qual já veio até comprometendo o próprio partido... a própria tentativa de criar o partido, sabe quando já vem com a estampa de um grupo que não tinha o direito de apresentar um partido do trabalhador.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span> </div><div style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #e69138;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Mas eu insisto; estas orientações que você dá são para já ou não?</span></span></strong></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu agora vou ter mais tempo de manter contato com pessoas com as quais eu vinha discutindo antes da intervenção. Vou tentar conversar com todos os companheiros dirigentes sindicais, vou tentar conversar com muito mais gente do que eu já tinha conversado, com outros setores da sociedade, <strong><u>com políticos que hoje fazem parte principalmente do MDB, que é onde tem um pessoal mais conseqüente</u></strong>. E a partir daí é que nós vamos discutir o dia de fazer o lançamento oficial de alguma coisa, e não fazer um lançamento assim, mais ou menos precipitado, que praticamente não causou nenhuma repercussão a nível nacional.</span></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #e69138; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Como você vê a participação nessas discussões de outros setores que não dirigentes sindicais e políticos? Por exemplo, as demais oposições populares, como o movimento estudantil, intelectuais, artistas, setores da Igreja, etc.</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Há uma certa dúvida por parte das pessoas quando falamos de um partido de assalariados. O cara que ganha CDRT$ 90.000,00 por mês se pergunta: pô, será que sou assalariado ou não, né? Esta é uma confusão generalizada que não tem o menor sentido. O que eu acho é que mesmo o nome sendo Partido dos Trabalhadores – e para mim o nome também não importa que seja PT, o que importa é que o nome tenha uma vinculação com a classe trabalhadora – o que vai definir muito mais a participação de alguns setores num partido é o próprio programa do partido, é a linha ideológica que se dê a esse partido. Não se pode de maneira alguma excluir estudantes, setores da Igreja, profissionais liberais, que de fato venham fazendo uma oposição conseqüente. Além do nome do partido, além de ser um partido da classe trabalhadora, é seu programa que vai definir quem é quem. Jamais um patrão entraria num partido deste.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #f6b26b; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Já que você se refere tanto ao programa, qual sua opinião sobre o anteprojeto de programa que veio a púbico?</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu tinha participado de várias reuniões definidoras do programa; depois foi tirada a comissão para redigi-lo. Agora, <strong><u>eu somente li o programa muito rapidamente</u></strong>; sequer tive tempo de discutir com outros companheiros o texto. <u><strong>Na minha opinião o programa está quase bom. Está quase bom dentro da minha linha de raciocínio</strong></u>. Agora eu não sei se o sindicato do Rio, o de Alagoas, etc., acham que está bom. É isto que eu acho que deveria ter havido uma maior discussão antes do lançamento.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #f6b26b; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- <u>Na sua estrita opinião pessoal, o que faltaria para o programa</u> ficar cento (sic) por cento bom?</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Olha, <strong><u>eu prefiro não dar a minha opinião pessoal sobre o que faltaria</u></strong>. <strong><u>Faltam alguns enxertos, algumas melhoradinhas</u></strong>, e principalmente mais discussões com outros setores para , a partir daí, lançar o programa para as bases. Em seguida realizar atos públicos ou mesmo congressos, simultâneos em vários Estados, para então chegar à coisa definitiva. Mas <strong><u>na minha opinião ele está quase bom</u></strong>...</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #f6b26b; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Durante a campanha salarial de São Bernardo ficou acertado numa das assembléias que, passada a campanha, seria convocada uma discussão específica sobre o partido na categoria. Isto é para quando?</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu acho que antes de fazer qualqauer coisa, é necessário conversar com muita gente. Existe muita gente boa por aí para ser consultada. Eu vou dar alguns exemplos: <strong><u>querer criar um partido hoje impõe necessariamente conversar com um cara como o Jarbas Vasconcelos, que tem uma enorme liderança no Nordeste</u></strong>. Você teria que ir lá discutir com ele: “Olha Jarbas, gente está tentando fazer isto e gostaríamos de saber qual a sua opinião, se você topa discutir ou não”, teria igualmente que ir ao Rio de Janeiro, <strong><u>pegar um cara bom dentro do MDB</u></strong> e dizer as mesmas coisas; saber dele o que ele acha. Teríamos que fazer o mesmo com um Chico Pinto; teríamos que discutir também com o Comando de Greve dos Professores. A partir daí, então, fazer uma reunião grande com umas 100 ou 200 pessoas, específica, fora do sindicato, onde então ninguém vá usar o dinheiro do sindicato para isso. Como cidadãos estaremos discutindo a formação de um partido político. </span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #f6b26b; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- <u>Qual a sua opinião hoje diante do PTB, PS, MDB? Enfim, você os avalia da mesma forma que há meses atrás, ou sua visão das articulações partidárias dentro da oposição mudou recentemente?</u></strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- <u><strong>Não, não... minha visão não está nem um pouco modificada recentemente</strong></u>. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #f6b26b; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Você não estaria como que apostando numa convergência de setores destas articulações em direção a uma fusão como o PT?</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Não, eu não penso em setores de nada; eu falo simplesmente em pessoas que têm liderança para poderem(sic) tentar compor alguma coisa. Até eu discutia lá em Osasco, outro dia, que a criação de um Partido dos Trabalhadoresp precisaria de uma vez por todas acabar a com as máscaras de PC, de PCdoB, de MDB, os e outras coisas mais. E que tentasse fazer um programa buscando unir. De forma que quando a pessoa entrasse para o partido vestisse uma camisa nova. <strong>Não podemos fazer um partido dentro do qual existam vários grupinhos.</strong> Nós iríamos apenas criar um MDB com outro nome, e não é isso que a gente quer.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #f6b26b; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Mas não te parece que um partido amplo dos assalariados hoje, no Brasil, necessariamente seria bastante heterogêneo? E isto obrigando a que ele praticamente viesse a se constituir numa espécie de frente, ainda sob um denominador comum mais avançado e popular que o MDB?</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Não, eu acho que não. Exatamente por ser um partido que os assalariados enquanto maioria dominarão – por serem inclusive a maioria da nação -, eu acho que a tendência é mesmo a de criar um partido.</span></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #f6b26b; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- A história, não só mundialmente mas também no Brasil, tem demonstrado que são <u>inevitáveis as divisões ideológicas</u> mesmo no seio da classe trabalhadora, apesar da base econômica desses indivíduos ser homogeneizadora, enquanto assalariados pelo capital...</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Mas quem sabe a gente possa acabar com tudo isso que é clássico na história e fazer um negócio menos clássico e mais realista, a partir de um momento em que as coisas <strong>possam ser encaradas sem roupagens ideológicas</strong>, tirando tudo quanto é máscara e partindo para enfrentar concretamente os problemas reais da classe trabalhadora.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">O que não <u><strong>deve haver é preconceito e divergência simplesmente porque fulano ideologicamente é aquilo e beltrano é aquela outra coisa</strong></u>. Para que esse partido funcione, então, será necessário uma grande democracia interna, para que as discussões possam estar ao alcance de todos e não somente das cúpulas, como foi e tem sido prática dos partidos no Brasil. O importante é que não haja divergência só porque um é do PC, outro do PCdoB e outro da Arena, do cacete e não sei o que mais.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #f6b26b; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Seria ingênuo acreditar ou esperar que cada um destes deixaria de ser o que é ao ingressar nesse partido. Assim, parece-me que o que você está querendo dizer é que esse partido deveria ser algo como uma frente única dos trabalhadores ou assalariados...</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu acho que na hora de brigar por determinadas coisas devemos esquecer que dentro do partido tem um cara que é isto ou aquilo. Devemos deixar de fazer grupinhos e unir-nos pela causa maior que está em questão. E se ainda assim houver divergências, então é o caso de resolvê-las através da discussão a mais democrática possível dentro do partido, tirando uma decisão e todos passando a acatar e a trabalhar em nome daquela decisão da maioria definida democraticamente.</span> <br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div></div></div>Jurema Cappellettihttp://www.blogger.com/profile/16339170311595061062noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3418942780652622491.post-45238848626196945672010-04-28T10:13:00.000-07:002010-04-29T03:52:14.801-07:00Entrevista ao cineasta Renato Tapajós<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">22 de maio de l979</span><br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7dKcesSs3hiIK8t7sLn3MFDxjFBaEEqeGOvmOu8JgIUalGU_blytsJDryY95sTv1zhWRy7zdRJHfoAQrMsKpUI77WsPEusVB0HgqYtbJUg9zGKNsGak2apmmjMnbC1_VBBy2woH_idKw/s1600/entrevista1.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7dKcesSs3hiIK8t7sLn3MFDxjFBaEEqeGOvmOu8JgIUalGU_blytsJDryY95sTv1zhWRy7zdRJHfoAQrMsKpUI77WsPEusVB0HgqYtbJUg9zGKNsGak2apmmjMnbC1_VBBy2woH_idKw/s320/entrevista1.JPG" tt="true" width="296" /></a></div><br />
<span id="goog_1201447998"></span><span id="goog_1201447999"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEil6nWcU9SNBz2Wm5p0vxF-CW3rF8LMS8jJFDEUrZUTAAcSf-ByGeHURVdeTmugG3EcRWyBcf3bJOAdeF7mJEcaWoxNh67N6pgXaKfzoWmAEUQHSAudiVWWLVqwJqVfxNiUsgtRTF_ymgE/s1600/entrevista2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEil6nWcU9SNBz2Wm5p0vxF-CW3rF8LMS8jJFDEUrZUTAAcSf-ByGeHURVdeTmugG3EcRWyBcf3bJOAdeF7mJEcaWoxNh67N6pgXaKfzoWmAEUQHSAudiVWWLVqwJqVfxNiUsgtRTF_ymgE/s400/entrevista2.jpg" tt="true" width="316" /></a></div><br />
<br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Lula concedeu esta entrevista no dia em que foi suspensa a intervenção no Sindicato de São Bernardo, 22 de maio de l979. Depois de fazer um rápido balanço do período de intervenção e da greve que o precedeu Lula explica por que, na assembléia do dia 13 do todas as pressões no sentido de ser iniciada uma nova greve, exortou os trabalhadores a aceitarem o acordo negociado com os patrões. </span></div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #f6b26b; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Quais são as lições que tanto a diretoria como os trabalhadores aprenderam durante esses 60 dias de intervenção?</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Olha, <strong>eu</strong> acho que as lições foram tantas que é difícil a gente enumerá-las . Primeiro, nós aprendemos que intervenção não é o fim, não causa o fim da atividade sindical. Nós aprendemos que a intervenção, pelo menos em São Bernardo do Campo e Diadema, serviu de estimulo para os trabalhadores brigarem, serviu de estímulo para que os trabalhadores começassem a amar, a gostar de uma coisa que até então era pouco conhecida dos trabalhadores, que é o próprio sindicato. <strong>Eu</strong> acho que a intervenção, no fundo, ajudou os trabalhadores a brigarem por uma coisa pela qual até então a gente não acreditava que eles brigassem.</span></div><div style="text-align: center;"><span style="color: #444444;">*</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #f6b26b; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- A visão que vocês têm do sindicalismo mudou alguma coisa nesse período?</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Mudou. <strong>Eu</strong> acho que a visão mudou porque nós precisamos entender que até então a gente tinha uma visão de sindicalismo dentro de uma sede, com assistência médica e de uma máquina montada, onde a gente se perdia no meio dos papéis. E nós percebemos com muita clareza que é possível fazer sindicalismo na porta de uma igreja, no fundo de uma igreja, no bar, numa esquina, numa praça. Às vezes <strong><span style="color: white;">até jogando palitinho numa praça a gente praticava o sindicalismo que deve ser praticado no Brasil. </span></strong></span></div><div style="text-align: justify;"><div style="text-align: center;"></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #f6b26b;">- </span><strong><span style="color: #f6b26b;">Em relação à greve, deu para perceber realmente que ela é o único instrumento capaz de forçar os empregadores a cederem alguma coisa?</span><span style="color: #e69138;"> </span></strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Deu também pra gente ter certeza de que a greve é o único instrumento </span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">que a classe trabalhadora tem de se defender dos abusos dos empresário, dos abusos do próprio governo. Em(<strong>eu</strong>) acho que a greve, bem usada, é um instrumento infalível, é um instrumento que proporcionaria aos trabalhadores melhores dias, melhores salários, melhores condições de trabalho e melhor posição dentro da sociedade.</span></div><div style="text-align: justify;"><div style="text-align: center;"><span style="color: #444444;">*</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #f6b26b; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Mudou, nesse movimento todo, a sua visão de patrão e de governo?</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Outra coisa que ficou bem clara para mim é que não existe diferença entre patrão e governo. Ficou bem claro que,<span style="color: white;"><strong> na hora de sugar a classe trabalhadora, patrão e governo se unem e a</strong></span> prova disso é que na mesa de negociações os empregadores falavam que não podiam dar mais aumento por quê o governo não permitia. Por outro lado, o governo, ao invés de desmentir isso, dizia que fossem dados mais 60% de aumento. Então ficou claro para nós, dirigentes sindicais e para a classe trabalhadora, que a nossa luta é contra uma coisa muito forte, uma coisa chamada governo e uma coisa chamada poder econômico, que, no fundo, são uma coisa só.</span></div><div style="text-align: center;"><span style="color: #444444; font-family: Trebuchet MS;">*</span></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #f6b26b; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Você vê, então, patrões e governo como uma mesma classe e, do outro lado, a classe trabalhadora. Qual é o equilíbrio de forcas, como se deu esse equilíbrio de forças durante a greve?</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: white;">- </span><strong><span style="color: white;">Eu</span> </strong>acho que até o momento em que ocorreu a união patrões/governo, quando aumentou a repressão policial, até estavam um pouco na frente, os trabalhadores <span style="color: white;"><strong>estavam até ganhando um pouco dos empregadores, na luta direta</strong>. Mas a partir do momento em que entrou o governo com a repressão policial, <strong>eu</strong> </span>acho que houve um desequilíbrio, porque começaram a prender trabalhadores, começaram a bater em trabalhadores, e começaram a fazer com que alguns companheiros trabalhistas ficassem assustados, não que ficassem amedrontados, mas que ficassem assustados, </span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">pensando inclusive numa radicalização maior por parte da própria polícia. <span style="color: white;">Então <strong>eu</strong> acho que está provado que os trabalhadores, melhor organizados, <strong>combaterão a polícia, governo e a própria classe empresarial.</strong></span></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #f6b26b; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Como foi a organização dos trabalhadores durante a greve?</strong></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Olha, <strong>eu</strong> acho que a única coisa que a gente sentiu e que marcou muito a gente é que, <strong>quando houve a intervenção, com o afastamento da diretoria, eu esperava que tivesse nascido naturalmente um comando de greve</strong>; a gente percebeu que houve uma certa confusão, mas isso ocorreu porque <strong>os trabalhadores iriam demorar algum tempo para acreditar numa nova liderança</strong>, para acreditar numa nova palavra de ordem. Mas<strong> eu</strong> acho que a organização dos trabalhadores, se considerarmos que tivemos 15 anos praticamente mortos, 15 anos dormindo, <strong>eu</strong> acho que a organização foi praticamente perfeita.</span></div><div style="text-align: center;"><span style="color: #444444; font-family: Trebuchet MS;">*</span></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #f6b26b; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Lula, como você vê a sua própria liderança?</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: lime; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- <strong>Eu</strong> nunca gostei de ser chamado de líder, <strong>eu</strong> nunca gostei que dissessem que <strong>eu</strong> tinha liderança sobre os trabalhadores. <strong>Eu</strong> acho que a grande virtude é que <strong>eu</strong> fui muito honesto com os trabalhadores durante todo o período.<strong> Eu</strong> acho que usei a honestidade até contra minha própria imagem. <strong>Eu </strong>gostaria apenas de ser chamado de dirigente sindical e nunca de líder. Ás vezes me causava muito medo quando no estádio me carregavam; um dia me procurou uma mãe de família, que estava grávida, e dizia que o maior orgulho dela era, se nascesse um homem, colocar o meu nome no filho. Outras pessoas queriam que <strong>eu</strong> assinasse meu nome no peito, na camisa, num papel ou coisa parecida. Isso me assustava muito, porque aumentava minha responsabilidade, e <strong>eu </strong>sabia que no dia em que não pudesse dar tudo aquilo que os trabalhadores queriam, <strong>eu</strong> poderia sair machucado da luta. E aconteceu exatamente no domingo, dia 13 de maio, quando os trabalhadores acreditavam que <strong>eu</strong> fosse decretar uma nova greve. Levado pelo bom senso, levado por minha experiência, levado até pelo fato de <strong>eu</strong> querer preservar a integridade física dos trabalhadores, <strong>eu</strong> pedi que não houvesse uma nova greve, e ai<strong> eu</strong> troquei a imagem de <strong>quase um pequeno deus</strong> pela imagem de um dirigente sindical responsável e consciente, não querendo, em instante algum, que a classe trabalhadora ficasse subordinada á imagem de um líder que, quem sabe, não era um verdadeiro líder, mas um teleguiado da categoria.</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #444444;">*</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #f6b26b; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Lula, então como se explica que você não levou a categoria à greve? Por que você não pediu que fossem à greve, rejeitando o acordo?</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- <strong>Eu</strong> não levei a categoria à greve por um fato muito simples. Primeiro, porque <strong>eu</strong> tinha sentido na pele o problema da intervenção no sindicato e os trabalhadores muito mais do que <strong>eu,</strong> sentiam o problema da intervenção no sindicato. Nos dois dias em que <strong>eu</strong> não tinha assumido a greve, os trabalhadores praticamente entraram no jogo da polícia, partiram pro confronto com a polícia e se isso historicamente pareça muito bonito, na prática tivemos inclusive trabalhadores com a perna quebrada. Quando <strong>eu</strong> cheguei no campo, <span style="color: lime;">os trabalhadores diziam para mim: “Lula</span><span style="color: lime;">, cuidado com a tua imagem. Você não deve desgastar tua imagem. Você tem a imagem de um líder, de um herói, e se você não levar os trabalhadores à greve, eles vão achar que você se acovardou, que você se vendeu”.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>Eu</strong> preferi trocar tudo aquilo que<strong> eu</strong> tinha ganho levando os trabalhadores à greve, pelo bom senso.<strong> Eu</strong> preferi trocar tudo aquilo pensando na minha família, pensando na família dos trabalhadores, pensando num confronto, numa repressão maior e pensando numa coisa: nós não tínhamos mais local para reunião, nós não atínhamos mais estádio, porque a polícia iria invadi-lo, nós não tínhamos mais a sede do sindicato e, quem sabe, até não tivéssemos a praça, porque aquilo iria servir de desafio ao próprio governo. E <strong>eu</strong> acho que a luta não terminou ali, <strong>eu</strong> acho que a luta apenas parou ali, momentaneamente. <strong>Eu</strong> acredito que nós <strong>estamos preparados pra fazer greve quando bem entendermos que deve ser feita</strong> e <strong>eu</strong> não poderia jogar a classe trabalhadora numa luta que seria uma luta inglória. Se <strong>eu</strong> tivesse decretado a greve, quem sabe a greve tivesse durado uns dois dias e depois os trabalhadores viessem dizer para mim o seguinte: “Lula, você não pensou e jogou a gente num confronto no qual a gente foi derrotado”. E <strong>eu</strong> preferi mais uma vez apelar para o bom senso, apelar para aquilo que minha consciência pedia. <strong><span style="color: lime;">E tanto é verdade</span></strong> (É VISÍVEL A INTENÇÃO DE PROVAR QUE O MOTIVO DE RECUAR FOI ... PELO BEM DE TODOS, NÃO POR NECESSIDADA IMPOSTA PELA SITUAÇÃO ) que <strong>a maioria dos trabalhadores acatou a minha opinião</strong> e na hora da votação os trabalhadores estiveram comigo mais uma vez, me dando mais um voto de confiança. DÁ IMPÓRTÂNCIA A SEU VALOR, Q UANDO NÃO É ISSO QUE ESTÁ EM JOGO. </span></div><div style="text-align: center;"><span style="color: #444444; font-family: Trebuchet MS;">*</span></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #f6b26b; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Você acha que aquela sua frase: “Que ninguém nunca mais ouse duvidar da capacidade de luta dos trabalhadores, ainda tem sentido?</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">-<strong> Eu</strong> acho que tem. Eu acho que ninguém nunca mais deve duvidar dfa capacidade de luta da classe trabalhadores porque está provado que somente os trabalhadores poderão transformar essa sociedade de consumo em que vivemos numa sociedade mais justa, numa sociedade em que efetivamente haja distribuião de renda, numa sociedade em que efetivamente o trabalhador çpossas andar de cabeça erguida.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #f6b26b; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Qual é a disposição dos trabalhadores hoje?</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- A disposição dos trabalhadores hoje é a mesma de antes da greve, é a mesma que predominou durante a greve, durante os 45 dias em que nós vivemos nesse compasso de espera. <strong>Eu</strong> acho que os trabalhadores estão apenas esperando palavras de ordem e <strong>eu</strong> espero que a diretoria dê essas palavras de ordem, assim que retornar ao sindicato.<strong> Eu</strong> não vejo por que deve haver desânimo entre os trabalhadores. <strong>Eu</strong> vejo, isto sim, motivo para muito mais ânimo, motivo para que exista muito mais disposição de luta. <strong>Eu</strong> acredito piamente que aqueles trabalhadores que estão descontentes por não terem entrado em greve segunda-feira, dentro de alguns dias reconhecerão que foi correta a posição de não entrar em greve e <strong>eles estarão prontos a lutar quando o sindicato assim o quiser</strong>, quando o sindicato chamar, quando a categoria decidir. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>Jurema Cappellettihttp://www.blogger.com/profile/16339170311595061062noreply@blogger.com16tag:blogger.com,1999:blog-3418942780652622491.post-28002863202834745342010-02-26T06:58:00.000-08:002010-03-09T07:14:51.051-08:00Jornal da Semana, 29 de abril de l979<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; clear: both; text-align: left;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Jornal de </span></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; clear: both; text-align: left;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">São Bernardo do Campo e Diadema</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; clear: both; text-align: center;"><br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-h-KdewqWRJSg4hOmD2qMsrK3BaMtJaOOMKVehkO_u-1-M5ScNgCelBxVmPpbYuxUgnrZUHvIctdg-ZEMcODrwygG1n9iqOA2x0BTq-AxzISMBIkjNAq3JGtipJhDcYR7fkVnj6dSGbA/s1600-h/Entrevista+Jornal+da+Semana.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="308" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-h-KdewqWRJSg4hOmD2qMsrK3BaMtJaOOMKVehkO_u-1-M5ScNgCelBxVmPpbYuxUgnrZUHvIctdg-ZEMcODrwygG1n9iqOA2x0BTq-AxzISMBIkjNAq3JGtipJhDcYR7fkVnj6dSGbA/s320/Entrevista+Jornal+da+Semana.jpg" vt="true" width="320" /></a></div><div class="separator" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">A partir da greve de l979, a comemoração do Dia do Trabalho em São Bernardo tem sido um acontecimento muito importante para o movimento operário.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Nesta entrevista, Lula fala da preparação do ato de lo. de maio de 79, para o qual pretendia levar a São Bernardo aproximadamente 100.000 pessoas. Fala ainda da perda do poder aquisitivo do operário, o desemprego, das condições de moradia dos metalúrgicos de São Bernardo, da impossibilidade de lazer e de outros assuntos importantes na vida do trabalhador. </span></div><div style="text-align: justify;"><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Trata também de alguns problemas relativos à estrutura sindical e das reivindicações democráticas da sociedade brasileira. E volta a pronunciar-se sobre o por quê do Partido dos Trabalhadores. </span></div><br />
<br />
<span style="color: #fce5cd; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- O que o dia 1º. de maio significa para os trabalhadores brasileiros neste ano?</strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- O significado desse dia não se restringe apenas ao Brasil: estende-se a todo mundo. Certa vez, num 1º. de maio, disse aos trabalhadores que, em vez de fazerem um ato público, era melhor se dedicarem a uma reflexão para avaliar se estavam fazendo jus ao sacrifício dos Mártires de Chicago, que morreram pela jornada de oito horas de trabalho. Naquele época, nós fazíamos aqui cerca de 14b a 16 horas de serviço por dia. Agora, em l970, vivemos um momento diferente. Os trabalhadores estão mais conscientes, os dirigentes sindicais amadureceram. Não tenho dúvidas de que esse 1º. de maio será um marco na historia da classe operária brasileira. <strong>Pretendemos trazer a São Bernardo a proximadamente 100.000 pessoas para nosso ato. </strong></span><span style="color: #ffd966; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">COMENTÁRIO: <em>Comovente</em> o pedido de reflexão sobre os Mártires de Chicago parece tão bonitinha, mas inócuo, por não significar nada aos ‘trabalhadores’ que jamais ouviram falar nisso (provavelmente nem ele, antes da entrevista). Além disso, é indecente que hoje - presidente há sete anos – só agora tenha um governo falando sobre a diminuição de horas de trabalho e justamente em ano eleitoral. Proposta absurda de um governo que não contribui em nada, pois não diminui em um centavo os impostos cobrados às empresas. É o mesmo caso da cesta básica. Ao empregador os ônus e ao governo o bônus.</span><br />
<br />
<div style="text-align: justify;"></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #fce5cd; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- A situação dos operários melhorou no Brasil nos últimos anos?</strong></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Não. A grande maioria ganha menos hoje do que em l965. Se hoje muitos operários possuem geladeira, televisão e outros artigos de consumo, isto se deve à pressão da propaganda. Para fazer essas compras muitos sacrificam inclusive a alimentação. De fato, o poder aquisitivo é menor atualmente . </span><span style="color: #ffe599;"><span style="color: #ffd966;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">COMENTÁRIO:</span> </span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffd966;">Em 78, Luís Inácio se dizia preocupado com o poder aquisitivo ‘do povo oprimido’. Em l986, foi um deputado ausente. Em 2002 teve seu primeiro mandato de presidente, mas só em 2009, num discurso em Maceió, ele disse: ‘— Quero saber se o povo está na merda, e eu quero tirar o povo da merda em que se encontra. “ Porque seu interesse em tirar o povo da merda terá demorado tanto?</span> </span></span><br />
</div><span style="color: #ffe599;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></span><br />
<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #fce5cd; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- A parcela de trabalhadores mais bem remunerada encontra-se nas grandes cidades. Eles vivem bem nelas?</strong></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Houve um tempo em que nós éramos considerados os marajás da classe operária. O fato de recebermos salários mais altos eu os trabalhadores de outras regiões não significa que somos bem remunerados. Significa que o restante do país ganha muito mal. Hoje, com apenas dois mil reais, se é considerado classle média!</span><br />
</div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #fce5cd; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- A tendência atual é dos trabalhadores conseguirem melhores salários e menos horas extras?</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Nós não temos tido aumentos salariais, mas a penas reajustes. Só no ano passado, com as greves, obtivemos 11% de aumento – e ainda estamos brigando por eles. De qualquer forma, a tendência é de as horas extras terminarem, porque os trabalhadores devem adquirir consciência de que precisam ganhar o necessário na jornada de trabalho normal, sem extras, sem se desgastarem fisicamente. <span style="color: #ffd966;"> </span>Hora extra só pode ocorrer num caso de emergência da empresa, mas não de forma banalizada como atualmente. </span><span style="color: #ffd966; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>COMENTÁRIO:</strong></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> <span style="color: #ffe599;"> Muita gente continua precisando de hora extra para sibreviver. E, quanto ao desgaste físico, que ainda existe, no gestão de Luís Inácio há também o desgaste moral de um povo que precisa comer na mão do governo. </span></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
<span style="color: #fce5cd; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- O desemprego tem aumentado ou diminuído?</strong></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- O desemprego tem crescido na medida em que a oferta de vagas não aumenta na mesma proporção do crescimento demográfico. Não só os desempregados são mais numerosos agora do que antigamente: o subemprego ganha cada vez mais corpo no país. </span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffe599;"><strong>COMENTÁRIO</strong>: Hoje temos um número enorme de fábricas de quintal onde trabalhadores trabalham sem carteira assiada.</span></span><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><span style="color: #fce5cd; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Os trabalhadores contam com condições de habitação razoáveis?</strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Os trabalhadores altamente qualificados podem comprar ou construir uma casa melhor, porém a maioria não. Em São Bernardo, por exemplo, há muitos metalúrgicos morando em favelas. </span><span style="font-family: Trebuchet MS;"><span style="color: #ffe599;"><strong>COMENTÁRIO:</strong> </span><span style="color: #ffe599;">Ontem mesmo, em campanha antecipada por uma sucessora, L.I. esteve no Rio de Janeiro, uma das cidades com número cada vez maior de favelas.</span></span><br />
<br />
<span style="color: black;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #fce5cd; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- A classe trabalhadora tem tempo e dinheiro para o lazer?</strong></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Em geral, o trabalhador não tem tempo nem dinheiro para se divertir. Ele sai de casa de madrugada e só volta à noite, cansado. Quando não faz hora extra no fim de semana tem o sábado e domingo livres. Aí surge outro problema: <span style="color: #999999;">(a)</span>onde ir? Aqui em São Berardo ao temos local de lazer. A represa da cidade foi poluída pelos governantes, que moram longe daqui. Na verdade,m apenas uma minoria – não chega a 10% - tem direito a lazer.</span><br />
</div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #fce5cd; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Qual é a qualidade do atendimento médico prestado aos trabalhadores? </strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Somente quem passa pelas empresas prestadores de serviços médicos sabe qual é o nível de atendimento. Os operários não são bem tratados, pois ficam sob cuidados de médicos mal remunerados, que não podem trabalhar da melhor maneira possível em decorrência de seus baixos salários. Em vez de assumir a assistência médica, o Estado prefere mercantilizar a saúde do povo, colocá-la nas mãos de empresas particulares.<span style="color: #ffe599;"><strong>COMENTÁRIO:</strong> após tanto tempo, a saúde é uma das maiores necessidades do brasileiro, que é tratatado com desprezo nos hospitais públicos.</span></span> <br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<br />
</div><span style="color: #fce5cd; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Quais as possibilidades de os filhos das famílias operários chegarem às universidade?</strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Raríssimas. Somente uma minoria de trabalhadores ganha suficientemente para manter filhos em casa só estudando. Quase todo operário é obrigado a se curvar diante da necessidade do trabalho dos filhos para sustentar a família. E o horário de quem trabalha não permite que se avance nos estudos. Chegam à universidade apenas alguns privilegiados: não atinge 1%. As universidades do /Estado deveriam atender a todos os cidadãos que pagam impostos: não a penas àqueles que passam nos exames. Deveria ser reservado certo número de vagas para os filhos dos operários, com horário adaptado às suas particularidades. As universidades do Estado, que deveriam dar prioridades aos menos favorecidos, privilegiam justamente os mais favorecidos.</span> <strong><span style="color: #ffe599; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">COMENTÁRIO:</span></strong> <span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> <span style="color: #ffe599;">Ao invés de aproveitar dois mandatos na presidência para oferecer ensino básico decente, que possibilitaria entrada em Universidades a todos, L.I. preferiu se fazer de bom moço, e criou cotas especiais para negros. L.I. é a imagem de quem dá mas não faz. E dá com benefício imposto aos outros . Aliás, porque os brancos também não tiveram cotas?</span></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><strong><span style="color: #fce5cd;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Quais os benefícios sociais mais necessários à classe trabalhadora em termos imediatos</span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">?</span></span></strong><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- São basicamente três: melhor habitação, assistência médica e maiores salários. Com isso, tudo seria mais fácil para o trabalhador – inclusive sua participação política. </span><br />
<span style="color: #ffe599; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">COMENTÁRIO: Favelas continuam crescendo, muita gente morando nas ruas; assistência médica não existe (embora ele esteja afobado para 'resolver' este problemas nos extertores do segundo mandato) e o salário mínimo continua tão mínimo quanto antes. Quanto ao <em>esquecimento </em>da necessidade de educação, podemos pedir a um psicólogo e ele confirmará o que já sabemos.</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><span style="color: #fce5cd; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Em seu movimento, os trabalhadores se chocam com a estrutura sindical vigente? Como eles encaram o recolhimento compulsório do imposto sindical e a tutela do Ministério do Trabalho?</strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> A estrutura sindical não prevê trabalhadores se colocando em movimento, mas paralisados com o paternalismo do Estado Quando reivindicam, os operários se defrontam com uma estrutura fascista, antiquada. Os líderes sindicais deveriam lutar para acabar com o imposto sindical, para que os próprios trabalhadores sustentassem diretamente os sindicatos. É o imposto que liga os sindicatos ao governo. <span style="color: #ffe599;"><strong>COMENTÁRIO:</strong> </span></span><span style="color: #ffe599; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">1 - Trinta anos depois, com o sindicalista na presidência da república, temos uma quantidade indecorosa de sindicalistas espalhados por todos os órgãos públicos, mas, estranhamente, o importo sindical continua sendo o que era na época desta entrevista, recolhido compulsoriamente. 2 – O sindicalista afirma que o paternalismo do Estado é uma forma de paralisar o trabalhador, mas é exatamente disso que Luís Inácio precisa para manter a simpatia do povo - mais uma vez o sindicalista se desmente.</span><br />
</div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #fce5cd; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- O que os governos pós-64 fizeram pelos trabalhadores?</strong></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Se analisarmos bem a questão, veremos que todos os governos brasileiros fizeram muito pouco pelos trabalhadores, tanto antes como depois da Revolução. Antes de l964, eles tinham problemas de habitação, saúde, educação, transporte, salário. Agora, continuam com esses problemas e mais alguns outros, como os causados pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. Os últimos governos adotaram uma política de arrocho salarial fazendo com que o trabalhador perdesse poder aquisitivo a partir de l965. Como sempre, os grandes beneficiados foram os empresários. Para eles tudo, para o trabalhador nada.</span><br />
</div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #fce5cd; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Reivindicações democráticas da sociedade – como anistia, fim da censura, liberdade expressão e organização, Assembléia Constituinte – correspondem aos anseios dos trabalhadores brasileiros?</strong></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Reivindicações democráticas dos trabalhadores referem-se a habitação, educação, transporte, saúde, salário. <strong>Podemos perguntar para o grosso dos trabalhadores o que é anistia e ele não sabe</strong>. É claro que precisamos brigar pela anistia, mas principalmente pela anistia para os trabalhadores que foram a grande vítima da Revolução. <strong>Queremos perdoar esse povo pela fome (?) que ele passou</strong>. Por ele ter sido escravo dentro das fábricas, ter sido despedido sem direitos. Nós precisamos do direito de fazer greve. só a partir dessa anistia é que conseguiremos realmente <strong>democratizar o país</strong>. <strong>A Assembléia Constituinte interessa ao país na medida em que os trabalhadores participarem</strong>, ao lado de todos os setores sociais. Não nos interessa uma Constituinte de elite, como é costume no Brasil. <span style="color: #ffe599;"> <strong>COMENTÁRIO:</strong> </span></span><span style="color: #ffe599; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Esta resposta desmoraliza o sindicalista. Ao afirmar que o grosso dos trabalhadores não sabe o que é anistia , então como pretendia que soubessem alguma coisa sobre os os Mártires de Chicago? Mais uma vez vemos um entrevistador que é burro ou finge que é, para não perguntar ao sindicalista como ele poderia explicar aquele pedido tão comovente. </span></div><span style="color: #ffe599;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
<span style="color: #fce5cd; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Os trabalhadores contam com um partido que os represente? Qual? Em caso de resposta negativa , como poderão chegar a ele?</strong></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Os trabalhadores não dispõem de um partido político. O país conta com dois movimentos, um pró-governo, a Arena e um contra, o MDB, que na verdade também é pro-governo. Nenhum dos dois representa os trabalhadores - <strong>eles são obrigados a votar neles porque não têm opção.</strong> <strong>O partido dos trabalhadores será construído por eles – não só por operários, mas por todos os setores assalariados</strong> – a médio prazo. </span><span style="color: #ffe599;"><strong><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">COMENTÁRIO:</span></strong> <span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Aqui vemos o sindicalista expandir seus objetivos, deixando de se limitar aos trabalhadores para açambarcar todos os setores assalariados, uma área bem maior.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #ffe599;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;"></div></div>Jurema Cappellettihttp://www.blogger.com/profile/16339170311595061062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3418942780652622491.post-7720221610554078592010-02-03T11:02:00.000-08:002010-02-04T14:18:39.546-08:00ENTREVISTA À GAZETA MERCANTIL 5 abril l979<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6kG0XZIDXoZcppfE301ZEWdBK4OwEu82dmnTOSJT0gaGuDQ6VQa9kRBv4vJ4LMPx8rNwEkKRmNjNLrFaqtKGpmkP6n1VYnDFhvh9KUyaEZp7NHKL_rJ00kkW2I7_Cx0aP0YTYe1BN4ic/s1600-h/enatrevista+11+-+apresenta%C3%A7%C3%A3o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" kt="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6kG0XZIDXoZcppfE301ZEWdBK4OwEu82dmnTOSJT0gaGuDQ6VQa9kRBv4vJ4LMPx8rNwEkKRmNjNLrFaqtKGpmkP6n1VYnDFhvh9KUyaEZp7NHKL_rJ00kkW2I7_Cx0aP0YTYe1BN4ic/s320/enatrevista+11+-+apresenta%C3%A7%C3%A3o.jpg" /></a></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><span style="background-color: #444444; color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #444444;"><span style="color: #444444;">aaaaaaa</span>a</span>Nesta entrevista publicada no dia 5 de abril de l979, durante a vigência da “trégua” de 45 dias aceita pelos trabalhadores, Lula fala principalmente do movimento em que se encontra envolvido.</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: white;"><span style="background-color: #444444; color: #444444;">aaaaaaaa</span>Começando pelas grandes lições que tira da greve, analisa os efeitos da intervenção sobre o comportamento dos trabalhadores, avalia as perdas e os ganhos das forças envolvidas no movimento e aborda as negociações diretas entre patrões e operários. Ao tratar desse assunto, aponta as diferenças entre as negociações de 1978 e 1979 e, sobretudo,<strong> mostra o despreparo e a falta de seriedade dos empresários. </strong></span></span></span><br />
<span style="background-color: #444444;"><span style="color: white;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #444444;">aaaaaaaa</span>Sobre a vida política nacional, declara que “o fechamento não resolveu nada”, examina a proposta de abertura do General Figueiredo, <strong>caracteriza a democracia que “precisa vir” e indica as razões por que não se comprometeu com o movimento pela anistia. </strong></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>Os empresários não escapam à sua análise.</strong> Lula mostra os pontos em que o empresariado nacional difere do estrangeiro no relacionamento com os trabalhadores, mas indica também o ponto em que, em certos momentos, os dois se nivelam.</span></span></span><br />
<span style="background-color: #444444; color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #444444;">aaaaaaaa</span>É interessante notar que, nesta entrevista, nem ele mesmo escapa de sua visão crítica. E podemos ver aqui um perfil do Lula traçado por ele mesmo.</span><br />
<br />
<br />
<span style="color: #f6b26b; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #f9cb9c;"><strong>- Quais são as lições da recente greve do ABC ? Quem ganhou e quem <span style="color: #f9cb9c;">perdeu </span>com o movimento? O governo, os trabalhadores, os empresários? A intervenção teria sido uma forma de pressionar os trabalhadores para obter sua concordância com propostas anteriores, com a promessa de devolver o sindicato aos dirigentes eleitos? Qual o balanço que deve ser feito da paralisação?</strong></span> </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="background-color: #444444;">- <span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Eu acho que a primeira grande lição foi que, individualmente, <strong><span style="color: white;">ninguém acreditava que a gente tivesse capacidade</span></strong> para fazer uma greve da forma que foi feita. </span></span><br />
<span style="background-color: #444444;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: white;">Ninguém acreditava que agente pudesse colocar 89000, 90000 trabalhadores num campo de futebol todo santo dia, com sol ou com chuva.</span></strong> Quando a gente se reunia no campo, percebia que ali unia a coragem de cada um e aquilo se transformava num gigante. Individualmente, cada um tinha um cisma – a gente não poder fazer isso, não vai poder fazer aquilo -, mas quando unia todo mundo no campo a gente conseguia fazer até o impossível. A grande lição é que <strong><span style="color: white;">ninguém tem mais coragem para brigar do que a classe trabalhadora, só precisa alguém orientá-la</span></strong> para brigar porque ela tem mais coragem do que qualquer outro setor da sociedade para brigar. Ela deu demonstração disso. </span></span><br />
<span style="background-color: #444444;"><span style="color: #f1c232; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Naquela época as pessoas podiam se impressionar com o discurso na base do “<em>ninguém acreditava que a gente</em> (leia-se EU)<em> fosse capaz</em>”, dito duas vezes seguidas só nesta frase. Passaram-se 33 anos e Luís Inácio repete a mesma coisa até hoje em diversas situações diferentes. O ex-sindicalista <strong>sente necessidade</strong> de repetir que é capaz de fazer milagres.</span></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;">Outra lição que eu aprendia também, é que é muito difícil você segurar uma greve por muito tempo se não tiver um fundo de greve. O trabalhador fica muito sufocado a partir de 10, 15, 20 dias parados, quando ele começa a vislumbrar o dia de pagamento e que ele não vai ter nada para receber<span style="color: #ffd966;"><span style="background-color: #444444; color: white;">.</span> </span></span></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: #ffd966;">Em outra etapa deste livro, em um dos discursos incitando os trabalhadores, veremos como Luís Inácio insiste em manter a greve, mesmo quando eles não suportam mais).</span></span></span><br />
<span style="background-color: #444444; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">A princípio a idéia nossa era fazer greves programadas. Programar greve numa fábrica, parar uma dia, voltar a trabalhar, parar em outra. Mas não havia tempo de preparação da categoria como um todo. Mas eu acho que as próximas greves terão de ser greves já programadas. Por exemplo, hoje vai parar a Mercedes Bens. Pára um dia. Amanhã volta a trabalhar. Pára a Ford. Volta a trabalhar. Pára a Volkswagen. Volta a trabalhar. Pára a Villares. A idéia inicial era essa, mas depois a coisa foi caminhando... </span><br />
<span style="background-color: #444444;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Outra coisa: <strong><span style="color: white;">ficou provado, para mim, que com toda a repressão que houve de 1964 para cá, uma coisa nunca foi proibida: é o dirigente sindical ir para a porta das fábricas conversar com o trabalhador.</span> </strong></span></span><br />
<span style="background-color: #444444;"><span style="color: #ffd966; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">De acordo com suas palavras, nossa ditadura<strong> </strong>teve aspectos bem tolerantes. Então,<strong> </strong>vamos comparar a ditadura militar, tão criticada pelo entrevistado, com o governo de Fidel e do pelego Chaves, ambos elogiados por este falso defensor da democracia e da liberdade. </span></span><br />
<span style="background-color: #444444;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">A grande lição que os dirigentes sindicais têm de aprender é que <span style="color: white;"><strong>o sindicalismo brasileiro esteve morto</strong>,</span> talvez nem seja culpa dos governos revolucionários, mas <strong>por <span style="color: white;">culpa mesmo da passividade dos dirigentes sindicais</span></strong> que não quiseram assumir, pelo menos em termo de preparação de base. Porque a lei de greve é a mesma de alguns anos atrás e o trabalhador está fazendo greve.<span style="color: #cc0000;"> </span></span></span><br />
<span style="background-color: #444444;"><span style="color: #ffd966; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Evidente a intenção dissimulada de mostrar sua grandeza em relação à incapacidade dos outros sindicalistas. Porém L.I. “esquece” ser bem mais fácil agir nesste período, no final da ditadura, embora procure negar a diferença entre uma época e outra. Esperteza maliciosa que pode passar facilmente despercebida. </span></span><br />
<span style="background-color: #444444;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: white;">A partir das greves do ABC eu acho que começou uma nova era do sindicalismo brasileiro</span></strong>, uma era em que os trabalhadores brasileiros estão fazendo os dirigentes sindicais andarem Não é mais o dirigente sindical que fica querendo dar ordem para a categoria, mas é a categoria que exige uma tomada de posição das lideranças sindicais. </span><span style="color: #ffd966; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Mais uma vez usa a auto-promoção ao se referir, entre linhas, à sua atuação como líder. E vemos aí outra demonstração de esperteza maliciosa em forma de falsa humildade, ao atribuir o comando aos trabalhadores que foram usados como escada. </span></span><br />
<span style="background-color: #444444;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Eu acredito que <strong><span style="color: white;">a classe trabalhadora brasileira ganhou</span></strong>. Ganhou porque ela se descobriu para a luta. Ela começou a mostrar que <strong><span style="color: white;">faz parte do contexto político do país, que ela tem de participar</span> </strong><span style="color: #f1c232; font-size: xx-small;">(1)</span>. Somente as pessoas que viram a participação dos trabalhadores podem imaginar a grandeza do movimento. Eu não sei se o governo ganhou. No fundo, no fundo, eu acho que o governo perdeu com a intervenção no sindicato. Politicamente <span style="color: white;"><strong>eu acho que o governo perdeu muito</strong>. <strong>Eu acho que os empresários perderam também</strong></span> porque tinha a questão fechada em termos de negociação coletiva e foram reabertas as negociações, fora os prejuízos que as empresas tiveram, o que ficou muito mais caro do que se tivesse dado os 11% de aumento. O grande ganhador de tudo isso foi o sindicalismo brasileiro. </span></span><br />
<span style="background-color: #444444;"><span style="color: #ffd966;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Neste parágrafo L.I. procura atribuir à necessidade dos trabalhadores o SEU desejo pessoal de entrar para a política<span style="font-size: xx-small;">(1).</span> O trabalhador nunca teve interesse por política. </span> <span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Nunca sentiu desejo de salvar a pátria nem mesmo a classe de operários. Deseja apenas emprego e salário. Sempre que participou de alguma manifestação foi induzido, aliciado, seduzido por um falastrão cheio de promessas mirabolantes. </span></span></span><br />
<span style="background-color: #444444;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Não, não concordo (com a idéia de que o governo interveio para forçar a negociação), porque a gente não vai voltar a negociar com condições menos exigentes. O que eu acho que houve é que a intervenção, a nível de classe trabalhadora, também foi benéfica, porque aconteceu uma coisa muito estranha depois da intervenção: <strong><span style="color: white;">o trabalhador passou a ter amor pelo sindicato como ele tem pelo filho</span></strong>, como ele tem pela mulher. Ele passou a entender que <span style="color: white;">aquilo era dele e que o governo não tinha nenhum direito de toma<strong>r</strong></span><strong> </strong>conta daquilo lá, <span style="color: white;">coisa até então acho que nunca vista, em termos de Brasil</span> . Mesmo com a intervenção, se o governo pensava acabar a greve, ela ficou sexta, sábado, segunda e terça. A greve acabou quando a gente entendeu que ela deveria terminar. Não acabar, mas pelo menos parar para uma recuperação, para se preparar outra vez para uma outra etapa. Eu espero que haja bom senso dos empregadores e que não voltemos a fazer greve. </span></span><br />
<span style="background-color: #444444;"><span style="color: #ffd966; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Seu conselho '<em>sapiente'</em> aos empresários contém enorme mentira, pois L.I. jamais desejaria o fim das greves, pois foi às custa dela que se criou e se projetou junto aos jornalistas. </span></span><span style="background-color: #444444; color: #ffd966; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">De novo usa o chavão cansativo em 33 anos de vida política ao repetir "coisa até então acho que nunca vista", que se repete mais abaixo neste mesmo 'discurso'. Ao dizer que o <em>trabalhador passou a amar o sindicato como ao próprio filho</em>, o repórter poderia lhe perguntar qual seu verdadeiro problema: ingenuiudade ou falsidade. Após todos esses anos já sabemos qual a resposta. </span><span style="color: #ffd966;"><span style="background-color: #444444;"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Quanto ao trecho "<em>aquilo era dele e que o governo não tinha nenhum direito de tomar</em>", devemos guardar para futuramente lembrar o seu governo de que não pode tirar o que nos pertence.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></span></span><br />
<span style="background-color: #444444;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Pensaram que a intervenção ia acabar com a greve, mas ela foi um incentivador para a continuidade da greve. </span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">A gente nem sempre discutia tudo nas assembléias, porque tinha muito policial e quem sabe alguns representantes de empregadores. Mas o que a gente tinha certeza era o seguinte: o trabalhador tinha recebido o adiantamento, então ia chegar o dia 1º e o trabalhador não ia ter nada para receber. Eu acredito que ele agüentaria mais uns cinco dias de greve. Mas nós <span style="color: white;">tínhamos de fazer uma análise mais política</span> da coisa. Porque para mim, pessoalmente, e para a diretoria do sindicato a saída honrosa seria a gente lavar as mãos e pedir para o trabalhador retornar ao trabalho e ficar esperando que aos poucos eles fossem voltando, contra inclusive a palavra de ordem do sindicato. Como aconteceu em outras entidades, em que os trabalhadores fizeram greve e a os poucos foram voltando a trabalhar. Então a gente tinha interesse em parar com a greve no auge dela, quer dizer, com o campo cheio da forma que começou, porque os trabalhadores sairiam fortalecidos, sairiam confiantes neles mesmos, e hoje eu posso garantir para vocês que o clima dentro das fábricas é de confiança.<span style="color: blue;"> </span><span style="color: white;"> N</span></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: white;"><span style="color: white;">ão</span> acredito que em outra época no Brasil houve um clima de confiança nele próprio como existe hoje dentro da fábrica<span style="color: black;"></span><strong>.</strong></span> O trabalhador confia nele e sabe que deu prazo, tem confiança de que deu um prazo de 45 dias e que se até esse prazo não for resolvido ele está preparado para parar outra vez.</span></span><br />
<br />
<span style="background-color: #444444;"><br />
</span><br />
<span style="background-color: #444444; color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Como seria possível caracterizar sua posição política? Em outras palavras, qual o tipo de organização social ideal, de seu ponto de vista como líder, para os trabalhadores? O que pensa, por exemplo, da co-gestão das empresas no Brasil? De modo mais geral, o que espera da abertura política atual? Como vê esse processo no que se refere aos trabalhadores?</strong></span><br />
<span style="background-color: #444444; color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Acho que a luta que estamos travando demonstra o sistema político-econômico que perseguimos. Jamais iria dizer que sou um social-democrata, como jamais diria que me arvoro a socialista ou marxista. Penso que a luta quase a gente trava no dia-a-dia demonstra bem o que queremos em termos de sistema político e econômico.</span><br />
<span style="color: #444444; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: white;">A co-gestão faz parte da evolução, da luta da classe trabalhadora. Acho que a co-gestão nunca vai sair, por exemplo, com</span> <span style="color: white;">o sindicato pedindo ao patrão para participar da reunião da diretoria</span>.<span style="color: white;"> Acho que ela sairá... </span></span></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="color: #444444; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: white;">Eu acho que o fechamento não resolveu nada. Por isso, acho que a abertura poderá resolver muito mais do que a fórmula anterior, que foi o fechamento que houve. Acho que tem de abrir para poder melhorar, porque pior do que estava não podia haver. Acho que é</span> <span style="color: white;">necessário abrir para que todos possam dar opinião, possam discutir, todos possam gritar quando a coisa estiver errada</span><span style="color: white;">, todos possam aplaudir quando estiver certa. O que não pode continuar é o destino do Brasil sendo determinado por meia dúzia de pessoas que nem têm uma visão de Brasil, ou nem sempre estão a serviço do próprio país.</span></span></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="background-color: #444444; color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Não acredito na que foi proposta por Figueiredo, o u proposta por quem quer que seja. Eu acredito numa abertura a partir do momento em que a sociedade começar a exigir essa abertura, começar a brigar para que haja essa abertura. Eu acho que essa abertura deverá vir – não lenta e gradual como querem -, mas de acordo com as exigências da sociedade. Pois se a gente ficar esperando, parado, nunca haverá essa abertura. Acho que não foi um gesto generoso a decisão de abrir, mas uma resposta, uma flexibilidade, em função das exigências da sociedade. </span><br />
<span style="background-color: #444444; color: #f1c232; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Nada mais absurdo que desejar que o trabalhador "participe das reuniões da diretoria de uma empresa". Até porque, como ele mesmo disse, ninguém poderá tirar do DONO DA FÁBRICA O QUE É APENAS DELE , o poder de decidir. Em seguida, fala sobre a necessidade de todos darem opinião, discutir, gritar quando a coisa estiver errada, o que é examente contrário ao que faz hoje o seu governo : a CENSURA.</span><br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnUDDAQ0f3sFBphEk9tC4B4zVaWSYyuaoPEuRLmsKuN7A1X6Po4iFTwSrqgibtY0xm1JnifNTrZbhRRLeGAYQACldVYms98XPaokOTbYn6qd1gkQBTSylznagFHGoH_lUhea6VIrrvRjc/s1600-h/miseria1.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><span style="background-color: #444444;"><img border="0" height="157" kt="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnUDDAQ0f3sFBphEk9tC4B4zVaWSYyuaoPEuRLmsKuN7A1X6Po4iFTwSrqgibtY0xm1JnifNTrZbhRRLeGAYQACldVYms98XPaokOTbYn6qd1gkQBTSylznagFHGoH_lUhea6VIrrvRjc/s200/miseria1.jpg" width="200" /></span></a><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: white;">A classe trabalhadora tem de participar, exigir, brigar</span>, <span style="color: white;">senão se vier a democracia que a elite brasileira quer, sabe, </span><span style="color: white;">vai acontecer a mesma democracia que já teve no Brasil antes de l964, na qual</span> <span style="color: white;">a gente continuava sendo espezinhado ganhando pouco, vivendo em favelas</span><span style="color: white;">, coisas assim. Por isso temos de tomar cuidado para que</span> <span style="color: white;">quando empregarmos essa palavra (democracia) ela não fique apenas para uma classe de elite</span><span style="color: white;">, mas que a democracia atenda aos interesses de todos os cidadãos brasileiros.</span></span></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgteURDQG0VxUDU9zdrc6PAfBjtbrOsB6mnOPrFEBbH5sZRROKgZJ3R0M6StVcSU3qsXZ5pUvS4lN_BL68V-5g3sfQzErcTbJ-mrOv6ZjkMWek7Os8zms5o8R0nmAJUgyfY_o7zy_Cl69U/s1600-h/mis%C3%A9ria+2.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><span style="background-color: #444444;"><img border="0" height="200" kt="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgteURDQG0VxUDU9zdrc6PAfBjtbrOsB6mnOPrFEBbH5sZRROKgZJ3R0M6StVcSU3qsXZ5pUvS4lN_BL68V-5g3sfQzErcTbJ-mrOv6ZjkMWek7Os8zms5o8R0nmAJUgyfY_o7zy_Cl69U/s200/mis%C3%A9ria+2.JPG" width="198" /></span></a></div><span style="color: #ffd966;"><span style="background-color: #444444;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">L.I critica a vida em favelas e comenta sobre a democracia que não deve ser apenas da elite, No entanto, alegou que seu hoje grande amigo da elite, José Ribamar (o <span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Sarney</span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">)</span></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">... não era um pessoa comum, <span style="color: #ffd966;">.quando acusado de trapaças. </span></span></span></span><span style="color: #f6b26b; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: #ffd966;">Fora todas essas mancadas lulistas, que se repetem constantemente, o vemos separando a classe média da classe trabalhadora, quando todos eles trabalham. A diferença é o nível de estudo, que em sete anos de seu governo não mudou em nada.</span> </span></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: white;">Vamos pegar o período em que ouve (sic) mais abertura no Brasil, isto é, de l956 a l954.</span> <span style="color: black;"><span style="color: white;">A classe média estava numa boa situação</span></span><span style="color: white;">. E o trabalhador? Onde estava? O trabalhador era chamado de comunista do mesmo jeito, tomava bala, ia preso. Eu participei de uma greve em l963, com a mulher e tomamos tanta borrachada como agora na Revolução. Isto aqui em São Paulo, na Vila Carioca.</span></span></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: white;">Ai é que</span> <span style="color: white;">me preocupa a questão da democracia. </span><span style="color: white;">Ela precisa vir, mas de forma que atinja a todos os setores da sociedade. E não aquela que delimita a sociedade e privilegia alguns setores</span><span style="color: white;"><strong>.</strong></span><span style="color: white;"> Dali pra baixo é pau na máquina, outra vez. Daí, o meu medo. E é por isso que eu tento abrir os olhos do trabalhador.</span></span></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: white;">O povo brasileiro só vai se preparar para a democracia, vivendo na democracia. Não é uma ditadura que o vai preparar para a democracia, certo?</span> <span style="color: white;">Não é o regime de exceção que vai fazer uma escolinha o mesmo um curso superior para ensinar o trabalhador a viver numa democracia.</span></span></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: white;">Por exemplo, quando se fala em anistia – e muita gente me critica, porque eu caio de pau em cima desse papo como está colocado - , o que eu entendo é que muita gente pede isso para os presos e cassados nesses anos. E</span> <span style="color: white;">a classe trabalhadora, que foi a grande vítima da Revolução</span>, por que não se pede anistia para ela?</span></span><br />
<span style="background-color: #444444; color: #ffd966; font-family: Trebuchet MS;">MENTIRA, PRESEPADA. Na época da revolução a maioria dos trabalhadores nem sabia DE nada, da mesma forma que hoje desconhece o que ocorre na patifaria nacional. </span><br />
<span style="color: #ffd966; font-family: Trebuchet MS;"></span></div><br />
<span style="color: #ffd966; font-family: Trebuchet MS;"> </span><span style="color: #ffd966; font-family: Trebuchet MS;"><span style="color: blue;"><span style="background-color: #444444; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: white;">Quanto à questão do fundo de greve, que alguns empregadores consideram favorável a eles, acho até natural essa visão do empregador, por que eles sabem que se a gente não ganhar os dias a gente vai brigar para tirar deles. Para eles também é interessante que a gente tenha um fundo, para não brigar para receber os dias em que a gente fez greve. Daí dá para entender por que eles são favoráveis ao fundo de greve.</span> </span></span></span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;"><span style="background-color: #444444;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong> </strong></span><span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Com o fracasso da primeira fase das negociações entre o ?Grupo 14 da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e os sindicatos de metalúrgicos do ABC, acredita que a própria idéia das negociações diretas estará prejudicada? Ou considera que apenas ouve uma condução deficiente por parte dos empresários ou dos metalúrgicos, excesso de radicalização ou despreparo de uma ou ambas as partes? Por outro lado, como vê a opinião de alguns empresários no sentido de que a existência de um de greve seria, na verdade , mais favorável a eles do que aos trabalhadores?</strong> </span><br />
<span style="color: white;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: white;">- Eu acho que a negociação direta é o caminho. A diferença do ano passado para este ao é que, no ano passado realmente,</span><span style="color: blue;"> <span style="color: white;">os empresários foram pegos de calça curta</span><span style="color: white;">. A gente percebia com muita clareza, em várias reuniões de negociação, que</span> <span style="color: white;">a gente estava mais preparado para discutir uma contratação coletiva do que </span><span style="color: white;">eles. Esse ano eles se prepararam, mas não se prepararam para negociar, e sim para radicalizar. Eles não se prepararam para discutir, se prepararam muito mais para reprimir os trabalhadores. Eu, que participei das negociações no ano passado e este ano, digo que o nível das do ano passado estava bem melhor, mesmo eles não sabendo, tendo menos prática até do que a gente, que tinha muito mais dados do que eles. Este ano eles se prepararam para reprimir. </span><span style="color: white;">Vejam, por exemplo, as greves de São Paulo em novembro, quando aqueles boletins de orientação da própria Federação das Indústrias eram bem claros, a linha tinha de ser dura. A ponto de haver uma proposta de jogar os trabalhadores na rua para haver um confronto com o poder público, para que o poder público entrasse na coisa. Lá em São Bernardo, antes dessa greve, aconteceu uma série de greves nas quais a</span><span style="color: white;"> gente era obrigado a alugar ônibus e ir buscar os trabalhadores na porta da fábrica, para evitar que a polícia viesse e entrasse em ação contra os trabalhadores</span>. </span></span></span><br />
<span style="color: blue;"><span style="color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Eu não sei se é ser puritano demais, mas eu acho que quando eu quero uma coisa e eu vou pedir para você e você não quer me dar aquilo que eu estou pedindo, você tem de ter em mente o que você pode me oferecer. Eu que participei (é até ruim eu falar isso porque participei), disse isso várias vezes lá quando fiz uso da palavra nas </span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: white;">negociações: eu acho que o pessoal que se reuniu para negociar estava brincando, não estava negociando. Era mais uma brincadeira. Entrava dia, saía dia, vinham as mesmas discussões, a mesma coisa, discutia-se a cor das cadeiras em que íamos sentar, o lado em que iam ficar os patrões, o lado em que iam ficar os empregados, discutia-se se ia começar de trás para a frente, começar pela reivindicação de número 22 ou se ia começar pela primeira. Era um troço</span> <span style="color: white;">assim. Se houvesse seriedade poderia ser resolvido em três reuniões. Porque foram feitas algumas coisas, e quando chegou na mesa de negociação – tendo já os patrões a nossa pauta desde a primeira reunião – vira-se um dirigente sindical e fala para um empregador: “Bom, mas nó0s já discuti9os isso no acordo”. E o empregador responde: “Mas esta é a primeira reunião oficial da FIESP”. Um troço muito mais à base da brincadeira do que sério. Até pode ter sido tática por parte dos empresários. Eu acho que esse negócio de encenação, de ficar discutindo muito no vazio é de quem não está muito a fim de resolver nenhum problema. Poderia ser muito mais objetivo.</span> <span style="color: white;">A gente, por exemplo, não tinha interesse de chegar à greve.</span><span style="color: white;"> A gente sabia, por parte de alguns empregadores , que eles chegariam aos números que chegaram na segunda-feira e eles sabiam que nós, de São Bernardo, não aceitávamos aqueles números.</span> </span></span></span><br />
<span style="background-color: #444444;"><span style="color: blue;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #f1c232;">Além de atribuir ignorância aos empresários, solta uma mentira escandalosa ao dizer que buscavam trabalhadores para que escapassem da violência policial. Seu objetivo era facilitar a adesão do maior número possível de trabalhadores. Além disso, </span><span style="color: #f1c232;">ele certamente se aproveitaria de qualquer violência policial para se promover, nem que fosse um simples peteleco. </span></span></span><br />
<span style="color: #ffd966; font-family: Trebuchet MS;"><span style="color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Quando a gente fez a assembléia no sindicato, a gente fez questão de fazer uma pregação: os dias de greve não vão entrar na pauta de reivindicações, só entrarão em último caso, porque se a gente ganhar tudo o que está pedindo nós não vamos sequer pedir os dias de greve. </span><span style="color: blue; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: white;">A gente colocava isso, exatamente para o trabalhador não ficar preocupado com os dias, porque senão aconteceria o seguinte: o trabalhador ficava dois dias em greve e diria: puxa, perdi dois dias, mais o domingo já são três”. Então a gente fez questão de pregar que numa briga a gente sai com a arranhão e quem sabe o arranhão nosso fosse os dias que a gente ia perder. Agora, a gente vai brigar pelos dias, porque não é brincadeira</span> <span style="color: white;">15 dias no salário de um trabalhador, 120 horas que ele está perdendo e isto traz um saldo em termos de prejuízo muito grande para o trabalhador. Vamos brigar pelos dias, porque entendemos que a greve também se deveu à intransigência da classe empresarial. Se de um lado nós queríamos ganhar alguma coisa a mais, de outro lado os patrões não quiseram dar aquilo que a gente queria ganhar, nem fizeram uma contraposta pelo menos intermediária. Se fixaram no mínimo que eles poderiam dar e eu acho que houve mais radicalização deles do que nossa.</span></span></span></span></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #ffd966; font-family: Trebuchet MS;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></span><span style="background-color: #444444; color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Como líder sindical metalúrgico, como vê a presença do empresário nacional? Nestes últimos anos tem havido, a seu ver, uma evolução positiva do empresariado, do ponto de vista do relacionamento com os trabalhadores?</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="background-color: #444444; color: blue; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: white;">- Entrei em l969 como suplente de diretoria do sindicato. Nesses dez anos de vida sindical, apesar que de l969 a l975 eu não conversava como o empresários, acho que não houve muita evolução. Esses empresários que estão dizendo aí que são favoráveis a contratações coletivas de trabalho, esse pessoal está falando isso desde l973/74, só que na hora de abrir mesmo, ninguém quer abrir. Também esse pessoal fica muito na base da teoria, porque a exploração deles e a mesma do capital multinacional, é a mesma do empresário radical, pagam o mesmo salário, mandam embora o trabalhador da mesma forma, suspendem o trabalhador da mesma forma. O que existe é que,</span> <span style="color: white;">teoricamente, existem alguns empresário melhores do que outros<strong>.</strong></span> </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="background-color: #444444; color: blue; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: white;">Existem alguns empresários que têm uma postura melhor do que outros, que têm mais bom senso, até pela responsabilidade que têm. Você não pode comparar um Bardella a esse pessoal que a gente chama de pau mandado, que é pessoal subordinado, testa-de-ferro das multinacionais, que representam. Porque quando um Bardella está falando, ele fala como dono de uma coisa, a fábrica é dele, então ele fala como dono. Eu acho que a diferença que existe é basicamente essa;</span> <span style="color: white;">existem alguns dirigentes empresariais que têm assim mais decência,</span><span style="color: #cc0000; font-size: xx-small;"> <span style="color: #444444;">(2)</span></span> <span style="color: white;">que têm uma melhor postura do que outros para discutir, que têm um pouco mais de responsabilidade do que outros. Agora, no fundo, no fundo, quando se trata de defender os seus lucros, aí a coisa nivela , nacionais e estrangeiras, tranquilamente <span style="font-size: xx-small;">(3).</span> Mesmo porque os salários nas empresas nacionais são piores do que nas estrangeiras. A gente poderia até achar que eles estão sendo sufocados, mas eu acho que não. As empresas nacionais teriam de pagar mais, porque não são as outras que estão pagando muito, não, estão pagando pouco; elas é que estão pagando </span><span style="color: white;">menos ainda. Se você chegar</span> <span style="color: white;">para um trabalhador comum e perguntar se ele prefere trabalhar numa empresa nacional ou numa Mercedes, numa Volks, numa F, em outra qualquer, ele vai preferir trabalhar na multinacional, que lhe dá melhores condições de trabalho.</span></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="background-color: #444444; color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Você percebe em alguns empresários nacionais que eles têm pelo menos um senso de honestidade muito maior do que outros. Com eles nós temos um relacionamento melhor do que com os das multinacionais, mas nós temos de brigar com eles da mesma forma com que nós brigamos com a Volkswagen, com a Mercedes. Mas, tranqüilamente é uma relação mais moderna entre capital e trabalho.</span><br />
<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><span style="background-color: #444444; color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Anuncia-se, para o próximo dia 1º de maio, um novo pacote sobre legislação trabalhista e sindical. Quais são as propostas que apresentaria para a reformulação que estaria sendo preparada?</strong></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><span style="background-color: #444444;"><span style="color: blue; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: white;">- A reformulação na legislação sindical brasileira não pode ser decidida em função do 1º de maio. Acredito que para se fazer algo bem feito deve ser coisa para discutir em mais tempo, com</span> <span style="color: white;">participação dos dirigentes </span><span style="color: white;">sindicais. Sair uma coisa imediata, feita por técnicos, entendo que a tendência é uma lei que continuará não atendendo aos interesses dos trabalhadores. Acho que, se o ministro do Trabalho pretende uma coisa bem feita, terá de chamar os sindicatos, suas assessorias e discutir a questão, antes de enviar um projeto ao Congresso Nacional. Do contrário, ficará remendando, </span><span style="color: white;">remendando, e nunca atendendo aos interesses dos trabalhadores. </span></span><span style="color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Todos os anais de congressos de trabalhadores têm uma série de sugestões, de onde pode nascer, inclusive, um novo projeto para a CLT. </span><span style="color: blue; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: white;">Todo dirigente sindical tem um projeto na cabeça para a estrutura sindical, todo trabalhador tem um projetinho na cabeça, todo advogado tem um projetão, todo mundo tem alguma coisa na cabeça sobre aquilo que quer. É difícil dizer aqui o projeto que tenho para modificação da estrutura sindical brasileira, do delegado sindical, de uma negociação</span> <span style="color: white;">coletiva.</span> </span></span></div></div><div style="text-align: justify;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: blue; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffd966;">Um tempo</span> <span style="color: #ffd966;">depois, L.I. se elege deputado federal pelo PT, sem ter apresentado um projeto sequer. Por esta razão, diversas de suas biografias se referem a seu mandato de forma bem concisa, dizendo apenas o número de votos e ano de mandato. SÓ ISSO, POIS NÃO HÁ NADA A COMENTAR! </span></span></span><br />
<span style="background-color: #444444;"><span style="color: blue; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: white;">O que eu tenho certeza é que do jeito que está naão pode continuar e, para melhorar, o movimento sindical tem de participar das discussões para fazer uma novas legislação, para fazer uma nova Lei de Greve. Não pode ser um negócio feito apenas por técnicos, como sempre foi feito aqui no Brasil. Tem de participar e tem de respeitar as peculiaridades de cada região. </span></span><span style="color: blue; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: white;">Agora, a gente já tem como definição de um congresso nosso em l974. Em termos de legislação trabalhista, acho que deveria existir uma lei básica, onde se definissem alguns princípios, como jornada de trabalho, férias, a nível de Brasil, e se abrisse o campo para que cada um brigasse para conseguir algo mais de acordo com a produtividade que você dá, a rentabilidade que a empresa tiver.</span> <span style="color: #ffd966;"> </span></span></span><br />
<span style="background-color: #444444;"><span style="color: blue; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffd966;">Se L.I. achava que as empresas deveriam dividir com os empregados determinada quantia pela produtividade, gostaria de saber como seria a divisão em caso de prejuízos.</span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="background-color: #444444; color: blue; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: white;">Do ponto de vista da estrutura sindical brasileira, eu acho que</span> <span style="color: white;">o sindicato deve ser totalmente desvinculado do Ministério do <span style="color: white;">Trabalho</span></span><span style="color: white;"> – totalmente</span><span style="color: white;">. Deveria encontrar-se uma forma de acabar com o imposto sindical e é lógico que, desvinculado do Ministério do Trabalho, poderia até criar-se um novo tipo de imposto mas um novo tipo de imposto a partir da consciência do trabalhador e não como uma imposição do governo.</span></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: blue; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: white;">Quanto ao numero de representantes do sindicato, eu acho que ele deveria ter um membro, um delegado sindical em cada setor da empresa. Onde tivesse um líder representando a empresa, teria um líder representando os trabalhadores. Porque a empresa é dona do capital, é dona das maquinas dela, mas ela não é dona do trabalhador. Por exemplo, tem aqui dez jornalistas, tem um aqui que é representante da empresa, teria de ter também um representante do sindicato, para poder estar vigilante, etc.</span> </span></span><br />
<span style="color: blue; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: #ffd966;">Não se pode dar, aos sindicatos, o direito de vigiar empresas. Vigilância demonstra autoritarismo, invasão de um espaço que tem dono.</span></span></span><br />
<span style="background-color: #444444; color: blue; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: white;"><span style="background-color: #444444;">Em relação a uma </span><span style="background-color: #444444;">central <span style="color: white;">sindi</span></span></span><span style="color: white;">cal, sou favorável, desde que seja mudada a estrutura sindical, pois, com a estrutura atual, acho que</span> <span style="color: white;">seria apenas criar mais um cabide de emprego</span><span style="color: white;">.</span> <span style="color: #ffd966;">Seu governo empaturrou, de sindicalistas, todos os órgãos federais.</span> <span style="color: white;">Agora, mudando a estrutura, eu acho importante que tenhamos uma central única dos trabalhadores, que possa determinar uma luta a nível nacional, sempre respeitando a necessidade de cada categoria sindical. Por exemplo, temos no momento a união de um grupo de dirigentes sindicais para discutir uma luta pelo salário mínimo unificado a nível nacional e a garantia do emprego. Mas, se tivéssemos um a central única dos trabalhadores, essa luta poderia, com muito mais facilidades, ser levada em todo o Brasil. Na sua ausência, ela fica a cargo de meia dúzia de abnegados que vão ter de correr por aí, às vezes nem sendo recebidos por autoridades, encontrando dificuldades, etc. Por isso, acho que é uma necessidade para mover o meio sindical brasileiro.</span></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="background-color: #444444; color: white;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="background-color: #444444; color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Por outro lado, parece-me que a própria fórmula da política salarial que está na CLT não é assim tão má, não, se houvesse honestidade na aplicação. Ela prevê, por exemplo, participação na produtividade das empresas e uma série de coisas outras. Mas acontece que os números são mentirosos, são falsificados. Não houve sequer a aplicação da produtividade, em anos como l974, quando o Produto Interno Bruto cresceu 11 a 12% . E sobre os salários são aplicados 3% ou 4% . Escolheram um número lá como taxa de produtividade, que ficou até hoje.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
<span style="background-color: #444444; color: blue;"></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="background-color: #444444; color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Fala-se muito em infiltração política no movimento grevista do AGBC. Várias vezes foram eitas acusações, até mesmo contraditórias, em particular à sua vinculação, seja ao PCB, seja à CIA ou ao próprio governo. Como se posiciona diante dessas acusações? Por outro lado, como sente a responsabilidade como sente a responsabilidade cada vez maior que tem diante da sua transformação em personalidade nacional? E as demais lideranças sindicais, por que não têm tanta ressonância?</strong></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><span style="background-color: #444444;"><span style="color: blue;"><span style="color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- </span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: white;">O que mais orientou o comportamento da diretoria do Sindicato de São Bernardo foi a própria experiência que vivemos</span><span style="color: white;"> como trabalhadores e como explorados. </span> </span></span></span><br />
<span style="background-color: #444444;"><span style="color: blue;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffd966;">L.I., que deixou de trabalhar aos 27 aninhos de idade, não deveria se incluir na categoria de trabalhadores e, muito menos de explorados<span style="font-size: x-small;"><strong> </strong><span style="font-size: small;">(<em>leiam o artigo de Ipojuca Pontes<strong>; </strong></em></span></span></span><span style="color: #ffd966;"><em><strong> "... o futuro líder sindical, depois de pedir ao patrão para fazer algumas horas extras na oficina, enfia o dinheiro pago no bolso e, fugindo do trabalho, manda o patrão "tomar no..." (na íntegra: http://www.midiasemmascara.org/artigos/governo-do-pt/10725-o-fracasso-do-filme-de-lula.html ). </strong></em></span></span></span></span><br />
<span style="background-color: #444444;"><span style="color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Por isso, talvez nossa forma de luta não tenha paralelo com nenhum pensador. O nosso negócio é a prática mesmo. Se vocês forem a São Bernardo e conversarem com 100 trabalhadores, perceberão que o pensamento deles é o mesmo, a forma de lutar é a mesma, porque cada um vem para o sindicato com a sua vida prática de trabalhador. E em nome dessa vida prática é que ele propõe sua atuação.</span></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><span style="background-color: #444444; color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Acho que o Sindicato de São Bernardo é um dos poucos no Brasil que nunca aceitou qualquer curso dado pelo sindicalismo americano ou alemão. A gente recusou convite para viagem à Itália, para a Alemanha e para os Estados Unidos, e temos recusado uma série de ofertas. Fiz uma única viagem, uma vez, para o Japão, para participar de um congresso da Toyota.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="background-color: #444444; color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Já disseram que eu era do Partido Comunista, que eu era isso ou aquilo. O importante é que, à medida que eles vão dizendo, a gente vai sabendo das coisas. O importante é que os trabalhadores do Sindicato de São Bernardo, mesmo sem Lula, sabem o que querem – e se não vier o aumento que esperam vão fazer greve.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="background-color: #444444; color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Eu acho que tem de haver uma preocupação do governo, mesmo por uma questão de inteligência – e aí não vai nenhuma vaidade pessoal. Mas é que, <strong>lidando comigo, qualquer pessoa de bom senso sabe com quem está lidando</strong>. Sabem que eu sou intransigente, sabem que <strong>não aceito que se discuta ideologias</strong> na apreciação de uma pauta de reivindicações dos trabalhadores e <strong>sabem que não falo escondido</strong>, em recinto fechado, que só falo publicamente. E acho que é mais fácil lidar com uma pessoas assim, porque sabem com quem estão lidando. </span><br />
<span style="background-color: #444444; color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Eu <strong>fico preocupado</strong> com o fato de que, <strong>a cada dia que passa</strong>, pela falta de mais gente <span style="color: white;">falando e gritando, <strong>eu apareça muito</strong>. Isso faz aumentar a responsabilidade da gente.</span></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><span style="color: blue; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: white;">Acho que não sou isso que os trabalhadores acham que sou, e entendo que a falta de liderança no país levou a que eles <strong>passassem a endeusar</strong>, talvez, uma pessoa que não merecia ser endeusada. Então, isso me dá certo medo, porque, a cada dia que passa, aumenta muito mais a minha responsabilidade. E pode ser que chegue um dia – caso não apareça muita gente para ajudar nisso - em que possamos até cair no vazio. Eu só tenho a certeza de que vou continuar gritando, aos quatro cantos do mundo, uma liberdade para a classe trabalhadora.</span> </span></span><br />
<span style="color: blue; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: #ffd966;">Neste trecho está o já conhecido L.I. que dissimula sua vaidade doentia e vemos também o seu método da repetição, usado incansavelmente para divulgar seu endeusamento, ainda não tão conhecido.</span></span></span><br />
<span style="background-color: #444444; color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Em São Bernardo, a gente tem hoje a primeira geração de operário industrial. São os filhos ou os netos daquele pessoal da roça, do Nordeste, que veio para cá trabalhar de ajudante ou coisa parecida. O filho é ferramenteiro, já é torneiro, é fresador. O neto já não quer trabalhar o eito, subordinar-se às mesmas condições de trabalho a que o avô se sujeitou. Então, é um pessoal novo e mais exigente. Cerca de 70% dos trabalhadores de São Bernardo têm menos de 35 anos de idade. São pessoas que, praticamente, não viveram o movimento sindical antes de l963, pessoas que estão muito comprometidas com uma luta que é atual.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><span style="background-color: #444444; color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">O que está existindo lá no ABC, principalmente em São Bernardo, é uma massa jovem de trabalhadores, pessoas que não aceitam esse tipo de exploração, que <strong>querem participar da vida política do país</strong>, que não viveram o <strong>populismo de Getúlio Vargas.</strong> São pessoas que começaram a acreditar nelas mesmas. Acreditam que é na participação dos trabalhadores que poderão resolver seus próprios problemas. E é isso eu tem ajudado tanto os trabalhadores na evolução do Sindicato de São Bernardo, a participação e as exigências da categoria.</span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: white;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Eu, que vivi o momento sindical de l964, acho que hoje há muito liderança novas. Você pega o João </span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Paulo, dos metalúrgicos de Monlevade, o Ronaldo, dos petroleiros do Rio, e outros. Acho que o nível é bom, o que entendo pé que antes não existia muita gente boa não. O quadro estás melhorando agora. São quadros de dirigente sindicais que não tiveram nenhum compromisso com o sindicalismo de Antes de l964, pois surgiram mesmo a partir de l969.</span></span></span><br />
<span style="background-color: #444444; color: white; font-family: Trebuchet MS;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><span style="background-color: #444444; color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- E agora, qual a perspectiva para as negociações? Será possível chegar a um acordo? Ou pelo contrário, voltaremos ao impasse? Como é entendida pelos trabalhadores a posição do ministro do Trabalho, Murilo Macedo, que deverá impor uma solução, se não houver acordo? As diretorias afastadas contam com a volta?</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="background-color: #444444; color: blue; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: white;">- Se o ministro do Trabalho vier a impor o que os trabalhadores estão pedindo será bom; se impuser o que os empresários estão querendo dar, será ruim para os trabalhadores . Vamos pegar o Tribunal Regional do Trabalho como exemplo. Nós havíamos recusado a proposta patronal de 57% e 63%. O Tribunal, em nome da Justiça,a nos dá 44%, e quer que obedeçamos. Somente num país das maravilhas isso poderia acontecer. <strong>Todo cidadão de bom senso</strong> saberia de cara que os trabalhadores não iriam acatar a decisão do Tribunal, voltando ao trabalha nessas condições. Aí não resolve questões de legalidade ou ilegalidade. Ora, se havíamos recusado 63%, iríamos ficar com 44%\ de mão beijada</span>, só <span style="color: white;">porque o Tribunal decretou isso? Ai deverá prevalecer o bom senso.</span></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: blue; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: white;">Eu acredito que haverá devolução dos sindicatos às suas diretorias. Não sei qual será o dia, nem a hora, mas </span><span style="color: white;">haverá.</span></span><span style="color: white;"> </span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="background-color: #444444; color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Por que voltamos ao trabalho? Vejam? Com as diretorias dos sindicatos afastadas, e apesar da disposição dos trabalhadores, o fato é que o movimento ficou muito disperso. Voltamos e <strong>assumimos o comando da greve sem nenhum direito de reassumir</strong>; Vocês não sabem a luta que foi abrir o portão do estádio da Viola Euclides. Ele foi aberto na terça-feira (dia 27), às 13 horas, depois de uma conversa com alguns empresários, quando a tentativa era reabrir as negociações que foram reabertas.</span><span style="background-color: #444444;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444; color: blue;"></span></span></div><span style="background-color: #444444; color: blue; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: white;">Tem de haver o acordo, porque, do contrário, o pessoal vai para a greve de novo. Mas há um caso sério nesse acordo. A briga – e <strong>espero que se entenda de uma vez por todas</strong>, - é a seguinte: nós não queremos nada mais nada menos que o acordo que acordo que os empresários propuseram. Nós não queremos mais que 57%, não queremos nem os 63% que ofereceram. Nós queremos só os 57%, mas <strong>não admitimos</strong> que se desconte os 11 que nós ganhamos em maio. Temos 90% da categoria que ganhou esse aumento (11%) em maio passado. Mas vejam, os patrões querem nos dar 59,8% e nós não aceitamos. </span><span style="color: white;">Essa é a informação que tenho – e acho ótima a proposta, desde que não de desconte os 11% .</span></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
<span style="background-color: #444444; color: #ffd966;">Dentre outras características do sindicalista, aqui se evidencia sua pretensão e grosseria ao dizer <strong>espero que se entende DE UMA VEZ POR TODAS</strong> , e <strong>NÃO ADMITIMOS</strong>. Nesta data L.I. já se considera o dono da verdade, cujas exigências não poderão ser recusadas.</span></span><span style="background-color: #444444;"> </span></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #ffd966; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Luís Inácio comete atualmente um erro imperdoável. Cuidar apenas dos operários (ou trabalhadores, como são chamados por ele) é função de um sindicalista. Mas cabe ao presidente de um país muito mais que isso, pois sua obrigação é aender às necessidades de todos os brasileiros. Além disso seu dever não é cuidar de ninguém, mas lhe oferecer condições para que possa cuidar de si próprio. </span><br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="color: #ffd966; font-family: Trebuchet MS;"><strong>L.I. foi eleito presidente, mas continua um mero sindicalista</strong>.</span></div><br />
</div><div style="text-align: justify;"><div style="text-align: justify;"></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: #444444; color: white;"></span></span></div><div style="text-align: justify;"></div>Jurema Cappellettihttp://www.blogger.com/profile/16339170311595061062noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3418942780652622491.post-78891125185070481872009-11-08T14:02:00.000-08:002010-08-17T05:16:24.108-07:00ENTREVISTA ao jornal 'Movimento'<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiX7D3s6AAWO0VuCFTxDvC2MVidE7PPbovna0E2a3y1euJtAu0PBm9TiFCvGL-CkDKWuW4bPghTF0do40yRp5s0QSoGdAoh15rb9QMc5fOODQ2W9C6kSC7zgILv1_D-PEtx-ubVPeFueu8/s1600-h/DECIMA+3.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" sr="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiX7D3s6AAWO0VuCFTxDvC2MVidE7PPbovna0E2a3y1euJtAu0PBm9TiFCvGL-CkDKWuW4bPghTF0do40yRp5s0QSoGdAoh15rb9QMc5fOODQ2W9C6kSC7zgILv1_D-PEtx-ubVPeFueu8/s400/DECIMA+3.jpg" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrhBjaSj3qC-QMzK6CBffXvT9wCJ-kExTSbesvmHDJaRTHTtbKPlgV_OUhA2WCs0azL_tQJs739UsGxo9ZnSMyKXtTfKLzFB2EaKnlAYAjHcgMxo7Q33Yc7EK0bPimbkLd-7U5qizw7nI/s1600-h/DECIMA+2.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" sr="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrhBjaSj3qC-QMzK6CBffXvT9wCJ-kExTSbesvmHDJaRTHTtbKPlgV_OUhA2WCs0azL_tQJs739UsGxo9ZnSMyKXtTfKLzFB2EaKnlAYAjHcgMxo7Q33Yc7EK0bPimbkLd-7U5qizw7nI/s400/DECIMA+2.jpg" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgt1ZiwZlufPSp062SRGkPa57TLVnJvYAYv8UpPxWh-XPhAXSyC_d8k4qoL-GMny05yK6ua3NEaTHBFOgb5LpsT4UqAXKR0rhyj_SBNpZ2G5pkett4Iixdud-NDGz05anyC_aXYBDjz5ZU/s1600-h/DECIMA+1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" sr="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgt1ZiwZlufPSp062SRGkPa57TLVnJvYAYv8UpPxWh-XPhAXSyC_d8k4qoL-GMny05yK6ua3NEaTHBFOgb5LpsT4UqAXKR0rhyj_SBNpZ2G5pkett4Iixdud-NDGz05anyC_aXYBDjz5ZU/s400/DECIMA+1.jpg" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Quatro dias depois da intervenção nos sindicatos do ABC, os metalúrgicos, reunidos em assembléia, votaram pelo retorno ao trabalho por um prazo de 45 dias.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Durante esse período as negociações entre patrões e operários deveriam continuar e, ao final, caso as reivindicações dos trabalhadores não fossem atendidas de forma satisfatória, novamente a greve seria decretada. </span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Foi durante esse período que Lula concedeu esta entrevista. Nela, diz em que se baseava para afirmar, com convicção, que as reivindicações dos trabalhadores seriam atendidas e por que tinha certeza absoluta na volta da diretoria afastada. Analisa a evolução do movimento diante dos fatos que ocorreram entre as assembléias do dia 22 e do dia 27 de março e explica porque, em dado momento, a coordenação da greve deixou de dar ênfase à reivindicação do delegado sindical. Mostra também o que ocorreu com o movimento logo após a intervenção e fala do fundo de greve.</span></div><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;"><span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #f9cb9c;"><strong>- Ao propor ao pessoal que voltasse ao trabalho e ao dizer que tinha certeza de que as reivindicações serão atendidas, você estava se baseando em compromissos concretos assumidos pelo ministro do Trabalho e pelos empresário?</strong> Os dirigentes da FIESP (Federação das Indústrias do</span> <span style="color: #f6b26b;">Estado de São Paulo) estão dizendo que não assumiram nada. </span></span><span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #f6b26b;"> </span></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- <strong>Eu não falei aquilo</strong> em atermos de ministro, nem em termos de FIESP. Eu falei aquilo em termos de luta da classe trabalhadora. Falei pensando que os trabalhadores vão conseguir isso porque nos temos condições de conseguir. Basta que sentemos novamente numa mesa de negociações e vamos ver se os caras vão pagar pra ver outra vez.</span></div><br />
<br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="color: #f6b26b; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- O que você acha das notícias de que as empresas estão dispensando muita gente e que não estão pagando os dias parados? </strong></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- A minha impressão é que parece que não houve a informação a todas as empresas. Conversei com o Dr. Maurício (advogado dos sindicato) para ele entrar em contato com todas as empresas, com a a FIESP, com o ministro do Trabalho, para resolver esse problema. Para nós, o que interessa é que os trabalhadores sejam readmitidos nas indústrias.</span></div><br />
<br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Os empresários sempre se comprometem a não dispensar ninguém, mas no final de algum tempo acabam dispensando as lideranças mais conhecidas, tal como aconteceu nas greves anteriores. Que tipo de arma vocês têm para conter essa dispensa ? </strong></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu acho que só existe uma arma. Se os empresários continuarem mandando gente embora, o que temos que fazer é parar outra vez. Eu acho que a principal coisa e a normalização do sindicato, para os operários poderem usar seu instrumento legal. </span><span style="color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">TA: OS EMPRESÁRIOS dispensavam AS LIDERANÇAS MAIS CONHECIDAS, por que, ao ivés talhar, eles usavam o tempo de serviço aliciando operários para greve.)</span></div><div style="text-align: justify;"><div style="text-align: justify;"><span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Você acha que há uma real possibilidade de você, da sua diretoria, voltarem para o sindicato? </strong></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu tenho certeza absoluta disso. </span></div></div><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- É uma certeza pessoal? </strong></span><span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong> </strong></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- É uma certeza pessoal baseada em alguns dados concretos. Eu não tenho dúvidas de que se não houver essa volta dentro de um determinado tempo, os trabalhadores pararão novamente para exigir a volta da diretoria. E é lógico que há pessoas negociando a volta.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #f9cb9c;">- Qual a diferença entre a situação do dia 22, quando se propôs a continuidade da greve, e a do dia 27, data da última assembléia, quando se resolveu voltar ao trabalho ? Você acha que os trabalhadores dariam um passo atrás se tivessem decidido parar a greve dia 22 ?</span></strong> </span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Entre as duas assembléias aconteceram mil e uma coisas, a situação não era a mesma. <strong>Quem disser que era a mesma coisa é porque não enxergou </strong>o que aconteceu depois daquela nossa recusa, com o fato culminante da intervenção no sindicato. O fim da intervenção passou, então, a ser a maior reivindicação dos trabalhadores. Outra coisa que aconteceu é que naquele outro acordo, eles queriam que os dias de greve fossem descontados parceladamente e agora os dias vão ser pagos, enquanto se negocia se vai haver ou não o desconto.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
<br />
<span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>A sua opinião é que os dias de greve não vão ser descontados ? </strong></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu acho que a possibilidade é essa e a gente já começa a negociar outra vez. Para mim, a coisa está na estaca zero. A gente vai começar tudo outra vez.</span></div><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #e69138;">- </span><strong><span style="color: #f9cb9c;">Mas é uma situação mais favorável do que antes da intervenção? A greve foi uma coisa muito dinâmica e parece que as reivindicações foram modificando sua importância na medida em que a greve se desenvolvia. Na última assembléia, não se falou na reivindicação que pedia estabilidade para os delegados sindicais que, segundo os patrões, foi o que originou a greve. </span></strong></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Esta é a teoria dos patrões. Eles usaram muito bem isso. O trabalhador não ia fazer greve só por causa do delegado sindical. Os patrões tentaram usar o delegado sindical, que é uma coisa não muito conhecida dos trabalhadores, como motivo da greve, exatamente para desarticular a greve.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;"></span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Como é que você encara então o problema do delegado sindical? </strong></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Da mesma forma como encarávamos antes da greve, antes da intervenção. Eu tenho consciência de que o delegado sindical é a coisa mais importante, ao nível do sindicato. Ao nível da categoria, não é.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- O presidente da Volkswagem , durante a greve, acusou</strong> <span style="background-color: white;"><strong>o movimento de estar sendo manipulado por uma minoria, e disse que na Alemanha, para se decidir uma greve, é necessário que haja uma votação de dois terços dos <span style="background-color: white;">associados.</span></strong></span><span style="background-color: #444444; color: white;"> </span></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="background-color: white;"><span style="color: white;"><span style="background-color: #444444;">- Eu acho que a pequena minoria a que ele quer se referir é a seguinte: a minoria de 100.000 trabalhadores em greve (são manipulados, não decidem) levados. Aqui no Brasil, os estatutos também falam em votação. Mas</span><span style="background-color: #444444;"> a democracia que nós seguimos no Estádio da Vila Euclides</span></span><span style="color: white;"> é muito melhor do que a que está na lei. </span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="background-color: #d9ead3;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #f9cb9c;"><strong>Após a intervenção no sindicato, a greve continuou, mas<span style="background-color: white;"> houve uma desorganização muito grande. Vocês esperavam isso? A greve foi</span> muito abalalda com a intervenção?</strong></span> <span style="color: black;"> </span></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: black;">A partir da intervenção, </span><strong><span style="color: black;">o trabalhador</span> ficou órfão de pai e mãe</strong>, ficou fazendo as coisas mais pela rua, cada um ficou fazendo o que tinha em sua cabeça. Não havia lugar para encontro, para reunião, para nada. Aquela assembléia de sábado, que tomou posição extraordinária, foi uma das assembléias mais desorganizadas. Saiu pancadaria, todo mundo correu. <strong>Em função disso, no domingo, a gente assumiu a coisa.</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
<br />
<span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Mas vocês não achavam que a greve seria muito difícil com a intervenção no sindicato? </strong></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Estávamos tranqüilos que ia ser difícil (ATO FALHO ?). O que a gente tem que olhar é o seguinte: é que <strong>existe uma diretoria que vinha fazendo um trabalhão há muito tempo e que em cima dela é que estava calcado tudo aquilo que aconteceu.</strong> Desde o momento e que a diretoria saiu da jogada, não seria a comissão de salário que iria conseguir articular uma assembléia de 80 000 trabalhadores . Se fosse uma assembléia de 100 trabalhadores tudo bem. Mas <span style="color: black;"><strong><span style="background-color: white;">era uma assembléia de quase toda a categoria, então tinha que ter pessoas mais conhecidas, para poder rearticular a coisa . Foi em função disso que eu assumi o comando da greve</span></strong> no </span>domingo, para não deixar que ela descambasse. Porque aí os aproveitadores começaram a aparecer aos montes.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #f9cb9c;"><strong>- Vocês levantam há muito tempo a bandeira da autonomia sindical. Conhecendo a legislação trabalhista e o direito que ela dá ao governo de chegar no meio de uma greve dessas e tomar o sindicato, vocês não acham que foi um risco grande essa greve estar calcada cem por cento no trabalho da diretoria?</strong></span> </span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Mesmo com a intervenção, a gente passou a se convocar para a assembléia sem boletim. Passou sexta, sábado, domingo, segunda e, na terça-feira, fizemos uma assembléia com 70 000 trabalhadores.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Mas parece que houve um período de vácuo após a intervenção. <span style="color: white;"> -</span></strong></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> Houve um período de vácuo, mas não de volta ao trabalho. Houve um período de não participação porque não havia nada convocado.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Na medida em que o pessoal soube que você voltou, a situação ficou mais tranqüila. </strong></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- É, <strong>a preocupação do pessoal era saber onde eu estava, se eu estava preso.</strong> <strong>Quando percebi que isso podia atrapalhar o movimento, então<span style="color: black;"> </span><span style="background-color: #38761d; color: white;"><span style="background-color: white;"><span style="color: black;">resolvi</span> </span><span style="background-color: white; color: black;">voltar, inclusive colocando o pescoço na guilhotina</span></span></strong>, porque aí eu estava cassado e não era fácil voltar e assumir o comando da greve.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
<br />
<span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Vocês estavam acompanhando as dificuldades das empresas pra ver quem tinha maior poder de resistência? <span style="color: white;"> -</span></strong></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> A gente sabia que as coisas não estavam bem para eles, mas eu acho que os patrões têm maior poder de resistência do que a gente. <strong>Uma empresa como a Volkswagen, ou como a Ford, agüenta um mês de greve. Eles agüentam porque recebem subsídio do governo, financiamento</strong>. Mas nós não temos nada. A partir de um determinado dia o trabalhador começa a medir o tempo que está parado. Ele já começa a pensar: dia 10, o que é que eu vou receber Se a gente tivesse um fundo de greve, tudo bem, mas a gente ainda não tem. Por isso chega um determinado momento em que a gente tem que saber a hora certa de parar, para a categoria não começar a afundar.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
<span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- O que você teria a dizer para o pessoal que, no Brasil inteiro, se mobilizou em apoio à greve do ABC? </strong></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu acho que esse pessoal precisa continuar se mobilizando, porque <strong>o fundo de greve não é uma coisa criada apenas durante a greve. Tem que ser um fundo que sirva para ajudar os sindicatos que fazem greve</strong>, um fundo para atender cada emergência. Amanhã, se um sindicato lá em Pernambuco entrar em greve, ou lá em Alagoas, tem que existir um fundo preparado para ajudar esse pessoal.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Você disse, na última assembléia, que iria atender os trabalhadores na Matriz de São Bernardo. Então, o Sindicato vai funcionar lá? </strong></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Não, o sindicato está funcionando na rua João Basso. Mas a diretoria que foi cassada vai continuar conversando com os trabalhadores na Matriz de São Bernardo.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: right;"><span style="background-color: #444444; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Movimento, 2 a 4 de abril de l979.</span></div><div style="text-align: right;"><span style="background-color: #444444; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div style="text-align: right;"><span style="background-color: #444444; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Entrevista concedida a Tânia Angarini e Marcos Gomes</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: right;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: x-small;">Informações sobre o Jornal Movimenmto</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: x-small;"> </span><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Jornal_Movimento"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: x-small;">http://pt.wikipedia.org/wiki/Jornal_Movimento</span></a></div><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div>Jurema Cappellettihttp://www.blogger.com/profile/16339170311595061062noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3418942780652622491.post-17877520754565935292009-08-20T05:43:00.000-07:002010-01-27T14:13:42.351-08:00ENTREVISTA com Xênia Bier – Revista Especial<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1hZE8B6oT61qdvklK0H4PL8qTzjMk4PptyoCEl9oyLAgNHEKEVTPNZzEkOivsQj89wRyZLBBedY4E6AApm3RgNdXxqfF-YooVDkewoH6PdB2AsXorRpe4A40TxnrbTH_OauIgdXn15f4/s1600-h/X_NIA_BIER_ENTREVISTADORA.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5372027687803207026" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1hZE8B6oT61qdvklK0H4PL8qTzjMk4PptyoCEl9oyLAgNHEKEVTPNZzEkOivsQj89wRyZLBBedY4E6AApm3RgNdXxqfF-YooVDkewoH6PdB2AsXorRpe4A40TxnrbTH_OauIgdXn15f4/s400/X_NIA_BIER_ENTREVISTADORA.jpg" style="cursor: hand; display: block; height: 237px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" /></a><br />
</div><div align="center"><span style="color: #333333;">***</span><br />
</div><div align="center"><span style="color: #333333;">*** </span><br />
<div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;">Nesta entrevista Lula aborda problemas muito diversos, mas que mantêm entre si uma profunda relação: a situação da classe trabalhadora, que procura meios de se organizar e lutar por seus direitos. Provocado por questões às vezes agressivas, mas sempre inteligentes, Lula fala de seu ideal de fazer ‘política decente’, de sua visão da classe média – volúvel e por vezes pretensiosa, que “come mortadela arrotando peru” -, de sua esperança de que a classe trabalhadora possa agir “pelos seus próprios pés e pela sua própria cabeça, das multinacionais “que se sentem donas do Brasil”, do socialismo necessário “que está na cabeça do trabalhador”, etc. </span><br />
</div><span style="font-family: trebuchet ms;"></span><br />
</div><div align="center"><span style="color: #333333; font-family: trebuchet ms;">***</span><br />
</div><div align="center"><span style="color: #333333; font-family: trebuchet ms;">***</span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;"><span style="color: #ff9966;">- Lula, você enfrentaria hoje os seus companheiros que discordam de você com a mesma coragem que enfrenta os patrões ? </span></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;">- Tranqüilamente. Eu <strong>não me acho no direito, sabe, de agradar a todo mundo.</strong> O importante é <strong>aprender a conviver com as pessoas que discordam da gente</strong>. Agora, se eu tiver que levar uma proposta aos meus companheiros, mesmo sabendo que discordo, levo da mesma forma que sempre me veio, <strong>sem voltar atrás um milímetro sequer das posições que entendo são as justas</strong>. Acho que a <strong>minha posição, hoje, não permite atender muito a interesses pessoais.</strong> Hoje teria, como sempre tive, condições de levar as propostas, as discussões que eu entendesse que eram as boas para classe.</span><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;"> <span style="color: #ffcc99;"><span style="color: #ff9966;">- Olha, eu não sou metalúrgica, mas já fui operária. Eu faço questão de guardar dentro de mim a operária, senão me perco nessa coisa toda ilusória que está por aí, por eu estou na televisão mas continuo sendo uma pessoa que não se deslumbrou pelo status da televisão. Então eu te segui com muito amor e, de repente, estou um pouco triste com você, principalmente por esse envolvimento político. Eu me sinto traída e acho que muitos se sentem traídos também... Fundar um partido, entrar para a política, o trabalhador não deve entender isso como uma traição? Você não está passando para o" lado de lá"? </span></span></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;">- Foi <strong>a necessidade de participação política dos trabalhadores que me levou a essa posição</strong>. <strong>Até o ano passado fui a pessoa mais apolítica que existe nesse país</strong>. Veja que <strong>ninguém mais do que eu comentou a corrupção</strong>, o modo de fazer política no Brasil. Entretanto, eu acho que estou pagando e vou pagar um preço pelo puritanismo com que eu defendi minha categoria. Até um determinado momento eu achava que nós não deveríamos participar em nada que viesse tirar os trabalhadores desse puritanismo; mas, depois de fazer um dos mais belos movimentos da classe trabalhadora que já se fez neste país, a gente percebeu que a classe política não estava sensível aos nossos problemas, que os partidos políticos não tinham tomado uma posição em relação à greve, nem tinham se manifestado em relação a nenhum grande problema nacional que nós enfrentamos durante os anos de arbítrio. Então <strong>cheguei à conclusão de que a classe trabalhadora não poderia pura e simplesmente chegar na época das eleições e dar seu voto</strong> <strong>às pessoas que se fantasiam de trabalhadores para pedir seu voto</strong>, <strong>oferecendo, às vezes, favores</strong>. Daí porque eu entendi que os trabalhadores precisavam se organizar politicamente. Para mim tá claro que a classe trabalhadora foi, e é ainda hoje, a que pagou por todos os erros dos governantes e das ostentações políticas deste país. </span><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;"><span style="color: #ffcc99;"><span style="color: #ff9966;">- Mas lula, não foi só a classe trabalhadora que sofreu...</span> </span></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;">- Mas nem passa pela nossa cabeça a idéia de que a sociedade só tem a gente, que só nós temos problemas. O governo conseguiu levar muita gente que não é trabalhadora de macacão para uma verdadeira proletização. Nós hoje vemos, em estado de miséria, algumas categorias que há cinco anos atrás poderiam ser consideradas de elite. Pega, por exemplo, bancários, profissionais liberais, professores, advogados que hoje se formam e vão ser vendedores ou coisa parecida. Daí <strong>a gente está tentando fazer um partido de massa</strong>, o partido das pessoas que direta ou indiretamente deve se subordinar ao regime de salário, <strong>como é o teu caso na televisão</strong>, como é o caso de outros artistas da televisão, que, mesmo parecendo que não são pessoas no nosso meio, ganham 8 a 10.000 cruzeiros por mês. </span><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;"><span style="color: #ffcc99;"><span style="color: #ff9966;">- Pode ter certeza que é a maioria. </span></span></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;">- O conceito que até então a gente percebia era: é <strong>jornalista</strong>, é rico; é <strong>artista</strong>, é rico. E a gente, convivendo com eles, viu que afinal <strong>viviam tão desgraçadamente quanto nós</strong>. No meio artístico, por exemplo, nem todo o mundo é Francisco Cuoco, Tarcísio Meira ou Regina Duarte; a grande maioria vive em verdadeiro estado de miséria, ganhando até às vezes menos do que ganha um metalúrgico. E existem em nossa categoria pessoas que ganham 80 a 100.000 cruzeiros por mês e que não tem nada a ver com o grosso. Daí eu acho que se há frustração com a minha participação política da parte de setores de trabalhadores, há também outros setores que acham que eu deveria ter entrado na política há muito tempo. Nós <strong>precisamos provar ao Brasil e ao povo brasileiro que é possível fazer política decente no país. </strong></span><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;"><span style="color: #ffcc99;"><span style="color: #ff9966;">- Você não acha isso muito </span></span><span style="color: #ff9966;">romântico, não? </span></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;">- Eu acho, como também as pessoas acharam romântico fazer uma greve em 78; como também as pessoas acharam romântico colocar 90.000 pessoas num campo de futebol a não ser um jogo do Corinthians e do Flamengo. <span style="color: #ffcc99;"><span style="color: #ff9966;"></span></span></span><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;"><span style="color: #ffcc99;"><span style="color: #ff9966;">- Dizem que você será candidato a senador. Você acha que vai conseguir manter essa posição lá em cima, quando a gente também sabe que a política é a arte de enganar o próximo?</span> </span></span><span style="font-family: trebuchet ms;"><span style="color: #ffcc99;"><span style="color: white;">- A gente vai mudar esse conceito através de nossa prática.</span></span><span style="color: #ff9966;">- Aí volto outra vez ao seu romantismo.</span> </span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;">- Mas <strong>nós vamos mudar</strong>. Eu acredito nisso! Diziam que fazer sindicalismo era o símbolo do peleguismo e alguns dirigentes sindicais deram demonstração de que não era preciso ser pelego para ser dirigente sindical, de que <strong>não era necessário andar</strong> de braço dado com patrão ou <strong>debaixo do sovaco do governo</strong>, de que <strong>é possível ser independente e fazer as coisas corretamente</strong>. Eu acho que <strong>na política a gente pode fazer isso</strong>. Agora uma outra coisa engraçada é que várias pessoas estão me lançando candidato a senador sem a minha procuração. Eu não <strong>sou candidato a coisíssima nenhuma</strong>. </span><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Eu vou te cobrar isso, heim?</span></strong> </span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;">- Eu <strong>sou candidato pura e simplesmente a tentar organizar politicamente a classe trabalhadora</strong>. </span><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;"><span style="color: #ff9966;">- Quando você unia todo o teu pessoal, você gritava alto e bom: "Este é um problema nosso, nós entendemos disso." e era uma coisa que eu gostava muito. Eu te chamava de intelectual orgânico por que você entendia profundamente tua classe, o meio de onde veio. <strong>Você dizia: "eu não vou admitir que ninguém venha fazer média em cima do nosso movimento”.</strong> </span><strong><span style="color: #ffcc99;"><span style="color: #ff9966;">No entanto, hoje você permite. Até a esquerda radical está envolvida com o PT.</span></span></strong></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;">- Não, eu acho que as duas coisas não se misturam. Mas os conceitos da gente vão mudando. Quando eu não tinha filho, eu morava com um irmão meu, o meu sobrinho era muito respondão. Eu achava muito ruim uma criança respondona, eu não admitia como é que um pai não metia a mão na orelha do moleque quando ele respondia para o mais velho. Hoje eu tenho um moleque de quatro anos que não fala comigo sem falar palavrão, e eu acho engraçado. Dá para perceber que os conceitos da gente vão mudando. </span><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;"><span style="color: #ff9966;">- Concessões! </span></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;">- Conceito, não é concessão. Eu não abro mão um milímetro para a participação de ninguém que não seja da minha categoria. Não existe concessão a nível da luta específica para o da minha categoria. <strong>Nem tampouco haverá concessão da minha parte do plano político.</strong> Acontece que a política é uma coisa mais ampla e nós temos que aprender a conviver com a sociedade como ela é. Quando você falou de esquerda... </span><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;"><span style="color: #ff9966;"><strong>- Esse discurso é muito velho, eu não agüento mais!</strong> </span></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;">- <strong>Você sabe que esse não é meu tipo de palavreado com frase de efeito</strong>. A esquerda festiva usa muito, mas você sabe que eu não compactuo com isso. Essa meninada que está aí é o resultado de um regime arbitrário. Temos que entender que essas pessoas fazem parte de uma sociedade da qual nós também fazemos parte e que, embora a gente não concorde, não é nosso papel denunciá-los como algumas têm denunciado. Eu acho que eles não deveriam ser presos nem torturadas por que dizem determinadas coisas. A sociedade é que deveria se encarregar de julgar, e daí minha tranqüilidade em conviver no meio de tanta confusão. Quando os trabalhadores entrarem na briga pra valer, não há esquerdinha, não há direitinha, não há esquerdóide que passe na frente da classe trabalhadora, por que ela não se deixa mais enganar. Essas pessoas podem estar participando do PT, como participam do PTB ou do PMDB, e tem esquerda em todo o lugar, menos do PDS. Nós <strong>precisamos criar um Brasil sem extremos, tanto de esquerda com de direita. </strong></span><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;"><span style="color: #ff9966;">- Lula, você é um homem simples, um trabalhador. Você não se deixa deslumbrar pelo intelectual?</span><span style="color: #ff9966;"> </span></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;">- Eu tenho um conceito sobre os intelectuais e... é lógico que dentro da intelectualidade você tem milhares de pessoas volúveis. É aquilo que a gente costuma chamar a amigo da esquerda na língua e da direita no bolso. E aí, veja, eu tenho muita convivência com intelectuais e conheço gente de extraordinária decência que nunca procurou, em nenhum instante, tentar fazer com que eu abrisse mão dos meus princípios. Existem pessoas boas dentro de todos os setores da sociedade, eu acho que dentro da área intelectual tem pessoas extraordinárias. </span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;"></span><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="color: #ffcc99;"><span style="color: #ff9966;">-<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> Então você não se sente enfraquecido ou inibido frente ao intelectual?</span></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Ah, não, de jeito nenhum. Se há uma coisa que fez com que o sindicato chegasse até onde chegou é porque eu <strong>nunca me curvei diante</strong>... </span><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Lula!</span></strong> </span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu acho que o trabalhador é igual a qualquer outra pessoa. Se alguém tiver que se curvar, são as outras pessoas em relação aos trabalhadores. </span><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ff9966;">- Deixa eu te perguntar uma coisa. Quando Marx fez suas propostas criou-se um maniqueísmo, a má é a classe rica, e a boa a classe pobre. Depois o Henry Ford inventou a produção em série e com isso a classe média afluente. Então você fala do patronato, que seria rico, e você fala do operariado. E <strong>como é que fica a classe média</strong>?</span> </span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu <strong>acho a classe média muito volúvel</strong> e <strong>não gostaria que essas pessoas vissem isto como uma coisa ofensiva, mas no sentido de tentar conscientizá-las</strong> de uma coisa... a classe média tem dois automóveis, tem duas televisões a cores, mora num apartamento ou num sobrado, ostenta e esquece a classe trabalhadora. Isso é histórico no Brasil. Agora, eu acho que o governo cometeu um pecado capital quando praticamente dizimou a classe média. Daí que o <strong>Delfim Neto voltou exatamente para tentar enganar</strong> a classe média como enganou com o milagre brasileiro, sabe, dando universidade, <strong>dando privilégios</strong>. Eu acho possível uma unidade entre os setores da classe média que se tornaram proletários e uma classe trabalhadora que almeja melhorar sua situação. </span><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ff9966;">- <strong>Você diz que a classe média é iludida e volúvel</strong>; você não acha que ela é, antes de tudo, muito angustiada pelo poder aquisitivo, nessa necessidade de manter as aparências? </span></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- É por isso que eu a chamo de volúvel, porque <strong>muita gente come mortadela arrotando peru</strong>. E <strong>o trabalhador, desgraçado, ele não pode comer nem a mortadela nem o peru</strong>; <strong>de vez em quando ele come ovo e arrota ovo mesmo.</strong> Daí que eu acho que a classe trabalhadora tem muito mais o que dar para a classe média, a nível político. </span><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ff9966;">- Mas não é perigoso endeusar a classe trabalhadora como se ela fosse uma coisa perfeita?</span> </span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">-Não, eu não estou fazendo nenhum elogio à classe trabalhadora. Em primeiro lugar é a classe que mais conheço; em segundo lugar, eu tenho certeza de que só haverá transformação da sociedade brasileira se a classe trabalhadora quiser que haja. Daí, como no mundo inteiro, historicamente, a classe trabalhadora é a propulsora das transformações que existem por aí. </span><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ff6666;">- Sempre comandada por gabinetes. </span></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- A minha briga é para <strong>que a classe trabalhadora não seja a massa de manobra</strong> nem de político, nem de governantes, nem de empresário. Ela <strong>tem de acertar e errar pelos seus próprios pés e pela sua própria cabeça.</strong> A gente sabe das coisas, <strong>o que a gente precisa é conseguir ganhar os espaços suficientes para começar a falar.</strong> <strong>Modéstia à parte, a gente já ganhou algum espacinho. </strong></span><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><strong><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></strong><br />
</div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ff9966;"><strong>- Quando digo elite, eu não digo a financeira, mas a intelectual. </strong></span></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu acho que a sabedoria que está dentro da cabeça de um trabalhador que tem uma experiência de vida de anos, é imensurável. Mas as vezes a pessoa não consegue colocar no papel aquilo que tem na cabeça. Isso acontece comigo e nada me impede que eu chame um assessor e a fale: " Olha, eu quero falar isso, isso, isso." </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;"><span style="color: #ff9966;">- Você é que está ficando de gabinete, não?</span> </span></strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Essa história de que eu estou esquecendo as bases, eu acho que é muito dos meus opositores; as coisas a gente prova é na prática, sabe? Eu não acho que faço concessão aos intelectuais e a nenhum setor da sociedade. Eu acho que eles têm o direito de participar em igualdade de condições e nós temos que discutir e levar em consideração aquilo que é a idéia de cada um. Daí que eu acho que não é concessão você participar junto com qualquer tipo de pessoa. Eu me reuni com dezenas de empresários, conversei com comandante do 2º exército, com o ex-ministro Petrônio Portela, com Simonsen, Delfim Neto, Reis Veloso, e nunca fiz concessão nenhuma; eu gostaria que ficasse bem declarado<strong>: <span style="color: #33cc00;">o dia em que eu perceber que terei que abrir mão dos meus conceitos de honestidade, eu deixarei de fazer política. </span></strong></span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="color: #33cc00; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="color: #33cc00; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Roberto Carlos é o homem que mais vende discos no Brasil. Eu vejo a peãozada nas lojas dos supermercados comprando monte de discos Roberto Carlos. Eu não vejo nenhum comprar discos de Chico Buarque de Holanda. Se você acha que o pessoal está pronto a marchar pelas próprias pernas, como é que você explica este contrasenso?</span> </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Bom, primeiro que você não vai medir a minha opinião, o nível político das pessoas, pelo disco de Roberto Carlos. </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ffcc99;"><span style="color: #ff9966;">- Ah, meço!</span> </span></strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Não, porque se você for no sertão, você vê pessoas comprando discos de Tonico e Tinoco... </span><br />
</div><div align="justify"><span style="color: #ffcc99; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Isto é sertão.</span></strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> - Se você entrar no meu carro você só ouve música caipira. Nem por isso sou atrasado, nem por isso eu penso menos.<strong> </strong></span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Ao contrário, eu acho que são raízes. Mas Tonico e Tinoco não são alienadores.</span> </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Nem por isso as pessoas que gostam das músicas de Roberto Carlos deixam de ter idéias próprias. E inegavelmente o Roberto Carlos tem músicas gostosas de serem <strong>ouvidas.</strong> </span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ffcc99;"><span style="color: #ff9966;">- Tá fazendo a tua média... </span></span></strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Não, veja. Eu tenho sérias restrições ao comportamento político de Roberto Carlos. Ele é um cara que, pelo nome que tem, deveria tomar posição política. A música dele não traz mensagem nenhuma política, é uma mensagem muito no dia-a-dia nosso, do cara que a namorada largou, do cara que a mulher botou chifre, do cara que botou chifre da mulher... </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ffcc99;"><span style="color: #ff9966;">- E quando o Roberto Carlos entrou naquela campanha do Ano internacional da Criança? Não era o momento de passar alguma coisa? Ou não tem nada a ver?</span> </span></strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu acho que às vezes a gente peca por não tomar posições. A campanha do Roberto Carlos do ano 1 da criança, eu acho que são compromissos que ele tem com o outro alienador que é o Roberto Marinho. A programação da TV Globo é basicamente essa... daí minha bronca com Roberto Carlos e não só com ele, com Pelé também. Eu fiz críticas aos 2 porque eu acho que os homens da dimensão deles poderiam tomar posições não contra o governo, mas favoráveis ao povo. </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- O Pelé poderia ser um intelectual orgânico da sua raça, como Cassius Clay o é. </span></strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu acho que o Pelé poderia ser muito mais, eu não diria igual a Martin Luther King, mas ele poderia se espelhar naquilo que o King fazia, para ele fazer por seu povo. </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ffcc99;"><span style="color: #ff9966;">- Me chocou muito que você tenha ido na boate Gallery, que e o templo da alta burguesia e da futilidade. Me chocou ver você com um colunista social tirar fotografias inclusive com a camiseta do Gallery. Não me vem com saídas de que "eu tenho que estar em todos os lugares". Estou cobrando essa traição. </span></span></strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Olha, pus a camiseta, mas não vesti. </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ffcc99;"><span style="color: #ff9966;">- É a mesma coisa.</span> </span></strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Você pega a reportagem, </span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">que não é isso. Veja, eu acho que carece de uma explicação. </span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Carece mesmo. </span></strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Primeiro, que você vê a matéria que está publicada naquela revista que está o Marlon Brando e aquela mulher lá pelada fazendo as coisas, você percebe que a reportagem não tem nada a ver com o Gallery. Eu fui contratado para fazer uma reportagem para a Manchete e passei dois dias inteirinhos fazendo essa reportagem. No segundo dia à noite eu tinha até uma reunião com os trabalhadores e quando terminei, eu convidei o repórter e fotógrafo para ir lá em casa tomar uma pinga. </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Mentira ! Você está tomando já muito o uísque.</span> </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu tomo uísque . Não digo que eu não tomo uísque, não. Mas prefiro a pinga . </span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ffcc99;"><span style="color: #ff9966;">- Lula, como você está político!</span> </span></strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Minha mulher é quem pode te dizer... aí tomamos uma pinga e eles falaram: "Vamos jantar. Já que têm dinheiro para gastar, vamos gastar, que o dinheiro é da revista mesmo". Aí Marisa falou: "Você vai sozinho. Eu não posso ir que as crianças estão dormindo ". E fomos pra São Paulo mesmo. O cara falou: “Você tem problema de entrar num restaurante chique?” Olha, o dinheiro não é meu, certo? Eu entro em qualquer lugar. Aí passamos nessa boate aí do Gallery . Fomos lá, um negócio muito sofisticado, eu acredito que nunca um peão vai poder botar os pés ali. Não entendia nem o nome da comida, um cara pediu uma comida lá gostosa, eu comi, gostosa mesmo. Tomei um Cointreou, acho que era Cointreou, né?</span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="color: #ffcc99; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Você sabe que era .</span> </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu sei que tomei uns três copinhos um atrás do outro. Quando vim embora, o dono, um rapaz novo, conversou comigo bastante tempo, um papo inclusive muito agradável, sabe? Eu acho que ele tinha alguma coisa na cabeça porque sabia do que estava falando. Depois ele me ofereceu as camisetas e eu peguei uma para mim, peguei pros meus três filhos e se tivesse mais teria pegado mais. </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ffcc99;"><span style="color: #ff9966;">- Essas mordomias da burguesia não te deslumbram um pouco?</span> </span></strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Não. Eu estou muito calejado para isso, sabe ? </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Quantos anos você tem ?</span> </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- 34 anos. </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Não dá para calejar muito... as pessoas pensam que a corrupção é só financeira, mas eu tenho muito medo é da corrupção mental. De repente você começa a achar que a vida está mais fácil, está mais mansa e as coisas ficam bonitas, uma mulher muito bonita, um ambiente maravilhoso. Você está vacinado contra isso ? </span></strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Estou. Na verdade, mulher bonita não aparece assim. </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Para Lula aparece.</span> </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Não aparece... então, se aparecer, mostra aí! </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ff9966;">- Vai que tu leva cascudo da tua mulher que tu vai ver!</span> </span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu sei ... Quando a gente está num processo de negociação coletiva, por exemplo, a gente janta nos melhores restaurantes, nos melhores hotéis, com os empregadores. Às vezes eles não querem descer até a gente e convocam a gente para ir no hotel Ca' D'oro por exemplo. Eu não tenho preconceito de vir aqui ou ir lá . O que me importa, o que está na minha cabeça é uma coisa: <span style="color: #33cc00;">no dia em que eu tiver que mentir para os trabalhadores, eu largo, eu deixo de ser representante</span>. Esse negócio não me ilude, esse negócio não me ilude, não me traz... não me atrai, no sentido de fazer com que eu desencaminhe a minha vida por causa de mulher.</span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Quando esteve aqui o chanceler Helmut Schmidt você foi nas festas, parece que houve até quase o oferecimento das mulher de para você. E a história contra grandes revoluções e grandes quedas foram feitas na cama. Isso acontece, Lula?</span> </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu não sei. Tem uns colunistas sociais... eu acho que os colunistas sociais deveriam arrumar o que fazer em primeiro lugar... Já saiu na coluna social que a Ruth Escobar queria casar comigo, que a Bruna Lombardi queria casar comigo... Deus do céu, se acontece de os grandes problemas serem resolvidos na cama, isso não acontece comigo. Nem os problemas meus e de minha mulher são resolvidos na cama, nem na cama que a gente conversa. Agora, esse negócio de patrão... eu acho que os patrões me conhecem muito bem e jamais fariam isso comigo. Sabem que eu não abriria mão nem um milímetro sequer dos meus princípios de honestidade por causa de mulher ou coisa parecida.</span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Você sabe que é um símbolo sexual deste país ? Você sabe que inúmeras mulheres dizem para mim: "Ah! O Lula!" ? Como é que você, nesta carência masculina, quando o desbum está total, como é que você se sente sendo símbolo sexual deste país? </span></strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Bom, primeiro estou tendo consciência de que eu... </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Não fica vermelho, rapaz!</span> </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- ... não sou esse símbolo sexual. Eu posso, quando muito, ser símbolo sexual para minha mulher. </span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- E para muitas mulheres do Brasil. E, por falar de mulher, outro dia eu perguntava ao Jânio Quadros por que a primeira-dama é sempre o objeto de adorno que o político tira da prateleira no momento em que precisa fazer a imagem da família. Me parece que você está entrando muito nessa, também. Você faz citação da sua mulher para compor uma imagem de família, que é a imagem que a sociedade aceita.</span> </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu só falo quando me perguntam. Se você me pergunta sobre a minha mulher, eu respondo. Não acho que a mulher de político precisa ser esse negócio que você falou aí. A vida que a Marisa leva não permite que ela tenha uma participação... embora ela faça essas reivindicações, essas queixas de que eu deixo ela dentro de casa, de que eu saio muito. Eu acho que é claro também que nem sempre dá para ela me acompanhar. Do ponto de vista político é importante que ela vá comigo, mas, por outro lado, tem o problema dos filhos. Se o desgraçado do pai já não pode dar carinho, porque as atividades políticas dele não permitem, eu acho que os filhos não podem prescindir do carinho e do afeto na mãe. Eu sou talvez um pouco machista, mas não como as pessoas acham que sou... e a Marisa também tem consciência destes problemas, de que ela não pode andar atrás de mim, porque é incabível a gente arrumar uma pessoa, primeiro que eu não posso pagar empregada. </span><br />
</div><div align="justify"><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Lula! ...</span> </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Não posso pagar! </span><br />
</div><div align="justify"><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ffcc99;"><span style="color: #ff9966;">- Lula! ... </span></span></strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Também não está na minha cabeça explorar ninguém. E aí é que eu fico puto com as posições de algumas mulheres que fazem isso aí: independente e esse negócio todo, sai para trabalhar fora, ganha 30 milhões por mês e paga a uma coitadinha 1500 para fazer em casa tudo aquilo que ela não gosta de fazer. Por que <strong>o mínimo que ela poderia fazer é o seguinte: ela vai trabalhar, para ganhar 30 com contos? Então, divida o salário com aquela que está em casa fazendo trabalho dela. </strong></span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- E por que não divide também o que o serviço de casa com o marido? </span></strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Seria até bonito e simpático, seria... </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Vem cá, menino. Você hoje tem uma posição de destaque. Não é perigoso o homem seguir como você seguiu e a mulher para ficar doméstica lá em casa, não compreendendo as passadas do marido? Não pode acontecer uma ruptura?</span> </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu tenho consciência disso. A Marisa tem consciência disso. Agora eu acho que não chega a romper a vida de um casal se houver pé no chão.<strong> </strong></span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Mas você reconhece que é perigoso.</span> </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Reconheço. Reconheço que a pessoa passa a viver num meio diferente do mundo dele. Mas eu tenho consciência de que, embora eu tenha chegado à posição que cheguei, no meio político, a única coisa que aprendi na vida foi ser torneiro mecânico. No dia em que eu sair do sindicato eu vou ser torneiro mecânico. </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Você acha que depois de todo esse desbum poderia voltar ao ramo? </span></strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu tenho certeza, porque a única coisa que eu sei fazer. O respeito que os patrões têm com a gente é enquanto a gente está aqui numa posição de confronto com eles, mas, quando a gente sai do sindicato, são os primeiros a meter o pé na bunda da gente. Agora, eu sei que o Carlos Villares vai ter que me aturar doze meses lá dentro por que, quando eu sair do sindicato, a lei me garante doze meses. </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- E a candidatura de senador?</span> </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Não. Não existe isso . </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Houve todo uma euforia em torno do Leonel Brizola, como se ele simbolizasse a abertura, quando nós sabemos hoje que ele é apoiado por um grupo de empresários, quando sabemos que ele foi a necessidade do governo em certo momento, e que ele concedeu. Isso aconteceu com Lula? Lula foi uma necessidade do momento, uma concessão do governo?</span> </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: black;"><span style="color: white;">- Olha, eu preferia que as pessoas de fora dissessem isso, porque eu sou suspeito. Veja, eu acredito que num determinado tempo a imprensa burguesa tentou me usar. Eles precisavam de uma abertura política e tentaram usar a imagem do Lula como um símbolo, até conseguir a abertura que interessava a eles.</span><strong> </strong></span></span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>- Essa mesma imprensa te massacra hoje? </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu acho que eles achavam que eu não passaria daquilo. Era maravilhoso levantar o Lula lá nas alturas, por que o Lula reivindicava apenas 10% de aumento. Hoje eu estou reivindicando uma coisa mais importante que isso; estou pedido transformação para uma sociedade brasileira onde não pode existir o rico e pobre. Por que não existe uma sociedade igualitária? Por que o dono do Estadão tem que ter tudo aquilo que tem e empregados dele não têm nada? Por que na Volkswagen os donos têm que ter tudo o que têm e os empregados não têem nada? Nada mais justo do que os empregados passarem a usufruir de todos os lucros que as empresas têm. </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- E as multinacionais ?</span> </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Olha, eu acho que num determinado tempo elas já foram benéficas e são benéficas ainda, se olharmos apenas para o lado da economia. Agora eu acho que faltou honestidade e um pouco de patriotismo para impor regras às multinacionais na altura em que entraram no Brasil. Hoje, essas empresas praticamente se sentem donas do Brasil, fazem o que bem entendem, mandam o lucro pra fora. O governo não tem nenhum controle, não tem peito sequer de as enfrentar. Então eu acho que, num determinado momento, a gente acabará com as multinacionais e irá nacionalizar todas essas empresas. </span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Você acredita nisso? Mesmo nos EUA a multinacional é um câncer, ela é que manda. </span></strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- A sociedade americana é uma sociedade capitalista, onde cabe qualquer coisa. Mas numa sociedade socialista a coisa é um pouco diferente.<strong> </strong></span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Mas o que é uma sociedade socialista? Não é o velho e rançoso discurso, onde o trabalhador acaba sendo usado? Você acha que o Brezhnev vive como um trabalhador ? </span></strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu não quero pegar o exemplo do Brezhnev, não sei nem falar o nome do cara aí. Eu quero é pegar o exemplo do Brasil. Eu acho que nós, brasileiros, temos que pleitear uma sociedade socialista e a forma que vai ser esse socialismo está na cabeça do trabalhador, não está em nenhum livro, não. O importante é que o trabalhador comece a entender que não é justo chegar ao fim do ano, ele não poder comprar um presente pro filho dele, enquanto o patrão compra tudo.<strong> </strong></span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Mas o presente do filho dele é da sociedade capitalista. </span></strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Mas por que? Poderia ser de outra sociedade. Ou os trabalhadores socialistas também não dão presentes para os filhos? O que nós não podemos é ficar deslumbrados com o socialismo democrático, a social-democracia européia. Ah! Os alemães vivem bem, os suecos vivem bem - por que tudo provém das explorações que empresas alemães e suecas impõem aqui e no resto do mundo. Isso é que dá o luxo de pagar um bom salário para os trabalhadores deles, a miséria nossa. Agora, e no dia que não tiver mais Brasil para explorar?<strong> </strong></span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ff9966;"><strong>- Lula, o reformista radical. Eu não gosto dele porque anula e abafa a individualidade. Eu estou falando da individualidade, não do individualismo na sociedade capitalista. Agora, eu tenho um pouco de medo desse socialismo que anula a individualidade. </strong></span></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Quando eu digo socialismo, eu me refiro a uma sociedade justa, e igualitária, onde não existem exploradores e explorados, aquele negócio todo. Eu sinceramente não saberia dizer que modelo é esse, mas eu acho que o conjunto da sociedade brasileira, se discutisse isso, saberia encontrar uma solução. </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Aí é difícil o modelo.</span> </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Mas eu acho que o consenso de uma discussão a nível nacional daria um modelo específico. O que eu acho que é incabível, por exemplo, é uma pessoa de 200.000 por mês pagar 2,3000 cruzeiros a um trabalhador, e ainda bota chefe para o convencer que é aquilo mesmo, que está bom. </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Lula, em toda minha vida de trabalho eu consegui um apartamento e um carro, os dois bem classe média decadente e a minha indenização que eu tenho agora. Eu te confesso que não gostaria de dividir isso como ninguém. Isso é feio? </span></strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu acho que o que a gente consegue com um puta sacrifício, trabalhando, não é justo a gente dividir. Eu acho justo é que todos tenham esse mínimo que a gente tem. E não tirar de você, tirar de mim, tirar de outros companheiros que têm sua casa. Mas eu acho que tirar de quem tem 100 casas, isso é justo, porque não acredito que ninguém vivendo de salário tenha mais que uma casa. Nós temos que brigar para todo mundo ter aquele mínimo que a gente tem.<strong> </strong></span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Lula, tem um velho ditado brasileiro que diz "quem cu tem medo". Lula já teve medo?</span> </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu já tive medo, sim. acho que até 75 eu era muito medroso. Depois desse ano, em que meu irmão foi preso e torturado, eu perdi o medo. A gente tem que ter na cabeça o seguinte: se a razão pela qual aconteceu aquilo valeu de alguma coisa para a coletividade, então eu acho que vale a pena qualquer sacrifício. A única coisa de que eu tenho medo é, às vezes, fazer propostas inconseqüentes e levar minha classe há uma luta inglória.<strong> </strong></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Lula, como você vê a 'moderna' igreja? Eu não acredito nesse modernismo, porque se é moderno não pode ser padre.</span> </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu não acredito na moderna igreja. Eu acho que a igreja como a instituição sempre esteve do lado dos poderosos. Agora, algumas pessoas da igreja tem posições maravilhosas. </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- E o movimento da libertação feminina ? Você não acha que a mulher é oprimida? O homem é opressor da mulher, é ele que tem o poder aquisitivo?</span> </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Não, eu não acho que o homem é opressor. </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Machão, porco chauvinista!</span> </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Não, não acho. Nós temos que olhar todo um conceito que está formado e não depende do homem de hoje. Depende, historicamente, universalmente... O que você precisa entender é que não passa no homem esse conceito de que ele é o responsável da casa. Também está muito da mulher nisso. Muitas mulheres, a maioria, casam p’ra deixar de trabalhar, ter filho... </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Como sua esposa. </span></strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Agora é diferente. Deixar o cabelo do sovaco crescer e ficar pedindo liberdade para a mulher aí. Ora, meu Deus do céu. Será que cada madame que anda defendendo a liberdade aí não é melhor ela pegar duas prostitutas e pagar um salário digno para elas trabalharem em sua casa fazendo limpeza? Você vê madame de sovaco cabeludo aí pagando 2500 cruzeiros p’ra empregada doméstica trabalhar das 8 da manhã às 8 da noite e ainda vir no sábado e domingo. Está querendo liberdade pro 'eu' e não têm liberdade para todo mundo. É fácil, sabe. </span><br />
</div><div align="justify"><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ff9966;"><strong>- E a tua mulher ? </strong></span></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Minha mulher lá em casa não pede dinheiro para mim. Ela tem liberdade de chegar na minha carteira e pegar dinheiro. Só não entrego o envelope de pagamento pr’a ela, ela nem sabe quanto eu ganho... eu acho que liberdade não é a mulher fazer o marido lavar a louça.<strong> Ela ainda corta as unhas do meu pé. E não é por que eu obrigo, não, é porque o conceito de liberdade dela é muito diferente: é fazer aquilo que eu quero, é fazer aquilo que ela quer, sem que eu abra mão da minha liberdade. E o que muitas mulheres querem é liberdade colocando o homem como escravo. Eu acho que a mulher... </strong></span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- É uma bosta! </span></strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- ... para ter liberdade, ela conquista dentro de casa essa liberdade e, sem fazer com que o marido abra mão... </span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Eu não entendo muito bem porque eu não tenho saco pra agüentar homem. Eu não estou aqui para cortar unha de dedo do pé de homem nenhum, ele não é aleijado, ele que corte, porra!</span> </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Mas você gostaria que um homem cortasse sua unha. </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Não, de jeito nenhum. não sou aleijada! </span></strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Esse radicalismo está da língua para fora. </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Não está não. Pode parar! Pode parar! Pode parar!</span> </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Se você chegasse em casa, de noite, cansada do trabalho, tomasse um belo banho... </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Aí eu tenho um filho da puta dentro de casa vivendo as minhas custas. </span></strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- ... tomasse o belo dum banho e deitasse no sofá e o maridinho... </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Aí eu não tenho marido, tenho um bicha, um desgraçado... </span></strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu não sou contra esse negócio de lavar louça, não. Quem gosta, lava. Quem quer trocar crianças, troca. Eu não faço isso porque não tenho o costume de fazer, não vou fazer. Se isto é machismo, eu sou machista.<strong> </strong></span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Você é! É, está encerrado o papo. Você é um puto dum machista.</span> </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Mas eu não acho justo eu saír de casa às oito da manhã e ainda fazer...<strong> </strong></span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Mas a Marisa fica lá socada, não sabendo nada do mundo.</span> </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Reconheço que o trabalho da mulher é muito mais ... </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Maçante... é muito desgraçado, alienante.</span> </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- ... muito mais sofrido que o do homem. E reconheço que algumas trabalham só por anseios de independência, mas a maioria trabalha para não morrer de fome. Agora, nós precisamos ver o seguinte: universalmente sempre houve briga entre o trabalho do homem e da mulher. Em alguns países, isso está acontecendo no Brasil, quando se abre um campo de trabalho muito grande para a mulher é para baratear a mão-de-obra. Nós não podemos permitir que se use a mulher para isso. A gente não pode pensar em jogar a mulher no mercado de trabalho enquanto houver excesso de mão-de-obra. Meu medo é esse. E não é nem a mulher em si, é quanto à participação, o direito de trabalhar que todos nós temos. </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Ainda dentro do assunto mulher; tão aí com uma campanha muito grande, nacional, aproveitando as mulheres terem começado a tomar posições políticas sérias... muita gente séria começou a reivindicar creches, salários iguais, e então jogarão assim uma areia nos olhos das mulheres com essa campanha a favor ou contra a legalização do aborto. Como você vê isso ? P’ra mim é jogada de areia.</span> </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Como homem casado que sou, tenho uma mulher, eu sou favorável à legalização do aborto. Eu acho que tudo o que é proibido é pernicioso. Proíbem a maconha e ela anda dentro da delegacia, como vi um delegado dizer. Proíbe-se não sei o que lá e as coisas estão acontecendo por aí. Proíbe-se aborto e as menininhas que conseguem iludir alguns homens... </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="color: #ff9966; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Coitadinhos dos homens... me vê um lenço que eu vou chorar de pena dos homens ...</span> </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- São poucos os homens que têm cara-de-pau de cantar uma mulher sem que ela dê motivo... Eu acho que a legalização do aborto foi evitar que, a coisa sendo proibida, as mulheres vão nas benzedeiras da vida, que estragam muitas, estragam o organismo. Então eu acho que deveria ser legalizado, mas acho que o aborto é uma questão também de consciência, de formação, de cultura de um povo. </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Você deixaria tua mulher fazer um aborto ?</span> </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Não. Se ficar grávida, tem que ter. Agora, eu tenho que respeitar também a vontade dela. Se ela achar que não dá... </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Um pedido que eu faço: antes de você fazer qualquer pronunciamento a esse respeito, sendo hoje um mundo líder nacional, pense muito bem.</span> </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu nunca conversei com Marisa sobre isso. Depois desta entrevista eu vou conversar com ela. E o posicionamento que a Marisa achar que deva ser, depois de discutir muito com ela, é o posicionamento meu, o oficial. Quando eu falar agora, eu falo em nome da minha mulher. </span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Lula, você é muito moço: como você vê o retorno dos velhos políticos? Dez anos pesam pra caramba. Eu vi o Brizola, que foi um sujeito mais ou menos importante nesse país durante 15 anos, e ouviu os Vargas todos, eu vi toda essa cambada que está voltando aí. E que está voltando endeusada, dizendo as mesmas coisas e muita gente aplaudindo.</span> </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu acho que a gente não pode desrespeitar, não pode deixar de ... </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Ouvir os mais velhos. Não me venha com essa conversa! </span></strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu acho que a gente não pode desrespeitar o que representam algumas figuras políticas do passado. Eu tenho algumas restrições à forma de heroísmo com que essas pessoas voltaram. Eu acho que herói, efetivamente, é a classe trabalhadora, que ficou aqui 15 anos padecendo da irresponsabilidade de algumas pessoas no passado. Eu acho que as pessoas podem voltar. O Brasil é o lugar delas, mas não venham querer cagar regras para a classe trabalhadora, não, que ela é muito mais vítima da revolução do que qualquer um deles. </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Eu vou te dizer alguns nomes, e gostaria que você fosse objetivo na resposta. Castelo Branco.</span> </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Os ideais de Castelo Branco eram melhores do que os generais que o sucederam. </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ff9966;"><strong>- Médici.</strong></span> - Eu acho que foi o propulsor da grande mentira brasileira. </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Figueiredo. A abertura aconteceu mesmo ? </span></strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Você sabe que eu não discuto a questão do homem Figueiredo. Às vezes tenho a impressão de que Figueiredo é vítima de um regime que está aí e que com outra pessoa seria a mesma coisa.<strong> </strong></span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Golbery do Couto e Silva. </span></strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Se ele é, efetivamente, o idealizador de tudo isso, então é uma pessoa perniciosa a sociedade brasileira. </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Mas os grandes movimentos de trabalhadores sempre foram inspirados por alguém de elite. O próprio Marx era um homem de elite, vivia com uma condessa. E Engels, o grande injustiçado, era um operário que passava para ele o que precisava ser feito. Você acredita piamente que a classe trabalhadora hoje saiba caminhar sozinha sem necessidade desta elite, quando você mesmo já está fazendo concessões para essa elite deixando-se envolver no PT? </span></strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;"><span style="color: white;">- Eu acho que a classe trabalhadora já consegue andar pelas próprias pernas</span>. </span></strong></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;"></span></strong></span><br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Um homem de sua grande admiração.</span> </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Tiradentes. </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>-<span style="color: #ff9966;"> E uma mulher. </span></strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Minha mãe. </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Por que? Porque anônima e lutou ? </span></strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu sei que todo mundo dá valor à mãe, mas a minha mãe conseguiu criar cinco homens, todos casados, e três mulheres. Não criou nenhum bandido, nem marginal, e isso na maior miséria, na maior dificuldade. E hoje eu fico pensando na facilidade com que as mulheres querem que as coisas aconteçam. E fico pensando que as mulheres antigamente eram muito mais mulher, em todos os sentidos. </span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Lula, qual é o teu signo?</span> </strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Escorpião.<strong> </strong></span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- Haja deus!</span></strong></span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="right"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="right"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="right"><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>Entrevista concedida à apresentadora de rádio e televisão Xênia Bier </strong></span><br />
</div><div align="right"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>e publicada na Revista Especial. nº 5 - abril de 80 (pág. 234 a 278) </strong></span><br />
</div>Jurema Cappellettihttp://www.blogger.com/profile/16339170311595061062noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-3418942780652622491.post-4584673925798077092009-07-17T15:15:00.000-07:002009-07-22T09:26:01.391-07:00Nona Entrevista - Folha de São Paulo<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhag6szyAsMaY7XsEoEizTphXXSAV_EO-9GoW0DhvDLNhjQH8SRLEfxoYfuGrW4jFXs_PNmqu6Ft7VgcJQmdHSy1EtdSZpUXkBwZRvlXmg4ObjkeCSIZO7fbjkzPj6QGntURDoOsgDdJbE/s1600-h/NONA+ENTREVISTA+-+COMENT%C3%81RIOS.JPG"></a><div align="center"><span style="color:#333333;">*
</span>
</div><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 351px; DISPLAY: block; HEIGHT: 400px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5361307882154321810" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWvNKsTV5I_8ZVrzqEwAaG3JZkRfR3QH6lhbBSlLLbJfvol5KtrOvKQsoDIX-RmBvzVPokkR42bsEPdEojs0zLYvcUBOSEZrBcmRUe0CQTW_N0dpPQaKezCQlAZ3Fis6ZSpuEB_Akl2sw/s400/NONA+ENTREVISTA+-+COMENT%C3%81RIOS.JPG" /> <p align="center"><span style="color:#333333;"> *
</span><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:100%;">Apresentação</span></p><div align="center"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:100%;color:#333333;">***</span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:100%;">Uma tomada e posição firme e clara a respeito da atuação dos partidos políticos brasileiros frente aos problemas da classe trabalhadora tem caracterizado, desde o início, os pronunciamentos de Lula. Nesta entrevista, mais uma vez ele expressa seu desapontamento pela omissão dos políticos diante das necessidades da classe trabalhadora. E aponta a falta de trabalhadores entre os parlamentares como a causa de os problemas da classe não serem levados devidamente à Câmara e ao Senado. Daí lula defender criação de um partido dos trabalhadores.</span> </span></div><span style="font-family:trebuchet ms;"><div align="center"><span style="font-family:trebuchet ms;"><span style="color:#333333;">***</span></div></span></span><span style="font-family:trebuchet ms;"><div align="justify">Fala também da presença das Forças Armadas na vida política e aponta os aspectos negativos dessa presença, inclusive para as próprias Forças Armadas. </div><div align="center"><span style="color:#333333;">***
</span></div><div align="center"><span style="color:#333333;">***</span>
</div><div align="justify">
<span style="color:#ffcc99;"><strong>- Que opinião você tem sobre a classe política brasileira?</strong>
</span>- Em primeiro lugar, a classe política hoje é muito elitista, bastante distanciada da classe trabalhadora. Ainda recentemente, em Brasília, foi decepcionante para nós constatar essa distância dos políticos em relação aos nossos problemas. Mas existem diferenças entre a situação e a oposição. A oposição está cumprindo o papel dela, de criticar os atos oficiais que não condizem com as necessidades do trabalhador. Por exemplo, seus integrantes estão frontalmente contrários ao decreto 1632 e às reformas. Por outro lado, <strong>os políticos da situação são obrigados a fazer tudo o que o governo quer.</strong> Assim, uns estão <strong>comprometidos</strong> com os trabalhadores e outros <strong>com as regras do jogo</strong>. </div><div align="center"><span style="color:#333333;">***</span></div><div align="justify">Também acho que existem pouquíssimos representantes dos trabalhadores na Câmara e no Senado. Podemos contar, quando muito, meia dúzia de parlamentares que são trabalhadores, vieram do nosso meio. O MBD, é verdade, tem se mostrado bem mais acessível às reivindicação da classe trabalhadora e não poderia ser de outra forma, sendo o partido da oposição. Mas eu acho que, no bipartidarismo, <strong>é mais importante escolher o homem que se afina mais com os programas da classe trabalhadora</strong>. São esses homens que são escassos. Existem alguns. Devemos separar o bem do mal e não colocar tudo num mesmo saco.
<div align="center"><span style="color:#333333;">***</span></div><div align="center"><span style="color:#333333;">***</span></div></div><div align="justify"><strong><span style="color:#ffcc99;">- É possível criar um partido dos trabalhadores agora, ou você acha que ainda está na hora das alianças do trabalhador com a classe política tradicional?</span>
</strong>- O problema é o seguinte: eu continuo com a teoria de que,<strong> enquanto o trabalhador votar no patrão para que ele proteja nossos interesses, a situação não vai se alterar</strong>. Acho que<strong> a classe trabalhadora terá que se preparar politicamente para agir politicamente. </strong> E realmente penso que a classe trabalhadora deverá fazer um partido político nessa caminhada e um partido que terá mais chance de vencer do que qualquer outro.
Um partido político será a saída para a gente e também para outras camadas - todos que são trabalhadores, que vivem de salários, deveriam participar. Falta muito para chegarmos ao estágio do partido político, mas estou convencido de que o caminho é esse. A viagem de algumas lideranças sindicais a Brasília foi um primeiro asso, mas o ideal seria a presença de gente nossa lá, que imediatamente tomasse a posição adotada aqui pelas bases.
Há uma confusão quando se fala de participação política. O que eu quero dizer é que os sindicatos de trabalhadores devem exercer uma infuência sobre toda a classe política.
</div><div align="justify"><div align="center"><span style="color:#333333;">***</span></div></div><div align="center"><span style="color:#333333;">***</span></div><div align="justify"><span style="color:#ffcc99;"><strong>- As reformas políticas do governo Geisel trazem alguma esperança para a classe trabalhadora?</strong></span>
- Essas reformas confirmaram algumas coisas que venho pregando: há muita gente aí que fala em democracia e fala contra a democracia relativa, mas também <strong>muita gente que quer a democracia relativa, uma democracia só para eles</strong>, sem incluir os trabalhadores.
Essa preocupação eu tenho em nome da classe trabalhadora. Há muita gente dentro do partido do governo que não tem coragem de votar contra o decreto 1632. Para eles, a classe trabalhadora só tem direito de produzir, não tem direito de usufruir do que produz.
<div align="center"><span style="color:#333333;">***</span></div><div align="center"><span style="color:#333333;">***</span></div></div><div align="justify"><span style="color:#ffcc99;"><strong>- Você tem alguma esperança de que a candidatura do general João Batista Figueiredo, pela Arena, ou a do general Eules Bentes Monteiro, pelo MDB, tragam benefícios concretos aos trabalhadores?</strong></span>
- Eu acho que <strong>o candidato ideal à presidência da República seria aquele que, escolhido no meio do povo</strong>, fosse eleito pelo voto livre e direto da nação. Como trabalhador que sou, impossibilitado de escolher o presidente da República, faço votos que o colégio eleitoral escolha o melhor dentre os dois candidatos indiretos. </div><div align="center"><span style="color:#333333;">***</span></div><div align="center"><span style="color:#333333;">***</span></div><div align="justify"><span style="color:#ffcc99;"><strong>- Como você vê a atuação política dos militares dentro do regime brasileiro?</strong></span>
- Num regime democrático normal, os militares, como qualquer outro cidadão, devem participar, concorrer a eleições, etc. Agora, <strong>quero chamar a atenção das Forças Armadas</strong> para um aspecto muito importante. No mundo inteiro, as Forças Armadas são admiradas pelo povo, porque seu papel principal é assegurar a paz no país, contra ameaças externas. Então, a sociedade em geral admira a abnegação e o esforço dos militares. O que me preocupa é que no Brasil os militares assumiram tantos postos de comando que a culpa de tudo o que acontece de ruim recai sobre eles. Isso é extremamente negativo. </div><div align="center"><span style="color:#333333;">***</span></div><div align="justify"><strong>Já tive oportunidade de conversar com altas autoridades </strong>das Forças Armadas no Brasil, e notei que o desconhecimento dos problemas da classe trabalhadora é muito grande. Acho que é importante que os militares <strong>deixem de ver os trabalhadores como os únicos responsáveis pela paz social, e que considerem também os empresários como um lado da questão</strong>. Seria muito <strong>interessante que lideres sindicais pudessem falar na Escola Superior de Guerra</strong>, que, a gente nota pelos jornais, é um grande foro de debates da situação nacional, e onde os empresários falam.
<div align="center"><span style="color:#333333;">***</span></div></div><div align="justify"><strong>Gostaria de falar na ESG</strong> porque <strong>seria uma oportunidade para mostrar aos militares</strong> <strong>que a classe trabalhadora está muito mais interessada na grandeza do Brasil</strong>, na criação de um país que seja realmente uma potência, do que a maioria dos empresários, que só pensam nos seus lucros, esquecendo suas obrigações com a nação.</div><div align="justify"><div align="center"><span style="color:#333333;">*** </span></div><div align="center"><span style="color:#333333;">***</span></div></div><div align="justify"><span style="color:#ffcc99;"><strong>- Como se resolverá o problema do peleguismo na estrutura sindical brasileira?</strong></span>
- Só acabaremos com o pelego quando, livremente, pudermos decidir a <strong>configuração de uma nova estrutura sindical para o Brasil,</strong> com a participação da classe trabalhadora nessa confecção. Só então poderemos acabar com o comodismo que existe no sindicalismo brasileiro, quando os presidentes de sindicatos não forem mais donos das eleições, quando todas as chapas concorrentes tiverem o mesmo direito de participação. </div><div align="center"><span style="color:#333333;">***</span></div><div align="center"><span style="color:#333333;">***</span></div><div align="justify"><strong><span style="color:#ffcc99;">- O que separa a classe trabalhadora do governo ?</span></strong>
- O que separa o trabalhador do governo é principalmente o modelo econômico implantado que só beneficia as empresas, prejudicando os operários. Nos conflitos que aparecem, o governo, na maioria das vezes, toma o partido dos empresários, sem perceber que só haverá realmente paz social quando existir equilíbrio entre o capital e o trabalho. A prova disso está aí para todo mundo ver: em todos os países desenvolvidos existe esse equilíbrio, o governo não toma sempre o partido dos empresários. </div><div align="center"><span style="color:#333333;">***</span></div><div align="center"><span style="color:#333333;">***</span></div><div align="justify"><strong><span style="color:#ffcc99;">- Que condições mínimas o governo precisa oferecer para o nascimento de diálogo com os trabalhadores?
</span></strong>- O fundamental realmente é a liberdade e a autonomia sindical, com o governo interferindo no relacionamento entre as empresas e os trabalhadores somente quando chamado. Ou seja, <strong>que o governo deixe de tutelar a classe empresarial e a classe trabalhadora</strong>, como faz até agora. Você veja, quando a inflação aumentou muito, os trabalhadores foram os prejudicados. Nossos salários foram arrochados, as greves foram proibidas e, nem por isso, a inflação diminuiu. Acho que se o governo entendesse, por exemplo, que estamos suficientemente preparados para defender nossos direitos, compreendesse que <strong>os trabalhadores são verdadeiros patriotas que se sacrificam pelo desenvolvimento nacional</strong>, e que só reivindicamos uma participação justa na riqueza, as coisas ocorreriam melhor. Para isso,<strong> é preciso que o governo deixe de fixar índices de aumento salarial que não correspondem à realidade</strong>, que são inferiores à inflação e à produtividade dos operário. As negociações diretas entre patrões e empregados são mais realistas; nós sabemos o que podemos pedir, também não queremos aumentos absurdos, que levem os empresários a fechar suas fábricas, porque precisamos trabalhar para sobreviver. </div><div align="center"><span style="color:#333333;">***</span></div><div align="center"><span style="color:#333333;">***</span></div><div align="justify"><span style="color:#ffcc99;"><strong>- Em l976, você dizia que Arena e MDB são iguais, porque há trabalhadores na Arena e patrões no MDB. Depois disso você modificou um pouco sua posição, ou continua com uma visão algo obreirista do processo político?</strong></span>
- Sempre tive uma preocupação com os políticos e os intelectuais, porque a história nos mostrou que a classe trabalhadora foi usada e não se beneficiou com isso. Continuo com o mesmo ponto de vista: <strong>a classe trabalhadora deve caminhar com suas próprias pernas</strong>. Existem certas lutas que a classe trabalhadora deve encaminhar sozinha, como existem outras que não são apenas nossas, mas de toda a nação, Nesses, casos, <strong>nós podemos nos aliar a ouros setores sociais. </strong></div><p align="center"><strong><span style="color:#333333;">***</span></strong></p><div align="justify"><strong><span style="color:#ffcc99;">- Por exemplo.</span></strong>
- Por exemplo, uma greve por maiores salários. Acho que a classe trabalhadora não tem por que se aliar a estudantes, intelectuais e políticos nesse caso, Já reivindicação pelo estado de direito democrático é de interesse de toda a nação, podemos então lutar em comum. </div><div align="justify"><div align="center"><span style="color:#333333;">***</span></div><div align="center"><span style="color:#333333;">***</span></div></div><div align="justify"><strong><span style="color:#ffcc99;">- Explique melhor como é esse partido do trabalhador que você tem na cabeça. Só entra operário? Alguém mais entra ? A estrutura será baseada na do extinto PTB?</span></strong>
- Primeiro, há uma diferença muito grande em achar que deve ser de uma maneira e saber se na realidade é possível ser dessa maneira. Eu <strong>não tenho um partido na cabeça</strong>. Quando falo em partido, não falo em partido trabalhista, mas em partido do trabalhador. <strong>Nada parecido como extinto PTB, que, pelo que sei, era composta também por patrões.</strong> Acho que devemos começar pela participação política do trabalhador, sem prevenção contra ninguém, sem discriminar siglas. É essa participação que vai canalizar depois para a criação do partido. </div><div align="justify"><div align="center"><span style="color:#333333;">***</span></div></div><div align="justify">Nesse período, temos que nos preocupar com a identificação de políticos que estejam dispostos a levantar nossas bandeiras, porque também <strong>não podemos abandonar nossos sindicatos para disputar eleições legislativas</strong>. É preferível, atualmente, buscar esses políticos mais identificados com a classe trabalhadora. Existem pessoas assim no Brasil. Ao mesmo tempo, vamos tentar renovar essa estrutura sindical questionando os dirigentes omissos. </div><div align="center"><span style="color:#333333;">***</span></div><div align="justify">Ainda acho que as autoridades deveriam levar a sério os dirigentes sindicais autênticos. Porque posso dizer, sem medo de errar, que os dirigentes omissos que cercam o governo, que querem enganar a classe trabalhadora e o governo, todos estão mentindo. <strong>Se alguém diz ao governo que o trabalhador está satisfeito, esse alguém está mentindo</strong>. É por isso que as autoridades deveriam dialogar com os dirigentes autênticos, porque não nos interessa enganar nem o governo nem as nossas bases. </div><div align="justify"> </div><div align="center"><span style="color:#333333;">***</span></div><div align="center"><span style="color:#333333;">***
</span>
</div><div align="right">Folha de São Paulo, 24 de setembro de l978.
Entrevista concedida a Getúlio Bittencourt</div><div align="right"> </div><div align="center"><span style="color:#333333;">*** </span></span></div>Jurema Cappellettihttp://www.blogger.com/profile/16339170311595061062noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3418942780652622491.post-28874550200129005452009-05-26T06:54:00.001-07:002011-09-25T16:38:55.393-07:00Oitava Entrevista - Diário do Grande ABC<div align="center"><span style="color: #333333;">***</span></div><div align="left"><span style="color: #333333; font-family: Trebuchet MS;">***</span></div><div align="center"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5340130909288716434" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEio5dy946v7TOr-ru2WWsZVICtEfrY-CeODznbbjW38RKVhgF7St4BviYvNhNI8M5Bv36Eyp-B_Ojg9DCR37S1tl6Mor79N5LFuJG2SxRw7car6cIc3r0Kqv97CMReWLP5jAMEM-YFRSyU/s400/Oitava+Entrevista.+APRESENTA%C3%87%C3%83O" style="cursor: hand; display: block; height: 241px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" /><span style="color: #333333; font-size: 180%;">***</span></div><div align="center"><br />
</div><div style="text-align: left;"><span style="color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>23 de julho de 78</strong></span></div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div align="center"><strong><span style="font-family: trebuchet ms;">Apresentação</span></strong></div><div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;">Nesta entrevista, Lula volta a analisar a greve de l978. A partir de uma análise mais abrangente, mostra que a grande causa dos problemas pelos quais passa o trabalhador é a própria legislação trabalhista. <span style="color: #333333;">*** </span>Daí à crítica da política o passo é muito pequeno. <span style="color: #333333;"><span style="color: #333333;">*** </span></span>Diante do debate nacional que se fazia na época pela redemocratização do país, Lula mostra que a democracia que interessa aos trabalhadores não é a mesma que interessa aos empresários, políticos, etc.; que a mudança de alguns artigos da CLT é muito mais importante para os trabalhadores do que o fim do AI-5 e do 477; que, conseqüentemente, a reformulação da estrutura sindical deve preceder a reformulação política, pois só assim será permitido ‘à classe trabalhadora participar em todas as decisões da nação’. <span style="color: #333333;"><span style="color: #333333;">***</span> </span>Ao contrário de pronunciamentos anteriores, nos quais se declarava apolítico, e a um mês da experiência da greve, Lula reivindica agora um espaço político para a classe trabalhadora, pois, segundo ele, “é chegado o momento de ela parar e ser instrumento”. Em outras palavras, a necessidade de o trabalhador lutar pela ‘criação de um partido político que possa representá-lo’ tornou-se evidente para o líder sindical do ABC. </span></div><div align="justify"><br />
</div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: trebuchet ms;"><span style="color: #333333;">***</span></span></div><span style="font-family: trebuchet ms;"><span style="color: white;"></span></span><br />
<div align="center"><br />
</div><div align="center"><br />
</div><div align="center"><br />
</div><br />
<div align="center"><span style="color: white;">***</span></div><div align="justify"><span style="color: #ffcc99;">- Como é que você viu, como líder sindical, o movimento grevista que eclodiu no Grande ABC? Como você faria um balanço desse movimento?</span> - É difícil fazer esse balanço agora. Eu acho que ainda falta fazer a alguma coisa para depois fazermos uma avaliação da greve. Mesmo porque a <strong>minha preocupação não é fazer um balanço do que passou, que faz parte já de um passado</strong>, mas discutir o que se vai fazer daqui para a frente<strong>.</strong> Nós poderíamos analisar a greve como um acontecimento natural num momento excepcional. Daí o fato de ela ter tido uma conotação extraordinária, <strong>uma coisa impossível de acontecer.</strong> Mas, precisamente vocês, que militam há muito tempo junto com a gente, que conhecem nosso trabalho e o posicionamento da classe trabalhadora, pelo menos tinham em mente que a coisa aconteceria, mais dia, menos dia. De que a ganância e a necessidade de fazer esta greve, até para justificar a alta sustentação da categoria metalúrgica, era patente. Estava escrito na mente de cada um dos trabalhadores. <strong>Eu não poderia falar nesta greve sem me reportar ao ano de 74</strong>, quando já por motivo de salário a classe trabalhadora fez algumas paralisações, como na Ford, na Mercedes e na Volkswagen. Poderíamos depois pegar como um balanço maior a luta pela reposição salarial em outubro do ano passado. Este foi, na minha opinião, o momento mais oportuno para se fazer esta greve. Eu já declarei algumas vezes que a greve só não saiu na ocasião porque não havia ainda uma sustentação de base. E a greve só teria realmente validade se fosse vitoriosa, como aconteceu agora. Não poderia acontecer pura e simplesmente para que fosse registrada como um fato histórico. Então veja, chegou a época do dissídio coletivo e o sindicato tomou uma posição antipática, que não foi bem aceita por muita gente, porque era uma posição de não pedir nada. Com o objetivo de mostrar – e quem participou das assembléias viu intenção – que tudo que nós tínhamos feito até aquela hora era mentira. De que <strong>tudo aquilo que o movimento sindical fez, de convocar assembléias, de falar, de pedir 90%, sabendo que vinha 30%, era uma maneira de, a cada ano que passava, ludibriar o trabalhador</strong> e fazer com que ele cada vez mais se afastasse do sindicato. Porque ele sabia que o sindicato pedia um determinado percentual que não viria nunca, porque há um decreto presidencial e este decreto normalmente ganha, atendendo ao desejo de poucos e não da maioria. Por coincidência, a greve estourou no primeiro dia após o pagamento com o novo reajuste. Não contentou a ninguém. E <strong>eu sempre costumava dizer que se alguma coisa tivesse que acontecer no sindicalismo brasileiro, aconteceria em São Bernardo</strong>. E não por causa da diretoria do sindicato, nem pelos olhos verdes do jornalista que viesse escrever. Mas por causa daquilo que representa o trabalhador metalúrgico de São Bernardo no contexto econômico nacional. Ninguém perdeu mais neste Brasil do que os metalúrgicos de São Bernardo, porque, se não bastasse nós deixarmos de ganhar alguma coisa pela implantação da política salarial no ano de l965, se não bastasse a exploração a que éramos submetidos nos anos de 73 e 74, com a crise do petróleo, nós, os trabalhadores de São Bernardo, começamos a perder aquilo que tínhamos: um bom salário e boas condições de trabalho. Porque as empresas, com o argumento de que o mundo estava em crise, começaram a praticar o rotatividade da mão-de-obra com muito mais intensidade, visando reduzir a folha de pagamento, aumentando seus lucros em prejuízo dos trabalhadores, que quando eram despedidos entravam ganhando até 50 ou 60% daquilo que recebiam no último emprego. O <strong>trabalhador, então, foi tomando conhecimento de que a política salarial não espelhava sua necessidade</strong>, de que em l973 foi roubado em 34% - fora os roubos feitos nos anos anteriores e posteriores - de que não adiantava participar de uma assembléia de sindicato para pedir 60% e de pois cair na realidade, quando chegava na decretação do índice e o governo decretava aquilo que bem queria, sem levar em consideração a produtividade, a rentabilidade das empresas e os prejuízos que os trabalhadores vinham tendo ano após ano. E bastou colocar as cartas na mesa como elas eram, sem nenhum mistério. <strong>Mostrar para o trabalhador a verdade, ter a coragem de lhes dizer nas assembléias do sindicato</strong>, nos bate-papos que só viriam conversações pra valer quando as máquinas parassem. Eu acho que a classe trabalhadora entendeu a mensagem e percebeu que não era impossível parar as máquinas. <strong>E isso aconteceu</strong>. As coisas para nós agora tendem a se tornar bem mais claras, porque o trabalhador percebeu que não precisa fazer piquete e nem carnaval para fazer greve. É pura e simplesmente não ligar as máquinas quando ele entrar em serviço. </div><div align="justify"><br />
<br />
<span style="color: #ffcc99;"> Lula, um intervalo aqui. É uma questão que, se é do conhecimento do meio sindical e até de uma parte dos próprios meios de informação, ainda não é do conhecimento do grande público. A maneira como a greve se organizou, se estruturou e que tipo de envolvimento você, Lula, teve com a organização desta greve antes de ela acontecer. </span>- Olha ... Eu vou dizer o seguinte: O problema é muito sério. Eu continuo dizendo que a greve foi um movimento espontâneo. Num determinado momento da história trabalhista, a classe trabalhadora resolveu parar e parar justamente em São Bernardo, onde teve maiores prejuízos, embora algumas fontes ligadas ao governo continuem afirmando que os operários de São Bernardo não teriam razão nenhuma para fazer greve, porque ganham mais que os de outros locais. <strong>Eu, pela primeira vez acreditei no poder da mensagem, da idéia da palavra</strong>. <strong>E aí – eu já falei</strong> e talvez não tenha sido publicado até por modéstia dos jornalistas ou, quem sabe, por imposição do próprio dono do jornal – vejo que <strong>a imprensa como um todo teve grande participação no movimento que eclodiu em São Bernardo</strong>. Porque o trabalhador, de um ano para cá, tem ouvido falar de sindicato, de luta de classe, de reivindicação. Todo santo dia, pelos jornais, pelo rádio e pela televisão, é ele e a mulher escutando, e é o filho dele escutando falar que a classe trabalhadora precisa tomar uma posição.<br />
<br />
<br />
<span style="color: #ffcc99;">Mas toda greve, ou todo acontecimento deste gênero, tem um dia, um momento, uma hora. Para que este dia, esta hora e este momento aconteçam, é preciso que haja o que a gente chama de mobilização, de um trabalho de base. Como é que você viu isso? Você sabia desse dia ?</span> - O negócio é o seguinte. Como <strong>foi um movimento espontâneo, ninguém sabia do dia</strong>. Veja, a greve aconteceu numa indústria automobilística que tem o melhor salário médio da nossa região.<br />
<br />
<br />
<span style="color: #ffcc99;">- Mas também que tem o melhor nível profissional da categoria. </span>- É. E poderia ainda dizer que é a empresa onde há o melhor nível de conscientização político-sindical. Poderia dizer até que é a empresa que tem um dos dois melhores diretores de sindicato. Eu acho que bastou esse pessoal dizer a verdade. Há ainda um pormenor: essa empresa onde aconteceu a greve costumava, exatamente no mês de maio, logo depois do dissídio coletivo, dar três ou quatro por cento de aumento para todos trabalhadores. E ela se recusou a dar naquele pagamento. Poderíamos dizer também que o trabalhador dessa empresa estava acostumado a receber, em média, 60, 70 e até 80 horas extras, sendo que justamente no mês de maio foram cortadas essas horas extras e os trabalhadores não receberam nada. Não foram poucos os operários que me trouxeram envelopes de pagamentos estourados, tendo para receber Cr$ 100,00, Cr$ 75,00, Cr$ 200,00, quando precisavam pagar Cr$ 2.000,00 de aluguel. Eu acho que aí está o motivo por que os trabalhadores, no dia 2, resolveram parar. <br />
<br />
<br />
<span style="color: #ffcc99;">- Você falou que na época da reposição não havia sustentação de base. Mas o que você entende por sustentação de base? Na verdade, a palavra base vem sendo bem mal interpretada e até Paulo Maluf tem falado em apoio das bases.</span> - O Maluf está certo em falar em sustentação das bases. A base do Maluf são os convencionais da Arena, mas a base dos metalúrgicos é a classe trabalhadora como um todo. A sustentação de base a que me refiro pode ser exemplificada pelo movimento visando à reposição salarial de 34%. Depois de l968, quando tivemos o movimento de Contagem e Osasco, foi um dos poucos movimentos que mobilizou a classe trabalhadora em termos de Brasil, de São Bernardo ao Rio Grande do Sul, de São Bernardo a Pernambuco. <strong>Nunca se falou tanto de trabalhador</strong> como se falou naquele mês de outubro, de novembro, de dezembro. <strong>Agora, era necessário que todos os trabalhadores ouvissem falar que eles precisariam tomar uma posição...</strong> E eu creio que o momento oportuno foi no dissídio. Foi quando o sindicato tomou uma posição de mostrar que era tudo mentira, tudo um engodo, e o trabalhador realmente percebeu isso.<br />
<br />
<br />
<span style="color: #ffcc99;">- Você interpreta que esse acontecimento tenha sido causa ou conseqüência? Ele é causa de o trabalhador ter chegado a uma posição insustentável ou é conseqüência de uma relativa abertura que possibilitou ou essa movimentação sem uma intervenção ou uma interferência direta no sindicato?</span> - <strong>Sempre disse que a abertura deveria ser forçada e não pedida</strong>. <strong>Eu acho que a greve, realmente, foi um feito</strong>, que veio em função de uma repressão salarial a que a classe trabalhadora estava submetida. Foi conseqüência de uma exploração que impuseram à classe trabalhadora com argumentos não verdadeiros por parte de algumas autoridades, quando ao logo de 13 ou 14 anos tentaram pregar que o salário dos trabalhadores é que causava a inflação. Agora, depois de tantos anos, de conter essa inflação através de salários, nós chegamos a 1978 com o ministro dizendo que teremos 40 e não sei quanto por cento de inflação. É uma demonstração viva de que o salão ao causa inflação, salário só seria inflacionário se ele se sobrepusesse à produtividade, e a produtividade sequer é enquadrada no dissídio coletivo. <br />
<br />
<br />
<span style="color: #ffcc99;">- Você não acha que, nesses últimos 13 anos, o trabalhador vinha sendo dominado pela atmosfera do medo, em função até de nossa história sobre greve? </span>- Havia um conceito errado de greve. Inegavelmente, foram praticadas muitas greves políticas no Brasil e temos fatos históricos mostrando que <strong>algumas empresas nos anos 72 e 73 tinham intenção de que os trabalhadores fizessem greves, chegavam até a organizar determinadas greves</strong>. Então, a concepção do trabalhador era de que greve tinha que ter piquete, <strong>tinha que derrubar fábrica</strong>, tinha que ter polícia, morte e intervenção do sindicato. Acho que o movimento sindical pecou durante um determinado tempo por querer tutelar a classe trabalhadora. E de que forma tutelar? Mostrando a ela que toda uma legislação que cerceava os direitos de participação dos trabalhadores. Porém, o raciocínio e simples: existe <strong>uma legislação</strong> que cerceia o direito da classe trabalhadora e <strong>que não foi feita pela classe trabalhadora. Foi feita inclusive pelos nossos patrões.</strong> <br />
<br />
<br />
<strong><span style="color: #ff9966;">Se a legislação não é justa e o trabalhador entende que ela ao é justa, cabe a ele passar por cima dessa legislação para mostrar que é injusta.</span></strong> Acho, então, que houve um erro – sem condenar os companheiros dirigentes sindicais – durante os últimos anos, que foi o de querer tutelar a classe trabalhadora. Era comum dizer que determinado <span style="color: #cccccc;">(sic)</span> coisa não podia ser feita porque a lei não permitia.<strong> Nós não podemos permitir que uma lei feita por uma minoria tenha que ser respeitada pela maioria.</strong> Deveria ser justamente o contrário. <span style="color: #333333;">***</span> - Isto implicaria uma modificação na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e, conseqüentemente, numa anuência do Congresso Nacional? E, agora, <strong>acho que temos que entrar forçosamente na parte política. </strong><span style="color: #333333;">*** </span>- <strong>Temos que</strong> definir o seguinte. A CLT foi feita numa época em que praticamente não existia trabalhador no Brasil. Foi feita pela imaginação criadora de um ditador, que copiou determinadas coisas. Poderíamos até considerar que, no momento em que a CLT foi instituída, ela era vantajosa porque não tínhamos nada. Hoje existe no Brasil um conceito totalmente errado de que há sindicatos fortes e fracos. Ora, <strong>o sindicalismo no Brasil só é fraco porque é medido pela quantidade de sindicatos que existem, e não pela sua qualidade</strong>. Aqui no Brasil <strong>se cria um sindicato como se gera um filho</strong>. Sindicato deve ser criado quando há realmente interesse da classe trabalhadora e quando há interesse de federações, de confederações e de governo, como acontece no Brasil.<br />
<br />
<br />
<span style="color: #ffcc99;">- Mas qualquer tipo de ação sindical não poderá ser dissociada de uma política, porque as mudanças que se pretendem conquistar no quadro legal brasileiro intimamente ligadas ao aspecto político. Então, como você vislumbra a com quista desse direito do trabalhador s em uma estrutura e uma estratégia política?</span> - Tem uma frase que eu costumo dizer, que não é bem aceita nos meios políticos: existem determinados segmentos da sociedade brasileira que só admitem uma reformulação da estrutura sindical a partir do momento em que for feita uma reestruturação política. Ora, como trabalhador, eu vejo a coisa num ângulo mais obreiro. Quem disse que não deverá haver esta reformulação sindical primeiro, para depois haver a reformulação política? Quem me desmente isto? Há mais de um ano que digo que as pessoas que estão num determinado nível acham que devem se reestruturar primeiro politicamente. <strong>Quando se fala em democracia nesta terra eu tenho muito medo</strong>, porque <strong>a palavra democracia realmente é muito relativa</strong>, porque a democracia que interessa à classe trabalhadora não é a democracia da qual um grande número de pessoas está falando, como empresários, jornalistas, políticos, etc. <strong>Uma democracia que interessa à classe média não interessa à classe trabalhadora</strong>, porque se esta democracia vier alcançar apenas os interesses da classe média, essa classe média, historicamente, irá começar a chamar o trabalhador de subversivo e comunista. É por isso que eu acho que as coisas têm que começar de nós, trabalhadores.<br />
<br />
<br />
<span style="color: #ffcc99;">- <strong>O que você entende por democracia que interessa à classe trabalhadora</strong>?</span> - <strong>Em duas palavras</strong>: é <strong>aquela que permite à classe trabalhadora participar em todas as grandes decisões da nação</strong>.<br />
<br />
<br />
<span style="color: black;"><span style="color: #ffcc99;">- Mas um argumento que você tem ouvido insistentemente por parte do governo, em particular, e por parte de toda a classe política, é o seguinte: que está barreira a que você faz alusão – a de que o trabalhador não tem o direito de participar- seria ilusória e seria irreal, a medida em que os partidos estão aí, é assegurado o direito de filiação partidária, qualquer trabalhador pode se cadidatar a qualquer cargo eletivo.</span> </span>- Mas veja, <strong>as regras do jogo foram ditadas não pela classe trabalhadora, mas pelo poder dominante.</strong> <strong>Criam-se partidos</strong>. Porém, se nesses partidos existem determinadas regras que não foram feitas pela classe trabalhadora, dificilmente a classe trabalhadora conseguirá participar deles. Por outro lado, a castração a que esses partidos políticos também são submetidos não foi obra da classe trabalhadora.<br />
<br />
<br />
<span style="color: #333333;"></span> <span style="color: #ffcc99;">- Você acha que, diante do movimento da greve e de todos esses episódios subseqüentes, já existe uma consciência de classe do trabalhador?</span> - <strong>O trabalhador já tem condições de começar a se preparar para a criação de um partido político</strong>. E eu quero deixar bem claro aqui que <strong>um partido criado pela classe trabalhadora não é um partido trabalhista.</strong> <strong>Eu não sei qual será a sigla desse partido</strong>. A sigla, naturalmente, deve ser discutida com a classe trabalhadora. Eu não sei se será trabalhista, comunista, socialista, fascista. Mas será aquele que representá-la. <strong>Será do programa que for feito que sairá a sigla</strong>. Eu acho, inclusive, que poderão sair vários partidos da classe trabalhadora, porque as correntes ideológicas também existem entre nós. Num primeiro plano, contudo, <strong>precisamos mostrar ao trabalhador a necessidade de ele participar politicamente</strong>. A sigla é conseqüência. Será resultado do trabalho dessa classe.<br />
<br />
<br />
<span style="color: #333333;"></span> <span style="color: #ffcc99;">- Quando você estava em Salvador, <strong>chegou a São Paulo a notícia de que você proporia no Congresso da CNTI a criação de uma Frente Ampla de Trabalhadores</strong>. <strong>Até que ponto isto é verdade?</strong></span><strong> </strong>- Vamos deixar bem claro o seguinte: <strong>eu não disse que deveria ser criado ou que eu iria criar um partido.</strong> <strong>O que eu disse aos jornalistas de lá é que quem sabe surgirá</strong> no Congresso da CNTI <strong>o desejo da criação de um partido político</strong> pela classe trabalhadora. Foi exatamente isto que eu disse, acrescentando, talvez, o desejo de uma Frente Ampla dos Trabalhadores. <strong>Por que devemos continuar nos enganando com as camas que preparam para a gente e não preparamos a nossa própria cama?</strong> A partir daí o que verifiquei foi a manchete em todos os jornais na Bahia dizendo: Lula propõe frente ampla, etc. etc. Na verdade, é preciso clarear uma posição. <strong>Muita gente espera que o Lula</strong> <strong>restrinja sua atividade à reivindicação salarial</strong>. <strong>Mas há momento para tudo.</strong> Há o momento de reivindicar salário, há o momento de reivindicação política, de pedir segurança no trabalho. <strong>Mas ninguém duvida de</strong> <strong>que há o momento de a classe trabalhadora reivindicar política</strong>. <strong>Talvez o Lula nem participe disso</strong>, mas vários companheiros irão participar.<br />
<br />
<br />
<span style="color: #333333;"></span> <span style="color: #ffcc99;">- Você vai acenar com esse momento no Congresso do Rio de Janeiro? Você, por exemplo, acha que é este o momento de reivindicar essa participação do trabalhador?</span> - Sim, <strong>é este o momento</strong>. <strong>Eu acho que é chegada a hora</strong> até de nós sermos ouvidos num plano de energia nuclear. É inconcebível num país que é tido como subdesenvolvido, onde <strong>o povo está carente de coisas primárias</strong>, onde temos condições de plantar batata e conseguir que nasça até em pedra, onde cana dá até no ar, a gente pensar em criar uma energia nuclear ao invés de incrementar o programa do álcool. Quando já em l943 a Alemanha utilizava fartamente o álcool como fonte de energia. E eles faziam isso com foguetes. Eu acho que é muito mais fácil tocar um Volkswagen a álcool do que um foguete. E nós ficamos querendo ser como a casca do ovo. Ser grande belo por fora , sendo, que por dentro, temos o frágil. Temos que crescer internamente. E isto somente será possível se usarmos as nossas possibilidades. Essas coisas são tão primárias e continuam a acontecer, que <strong>é chegado o momento </strong>de agente começar a falar também. Realmente perdemos um momento importante ficando quietos.<br />
<br />
<br />
<span style="color: #333333;"> </span><span style="color: #ffcc99;">- Quando foi esse momento, Lula?</span> - Quem sabe no Congresso das Classes Trabalhadoras surja uma posição a respeito. E eu explico. Se o assunto é Constituinte, <strong>anunciam que o Lula</strong> se contrapõe à Constituinte. E isso é verdade. Eu tenho como exemplo três Constituintes que se realizaram no Brasil e nada trouxeram de positivo para a classe trabalhadora.<br />
<br />
<br />
<span style="color: #333333;"></span> <span style="color: #ffcc99;">- Para que seja posicionado historicamente o problema, parece-nos que é chegado o momento de você fazer uma definição que é a seguinte: qual é sua opinião sobre as reformas anunciadas pelo governo?</span> - Um documento feito por 31 dirigentes sindicais já deu a nossa posição diante das reformas. Embora esse documento tenha sido atribuído a mim, tenho a dizer que eu talvez tenha sido o mais incompetente dos 31 companheiros. É que <strong>hoje é Lula pra cá, Lula prá lá</strong>. <strong>Agora vê a minha opinião, e eu faço questão de que isso seja transcrito integralmente</strong>. Essas reformas estão sendo feitas única e exclusivamente no interesse dos grupos dominantes. Não servem aos interesses da classe trabalhadora.<br />
<br />
<br />
<span style="color: #333333;"></span> <span style="color: #ffcc99;">- Agora vamos voltar às bases. Essa mitologia que se criou em tornou de você por causa da aproximação que você soube conquistar de toda a imprensa e da divulgação constante de suas idéias e de seus pensamentos, também tem criado problemas em sua base. Problemas de ciumeira a nível de organização sindical, a nível de companheirismo sindical, etc. Recentemente, por parte da classe política, a gente tem ouvido uma acusação que corre particularmente no Grande ABC, de que você estaria sendo utilizado por uma facção do próprio governo através de suas posições, para prometer um extremismo que só vai redundar</span> <span style="color: #ffcc99;">na continuidade desta estrutura atual. Vamos dizer que, pelo próprio encaminhamento normal das coisas, está muito próximo o momento em que o povo como um todo, e não só a classe trabalhadora, vai se manifestar publicamente através o voto.</span> <span style="color: #ffcc99;">Então, ao querer precipitar uma situação, você estaria fazendo o jogo da extrema direita. </span>- Eu sou chamado por uns de pelego, sou chamado por outros de comunista, sou chamado por outros de membro da CIA, etc. Isso só <strong>demonstra uma coisa: que São Bernardo adquiriu, através dos tempos, a sua independência</strong>. E isso fere muita gente e serve inclusive para <strong>argumentos baixos</strong>, <strong>como os que se tem usado</strong>. <strong>Porque nesta terra e tão difícil você encontrar alguém que não seja corrupto</strong>, que quando aparece está cercado de inimigos – <strong>e isso eu gostaria que fosse escrito mesmo</strong>. Grupos de pessoas independentes, que não se submetem a compromissos ideológicos, mas que se submetem exclusivamente aos compromissos com a categoria que representam, que não se submetem a corrupções econômicas, como muita gente, realmente esses grupos têm que arrumar muitos inimigos, desde a ultra-esquerda até a ultra-direita. Isso só mostra <strong>a independência que o Sindicato de São Bernardo adquiriu durante os anos</strong>. É lógico. E seria duvidoso que as coisas acontecessem de forma diferente, que os grupos políticos existentes atualmente, como um todo, fossem favoráveis às posições que o Sindicato de São Bernardo tem assumido. Eu não vou citar nomes, mas <strong>seria duvidoso que o Movimento Democrático Brasileiro, que é um partido de elite, criado de cima para baixo, imposto pelo sistema, pelo regime que eles criticam, fosse favorável ao Lula,</strong> que começa a falar de independência da classe trabalhadora. Ora, meu Deus do céu, se eu até hoje me mantive no poder usando a classe trabalhadora como instrumento, vem essa besta do Lula falando em liberdade para a classe trabalhadora! É lógico que eu vou arrumar inimigos. Inimigos estarão dentro da imprensa, <strong>inimigos estarão dentro das fábricas - serão os patrões</strong> – estarão dentro dos partidos políticos, estarão aí, sei lá, espalhados por esse mundo a fora. Eu tenho convicção de uma coisa, que <strong>eu também faço questão que seja colocada</strong>: <strong>eu me predispus a dirigir o sindicato pela segunda vez, e enquanto não calarem a minha língua na marra eu vou falar</strong>. <strong>Eu vou mostrar a necessidade de a classe trabalhadora participar da vida política</strong> sem ser instrumento. Mas participar por dever, por necessidade de participação. Participar porque ela é maioria e isso não vai interessar a muita gente. <strong>Agora, em l981, eu tenho certeza também que me retiro da vida do sindicato</strong>, porque eu quero parar com tudo isso, pelo menos na minha pessoa. Mas não tenho dúvida nenhuma de que surgirão dezenas, centenas ou milhares de companheiros com o mesmo objetivo. Se pensam que falando mal de mim vão fazer com que <strong>a classe trabalhadora</strong> perca a ganância <span style="color: #cccccc;">(o uso deste termo foi ignorância ou ato falho?) </span>de <strong>participar politicamente</strong>, estão enganados. Porque hoje é patente, hoje está aí para todo o ser vivente enxergar: <strong>a classe trabalhadora mais do que nunca tem de participar da vida política do país</strong>. <strong>É chegado o momento</strong> de ela parar de ser instrumento , <strong>é chegado o momento</strong> de ela deixar de acatar aquilo que os outros determinam, <strong>é chegado o momento</strong> de ela exigir participação naquilo que lhe é determinado na sociedade brasileira. <strong>E quando eu falo de trabalhador quero deixar bem claro que não falo só de metalúrgico</strong>. Eu falo de todas as camadas de trabalhadores e vou mais longe: eu <strong>falo de todos os assalariados</strong>. Nós sabemos que está cheio de <strong>assalariados privilegiados, que estão sendo assalariados para ferrar a classe trabalhadora. </strong>Mas eu acho que existe uma coisa chamada princípio. Existe uma coisa chamada definição ideológica que todo o cidadão tem de ter. Pelo menos é o mínimo que se pode exigir de um cidadão. A não ser que nós queiramos que ninguém seja definido e que alguns que estejam definidos continuem a conduzir este estado atual.<br />
<br />
<br />
<span style="color: #333333;"></span> <span style="color: #ffcc99;">- <strong>Como é que vê</strong></span><strong> </strong><span style="color: #ffcc99;"><strong>Frente Nacional de Redemocratização</strong>? </span>- O problema é o seguinte, e eu gostaria de falar em poucas palavras: <strong>eu não tenho nenhum objetivo de atrapalhar a Frente. Acho que é um movimento que surgiu, que deve prosseguir</strong>... <br />
<br />
<br />
<span style="color: #333333;"></span><span style="color: #ffcc99;">- Você reconhece a legitimidade popular nela?</span> - Não, seria incoerente da minha parte. Primeiro que <strong>eu, Lula, considero a Frente ampla demais para o meu gosto.</strong> <strong>Acho que ela se abriu demais. Já não é nem leque mais, já é guarda-chuva.</strong> E ela também não nasceu do consenso da grande maioria dos segmentos da sociedade brasileira. Ela nasceu de meia dúzia de pessoas que quiseram aglutinar a grande maioria ao seu redor. E basta a gente começar a ver os jornais as divergências já existentes, porque <strong>a briga realmente é pelo poder. A briga não é pela participação, pelo programa</strong>.<br />
<br />
<br />
<span style="color: #333333;"></span> <span style="color: #ffcc99;">- Mas você <strong>não acha que, a esta altura dos acontecimentos, quanto mais grupos se unirem, quanto mais os estudantes, os trabalhadores, a Igreja, os professores estiverem unidos, mais interessante será?</strong> Porque o objetivo de todo mundo é a redemocratização, este pressuposto para se construir qualquer coisa </span><span style="color: #ffcc99;">depois. Então, você <strong>não acha que quanto mais união houver, deixando lado algumas divergências , melhor será? </strong></span>- Eu acho que deve haver uma união, desde que esta união não comprometa. <strong>Quando eu digo trabalhadores, eu acho que entram professores, entram advogados, medidos, uma camada muito grande de assalariados</strong> desta terra. Porque houve <strong>no Brasil uma proletarização de profissionais liberais, autônomos ou coisa parecida.</strong> Quer dizer, <strong>todo mundo é miseravelmente operário</strong>. Com apenas o privilégio de trabalhar em cinco empregos, enquanto nós, por problemas de horário, só podemos trabalhar num emprego. Então eu acho que dentro dessa proletarização haverá uma união. O que eu não posso conceber é o seguinte: existe uma determinada camada da sociedade brasileira, que é uma minoria, que defende muito a democracia – e eu disse agora há pouco que eu concordo com a democracia relativa do presidente Geisel. Esse pessoal quer uma democracia relativa, uma democracia que atinja até determinada parte da classe média brasileira. Porque a partir do momento em que atingir essa determinada parte da classe média brasileira, esse pessoal vai começar a chamar os trabalhadores de subversivos e comunistas outra vez, e vai cair de pau em cima da gente outra vez. Então, a democracia que nós trabalhadores queremos e que muita gente lá em cima não quer, e <strong>uma democracia na qual nós realmente participemos das grandes decisões do país. </strong><br />
<br />
<br />
<span style="color: #333333;"> </span><span style="color: #ffcc99;">- Pelo que nós podemos denotar de suas colocações, é a participação em tom majoritário, o que vai implicar praticamente uma participação dentro de uma ótica quase absoluta do trabalhador nas decisões nacionais</span><span style="color: #ffcc99;">. O seu modelo de democracia é aquele que considere o trabalhador como timão de um modelo brasileiro? </span>- Eu acho que democracia e realmente você respeitar as decisões da maioria. Ora, partindo desse pressuposto, eu acho que os assalariados deste terra são maioria. E não vejo por que <span style="color: #cccccc;">(sic)</span> esta maioria deva submeter-se aos desejos de uma minoria.<br />
<br />
<br />
<span style="color: #ffcc99;">- Você acha portanto que o trabalhador deve ter uma participação </span><span style="color: #ffcc99;">maior?</span> - Exatamente.<br />
<br />
<br />
<span style="color: #ffcc99;">- De que forma?</span> - <strong>Participando politicamente.</strong> <strong>Quem sabe criando um partido político</strong>, ou vários partidos políticos. Mas eu <strong>acho que deveria haver uma representatividade maior da classe trabalhadora</strong>. E tem outra coisa que eu queria <strong>responder também: aparentemente há uma divergência minha com relação à Igreja,</strong> e eu gostaria de definir alguma coisa. Taxativamente, sem nenhuma cisma de qualquer padre amanhã descer o pau em cima de mim, mas e o seguinte: a Igreja, historicamente, nunca esteve ao lado da classe trabalhadora. Temos que definir isso. E eu não posso confundir esse historicamente <span style="color: #cccccc;">(sic) </span>com um ou dois documentos da CNBB, que foram documentos de peso, dos mais extraordinários surgidos nestes últimos dez anos no Brasil. E também não gostaria de individualizar alguns nomes da Igreja, porque eu não conheço todos, e seria muito ruim eu citar um ou dois nomes em detrimento de, talvez, algumas dezenas de nomes bons que existem dentro da Igreja. Algumas pessoas da Igreja são pessoas extraordinárias, e estão realmente tomando posições que convergem para os interesses da classe trabalhadora, mas a Igreja como instituição – e eu não falo sequer da CNBB, mas da Igreja como um todo, mundialmente – nunca esteve do lado da classe trabalhadora. Eu só queria definir isso.<br />
<br />
<br />
<span style="color: #ffcc99;">- Mas dentro do ambiente político atual não vai ser possível realizar grande coisa. Tem que haver a redemocratização. Então, a meta fundamental é lutar pela redemocratização. Se a CNBB e a Igreja lutam pela redemocratização, os trabalhadores não poderiam andar juntos também</span><span style="color: #ffcc99;">?</span> - Algumas pessoas imaginam que deve haver a redemocratização para poder haver uma liberdade sindical, a uma modificação na estrutura sindical brasileira. Então eu pergunto a mim mesmo, quem disse que primeiro não tem de haver a briga do trabalhador pela modificação da estrutura sindical brasileira, para haver a redemocratização? Quem disse que tem que vir de cima para baixo primeiro, para depois sair <span style="color: #cccccc;">(sic)</span> as coisas do nosso lado? Para nós, democracia é liberdade sindical e a partir daí não tenho dúvidas de que alcançaremos uma democracia plena. Aí está a reforma do governo democratizando o país, com fim do AI-5, com o fim do 477, que não tem nenhum interesse para a classe trabalhadora. <strong>Alguns artigos da CLT são muito mais graves à classe trabalhadora que o AI-5.</strong> Quem disse que mudando esses artigos a gente não conseguiria um democracia não relativa, mas uma democracia plena? Na verdade, a gente começa a paralisar – e é isso que muita gente não aceita – e <strong>muito gente desce o pau em cima de mim.</strong> E eu <strong>quero que continuem a descer o pau em cima de mim, porque só me ajudam.</strong> Para o governo, é muito mais fácil reformular o AI-5 do que do que mudar o artigo 528 da CLT. Daí a importância do art. 528 da CLT que nunca foi mencionado por nenhum político, <strong>nem por ninguém da classe média ou da burguesia nacional</strong>. Por que ? Porque você estaria tirando algumas amarras ligadas à classe trabalhadora que, para quem está pedindo democracia relativa hoje não interessa tirar. Se fosse uma lei ordinária para a classe trabalhadora, a gente poderia conseguir muito mais do que a mudança de um AI-5 ou um 477. Não que eu seja contra a reformulação desses artigos, que dão poderes excepcionais a determinadas pessoas. Mas o que eu acho é que tem coisa muito mais grave para a classe trabalhadora que ninguém nunca falou ao longo dos anos; não é que não falou agora, após a Revolução; não se falou em 56, não se falou em 43. Não se falou em ano nenhum. Desde que a classe trabalhadora brasileira esteja amarrada, pode haver até democracia no país. Isso é o que muita gente quer, mas não é o que a classe trabalhadora quer. Vocês acham que posso me enganar? Que a democracia que o Magalhães Pinto quer é a que eu quero? Que a que o Euler quer é a que eu quero? Que a que o Severo Gomes quer é a que eu quero? E depois falam: “Lula, você quer ser o dono da verdade” . <strong>Eu sou o dono da minha verdade, isso que eu disse aqui é a minha verdade, aquilo que eu sinto, aquilo que eu quero. </strong><br />
<br />
<br />
<span style="color: #333333;"></span><span style="color: #ffcc99;">- <strong>Vamos colocar a coisa em termos de trabalhador.</strong> Você sabe que nós tivemos o PTB, PTN, enfim uma série de partidos que de trabalhador só tinha o nome, que eram todos manipulados por políticos da burguesia, como você diz. Com a perspectiva da reabertura, está havendo uma movimentação, inclusive aqui na região por parte de industriais, banqueiros, etc., de criar um partido de trabalhadores. A nossa região você sabe que e inexpressiva em termos políticos. </span>- Por causa dos próprios políticos.<br />
<br />
<br />
<span style="color: #333333;"></span> <span style="color: #ffcc99;">- Dentro desse contexto todo e dentro dessa nova perspectiva, <strong>você é favorável à criação de um partido de trabalhadores</strong> a partir das bases dos <strong>sindicatos</strong>?</span> - Sim, e é o que eu prego. Nós não podemos confundir o PTB com um partido de trabalhadores. Não se pode confundir os partidos existentes dentro da Revolução e propriamente o PTB com um partido da classe trabalhadora, porque ele era um partido também de elite. <strong>Eu não sei a sigla, eu não sei como se chamará</strong>, eu não sei se será Arena, MDB, Partido Comunista, Partido Socialista, PTB, Partido Democrata Cristão. <strong>O que sei é que nós trabalhadores temos que criar, talvez não um, mas vários partidos políticos,</strong> que atendam aos reclamos das várias ideologias existentes dentro das empresas.<br />
<br />
<br />
<span style="color: #333333;"></span> <strong><span style="color: #ffcc99;">- Você lideraria um partido deste?</span></strong> - <strong>Eu acho que existem dezenas e centenas de líderes dentro das fábricas que poderiam liderar um partido em melhores condições que o Lula.</strong> O que eu acho é que <strong>eu participaria de um partido com o qual me afinasse ideologicamente. Não sei a sigla. </strong><br />
<br />
<br />
<span style="color: #333333;"> </span><span style="color: #ffcc99;"><strong>- Já existe um partido ao qual você se filiaria?</strong></span> - <strong>Não, não. A partir do momento em que a classe trabalhadora criar um partido</strong> ou vários partidos políticos – vários porque as correntes e as tendências ideológicas dentro da classe trabalhadora também existem -, que pudéssemos criar um ou dois partidos dentro da classe trabalhadora, <strong>eu poderia me filiara a um deles</strong>.<br />
<br />
<br />
<span style="color: #ffcc99;"><strong>- Qual seria um programa mínimo desse partido?</strong></span> - Olha, <strong>eu não sei</strong>. Veja, <strong>eu quero me colocar assim numa posição de não definir esse partido</strong>. Eu acho que esse partido seria definido pela participação dos trabalhadores.<br />
<br />
<br />
<span style="color: #333333;"></span> <span style="color: #ffcc99;">-<strong>Concretamente, o que é que os trabalhadores pretendem fazer a curto e médio prazo em prol desse objetivo de criar partidos próprios? </strong></span>- <strong>Veja, eu ao sei o que a classe trabalhadora pretende fazer</strong>, concretamente. <strong>Eu lancei a idéia de que nos precisamos participar politicamente</strong>. Daí ao que a classe trabalhadora almeja é outra coisa. <strong>Vai existir um trabalho que não depende do Lula</strong>, vai depender de um consenso de um grupo de pessoas. </div><div align="justify"><br />
<br />
<span style="color: #ffcc99;">- Mas concretamente isto se expressaria de que forma?</span> - Não sei. Eu acho que se a gente fizesse esta gravação depois do congresso da CNTI, a gente poderia...<br />
<br />
<br />
<span style="color: #333333;"></span> <strong><span style="color: #ffcc99;">- Você vai apresentar alguma coisa na CNTI relacionada com a criação do partido? </span></strong>- Há um grupo de dirigentes sindicais que pretende mudar as regras do jogo. Talvez não obtenhamos sucesso, mas eu acho que a tentativa vai ser muito válida. A gente prevê uma reunião de um grupo de dirigentes sindicais no Rio de Janeiro, para uma tomada de posição com relação ao Congresso. No Congresso existe um regime interno que cerceia o direito do trabalhador, que cerceia o direito dos sindicatos de base. Pura e simplesmente ele dá privilégios aos dirigentes sindicais de cúpula, de federação, de confederação. Há uma proposta de um grupo de dirigentes sindicais para ser discutida no Rio de Janeiro que é a seguinte: a apreciação de um regimento interno substitutivo, pois o regimento da confederação não permite a participação da classe trabalhadora. Se esse regimento não for colocado em discussão, a gente pretende fazer um congresso paralelo, não sei com quantos sindicatos, mas com um grupo de dirigentes que expressam o que existe de mais digno no sindicalismo brasileiro. Se esse regimento for colocado em votação e for derrotado democraticamente, com todos os delegados participantes votando, deverá haver um consenso dessa equipe de dirigentes sindicais de, dentro do próprio congresso, ter tentado mudar as regras do jogo. É por isso que eu gostaria que muita coisa fosse falada depois do congresso, porque eu não sei o que vai acontecer. O que eu acho é que há uma disposição de um grupo de dirigentes sindicais do Rio Grande do Sul, de Minas Gerais, do Rio de Janeiro, de São Paulo, do Ceará, de tentar mudar as regras do jogo. Se não for possível, pelo menos nós temos de mostrar à opinião pública que tentamos mudar as regras do jogo.<br />
<br />
<br />
<span style="color: #333333;"></span> <span style="color: #ffcc99;">- Depois desse papo de uma hora e cinqüenta minutos , você acha que há mais coisas que precisam ser clareadas, definidas ou colocadas? </span>- Sabe, <strong>a gente precisa definir algumas coisas, não para atentar ganhar adeptos, mas para evitar que ganhemos vários inimigos. </strong>É o seguinte: <strong>é necessário deixar bem claro que o Lula</strong> nunca teve nenhuma intenção de ser o dono da verdade. <strong>O que o Lula tem como objetivo</strong> é ser dono da verdade dele. Da minha verdade. <strong>Eu faço questão, como amante da democracia, de ter o direito de dizer a minha verdade</strong>, para ser discutida com todo mundo. Então<strong>, eu gostaria de definir duas coisas básicas:</strong> primeiro, é que tudo que o Sindicado dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo tem feito <strong>não se deve à pessoa do Lula</strong>, mas a uma equipe que, juntamente <strong>com o Lula</strong>, tem tomado <strong>posições que têm dado certo</strong> e que <strong>o Lula leva a fama</strong> simplesmente porque é o presidente do sindicato; segundo, e que também nunca tivemos interesse de agredir ninguém, de ofender ninguém, de divergir de ninguém. Nós tivemos pura e simplesmente o desejo de mostrar a verdade da classe trabalhadora, chamada de verdade imprevista. Mas é que <strong>nunca se colocou as cartas na mesa</strong> para definir quem estava de certo ou errado. O sindicalismo dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Dadema espera é <strong>que neste país se reúnam de uma vez por todas, os homens dotados de boa vontade, de sinceridade, de honestidade para definir os destinos desta</strong> <strong>nação</strong>. Porque ela está realmente <strong>carecendo de pessoas que, honestamente, coloquem as cartas na mesa</strong> e <strong>resolvam discutir as soluções para os problemas de uma terra chamada Brasil</strong>. Eu acho que <strong>é chegado o momento de colocarmos as cartas na mesa</strong> com toda honestidade possível e <strong>tentarmos encontrar uma solução para o Brasil</strong>, que é <strong>um país hoje carente de lideranças</strong> em todos os setores. Somente os cegos de idéias é que não querem entender isso. <strong>Eu</strong> <strong>chamo as autoridades à responsabilidade</strong>, <strong>eu chamo todos os segmentos da sociedade brasileira à responsabilidade</strong>, porque <strong>é chegado o momento</strong> de deixarmos a vaidade pessoal de lado. <strong>É chegado o momento</strong> <strong>de nos darmos as mãos e encontrarmos soluções para os problemas definitivos deste país chamado Brasil. </strong><br />
<br />
<br />
<span style="color: #333333;"> </span><span style="color: #ffcc99;">- Agora, uma pergunta final: digamos que no tempo cronológico seja impossível toda esta formulação de um partido de trabalhador, cuja sigla não é o caso definir agora, antes das eleições que nós vamos ter a 15 de novembro e que</span> <span style="color: #ffcc99;">vão definir um bocado de coisas na vida nacional. Você acha que será o caso de essa equipe do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo se definir politicamente, dentro do quadro partidário que nós temos – Arena e MBD?</span> - Eu acho que esta equipe nunca irá se definir politicamente, pelo menos até as eleições de 15 de novembro, mesmo porque o voto é secreto. O que <strong>eu acho é que, não essa equipe, mas uma equipe muito maior de dirigentes sindicais espalhados pelos vários Estados, irão tomar uma posição política já em novembro,</strong> que terá como resultado a reunião de <strong>um grupo de pessoas dispostas a colocar as cartas na mesa</strong>. Mas eu a credito que nenhum dirigentes sindical poderá, até por uma medida de bom senso, dizer com quem vai ficar, de que lado estará. Penso, na verdade, o seguinte: não só os dirigentes sindicais mais <span style="color: #cccccc;">(sic)</span> todo o mundo tem o direito de votar, escolher um partido político que se aproxime mais daquilo que ele almeja e dentro daquele partido escolher um candidato e votar nele. <strong>E começar a brigar já a partir de 15 de novembro para que, quem saiba, nas próximas eleições as regras do jogo estejam mdadas em benefício do povo brasileiro. </strong></div><div align="center"><br />
<span style="color: #333333;">***</span><br />
</div><div align="right">Diário do Grande ABC, 23 de julho de l978. <br />
Entrevista concedida a Eduardo Dantas, Alzira Rodrigues, Alexandre Polesi, Eduargo Camargo e Édison Motta </div>Jurema Cappellettihttp://www.blogger.com/profile/16339170311595061062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3418942780652622491.post-47312034338082303442009-03-12T05:06:00.000-07:002011-09-25T16:27:24.282-07:00Sétima entrevista - Senhor Vogue<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMnxTXZBFYXbkyCQsx6_C3wdatzdTGMFCClsOLIra4PG8j0-eQAV-jY4N5AadTlzkncHhl4iFOe-Ak57BQc9PKGfvTsUs_BbH_ZyoGgwuxgqLQBuTxcJi_GZUR8jpi21EGIUHlRwzNajU/s1600-h/porra+2.jpg"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5312681091489816306" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMnxTXZBFYXbkyCQsx6_C3wdatzdTGMFCClsOLIra4PG8j0-eQAV-jY4N5AadTlzkncHhl4iFOe-Ak57BQc9PKGfvTsUs_BbH_ZyoGgwuxgqLQBuTxcJi_GZUR8jpi21EGIUHlRwzNajU/s400/porra+2.jpg" style="cursor: hand; display: block; height: 330px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" /></span></a><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> <img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5312674574214664706" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4Y2qMMkVSoK_j8nfYmljFUm6gFrylTruuTAdxK4XkKi8dIATIXiMOB-MuW77f0go4RF9yXVDJdAPSg2JZyFfQNp_qsYWVP4j6kwFP5OAtKnWbeVoqIPzzsNhQdEgeL0pG62bikZSmWeo/s400/PORRA+100.jpg" style="cursor: hand; display: block; height: 199px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" /> </span><br />
<div align="center"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #333333;">***</span></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: white;">j</span><span style="color: white;"><strong>ulho 78</strong></span></span></div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">A entrevista que segue apresenta alguns aspectos que a distinguem das outras. Na realidade, trata-se de uma conversa entre Lula e Ruy Mesquita (diretor de O Estado de São Paulo e do Jornal da Tarde), sua família e alguns convidados. Conversa de quatro horas, na residência do jornalista, durante a qual foram abordados praticamente todos os aspectos da realidade brasileira. O diálogo, gravado, rendeu cerca de 140 laudas datilografadas, das quais apenas alguns trechos foram reproduzidos, resultando um texto final de 15 laudas datilografadas, das quais apenas alguns trechos foram reproduzidos, resultando um texto final de 15 laudas. Dadas as características peculiares desta entrevista, resolveu-se conservá-la como foi publicada. Isso porque ela foge da reprodução pura e simples de perguntas e respostas: entremeando umas e outras, há as observações do entrevistador, suas opiniões, sua avaliação sobre o entrevistado. Em vários trechos, a palavra de Lula não aparece diretamente mas através do que nos diz o jornalista. Outro aspecto interessante neste trabalho é que, sendo o entrevistador não apenas um jornalista, mas um empresário jornalista, de opiniões amplamente conhecidas, a entrevista toma muitas vezes o caráter de debate de idéias. Com habilidade, tenta-se fazer com que Lula dê definições políticas e ideológicas categóricas. <strong>Com clareza e sem medo</strong> (como, aliás, nota o entrevistador), Lula se define pela participação do trabalhador na vida política do país, por um sindicalismo livre e atuante, pela necessidade de que o Brasil encontre seus próprios caminhos, com <strong>a participação indispensável da classe trabalhadora como ‘força viva’, e não apenas como instrumento dos que estão no poder.</strong></span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">Comecei repetindo o que disse ao Luís Carta (editor de Senhor Vogue) sobre a impressão que me ficou da entrevista na TV Cultura (programa Vox Populi), que me revelou, para grande satisfação minha, alguma coisa de realmente novo neste país politicamente traumatizado há quatorze anos, e novo num setor que não estava estagnado há apenas 14 anos, mas desde os tempos do Estado Novo, quando foram lançadas as bases e as estruturas do movimento sindical brasileiro contemporâneo. E o que me foi revelado de novo e de agradavelmente surpreendente foi justamente o fato de que, durante 14 anos de silêncio politicamente imposto, de letargia aparente, o edifício construído sobre aquelas bases e aquelas estruturas fora aluído por um movimento que brotou espontaneamente, no seio do próprio proletariado de São Paulo, em estado de pureza, incontaminado política ou ideologicamente e que se preocupa precipuamente em manter rigorosamente assim. O <strong>Lula</strong> que me surgia no vídeo, lúcido, objetivo, com uma clareza de raciocínio que se refletia na incrível facilidade de expressão, <strong>parecia o produto de um ambiente político totalmente diferente daquele que tem produzido as nossas atuais lideranças</strong> (ou pseudolideranças) políticas, eclesiásticas, intelectuais ou estudantis. E, no entanto, sua liderança nascera, evidentemente, nesse mesmo ambiente político. Como foi isso possível? Terá sido, talvez, porque foi o meio sindical o mais duramente atingido pelo estilo político do regime arbitrário implantado no país há 14 anos, a ponto de ter sido abandonado, ou pelo menos relegado a segundo plano pelos profissionais do proselitismo político e ideológico que continuaram a atuar em outra áreas, mais ou menos clandestinamente, durante esse período? É o próprio Lula quem responde: </span>- “Vamos ver se a gente consegue arrumar mais amigos do que inimigos. Em primeiro lugar, eu quero deixar bem claro que <strong>procuro ser honesto comigo mesmo quando eu respondo alguma coisa</strong>. Eu gostaria de deixar bem claro ao senhor que, às vezes, se eu responder alguma pergunta de uma forma que possa desagradar, não tenho o objetivo de ofender ninguém, mas tenho o objetivo de dizer aquilo que sinto, aquilo que eu tenho vontade de dizer.”</span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> <span style="color: #ffcc99;">Peço a ele que não me chame de senhor. E o seu espírito irônico se manifesta pela primeira vêz:</span> - “<strong>É muito difícil aprender a tratar os outros de você</strong>; mas a gente se acostuma...” - “<strong>Eu tenho o objetivo de dizer aquilo que sinto</strong>” – continua Lula. - “Com relação ao surgimento do movimento sindical de hoje, eu acho que está mais ou menos patenteado que <strong>quando um homem não tem compromisso com ninguém, quando um homem não é corrupto, quando um homem só tem compromisso com suas consciência</strong> ou com aquilo que ele representa eu acho que as coisas se tornam mais fáceis.” - “Comigo aconteceu uma coisa muito interessante. <strong>Eu era, até outro dia, um dirigente sindical igual a todos os outros...”.</strong> </span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- <span style="color: #ffcc99;">Mas, em outubro de l975 ele fez uma viagem ao Japão a fim de participar de um congresso dos trabalhadores da Toyota, e, lá no Japão, soube da prisão do seu irmão, que era vice-presidente do seu sindicato. E ele, até então, <strong>era um dirigente sindical igual aos outros porque, como todos os outros, sentia medo. </strong></span>-“Eu achava que a prisão era o fim do mundo, tinha preocupação com minha família, com meu filho, com minha, com minha mãe”. De volta do Japão, <strong>ouvindo do irmão o que ele sofrera na prisão, resolveu tomar uma posição. </strong>- “Porque eu acho que <strong>tudo aquilo aconteceu com meu irmão poderia acontecer a qualquer cidadão brasileiro.</strong> <strong>Naquele momento o medo desapareceu</strong>. E, não tendo compromisso com ninguém a não ser com os trabalhadores, <strong>resolvi abrir a boca</strong> e dizer aquilo que qualquer trabalhador teria vontade de dizer se fosse colocada a ele, diante de um microfone, uma pergunta de um jornalista qualquer. E <strong>resolvi dizer algumas verdades</strong> <strong>e nunca esperei que essas verdades, partindo de um trabalhador, pudessem causar a repercussão que causaram</strong> e até a ascensão política do Sindicato de São Bernardo no cenário político brasileiro”. </span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">Para ele a liberdade de imprensa foi um fator muito importante.</span> - “A gente lembra, por exemplo, aquela época em que o “Estadão” e o Jornal da Tarde publicavam aquelas receitas de arte culinária, aquele negócio todo... Quando a imprensa começou a ficar mais livre, começou, eu acho, a descobrir o trabalhador. E daí aconteceu tudo o que está acontecendo até hoje. </span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">- “O trabalhador lê jornal, Lula?</span> - “Veja, e nós analisarmos o trabalhador como um todo, ele não lê jornal. Eu acho que em todas as camadas sociais não são todos os que formam opinião. Eu acho que <strong>os trabalhadores que formam a opinião pública da classe trabalhadora lêem jornal. </strong></span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">O problema da ausência de uma divulgação pela imprensa, com regularidade, do que se passa no mundo sindical vem à baila. Lula critica, com total sinceridade, essa falha dos nossos jornais. Eu procuro explicar que a culpa é de ambas as partes. Ele aceita a observação: </span>- “<strong>É fácil a gente entender que só vai ganhar espaço nos jornais quando você mesmo procura virar notícia,</strong> O que acontece até agora é que <strong>a maioria dos dirigentes sindicais têm medo de falar com jornalista.” </strong></span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">Ele, <strong>Lula, forçou a mão quando sentiu que podia exercer uma influência sobre a imprensa para que ela atuasse com honestidade</strong>, exigindo dos jornalistas que eles escrevessem não aquilo que eles pensam, mas que publicassem aquilo que ele dizia.</span> - “Comecei a ter muitos contatos com jornalistas e <strong>comecei a enfrentar a imprensa</strong> como ela deve ser enfrentada: <strong>sem medo, sem nenhum objetivo de me tornar vedete</strong> ou coisa parecida.” </span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">Explicando <strong>o medo que ainda sente a maioria dos dirigentes sindicais</strong>, Lula diz que parte dele se deve às vantagens de que goza um dirigente sindical e que são duras de perder.</span> </span></div><div align="right"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- “É a partir daí que o movimento sindical se perdeu: se perdeu no comodismo que as antigas estruturas proporcionam.”</span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> <span style="color: #ffcc99;">Há corrupção, também, no meio sindical. Tento levá-lo a uma definição política. Digo que o problema que ele está expondo não é exclusivo do movimento sindical, mas é um fenômeno que ocorre em todos os setores da sociedade brasileira.</span> </span></div><div align="right"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">- Você não acha que é uma decorrência do sistema político?</span> - “Concordo, mas sou obrigado a dizer o seguinte: eu acredito, acredito piamente, que <strong>neste Brasil existem algumas centenas de homens honestos</strong>.” </span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ffcc99;">Ele se recusa a acreditar que cada um tem o seu preço:</span></strong> - “Acredito que <strong>existe uma coisa chamada dignidade</strong>, que existem muitos homens que têm essa dignidade. Não acredito que nenhum sistema político me fará mudar de idéia.” </span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">Fala, então, no tempo em que vigorava no Brasil um regime diferente do atual, mas no que diz respeito ao <strong>comportamento das lideranças sindicais nada era dife</strong>rente.</span> - “Porque <strong>é muito mais fácil ser instrumento de alguma coisa </strong>do que ser independente, do que você querer criar inimigos, criar inimigos no bom sentido, você querer <strong>defender um ponto de vista que pouquíssima gente, nesta terra, tender a defender</strong>. Uma vez eu criticava – e, inclusive, por isso fui mal interpretado – o <strong>Montoro</strong>, criticava o <strong>João Goulart</strong>. É que <strong>esses homens, que foram tidos como deuses por muitos trabalhadores</strong>, nos momentos de sufoco que nós vivemos <strong>tiveram poderes para mudar um monte de coisas e não mudaram</strong>. Talvez tenham mudado alguma coisa, mas não chegaram a atingir a classe trabalhadora.”</span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> <span style="color: #ffcc99;">Neste ponto <strong>Lula mostra, mais uma vez, sua dedicação exclusiva à sua classe</strong>, <strong>sem qualquer conotação política</strong> ou ideológica. Para ele, seja quem for que esteja no poder, </span><strong><span style="color: #ffcc99;">o trabalhador é sempre um instrumento dos que estão no poder:</span> </strong>-“Eu não admito isso, <strong>não acho que a classe trabalhadora deva ser um instrumento</strong>; ela tem que ter uma força viva, tem que ter uma participação, porque, sendo maioria, jamais poderá ser tratada como minoria.” </span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">Insisto na minha tese:</span> <span style="color: #ffcc99;">- Você não acha que o sistema político, o regime político é decisivo para que possa atingir esses objetivos que você visa? Você não pensa às vezes, em termos de exemplos, quer dizer, o mundo de hoje, sendo uma vitrina de regimes políticos, sociais e econômicos, você não encontra nele algum regime que você gostaria de ver instalado no Brasil?</span> - “Não, eu imagino que no Brasil, um dia, deve haver um regime que os próprios brasileiros criassem.” </span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">- Você nunca estudou os sistemas sindicais de outros países? Qual é o que acha o mais perfeito, o mais aproximado do seu ideal?</span> - “Para mim o sindicalismo alemão e o sueco são os que se aproximam daquilo que eu gostaria q eu existisse aqui.”</span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> <span style="color: #ffcc99;">E são, diz o Lula, porque é nesses países que os trabalhadores têm mais voz ativa, maior participação, maior influência política e social. E conclui:</span> - “Muita gente acha que tem de haver uma reforma política para que haja uma reforma sindical. Eu, às vezes, me pergunto se não poderia ser diferente, se não deveria haver uma reforma da estrutura sindical brasileira para que houvesse uma reforma política.” </span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">A conversa sobre os modelos sindicais vai longe, com observações sobre o sindicalismo inglês e o norte-americano que, para Lula, é muito mais reivindicatório do que político, enquanto o alemão e o sueco são mais politizados. <strong>De repente, Lula volta ao movimento sindical</strong> <strong>brasileiro e aos seus desvios, que critica impiedosamente</strong>: </span>- <strong>Há 14 anos praticamente a classe trabalhadora brasileira estava dormindo</strong>. Nós tínhamos com ponte histórica e, aí, sem ofensa nenhuma, gente com o Werneck Viana e outros que escreveram muito sobre as greves de Osasco, a passagem de Contagem, aquele negócio todo. Se a gente analisar friamente, chega à conclusão de que <strong>a greve de Osasco saiu muito mais da Faculdade de Filosofia do que dos próprios sindicatos</strong>; de que foi uma greve em que <strong>a única coisa que a classe trabalhadora ganhou foi o AI-5 nas costas</strong>. Isto, porque <strong>muita gente não tem coragem de dizer</strong>. Porque nos dias atuais é antipático dizer isto, porque a <strong>greve de Osasco é exaltada como um parâmetro histórico nesta terra.” </strong></span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">- Olha, <strong>Lula, só gente como você tem condições para dizer o que está dizendo impunemente</strong>. Porque se eu disser, vão dizer que eu estou fazendo isso porque sou vendido ao capitalismo americano, etc. Lula conclui:</span> - “Pois bem, então a classe trabalhadora vivia, há 14 anos, um profundo sono, eu diria um profundo sono político, porque produzir ela produziu como nunca. <strong>Ela foi explorada</strong>.” </span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">Pergunto como é que foi possível acontecer o que está acontecendo hoje, depois de 14 anos de sono.</span> - “Eu estou dizendo 14 anos, mas a classe trabalhadora, ou <strong>o sindicalismo brasileiro, está dormindo desde que foi criado</strong>. </span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;"><strong>Ele alertou os empresários</strong>, em outubro do ano passado, quando teve reuniões com mais de 30 deles. Ele teve um encontro com o senador Portela e o <strong>advertiu de que a caminhada da classe trabalhadora era irreversível</strong> e de que, a curto prazo, iria estourar com uma tomada de posição muito séria.</span> - “Quando estourou a greve, <strong>para muita gente foi novidade – pô, uma greve no Brasil!</strong> Para mim, ela era para ter acontecido, esteve para acontecer na questão da reposição salarial.” </span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="color: #ffcc99; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Por que neste momento preciso?</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div align="justify"><span style="color: #ffcc99; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Lula é cauteloso:</span></div><div align="right"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- “Eu poderia dizer o seguinte: há alguns antecedentes que a gente tem que abordar e eu tenho me negado a abordar isso. </span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">Mas, agora, ele aborda. E faz a crítica da política salarial do governo, fala do dissídio coletivo que, <strong>pela primeira vez na história do sindicalismo brasileiro, ‘tivemos a coragem de desmascarar’</strong>, denuncia a decretação do fator de reajustamento por um homem apenas, o que transforma a luta dos sindicatos por melhores salários numa farsa.</span> - “Eu não pedi índice. Eu <strong>fiz questão de provar</strong> ao trabalhador que tudo o que nós tínhamos feito até então, em termos de dissídio, era mentira e eu ele, trabalhador, é quem tinha que resolver os problemas dele, que não esperasse que os políticos resolvessem, que não esperasse que o governo resolvesse.”</span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> <span style="color: #ffcc99;">Pergunto se ele acha possível um sistema em que cada grupo de trabalhadores discuta com seu patrão, quer dizer, em que, dentro de uma mesma categoria, uma empresa que pode dar mais dê mais e uma que só pode dar menos dê menos.</span> - “Veja, na minha cidade eu tenho duas empresas, mais ou menos próximas. Uma, a Volkswagen, paga Cr$ 11,00 por hora para um trabalhador não qualificado; outra, a Brastemp, paga Cr$ 6,90, e nem por isso deixa de existir fila na porta da Brastemp e na porta da Volkswagen. E tem aquelas empresas que pagam pura e simplesmente o salário mínimo e nem por isso deixa de existir fila na porta daquela empresa, de gente procurando emprego.” </span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">Falamos, então, da<strong> situação individual das empresas</strong> e <strong>perguntamos se ele toma conhecimento dela antes de fazer uma reivindicação, se lê os seus balanços</strong>, falamos da diferença entre a situação das empresas nacionais e a das multinacionais, que têm sua matrizes a escorá-las financeiramente, falamos no <strong>prejuízo da Ford</strong> no ano passado, de Cr$ 280 milhões, que ela pode suportar impunemente, enquanto um prejuízo semelhante de uma empresa nacional poderia significar seu fechamento. <strong>Lula não acredita em balanços</strong> <strong>e nem no prejuízo da Ford e nem tampouco em diferença entre patrões nacionais e patrões multinacionais.</strong></span> -“<strong>Para os, trabalhadores, patrão é</strong> <strong>patrão,</strong> seja nacional ou internacional.”</span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> <span style="color: #ffcc99;">Falamos na melhora da mentalidade do empresariado brasileiro nestes últimos 14 anos, na consciência que eles adquiriram de que <strong>a empresa não é propriedade deles, no sentido de que possam fazer o que bem entenderem sem olhar o interesse coletivo, o interesse social</strong>. </span>Lula concorda, em parte, mas acha que em termos do relacionamento com os empregados nada mudou: - “A choradeira é a mesma e <strong>os lucros crescem cada vez mais</strong>.” </span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">E mostra <strong>como têm crescido algumas das grandes empresas</strong> do seu setor.</span> <span style="color: #ffcc99;"><span style="color: #ffcc99;">- Mas isso é investimento, é criação de novos empregos.</span> </span>- “<strong>Ninguém vai investir dinheiro pensando em emprego, vai investir pensando em lucro.”</strong> </span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">- Mas <strong>lucro é o objetivo de todo mundo e não tem nada de imoral ou de nocivo</strong>.</span> <span style="color: #ffcc99;">Lula não está de acordo com a política de investimentos do governo e na sua crítica, chega até ao programa nuclear</span>. - “Acho que <strong>temos de crescer dentro da nossa realidade</strong>. O Brasil pensa em usina nuclear quando poderia produzir alimentos, e o mundo está carente de alimentos. <span style="color: #ffcc99;">-</span></span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;"> Uma coisa não impede a outra. Eu até não sou simpático à política nuclear do Brasil, mas não se pode pensar só em plantar feijão quando se está comprando 4 bilhões de dólares de petróleo num ano.</span> <span style="color: #ffcc99;">Lula não aceita o argumento. Para ele, seria melhor produzir álcool.</span> - “No Brasil já faz alguns anos que se fala em plano do álcool e investimos bilhões e bilhões, sei lá, até a capacidade de endividar-se a nação numa usina nuclear, quando poderíamos investir muito menos na criação de engenhos, na plantação de cana, de mandioca, de batata.” </span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">Paulo Mendonça interrompe com uma pergunta: “Você identifica o governo com o patronato?”</span> -“Eu diria que o <strong>patronato é o próprio governo.</strong> Eu acho que <strong>o poder econômico é o governo.</strong> Eu <strong>não consigo entender</strong>, como trabalhador, <strong>a necessidade da construção de uma ponto como a Rio-Niterói; eu não consigo entender a construção de uma Imigrantes</strong>, <strong>quando poderíamos construir estradas de ferro</strong>. São coisas assim que o trabalhador, por mais humilde que seja, vê, mas não entende. </span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">- O que você preferiria: ser empregado de um patrão particular ou ser empregado do governo?</span> - “Como empregado eu <strong>preferiria ser empregado daquele que me pagasse ma</strong>is.”</span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> <span style="color: #ffcc99;">Explico que não é esse o sentido da pergunta. O que eu queria saber é qual é, na sua opinião, o regime político-econômico que proporciona melhores oportunidades para o trabalhador melhorar sua situação material e até subir na escala social. Lula não está interessado na questão de subir na escala social. Ele não cogita de, um dia, deixar de ser um assalariado e nem mesmo de que seu filho possa não vir a ser um assalariado. </span></span></div><div align="right"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- “Num país <strong>onde a distribuição de renda fosse em igualdade de condições</strong> – aí <strong>pouco importaria que eu fosse um torneiro</strong>.” </span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">Quem é o culpado pela má distribuição de renda no Brasil? </span><span style="color: #ffcc99;"><strong>Falamos na carga de impostos que pesa sobre os brasileiros</strong> – pessoas físicas ou pessoas jurídicas – proporcionalmente ao nosso grau de desenvolvimento <strong>uma das mais pesadas do mundo</strong>, <strong>nos encargos sociais e econômicos do governo</strong>, no desempenho dos quais o governo, indiretamente, distribui a riqueza de forma mais equitativa do que aquela sugerida pela gritante diferença entre indivíduos ricos e indivíduos pobres neste país. <strong>Lula não simpatiza com a forma como o governo distribui a renda na forma de benefícios indiretos</strong>. Ele aponta as diferenças entre as regiões ricas do país e as regiões pobres, mostra como a região sul recebe a parte do leão e conclui que “a melhor distribuição de renda seria feita a partir do momento em nos preocupássemos em criar um mercado interno.” </span>-“Quando eu digo que <strong>o trabalhador precisaria ganhar o suficiente para usar um terno bonito, para ter um carro, para ter uma televisão a cores</strong>, para ter, enfim, aquilo que ele produz, quando ele puder possuir tudo isso nós teremos realmente um Brasil mais rico, porque teremos um Brasil com poder aquisitivo interno razoável.” </span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">Ele diz que não aprendemos nada com a história de outros países que seguiram essa evolução, onde primeiro se criou o mercado interno para só depois se cogitar de conquistar o mercado externo. </span>- “Aqui a gente procura exportar aquilo que nós não temos, <strong>aquilo que o brasileiro não pode ter</strong>. Exportamos automóveis, por exemplo, quando <strong>a maioria dos brasileiros não pode ter automóvel</strong>, exportamos alimentos quando a grande maioria dos brasileiros é carente de alimentos. Não há poder de compra do povo, não há uma programação de distribuição interna dos bens, não há uma preocupação nesse sentido. <span style="color: #ffcc99;"></span></span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">Quanto aos impostos que o empresário paga ele reconhece que são pesados, mas não admite que isso justifique os salários baixos:</span> - <strong>O imposto que ele paga não diminui o lucro dele</strong>, mas sim aumenta o preço do produto que ele fabrica, o que torna mais difícil a aquisição desse produto pela população. Se ele tivesse que vender por 100 e pagasse 50 de imposto e ele ficasse com 50; mas ele não fica. Ele quer ganhar os mesmos 100 pagando 50 de imposto. Então se torna realmente difícil para o trabalhador participar e se torna, eu diria, <strong>até fácil, para o empregador, ganhar</strong>.”</span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> <span style="color: #ffcc99;">Lula fala, então, nos truques utilizados pelas fábricas de automóveis para iludir os limites impostos pelo CIP, com alterações mínimas em novos modelos de automóveis que justificam maiores aumentos e com a distribuição, a critério delas, dos aumentos globais permitidos, entre os diversos modelos que fabrica, aumentando mais os de maior vendagem e menos os de menor. O CIP, para ele, é uma enorme burla.</span> <span style="color: #ffcc99;">- Você <strong>acha então que o governo prejudica deliberadamente o trabalhador</strong>, que faz isso de propósito com uma finalidade política qualquer?</span> <span style="color: #ffcc99;">Ele <strong>acha que o governo é mal informado</strong>, que existem pessoas que levam ao governo muitas inverdades, muitas coisas que não condizem com a realidade”, e afirma:</span> - “Dizer, por exemplo, que o aumento de salário e inflacionário é mentira.”</span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> <span style="color: #ffcc99;">- Mentira, não. É um dos fatores inflacionários.</span> - Não, não. O aumento do salário seria inflacionário se ele se sobrepusesse à produtividade. Se o trabalhador produzisse 10 e recebesse 11 seria inflacionário. Mas, hoje, ele produz 10 e recebe 3. Como é inflacionário esse salário? </span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">- Você sente o governo como um árbitro ou você sente o governo como um adversário?</span> - “Eu acho que o<strong> governo é um adversário pelo simples fato de querer ser tutor de t</strong>udo, quando poderia assumir uma posição muito mais política e <strong>ficar de fora, deixando que nós trabalhadores brigássemos diretamente com nossos empregadores, sem a intervenção do Governo.” </strong></span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">- Mas então <strong>deixa eu fazer a pergunta que já fiz e você ainda não respondeu</strong>, desta vez de uma forma mais precisa: <strong>isso que você acaba de dizer significa que você acha que o regime liberal-capitalista é mais interessante para trabalhador do que o regime socialista?</strong> Permite que o trabalhador atinja mais facilmente os seus fins?</span> - “Eu diria que <strong>o sindicalismo só é forte onde existe a ganância de poder, a ganância de ganhar bem, a ganância de participação</strong>. Só é forte nos países capitalistas.” </span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">A resposta confirma aquilo que <strong>eu chamaria de a castidade ideológica do Lula</strong>. Pela primeira vez na história do sindicalismo brasileiro <strong>surge um líder sindical</strong> – ou um dirigente como ele deseja ser chamado – <strong>em estado de pureza</strong>. <strong>Se vai continuar assim depois que passou a ocupar as primeiras páginas dos jornais, depois que passou a ser vedete de televisão</strong>, depois, afinal, que a liberdade de imprensa permitiu que ele, quer queira quer não, passasse a exercer uma liderança política, <strong>só o futuro dirá</strong>.</span> <span style="color: #ffcc99;">Mas, temos a certeza de que, no dia em que os bispos da CNBB, os estudantes brasileiros e os próprios políticos deste país adquirirem uma mentalidade como a dele, revelarem o mesmo grau de maturidade, então a democracia brotará espontaneamente aqui, como o capim depois de uma queimada. Durante quatro horas de conversa franca e descontraída, gravada em quatro fitas cassete que resultaram em 140 laudas de jornal, Lula exercitou a prática em que se iniciou depois que ouviu seu irmão contar o que sofrera na prisão: dizer o que pensa. <strong>Sem medo, sem restrições mentais</strong> ainda quando sabia que podia ferir os que o ouviam, no caso nós, e os que irão ler o que nos disse, ou </span><span style="color: #ffcc99;"><strong>excitar o sonho dos poderosos. Sem medo e sem restrições mentais</strong> quando ele diz que o trabalhador deve ter a mais ampla participação da vida política da nação:</span> - “Eu acho que o trabalhador tem que ter participação em tudo. É lógico que o trabalhador <strong>tem que ter participação na política</strong>, enfim, eu entendo que a classe trabalhadora, quando <strong>chegar a época</strong>, tem que escolher os seus candidatos, <strong>ela tem que lançar os seus candidatos</strong>. Eu acho que <strong>o trabalhador deve participar de todas as decisões da nação, até da questão da energia nuclear</strong> o trabalhador teria que participar. O que não pode, o que eu acho <strong>ruim é que apenas meia dúzia de pessoas decidam tudo numa terra de 120 milhões de brasileiros.</strong> Nós não podemos esperar que o governo também abra todas as portas para a gente. Nós temos que forçá-lo a abrir, nós temos que ficar quebrando a fechadura lá. Quer dizer, <strong>a porta está fechada, vamos arrombar</strong>. Eu acho que a responsabilidade não é do Geisel, não é do governo brasileiro, mas dos 120 milhões de brasileiros para forçar que a coisa aconteça. Eu acho que pelo menos <strong>estou me propondo a ocupar um espaço que existe aí e tentar forçar essa barreira.</strong>.. Mas se cada um forçar um pouquinho a gente vai ocupar esse espaço.”</span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> <span style="color: #ffcc99;"><strong>Sem medo e sem restrições mentais</strong> quando, interrogado sobre o que achava mais importante nessa greve que ele liderou, se os aumentos obtidos ou se o precedente aberto, respondeu: </span>- “Não, eu acho que o mais importante não é o percentual, eu acho que o <strong>mais importante foi o trabalhador descobrir que é possível medir forças com a classe empresarial</strong>. Eu acho que o mais importante foi o trabalhador descobrir, por exemplo, que greve não é sinônimo de baderna, que greve é isto, que existe em nível de consciência, de participação política. E a partir do momento em que o trabalhador descobriu que não é tão difícil fazer uma greve, que não é tão difícil usar a arma mais importante que ele tem, eu acho que as coisas podem se tornar mais fáceis para a classe trabalhadora, sem nenhuma baderna, sem querer ser contra a empresa, sem querer quebrar a empresa, sem querer fazer nada disso, mas pura e simplesmente querer fazer uso daquilo que é mais importante, na relação capital e trabalho, que é a mão-de-obra. E parar de produzir, você entende? Eu acho que isso é fundamental e o trabalhador descobriu isso. E isso não quer dizer, como muita gente fala, que agora o trabalhador vai fazer greve todo dia, toda hora, que vai levantar e dizer: ‘não, hoje eu estou de greve’. Não existe isso, eu acho que não existe isso, sabe? Eu acho que existem essas coisas quando se vive alguns momento de exceção, porque se nós tivéssemos um sindicalismo livre, onde o sindicato pudesse representar a classe trabalhadora, não existiriam tomadas de posição da classe trabalhadora à revelia inclusive dos sindicatos.” </span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;"><strong>Sem medo e sem restrições</strong>, quando, em tom de acusação, se referiu à dispensa de funcionários do Estado de São Paulo; <strong>sem medo e sem restrições mentais</strong> quando criticou o comportamento de certo tipo de jornalista, como aquele que foi procurá-lo num bar onde jogava bilhar e pretendeu criticá-lo</span>: - “<strong>Eu estava jogando bilhar</strong> e chegou um jornalista: Ô Lula (o jornalista falava de um encontro do Lula com estudantes, que presenciara), eu acho que tenho que lhe dar os parabéns. Só que eu acho que você estava errado ao responder as perguntas daquele estudante. Eu <strong>não admito que trabalhador de salário mínimo use terno bonito</strong>. O cara chamou a atenção de todos os caras que estavam no bar. Eu falei: está a fim de brigar comigo ou está a fim de quê? E falei: você sabe de uma coisa – eu vou falar um palavrão aqui – vá pra p... - “Porque, primeiro, eu <strong>não sou trabalhador de salário mínimo</strong>; segundo, <strong>se eu pudesse eu me vestia muito melhor do que me vesti naquele dia</strong> e posso lhe garantir até que <strong>muitos trabalhadores, na minha profissão, que ganham muito mais do que você, que é jornalista</strong>. <strong>Você quer ter o direito de ter um carro e eu tenho que comer num cocho.</strong> <strong>Quando os estudantes resolveram fazer, outro dia, um ato público para angariar esmolas para a classe trabalhadora eu fiz a nota oficial – que fossem dar esmola para a mãe deles</strong>...” </span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;"><strong>Sem medo e sem restrições mentais</strong> quando ele contou o caso de uma revista que mandou-lhe <strong>um repórter, com fotógrafo e tudo eu queria fazer uma matéria sobre a vida de um trabalhador da sua categoria</strong>:</span> - “Chega um pessoal no sindicato: Pô, a tente precisava pegar um trabalhador. Então eu peguei um ferramenteiro da Volkswagen e falei: <strong>vai entrevistar o rapaz na casa dele</strong>. Então foram. E <strong>chegou lá o fotógrafo e disse: Ah, pombas, eu não vou fotografar a sua casa porque a sua casa tem carro; isso não é casa de trabalhador</strong>. <strong>A concepção que se tem de trabalhador é que ele tem que ser miserável, ele tem que morar em barraco</strong>. É uma concepção errada que se faz do trabalhador que tem casa realmente luxuosa para a capacidade do trabalhador. É o mínimo que ele quer de conforto.” </span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="color: #ffcc99; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Lula, evidentemente, sabe melhor do que ninguém que somente um número mínimo de trabalhadores neste país poder ter uma casa ou um automóvel. Ele mesmo disse, na nossa conversa, que 70<strong>% dos favelados de São Paulo são trabalhadores da indústria de automóveis.</strong> E <strong>é exatamente esse, e apenas esse, o sentido da sua luta: ele quer que o maior número possível de trabalhadores possa ter casa e automóvel</strong>, possa ir pescar no domingo, possa <strong>ter um nível de vida compatível com a dignidade humana,</strong> como têm os trabalhadores da Suécia ou da Alemanha. E é <strong>a singeleza desses objetivos</strong>, é a ausência de qualquer conotação ideológica na sua atuação que irrita os ideologicamente engajados da imprensa, da política, das universidades, que até agora viram baldados seus esforços para manipulá-lo em benefício dos seus interesses políticos ou ideológicos, que nada têm em comum com os interesses que Lula defende. </span></div><div align="justify"><br />
</div><span style="color: #ffcc99;"><span style="color: #333333;"></span></span><br />
<div align="right"><br />
</div><div style="text-align: right;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Senhor Vogue, julho de l978 </span></div><div align="right"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Entrevista concecida a Ruy Mesquita</span></div><div align="center"></div><div align="center"></div><div align="center"></div>Jurema Cappellettihttp://www.blogger.com/profile/16339170311595061062noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3418942780652622491.post-20440993114780905232009-03-06T02:33:00.000-08:002011-09-25T16:14:51.766-07:00Sexta entrevista - Manchete / 1978<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBLPfAkH31AweXj-I0s_0iUsK85gyyFlLETYsByd8kDLnNjwjafd6ual4_a_aicP2DuZucvkSL7YikVSsfAMUDe9gi5boW_CifZlc3kT-xAUPzAdVRev4zwznGKd7slZUHrU9f3ylUUWE/s1600-h/PRESIMENTIROSO.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5345283186268141202" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBLPfAkH31AweXj-I0s_0iUsK85gyyFlLETYsByd8kDLnNjwjafd6ual4_a_aicP2DuZucvkSL7YikVSsfAMUDe9gi5boW_CifZlc3kT-xAUPzAdVRev4zwznGKd7slZUHrU9f3ylUUWE/s400/PRESIMENTIROSO.jpg" style="cursor: hand; display: block; height: 225px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" /></a> <br />
<div style="text-align: left;"><strong><span style="color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">10 de junho de 78.</span></strong></div><div align="center"><br />
</div><div align="center"><br />
</div><div align="center">***</div><div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;">Nesta entrevista Lula conta suas experiências de trabalho desde os 11 anos numa tinturaria, até seu emprego atual na Villares. Conta também que já chegou a acreditar "muito na legislação existente” e confessa que o que mais o impressiona é a solidariedade entre os trabalhadores. Caracteriza como torturante a relação a relação operário-máquina e não deixa de apontar a mesquinhez dos chefe. Mas fala também de problemas mais gerais da classe. Da necessidade de o trabalhador entender que greve não é baderna; das relações ente trabalhadores, multinacionais e empresários brasileiros; de sua conversa com o general Dilermando, comandante do II Exército; da Igreja, do movimento estudantil e da CGT. </span></div><span style="font-family: trebuchet ms;"></span><br />
<br />
<br />
<div align="center">*** </div><span style="font-family: Trebuchet MS;"></span><br />
<div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;"><span style="color: #ff9966;">Quais foram seus primeiros empregos?</span> - Com 11 anos já trabalhava numa tinturaria. Ia à escola de manhã e à tarde entregava roupa. Saí de lá antes de fazer l4 anos e fui trabalhar como auxiliar de escritório. Era telefonista. </span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;"><span style="color: #ff9966;">- Em que bairro morava?</span> - No Ipiranga. Depois entrei numa fábrica, que me mandou para o Senai. Após três anos de curso eu me formei torneiro mecânico. E comecei a mudar de emprego, procurando melhor salário. Depois de formado, achei que a empresa que tinha me mandado para o Senai tentava me explorar, por julgar que eu devia favores a ela. Eles queriam que eu trabalhasse mais tempo, ganhando pouco, a pretexto de compensar os meses em que eu estive no Senai. Aí pedi a conta, com quatro anos e pouco de firma. </span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;"><span style="color: #ff9966;">- Firma pequena?</span> - Firma pequena, sim. Depois trabalhei 11 meses em outra empresa. Saí porque exigiam que eu fizesse e extraordinário aos sábados e eu não queria. Aí entrei na Villares, dia 21 de janeiro de l966. E estou lá até hoje. </span></div><span style="font-family: trebuchet ms;"></span><br />
<div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="color: #ff9966;">- Você sempre teve consciência das falhas da legislação na proteção ao trabalhador?</span> - Não. Numa determinada época d sua vida, o trabalhador, ainda despreparado, acredita muito na legislação existente. Só depois comecei realmente a perceber o quanto era falha a legislação. Foi quando comecei a freqüentar o sindicato, em l968. Percebi, então, que nem tudo era cor-de-rosa como queriam que fosse.</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"> <span style="color: #ff9966;">- Hoje, como presidente de sindicato, <span style="color: #ff9966;">você </span>precisa ter muito contato com os patrões. Como o trabalhador brasileiro vê seu patrão?</span></div><div align="justify">- <strong>Dificilmente o patrão desce à fábrica, aos operários</strong>. Esse contato fica para os intermediários, o relações-industriais das empresas. Pouquíssimos trabalhadores já conversaram com seus patrões. Há, por exemplo, um conceito generalizado entre os trabalhadores segundo o qual muita coisa ruim acontece na empresa porque o patrão não sabe. Mas eu <strong>acho que o trabalhador também vê o patrão – não como inimigo – mas como uma pessoa que tenta explorá-lo</strong>, que tenta tirar do trabalhador o máximo de lucro com o mínimo de despesa. É uma visão que passa a ter principalmente após perceber o quanto é importante o serviço que faz e como é pouco o que lhe pagam. Às vezes <strong>o trabalhador faz 10, 12, 15 ou 30 peças e nem sequer ganha o equivalente ao valor de uma única peça produzida</strong>. E quem percebe isso é principalmente aquele trabalhador profissionalizado, que foi à escola e fez curso.</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"> <span style="color: #ff9966;">- Que casos ocorridos em fábricas mais o impressionaram durante todos estes anos?</span> - O que mais me impressiona é <strong>a solidariedade entre os trabalhadores</strong>. É comum a gente ter problemas, ficar sem dinheiro – por exemplo – até para condução, problemas em casa, essas coisas. E sempre os colegas se prontificam a ajudar. <strong>Quando entrei na Villares estava em situação financeira muito ruim. Às vezes não tinha dinheiro nem para o almoço, o café</strong>. Mas os companheiros ajudavam, davam vales de refeição. Outra coisa, quando se é novo no emprego, nota-se a vontade que os outros têm de ensinar, de ajudar. O novato sempre fica nervoso porque está sendo testado, mas o companheiro ajuda, pois está dentro das <strong>manhas da empresa</strong> e tudo. É uma solidariedade que marca muito. E sempre existiu. O que precisávamos - e o trabalhador parece agora tomar consciência disso – era tirar os problemas do campo individual, canalizá-los para o coletivo. Pois, afinal, o problema é de todos. </div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="color: #ff9966;">- Em São Paulo <strong>o trabalhador se diverte? Tem lazer?</strong></span> - <strong>Não. Todo trabalhador gostaria de chegar num fim de semana e ir parques, jardins, teatro</strong>. Mas <strong>nos grandes centros urbanos quase não existe lazer.</strong> <strong>Quando eu era solteiro, costumava fazer rodinhas de amigos no sábado à tarde. A noite, ia ao baile. Às a0 da manhã de domingo, costumava tomar umas biritas com os companheiros – e depois, baile outra vez.</strong> <strong>Depois de casado, o programa é visitar parentes</strong> e, quando o tempo ajuda, pescar na represa. Após o nascimento do caçula, não podemos mais ir ao cinema – não temos com quem deixar as duas crianças. Teatro, a gente não pode pagar, pois fica na base de Cr$ 70,00 a Cr$ 80,00 o ingresso. Uma vez fui ver o Costinha (2 ptos) 50 paus a entrada para mim e mais 50 para a mulher. E quando ela ficou sabendo que ía custar 100, protestou (2 ptos) “então é melhor gastar na feira.”</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="color: #ff9966;">- Como você vê, na prática, o relacionamento do trabalhador com a máquina – tema de Chaplin em Tempos Modernos – e de muitos filmes italianos atuais?</span> - É, de fato, torturante. O homem fica muito subordinado à máquina. Ele é preparado para se adaptar à capacidade de produção da máquina. Se essa capacidade é de 10.000 peças, o homem tem de produzir aquelas 10000 peças – tem que rebolar para conseguir essa quantidade. No caso do torneiro mecânico – e de outros profissionais – é um pouco diferente, porque o trabalho exige conhecimento técnico. Mesmo assim, não <strong>há liberdade para fazer a peça conforme a capacidade e a resistência</strong> <strong>física da pessoa</strong>, porque o tempo é marcado. <strong>Quando chega peça a ser feita, a gente já estranha</strong>, pois o nosso tempo de serviço vai ser calculado por um cara que nunca mexeu com a peça. Essa gente calcula, por exemplo, duas horas para a peça. Se fazemos em menos de duas horas, sabe o que acontece? A peça seguinte àquela terá prazo menor. E quando se gasta três horas, por exemplo, para um serviço marcado para duas, <strong>a chefia vem em cima, diz que estamos fazendo corpo mole.</strong></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"> <span style="color: #ff9966;">- E quem são os chefes?</span> - Aí está um problema. <strong>Nem sempre foram escolhidos por terem mais capacidade</strong> que os subordinados. <strong>Como não existem critérios</strong>, às vezes <strong>são escolhidos os mais enérgicos, os piores de cada seção – aqueles que, na linguagem popular, são conhecidos como puxa-sacos</strong>. A primeira coisa que alguns deles fazem após assumir a chefia é deixar de cumprimentar os colegas.</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="color: #ff9966;">- Por orientação da empresa?</span> - Não sei se é orientação da empresa ou <strong>falta de personalidade do sujeito que firma como chefe pisando nos outros.</strong> Todo chefe novo é mais enérgico que os velhos. Assim, acho que, por falta de liderança, a primeira coisa que ele acha necessário é ficar inimigo dos demais. Pessoalmente, acho que o respeito tem de ser adquirido e não exigido. Mas em geral a fábrica escolhe para chefe aquele com capacidade de se tornar logo inimigo dos demais, para não dar moleza ao trabalhador. </div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="color: #ff9966;">- E o chefe ganha muito mais?</span> - Não muito. Em média o líder deve ganhar 15 ou 20% mais que o melhor salário da seção. </div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="color: #ff9966;">- As empresas nacionais copiam métodos e organogramas das estrangeiras?</span> - O trabalhador geralmente responde que é melhor trabalhar em multinacional. Porque paga melhor que a nacional. <strong>Como brasileiro, defendo o capital nacional</strong>. Como dirigente sindical, tenho de registrar que, para os empresários brasileiros, tanto faz ganhar dinheiro aqui como lá fora, exatamente como as multinacionais; importa é o lucro. Muitos empresários liberais dentro de suas fábricas não admitem sequer um acordo coletivo com os empregados – e tratam o trabalhador tão duramente como qualquer multinacional. E remuneram tão mal quanto as empresas estrangeiras. <strong>Eles não podem pura e simplesmente querer a defesa do capital nacional em benefício deles, empresários</strong>. <strong>Já estava na hora de se pensar na defesa do capital nacional</strong> em beneficio também da classe trabalhadora. Com isso o empresário nacional mostraria que tem vontade de ver os <strong>problemas resolvidos primeiro pelos brasileiros</strong>. A primeira providência é celebrar acordos coletivos em todas as empresas nacionais. Assim seria mais fácil mostrar que não é justo vir explorar os brasileiros. As nacionais tinham de ser melhores não apenas na questão salarial, mas também no tratamento dos trabalhadores. Apesar disso, são todas iguais! </div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="color: #ff9966;">- Alguns o acusam de ter sido treinado junto a lideranças americanas. É verdade?</span> - Passei só um dia nos Estados Unidos, fazendo escala numa viagem de volta ao Japão. </div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="color: #ff9966;">- Uma firma chamou o Ministério do Trabalho e o Deops para reprimir a greve. Você acha que no futuro a questão social deixará de ser caso de polícia?</span> - Em primeiro lugar, acho que a partir do momento em que não há baderna, em que a classe demonstra tanta consciência – o trabalhador, pacificamente, apenas desliga sua máquina e fica parado - não vejo por que a intervenção policial. Acho que houve atitude madura e política até dos órgãos de segurança, deixando de intervir. <strong>A polícia poderia intervir se o trabalhador estivesse depredando máquinas, danificando o patrimônio</strong>. </div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="color: #ff9966;">- Na nossa história sindical a polícia tem sido sempre protagonista...</span> - Mas também em alguns movimentos a gente provoca a intervenção. Meses antes da greve eu vinha alertando que greve não é sinônimo de baderna, e sim de maturidade. Agora, os trabalhadores de São Bernardo do Campo demonstram que estão maduros e bem preparados para fazer greve. Para mim, esse foi o grande motivo que afastou a polícia. Procurei contato com o general Dilermando, comandante do II Exército, exatamente pela minha preocupação com os antecessores. Antes, a greve significava pau em cima. Mas senti na pessoa do general muita compreensão para com os problemas do trabalhador. </div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="color: #ff9966;">- Como foi essa conversa?</span> - Foi no quartel. E falamos de tudo. Levei ao general a visão do trabalhador. Pois em geral as autoridades conversam diretamente com os empregadores – e, com isso, praticamente só ouvem um lado. Procurei mostrar o outro lado – o do trabalhador, que ao fazer greve não estava fazendo subversão. </div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="color: #ff9966;">- Mas o ministro da Fazenda não considerou a greve ilegal?</span> - Evito usar as palavras legal e ilegal. <strong>Achei decepcionante a baixeza e a falta de ética de um advogado patronal ao acusar o sindicato</strong>. E lembrei que havia um motivo maior para as maquinas pararem – <strong>a dor de estômago -, a vontade de ganhar um pouco mais</strong>. Eu diria que foi até muito bom. Muita gente esperava abono de emergência, mas isso não resolve. <strong>O trabalhador quer reajuste</strong>. O próprio governo percebeu que não devia dar abono. É um <strong>problema nosso, que deve ser resolvido com o patrão.</strong> Conforme expliquei ao general Dilermando, <strong>temos o espírito de brasilidade que os empresários</strong> – principalmente os das multinacionais – <strong>não têm</strong>. <strong>Ninguém gosta mais desta terra do que o trabalhador</strong>. </div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="color: #ff9966;">- Alguns sugeriram que os empresários perderam a disputa por burrice. Que acha disso? </span>- Procuro alertar as autoridades para o <strong>cinismo dos empresários</strong>. Nenhum deles admite abrir mão sequer de 0,000005 de seus lucros. Durante anos <strong>ganharam dinheiro como ninguém ganhou na face da Terra</strong>. Agora, jogam a batata nas mãos do governo. É impressionante sua facilidade em culpar o governo por tudo. </div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="color: #ff9966;">- O superintendente da Scania alega <strong>já terem sido formadas na empresa comissões de trabalhadores.</strong></span> - Costumo dizer que, em termos de empresários, o<strong> Brasil é terra-de-ninguém</strong>. Pelo menos em relação às estrangeiras. Fica difícil resolver um problema aqui quando o poder de decisão está na Alemanha, na Suécia, nos Estados Unidos. Ninguém assume a responsabilidade de discutir com o trabalhador. </div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="color: #ff9966;">- No sindicato vocês já sofreram ameaças?</span> - Não. Estaria mentindo se dissesse que sim. </div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="color: #ff9966;">- Em que estágio se encontra a greve no ABC?</span> - Para mim está como começou. Não está acabando. Algumas empresas voltaram a trabalhar, outras estão parando. A greve só vai parar quando for concedido um reajuste geral a todos os trabalhadores. </div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="color: #ff9966;">- Em que legenda pretende votar a 15 de novembro?</span> - Prefiro manter meu voto secreto. <strong>Se houver um candidato trabalhador, terá meu voto. </strong></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="color: #ff9966;">- Acha mesmo que a Igreja age hoje apenas por remorso ao defender os trabalhadores?</span> - Não tenho porque me retratar. Historicamente a Igreja sempre foi conservadora. No momento, tem papel importante através de alguns de seus representantes; o que não significa que esteja ao lado dos trabalhadores. </div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="color: #ff9966;">- E os estudantes?</span> - <strong>Em tudo existe gente ruim e gente boa</strong>. Ruim no sentido político, e não moral. Conheço estudantes extraordinários. Mas também <strong>conheço um grande número de</strong> <strong>estudantes levianos, pouco responsáveis</strong>. E discordo de <strong>setores do movimento estudantil que se julgam no direito de tutelar a classe trabalhadora</strong>. O movimento estudantil tem papel importante nas transformações políticas, mas eu gostaria que os estudantes deixassem a classe trabalhadora agir por conta própria. Só os trabalhadores poderão resolver o problema dos trabalhadores. </div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="color: #ff9966;">- E qual seria a política ideal para os trabalhadores?</span> - A que permitisse a participação e igualdade de condições com outros setores da sociedade. Em termos salariais, a contratação coletiva do trabalho. Com o pleno exercício do direito de greve. </div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="color: #ff9966;">- E a CGT?</span> - Na estrutura sindical, <strong>criar uma CGT seria criar mais um cabide de empr</strong>egos <strong>– uma cúpula sindical</strong> – com poucos resultados para os trabalhadores. No Brasil de hoje já há dirigentes sindicais sérios e dispostos a servir a classe. </div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div><span style="font-family: trebuchet ms;"></span><br />
<div align="right">Manchete, 10 de julho de l979 Entrevista concedida a Nélson Blecher</div>Jurema Cappellettihttp://www.blogger.com/profile/16339170311595061062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3418942780652622491.post-35365049330839014872009-03-04T02:19:00.000-08:002011-09-25T16:05:14.145-07:00Quinta Entrevista - Folha de São Paulo / 78<div align="center"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><span style="color: #333333;"></span><span style="color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">***</span><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWlyQXS_DrzfuW_ZOAts2o4G3ZaJDcpyHMSEzUMFgruaMZuL00siWupAjg5L6_jy5Rfx_v9oZm6kp6dnvxvgcHtJz6flYQ0gKzplgZhXNSijmd7_vFCrfOCz8w9jbut8vGfzTWAKqbS9U/s1600-h/QUINTA+ENTREVISTA.jpg"></a> <span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: left;"><span style="color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>4 de junho de 78</strong></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div></div><div align="center"><strong><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">O que podemos observar na entrevista abaixo:</span></strong><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="font-size: 130%;"><strong>1</strong> </span>– Luís Inácio <strong>admite e aprova a ilegalidade</strong> Ao dizer que “O ato de ela ter sido julgada ilegal já perdeu o valor, porque o trabalhador a tornou legal, a partir do momento em que a praticou”. Nesta frase demonstra sua falta de seriedade. Pensar que a prática de algo ilegal o torna legal, é uma deformação de valores, é o desprezo pelo certo ou errado. Isso é confirmado logo abaixo quando afirma que “Se o trabalhador ficasse estudando a lei de greve, jamais faria a greve.” </span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="font-size: large;">2</span> – Mente,</strong> se esquiva da responsabilidade e evita respostas diretas ▪ Não assume a greve que instigou ao recusar a participação no último dissídio salarial. Como de hábito, joga a responsabilidade da resposta para os outros : “ Quem acompanhou o sindicato ... pode fazer um julgamento melhor do que eu.”) ▪ Diz que o sindicato não declarou a greve, mas admite que procurou “levar mensagens ao trabalhador, fazendo com que ele sentisse a necessidade de chegar às paralisações”. ▪ Comenta sobre a necessidade da criação do fundo desemprego, se escuda em outros países que já têm tal recurso e responde de maneira dissimulada sobre o seu objetivo: “quem sabe, ele sirva até para a sustentação de uma greve”.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="font-size: large;">3 -</span></strong> Dá a nós, cidadãos, uma lição quando afirma que se nós não temos força para exigir, precisamos nos fortalecer para poder exigir; ao dizer que é possível chegar a uma organização para defender aquilo que é nosso; comenta sobre a necessidade de união para brigar.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: large;"><strong>4 –</strong></span> Luís Inácio elogia o governo na época que não interferiu na luta entre trabalhadores e empregadores: “ Foi uma posição acertada, deixar que trabalhador e empregador resolvessem seus problemas.”. No entanto, como presidente, quer interferir na necessidade de algumas empresas demitirem funcionários por causa da crise econômica mundial. </span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div style="text-align: center;"><span style="color: #cc6600; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: 180%;">***</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Dez anos depois da greve de Osasco, em l968, a tensão a que chegara a classe trabalhadora era maior do que os estreitos limites da legislação trabalhista imposta pelo poder. E as máquinas começam novamente a parar. Desta vez são os metalúrgicos de São Bernardo que, não suportando mais 15 anos de arrocho salarial, reiniciam a luta por reajustes que reponham o poder aquisitivo perdido. E os donos do poder, já esquecidos de que a classe trabalhadora existia, tiveram que admitir que ela “é parte viva da nação e, como conseqüência disso, ela tem que ser respeitada”. É essa greve de l978 que Lula analisa nesta entrevista. Dado o significado desta greve no movimento operário brasileiro, a análise feita por Lula reveste-se de particular importância. Ele fala da participação do sindicato na greve, das lições que tirou dessa participação, do exemplo que o trabalhador deu à nação da necessidade de um fundo de greve, etc. Mas, sobretudo, mostra que este fato representou um marco na abertura da política sindical, pois a partir daí e depois de muito tempo, operários e patrões passarão a sentar juntos à mesa de negociações, “quebrando uma barreira da política salarial do governo”. </span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #f9cb9c;"><strong>- Você disse várias vezes que “chegará o momento em que a classe trabalhadora medirá forças com a classe empresarial</strong>”. </span><span style="color: #f9cb9c;"> <strong>- Esse movimento deu provas disso? </strong></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- A única maneira de o trabalhador medir forças com a classe empresarial é com a paralisação. Eu, que mantive contato com vários empresários senti a diferença do comportamento deles antes e depois da greve; é muito mais fácil negociar com os empresários com as máquinas paradas. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #f6b26b;">- O que você achou do comportamento dos trabalhadores dentro das dentro das fábricas durante a greve?</span> <span style="color: white;">- O trabalhador deu uma boa demonstração de que greve não é baderna, deixando todo mundo perplexo. Mostrou que greve é um direito dele. O trabalhador deu demonstração de maturidade, parando sem fazer estrago algum.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ff9966;">- Nós não podemos dar um caráter anormal ao que aconteceu. A greve foi um fato normal. Foi uma manifestação da classe trabalhadora, que nada mais fez que, pura e simplesmente mostrar que ela existe, que é parte viva da Nação e, como conseqüência disso, e tem que ser respeitada. - Mesmo julgada ilegal você a considera normal?</span> - Mesmo assim eu a considero normal, porque ela foi legítima. Talvez, por falta de hábito, muita gente viu a greve como algo anormal, fantástico. Na verdade, foi uma manifestação de uma classe, que tem como arma nas negociações, como força de barganha, a greve. <strong>O ato de ela ter sido julgada ilegal já perdeu o valor, porque o trabalhador a tornou legal, a partir do momento em que a praticou.</strong></span></div><div align="justify"></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
<div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ff9966;">- O sindicato esperava por essas greves?</span> - <strong>Não é de hoje que eu venho falando que as paralisações iriam acontecer</strong>. <strong>Apesar de o sindicato não ter decretado a greve, ele procurou levar mensagens ao trabalhador</strong>, <strong>fazendo com que ele sentisse a necessidade de chegar às paralisações</strong>. Quando estive como o senador Petrônio Portela, no começo do ano, fiz questão de falar que isso era irreversível, que uma tomada de posição como essa seria irreversível. Pra mim não nenhuma novidade.</span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ff9966;">- Quais as formas de atuação do sindicato nas greves?</span> - São as que o de são Bernardo usou. Todas as vezes em que o trabalhador precisou do sindicato ele compareceu, negociando em nome do trabalhador. Por outro lado, eu acho que nós precisamos deixar de apenas criticar a estrutura sindical. Devemos partir pra fazer as coisas. O trabalhador deu o exemplo de que é preciso parar de fazer suposições e partir para a ação, e foi o que ele fez. <strong>Se o trabalhador ficasse estudando a lei de greve, jamais faria a greve.</strong></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><strong><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></strong><br />
<div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ff9966;">- Quais os vínculos do sindicato com os trabalhadores?</span> - Eu acho que a base é o sindicato. O sindicato nada mais é do que a classe trabalhadora. Esta base é que faz o sindicalismo ser bom e atuante. O que a diretoria deve fazer é <strong>coordenar a atuação de suas bases</strong>, com propostas nascidas dos próprios trabalhadores. </span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ff9966;">- A campanha pela reposição salarial, <strong>a recusa do sindicato de participar do último dissídio</strong> <strong>foram fatores que ajudaram a deflagração da greve</strong>?</span> - <strong>Quem acompanhou</strong> o sindicato na campanha de desmascaramento do dissídio coletivo <strong>pode fazer um julgamento melhor do que eu,</strong> que estava dentro da coisa. </span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ff9966;">- Para você a greve foi uma surpresa? E a duração?</span> - Os trabalhadores da Ford, que ficaram sete dias parados, deram uma seqüência ao trabalho que os companheiros da Scania começaram. Eu não sei por que a grande imprensa não falou com ênfase da Ford. Eu acredito até que foi pelo fato de nem o sindicato nem a empresa e envolverem de imediato nos problemas dos trabalhadores, mesmo porque os operários da Ford estavam muito conscientes do que estavam fazendo. A empresa tentou fazer pressão para o trabalhador voltar a trabalhar, e não conseguiu. A Volks, onde só os ferramenteiros pararam, chamou mais a atenção da imprensa do que o pessoal da Ford. Na Volks houve muito mais atrito entre trabalhadores e empresa, e na Ford não ouve isso. <strong>Greve é uma coisa muito simples de fazer, é só desligar as máquinas</strong>, sem provocar ninguém ou obrigar a presença da polícia. Do jeito que os trabalhadores da Ford e da Scania se comportaram eu estava tranqüilo de que ninguém iria botar as mãos neles. </span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ff9966;">- Qual a lição que o sindicato tirou entre uma paralisação e outra?</span> - O que deu para notar foi a falta de diretores. Às vezes estouravam quatro problemas de uma só vez e não tinha quem mandar para quatro empresas diferentes. Por outro lado, o sindicato aprendeu uma lição: eu <strong>sempre preguei à categoria, que as empresas não agüentavam mais de quatro dias paradas</strong>, e que com quatro dias paradas, elas todas se abririam para negociar. Mas eu percebi que, quanto maior a empresa mais ela agüenta. A Ford ficou uma semana, a Villares ficou o mesmo tempo parada, sem procurar o sindicato. E tem mais uma lição: <strong>a gente precisa criar o fundo desemprego</strong>. Ele <strong>faz parte do programa desta nova diretoria. Nós vamos tentar colocá-lo em prática o mais depressa possível</strong>.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><span style="color: #ff9966;">- O fundo desemprego teria como objetivo a sustentação da greve?</span></strong> - O <strong>fundo desemprego existe em todos os países do mundo</strong> onde o sindicalismo é livre, onde é atuante, e, <strong>quem sabe, ele sirva até para a sustentação de uma greve. </strong></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ff9966;">- De onde sairia esse fundo?</span> - Nós temos de criá-lo. <strong>Não podemos pedir a ninguém. Fica muito fácil a gente pedir</strong>. E muito <strong>difícil de realizar</strong>. O grande mal do sindicalismo brasileiro é exatamente este: querer criar o fundo desemprego; então, chega na época do dissídio e pede para as empresas uma participação no fundo. <strong>Se nós não temos força para exigir isso, precisamos primeiro nos fortalecer para poder exigir</strong>. Aí quem sabe a coisa comece a vir das empresas e até do governo. Nos fundos de desemprego que existem na França, na Alemanha, há a participação dos trabalhadores das empresas e do governo. Na Inglaterra, o fundo é gerado pelo trabalhador e pelo governo. Mas esse é um passo para mais tarde. </span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ff9966;">- Na sua opinião, o movimento foi completamente vitorioso?</span> - Não, seria uma utopia da minha parte dizer que foi uma vitória completa, mesmo porque ao foi uma greve de toda a categoria.</span><br />
<br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ff9966;">- Poderia ter sido?</span> - Poderia ter sido. O que atrapalhou foi o cerceamento do rádio e da televisão. O trabalhador escuta muito rádio, vê muito mais televisão do que lê jornais. Eu diria que foi uma vitória razoável para os trabalhadores que resolveram parar para conseguir alguma coisa. Em termos de abertura da política sindical, foi uma grande vitória. Significou sentar à mesa de negociação com os patrões, e eles, depois de muito tempo, assinaram um acordo, quebrando uma barreira da política salarial do governo. </span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ff9966;">- Qual foi o comportamento dos empresários desde o omeço da greve?</span> - Os <strong>empresários</strong>, tanto os nacionais quanto os das multinacionais, continuaram <strong>intransigentes como sempre foram</strong>. Mesmo com as máquinas paradas, eles foram intransigentes . </span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ff9966;">- Como você compara o nível de organização dos empresários com o nível de organização dos trabalhadores?</span> - Eu acho que os empresários estão muito mais organizados; aliás, como sempre estiveram. Podem ser concorrentes ou divergentes entre si, mas <strong>na hora de brigar</strong> com a classe trabalhadora os empresários <strong>estão sempre unidos</strong>. No momento, não dá para comparar a organização da classe empresarial com a da classe trabalhadora. Com esse movimento, a classe trabalhadora mostrou que <strong>é possível chegar a uma organização para defender aquilo que é seu</strong>. E quando a classe trabalhadora estiver preparada para parar em conjunto, ela vai ter chance de parar, porque os patrões irão negociar normalmente e não vão <strong>pagar para ver</strong>. </span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ff9966;">- Você recebeu apoio de sindicatos até do exterior. Que tipo de apoio recebeu dos sindicatos do Brasil?</span> - Dos sindicatos de base nós recebemos bastante apoio. Mas de federações e confederações não houve nenhum. Quando muito, disseram que a greve era ilegal. </span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ff9966;">- Com a experiência que o sindicato de São Bernardo adquiriu nestes dois últimos anos, você acha possível a realização de um a convenção coletiva para o ano que vem?</span> - Nós <strong>vamos preparar a classe trabalhadora para isso</strong>. Nós <strong>temos que preparar o trabalhador</strong>, se necessário for, até para parar as máquinas na época dos reajustes salariais. É possível chegar a uma convenção sem precisar parar as máquinas. <strong>Vai depender do bom senso da classe empresarial</strong>. O empresário sabe agora que o trabalhador faz greve. </span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ff9966;">- Como viu o comportamento do governo durante as greves?</span> - Eu achei que o governo tomou uma posição política boa, salvo as notas dos ministérios da Fazenda e do Trabalho e alguns pronunciamentos de que a greve era ilegal. <strong>O governo praticamente não interferiu. Foi uma posição acertada, deixar que trabalhador e empregador resolvessem seus problemas.</strong></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> <span style="color: #ff9966;">- Você esperava alguma manifestação dos políticos?</span> - Eu nunca esperei. Quem está preocupado com os problemas dos trabalhadores é o próprio trabalhador. </span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ff9966;">- Muita gente achou que o sindicato deveria ter assumido a greve.</span> </span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- É uma opinião que eu respeito. Entre o que a pessoa acha, entre o que eu acho e o possível, eu prefiro ficar com o possível. </span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span> </div><br />
<div style="text-align: right;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Entrevista concedida a Júlio de Grammont</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
<br />
<div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span> </div>Jurema Cappellettihttp://www.blogger.com/profile/16339170311595061062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3418942780652622491.post-13620653179774430592009-02-25T07:07:00.000-08:002009-12-14T06:28:07.190-08:00Entrevista ao Programa Vox Populi - TV Cultura / São Paulo<div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;"></span><br />
</div><div align="left"><strong><span style="color: white;">maio de l978</span></strong><br />
</div><div align="left"><br />
</div><strong></strong><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: Trebuchet MS;"></span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="color: white; font-family: Trebuchet MS;">Esta entrevista evidencia que Lula é um embuste desde o início. Logo na resposta à quarta pergunta Luís Inácio procura passar uma falsa humildade. Na apresentação <strong>dão ênfase ao fato de Lula deixar bem claro que não pretendia entrar para a vida política</strong>, quando ele sempre insinuou a necessidade de um partido político para os trabalhadores. </span><span style="color: black; font-family: Trebuchet MS;"><span style="color: white;">E nos mostra, principalmente, quem foi o maior responsável pela criação da falsa imagem de Lula: a imprensa que lhe deu popularidade e hoje, ao criticá-lo, começa a sentir os efeitos do seu autoritarismo, o peso da censura que procura calar quem o enalteceu e colocou "no colo' do povo.</span> </span><br />
</div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: xx-small;"><span style="color: white; font-family: Trebuchet MS;">M</span><span style="color: black; font-family: Trebuchet MS;"><span style="color: white;">ais sobre o assunto:</span> <a href="http://puteiro-nacional.blogspot.com/2009/12/jornalistas-medrosos.html">http://puteiro-nacional.blogspot.com/2009/12/jornalistas-medrosos.html</a> </span></span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Ao responder à quinta pergunta, Luís Inácio diz <em>"recentemente tive uma briga com a empresa e fui promovido a mestre júnior".</em> Estranho exigir promoção da empresa pois estava afastado da Villares há seis longos anos. Estranho também é perceber que, disfarçadamente, ele sempre se refere ao sindicato como se falasse de si mesmo. </span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> <strong>A<em>parentemente, </em></strong>os jornalistas <strong><em> não</em> <em>percebiam fatos tão evidentes</em></strong>. Preferiam </span><br />
</div><div align="center" style="text-align: center;"><span style="color: #333333; font-family: Trebuchet MS;">***</span><br />
</div><div align="center" style="text-align: center;"><span style="color: #333333; font-family: Trebuchet MS;">***</span><br />
</div><div align="center" style="text-align: justify;"><br />
<div style="text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Apresentação</span><br />
</div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">A participação de Lula num programa de televisão, em maio de l978, revestiu-se de grande importância, pois, transmitida através do vídeo, sua imagem alcançou enorme projeção. Embora suas idéias e sua atuação no movimento sindical já viessem sendo divulgadas pela imprensa, foi pela televisão que o grande público teve a oportunidade não só de ver pela primeira vez a pessoa do Lula, como principalmente de tomar contato com seu pensamento e suas opiniões sobre o sindicalismo, a situação dos trabalhadores, o papel dos políticos, dos estudantes e da Igreja.</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
</div><div align="center" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Reafirmando repetidamente seu compromisso com a classe trabalhadora, Lula, por um lado, deixou bem bem claro que não pretendia entrar para a vida política, e, por outro, afirmou que os operários poderiam criar seu próprio partido político.</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Boa noite, Luís Inácio da Silva, o Lula, dirigente sindical.</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Boa noite!</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Qual sua expectativa diante da iminência de encontro com a voz do povo?</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- A expectativa de sempre. Eu sempre fico na expectativa de que alguma coisa que eu venha a falar possa ajudar a classe trabalhadora.</span><br />
</div><div align="center" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
</div><div align="center" style="text-align: justify;"><span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Você poderia rapidamente traçar o seu perfil?</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- <strong>Eu prefiro que vocês tracem o meu perfil.</strong></span><br />
</div><div align="center" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
</div><div align="center" style="text-align: justify;"><span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Como o senhor conseguiu chegar ao que o senhor é hoje no sindicato?</span><br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="color: white; font-family: Trebuchet MS;">-<strong>Eu não sou nada no sindicato</strong>. Eu sou apenas um presidente do sindicato devido ao trabalho de toda uma equipe e à compreensão de toda a classe trabalhadora me deu. Mas continuo torneiro mecânico, convicto de que amanhã voltarei para a firma em que eu trabalho e serei o torneiro mecânico que eu era antes de me afastar para o sindicato.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;"></span><br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="color: #f9cb9c; font-family: Trebuchet MS;">- Você ainda é torneiro mecânico?</span><br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;">- Eu sou torneiro mecânico e é a única coisa que eu sei fazer. Recentemente tive uma briga com a empresa e fui promovido a mestre júnior, ganhando um pouco mais do que ganhava como torneiro mecânico, mas nunca fui mestre, sempre fui torneiro mecânico.</span><br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="color: #f9cb9c; font-family: Trebuchet MS;">- Você ganha pela empresa ou pelo sindicato?</span><br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Eu ganho pelo sindicato. Existem duas formas receber quando se está ligado ao sindicato. Alguns sindicatos recebem pela empresa. Mas nós, em São Bernardo do Campo, recebemos pelo sindicato.</span><br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="color: #f9cb9c; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Quanto ganhava pela empresa?</span><br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="color: white; font-family: Trebuchet MS;">- Se eu voltar para a empresa, o meu salário será de Cr$ 15.00,00, o que eu ganho pelo sindicato.</span><br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="color: #f9cb9c; font-family: Trebuchet MS;">- Gostaria de saber se você não acha que está sendo usado pela classe dominante na medida em que você aparece nas entrevistas da grande imprensa, nos jornais e aqui, no "Vox Populi".</span><br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;">- Eu sei lá... Aí fica para a interpretação de cada um. Veja bem: o movimento sindical esteve adormecido durante muitos anos, e agora que acordou, surgem argumentos de que o sindicalismo está sendo usado pelo governo ou pela própria imprensa. Mas o que eu quero deixar bem claro, e essa é minha</span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> convicção, é que se durante toda a sua existâencia o sindicalismo bfrasileiro adormecido não conseguiu resolver os roblemas da classe trabalhadora, eu espero que agora seja dada a oaportundiade a alguns dirigentes sindicais qeestão acordados e estão entando resoler os problemas da classe trabalhadora.</span><br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="color: #f9cb9c; font-family: Trebuchet MS;">- <strong>Com a popularidade de que desfruta</strong> no momento, você tem alguma pretensão política para o futuro?</span><br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;">- <span style="background-color: orange;"><span style="color: white;">Não tenho pretensão política. Isto eu faço questão de deixar bem claro</span>,</span> eu quero dizer que que a única coisa que aprendi a fazer na minha vida foi ser torneiro mecânico, e estrou tentando aprender a ser um bom sdirigente sindical. Não tenho jpretensões çpoliticos, não sou filiado a partido político e tenho certeza de jamais participaria da vida política, çporque eu não sirvo para político.</span><br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><br />
</div><div align="center" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><span style="color: #f9cb9c;">- Com a expressividade votante de seu sindicato 940.000 votos e as decantadas perspectivas de mudanças do quadro político-partidário, <strong>você não seria um candidato em potencial?</strong></span> </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">- Acredito que não. Em minha categoria há inúmeros trabalhadores com melhores condições de candidatura que eu. Eu acredito e quero crer que o que falta para nós, trabalhadores é <strong>saber escolher nossos representantes e medir nossa força</strong> para que amanhã <strong>possamos eleger um sem número de trabalhadores para nos representar</strong> nas Câmaras Federal, nas Assembléias Legislativas, nas Câmaras Municipais e no Senado. Isso porque <strong>há uma certa tendência do trabalhador de entender que para representá-lo é necessário ser intelectual, ter diploma</strong> de advogado e uma série de coisas. Mas nenhum advogado, nenhum intelectual entende melhor o problema do trabalhador do que o próprio trabalhador. <strong>Basta o trabalhador começar a ser eleito para representar a sua classe.</strong> </span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><span style="color: #f9cb9c;">- Esses 40.000 votos que você potencialmente teria ficariam para quem?</span> </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">- Eu não represento 40.000 votos. Há um engano. Eu tive 28.000.000 votos nas eleições do sindicato. Eu respeito o direito de o trabalhador escolher o seu candidato. </span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><span style="color: #f9cb9c;">- (Roberto Augusto Ferreira Galvão, secretário de Relações do Trabalho de São Paulo) - Você <strong>não acha que a projeção que você tem hoje como líder sindical deve-se à autonomia que o sindicalismo tem atualmente</strong> no Brasil?</span> </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">- Há um <strong>equívoco da pessoa que me fez essa pergunta</strong>, porque não existe autonomia no sindicalismo brasileiro. <strong>O que existe é a coragem</strong> e a falta de ‘rabo preso’ <strong>de alguns dirigentes s</strong>indicais para com o governo, a classe política, os empresários e até para com a fonte ideológica. <strong>Existe um grupo de dirigentes sindicais sérios, honestos, dispostos a brigar por sua categoria</strong>. Eu não acho que exista autonomia sindical no Brasil. A estrutura sindical brasileira hoje é a mesma que existia em l939. </span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><span style="color: #f9cb9c;">- (Erasmo Dias, ex-secretário da Segurança Pública de São Paulo) Nós participamos ativamente em 62 e 65, acompanhando a atividade sindical, em particular na Baixada Santista, na época, no Fórum Sindical de Debates. E temos acompanhado, desde lá até agora, todo movimento sindical. Eu perguntaria ao Lula: <strong>quais as perspectivas que ele vê de 62 até os dias de hoje na evolução do movimento sindical dentro da dinâmica do movimento político brasileiro?</strong></span> </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">- <strong>Eu</strong> <strong>teria que fazer uma certa divisão do movimento sindical antes de 64 e após 64</strong>. <strong>É um ponto de vista muito pessoal</strong>; eu acredito que <strong>o movimento sindical antes de 64 foi muito usado politicamente</strong>, fazia-se talvez muita politicalha em vez de defender realmente a categoria. <strong>Após 64 surgiram alguns dirigentes sindicais, dentre os quais eu quero me incluir</strong>, que não têm compromissos políticos com quem quer que seja e que estão pura e simplesmente dispostos a qualquer sacrifício para a defesa da classe trabalhadora que eles representam. </span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><span style="color: #f9cb9c;">- Eu <strong>estou achando que, por enquanto, você se manteve no nível do sindicato</strong> <strong>verbal.</strong> Quer dizer: <strong>está falando muito mas fazendo pouco</strong>, ou seja, xingar o regime atualmente todo mundo faz, inclusive o Magalhães Pinto. Nesse sentido, você se aproxima dele. Então <strong>eu queria saber o que você tem feito realmente </strong>para ativar alguma coisa ao nível do sindicato, ou seja, que tipo de atuação você acha que se possa ter na atual estrutura sindical?</span> </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">- Eu acho que <strong>a pessoa que fez essa pergunta cometeu um equívoco</strong>; querer comparar o movimento sindical atuante eu poderia citar alguns companheiros de Belo Horizonte, de Porto Alegre, do Rio de Janeiro e mesmo de São Paulo - com a atuação de hoje, do senador Magalhães Pinto. Eu acho que <strong>a coisa mais importante na vida do homem é ele vender idéias, e existem os aceitadores, os compradores dessas idéias</strong>. Eu acredito até que, não o Sindicato de São Bernardo, mas a categoria metalúrgica de São Bernardo do Campo e Diadema tem dado uma demonstração ao Brasil de que não é difícil unir a classe trabalhadora e de que a classe trabalhadora, acreditando na força que tem, pode conseguir sua liberdade. </span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><span style="color: #f9cb9c;">- Lula, a pergunta tinha uma avaliação implícita. <strong>Você está falando muito e fazendo muito pouco</strong>.</span> </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">- Eu acho que <strong>falando já estou fazendo muito</strong>. Há milhares de dirigentes sindicais que nem isso fazem. Eu quero é que todos falem um pouco. E a partir do momento em que todos falarem um pouco, que todos venderem suas idéias, eu acredito que <strong>a classe trabalhadora marchará para uma vitória que será irreversível</strong>. </span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><span style="color: #f9cb9c;">- E <strong>as greves recentes</strong>, como em algumas indústrias de automóveis e caminhões, <strong>são devidas à sua fala</strong> ou a alguma coisa mais?</span> </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">- Eu <strong>espero que os ouvintes julguem isso</strong>. Eu acredito que as greves surgidas em algumas empresas de meu setor e em outros setores são conseqüência do sufoco em que a classe trabalhadora se encontra. Todo trabalhador, quando sente seu estômago doer, quer se libertar daquela dor. É aí que acontecem as greves.</span><br />
<br />
</div><div align="center" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"></span><br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><span style="color: #f9cb9c;"><strong>- Por que a classe metalúrgica não participou das reuniões do sindicato?</strong></span> </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">- É muito difícil analisar hoje, por que o trabalhador não participa das assembléias do sindicato. Recentemente <strong>recebi a visita de companheiros de outros países, e citaria um país muito avançado em termos sindicais, a Suécia</strong>. E o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Suécia me dizia que nas assembléias deles também não comparecem mais do que 1500 ou 2000 trabalhadores. Acontece que não devemos ver salvação do sindicalismo brasileiro ou da classe trabalhadora na quantidade de trabalhadores, mas numa minoria de trabalhadores conscientizada, num grupo de trabalhadores que, unidos, chegam a um consenso de coordenar uma luta de classes. E aí teríamos a participação de toda a classe. Agora, está mentindo quem disser que só irá fazer um movimento da classe trabalhadora quando tiver todos os trabalhadores no sindicato. Mesmo porque não existe nenhuma sede de sindicato que tenha um salão onde caibam mais de 3000 pessoas. Então, nós <strong>devemos selecionar um grupo de trabalhadores conscientes, prepará-los e, a partir daí, soltá-los dentro das fábricas para que eles comecem afazer o sindicalismo dentro delas</strong>, pois é lá que nasce o autêntico sindicalismo. </span><br />
<br />
</div><div align="center" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"></span><br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><span style="color: #f9cb9c;">- Eu não sou sindicalizado porque eu entro às 15 para as 8 e saio ás 5 e meia todos os dias. Eu não tenho tempo. Aos sábados eu trabalho quase a mesma coisa. Eu não tenho para nada. Aos domingos o sindicato não funciona. Mas eu gostaria de ser sócio do sindicato.</span> </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">- Igual a esse companheiro existem centenas e milhões de companheiros. Não ficam sócios do sindicato porque <strong>não têm tempo de ir ao sindicato</strong>. Porque <strong>o horário de trabalho não permite que ele freqüente o sindicato</strong>. Mas eu dou um conselho a esse companheiro: fique sócio do sindicato da categoria à qual pertence, pois o sindicalismo não é feito dentro da sede do sindicato, nem no gabinete médico, nem no odontológico. <strong>Sindicalismo é feito dentro da fábrica, na seção ou até mesmo no pé da máquina. </strong></span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><strong></strong><span style="font-family: Trebuchet MS;"><span style="color: #f9cb9c;">- Eu queria saber <strong>por que o aumento de 40% que a gente esperava</strong> em relação ao ano passado, <strong>não veio.</strong></span> </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">- Eu acho que <strong>a pergunta deveria ser feita ao presidente da República, que é quem decreta os reajustes de salário.</strong> Por parte do sindicato, eu sei que <strong>às vezes há até um mal entendido</strong>. Nós tentamos mostrar à classe trabalhadora, que eu represento, que tudo o que foi feito até hoje em termos de política salarial é uma farsa, é mentira, porque os sindicatos estão apenas encobrindo uma política salarial que não permite, em nenhum instante, que o sindicato consiga alguma coisa a mais para os trabalhadores. Já tivemos assembléias no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo em que nós rejeitamos até proposta de 2% a mais da classe empresarial, por algumas conquistas que nós entendíamos mais válidas do que 1 ou 2%. E o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo já esperava 39 ou 40%, porque ninguém sabe como o Ministério do Trabalho faz para encontrar o fator de reajuste. E o Sindicato de São Bernardo continuará mostrando aos trabalhadores que, enquanto não houver possibilidade de negociação direta entre trabalhador e empregador, <strong>enquanto o governo continuar com essa política salarial rígida, inflexível</strong>, a classe trabalhadora não saberá quanto irá receber de reajuste, e tampouco ela receberá aquilo que equivale ao aumento do custo de vida. </span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><span style="color: #f9cb9c;">- Como o trabalhador calcula quanto ele deve receber de reajuste ? Tem algum economista ajudando a fazer esse cálculo?</span> </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">- Temos como fonte de informação o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), que nos fornece quanto deveríamos receber para que nos equiparássemos, pelo menos, ao aumento do custo de vida. Mas o DIEESE, como muitas entidades que pesquisam o custo de vida, não é levado em consideração. Existe um grupo de economistas no Ministério do Trabalho que dizem que fazem pesquisa em 14 capitais do Brasil e que chegam a um denominador comum, ou seja, esse ano chegaram a 39% no mês de abril. E aí a gente começa a reparar as falhas, a ver os erros da política salarial. Em São Paulo, segundo o DIEESE, o aumento do custo de vida foi em torno de 43% e a Fundação Getulio Vargas calculou que em Belo Horizonte o aumento do custo de vida foi de 65% . E, em abril, os trabalhadores de São Paulo e Belo Horizonte tiveram seus salários reajustados em 39%. Daí é fácil a gente perceber a falha da política salarial, porque os companheiros de Belo Horizonte poderiam pelo menos receber, no mínimo, 60% para fazer frente ao aumento do custo de vida. </span><br />
<br />
</div><div align="center" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"></span><br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><span style="color: #f9cb9c;">- Lula, gostaria de saber se o salário mínimo vigente no país condiz com a condição do aumento do custo de vida. - Por que o custo de vida aumenta mais do que o salário? - Porque o sindicato nunca consegue alcançar os aumentos que ocorrem sobre os alimentos?</span><span style="color: #ff9966;"> </span>- <strong>Só quem vive do salário mínimo poderia imaginar que Cr$ 1.560,00, hoje, consiga viver</strong>. <strong>Ele pode quando muito vegetar</strong>. E o sindicato não consegue mais aumento para o trabalhador exatamente porque o trabalhador pensa que o sindicato é a diretoria do sindicato. Eu gostaria de dizer ao <strong>companheiro que me fez essa pergunta que ele precisa começar a entender que o sindicato nada mais é do que a união da classe trabalhadora</strong>, e que <strong>não espere da diretoria que ela faça milagres</strong>. Mas são os trabalhadores que têm que, não de fazer milagres, mas de lutar dentro da empresa com seu empregador, para conseguir melhores condições de vida, melhores condições salariais. </span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><span style="color: #ff9966;"><span style="color: #f9cb9c;">- Lula, você acha que o nosso governo vai solucionar facilmente o problema da inflação?</span> </span></span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">- Eu acho que <strong>o problema da inflação no Brasil é um problema sem solução</strong>, porque quando houve a Revolução em l964 o grande problema já era a inflação. Essa inflação continuou galopante. Criou-se uma política salarial em l965, para ter uma vigência de três anos, com a finalidade de conter a inflação. Essa política salarial está em vigência até a data de hoje e a inflação não foi contida. É uma demonstração viva de que os governantes brasileiros, quando <strong>culpam os salários pela inflação</strong>, <strong>culpam erradamente</strong>, porque quem causa a inflação, está mais do que provado, não é o salário. E se o nosso governo vier com a mentalidade de conter os salários para conter a inflação, eu quero dizer ao ilustre companheiro que nós iremos ter inflação galopante por muito tempo. Enquanto não se tentar <strong>coibir os abusos</strong> do tal open-market, do over-night, eu acho que a inflação continuará por muito tempo. </span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><span style="color: #f9cb9c;">- Luís Inácio, seria possível você tentar junto às autoridades do governo o reescalonamento dos subsídios e das antecipações salariais, ou seja, em maio, por exemplo, os metalúrgico têm antecipação de 10 ou 12%.(pto.e vírg.) por que não tentar o reescalonamento, não em duas vezes, mas em três ou quatro vezes, para acompanhar o aumento do custo de vida que estamos sofrendo?</span> </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">- Esta é uma briga que o sindicato de São Bernardo comprou há algum tempo, é uma briga na qual nosso sindicato, lamentavelmente, tem ouvido algumas negativas do governo, nem sempre convincentes. Há um reajuste uma vez por ano e há uma antecipação – que fica muito a cargo da benevolência de algumas empresas – seis meses após o dissídio coletivo. O sindicato de São Bernardo tem brigado e falado, e o trabalhador é testemunha de que nós estamos pedindo há muito tempo o salário móvel . E o que seria o salário móvel ? Seria o trabalhador não ter seu salário defasado durante 12 meses, para depois receber o reajuste – ou trimestral ou mensal – cada vez que aumentasse o custo de vida, se o trabalhador tivesse a recuperação de seu salário, talvez ele não fosse como é hoje, um grande perdedor dentro da vida brasileira. </span><br />
<br />
<span style="color: #f9cb9c; font-family: Trebuchet MS;">- A gente tinha antigamente um adiantamento salarial, uma antecipação, melhor dizendo, e hoje em dia não temos mais isso. Então, s<strong>eria muito importante lançarmos uma campanha junto ao povo, em que o povo participasse realmente</strong> – em especial o Sindicato dos Metalúrgicos, o dos gráficos e outros sindicatos importantes – para que o povo tivesse oportunidade de readquirir o direito de receber salário adiantado, ou antecipação. Isso seria importante porque, enquanto o custo de vida sobre uma enormidade, a gente tem de esperar aquela data X do aumento intersindical. </span><br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;">- <strong>Não sei se este companheiro trabalha em São Bernardo. Parece que ele não trabalha lá</strong>. Em São Bernardo do Campo as empresas dão antecipação. Isto já é praxe. Mesmo antes dos abonos de emergência decretados pelo governo em l968 e l974. Nós, em São Bernardo, temos um problema muito difícil> enquanto o restante dos trabalhadores deixaram de ganhar alguma coisa com a política econômica rígida do governo para com os trabalhadores, nós, em São Bernardo, não só deixamos de ganhar alguma coisa, como estamos perdendo aquilo que já tínhamos até l974. Eu poderia citar alguns exemplos: o trabalhador de São Bernardo do Campo tinha, principalmente da indústria automobilística, três, quatro aumentos fora o dissídio coletivo; <strong>depois da propalada crise do petróleo – eu procuro chamar isso de ‘depois da crise das contenções das despesas das empresas’</strong>, uma contenção que redundou em rebaixamento salarial - nós trabalhadores de São Bernardo começamos a perder bastante. Mas também quero avisar o companheiro que o problema não é categorias isoladas brigarem. Eu acho que é um problema de toda a classe trabalhadora, independentemente da categoria da qual cada um faz parte. A antecipação a empresa só dá... E eu quero deixar bem claro ao companheiro trabalhador que <strong>nenhum empresário vai dar aumento apenas porque ele quer</strong>, mas, isto sim, <strong>dar aumento pro trabalhador quando ele exigir</strong>. E eu acho que <strong>é o momento de a classe trabalhadora brasileira começar a exigir aquilo que é dela</strong>, ou seja, <strong>o direito de ganhar melhor, de viver com dignidade</strong>. </span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><span style="color: #f9cb9c;">- Mas Lula, no caso dos metalúrgicos, não houve um benefício da classe quando o modelo econômico brasileiro privilegiou o desenvolvimento da indústria automobilística e, û, daqueles que dependem dessa indústria, no caso os metalúrgicos?</span> </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">- Poderíamos chamar de benefício pura e simplesmente o fato do emprego, <strong>se é que podemos chamar de benefício</strong>. Mas nós precisamos saber talvez até os malefícios que vieram depois disso. E aí eu gostaria que cada trabalhador da indústria automobilística julgasse se, além do emprego que foi dado pela indústria automobilística, ele ganhou alguma coisa mais. Porque se ela não viesse, viriam outras indústrias, talvez até viessem indústrias do eixo de <em>caroça</em>, mas viriam indústrias e os trabalhadores iriam trabalhar, ou <strong>talvez fossem trabalhar no campo e, ao invés de produzir automóvel, eles produzissem</strong> <strong>alimentos,</strong> que é aquilo de que realmente o mundo está carente. </span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><span style="color: #f9cb9c;">- É, mas nesse sentido, <strong>como é que você compara as condições de</strong> <strong>trabalho daquele que está no meio urbano e daquele que está no meio rural?</strong></span><strong> </strong></span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">- Eu acho que a situação está ruim para os dois lados. E <strong>pior para o trabalhador do meio rural</strong>, exatamente porque se deu preferência a uma certa atividade, no nosso caso, ao setor automobilístico, <strong>esquecendo de uma vez por todas o meio rural</strong>. Mas eu acredito que, a médio prazo, <strong>o trabalhador rural irá exigir uma reforma agrária que dê terra para o trabalhador e meios para ele possa produzir e viver com respeito,</strong> cuidando de sua família talvez até melhor do que o trabalhador do meio urbano. </span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><span style="color: #f9cb9c;">- Lula,</span><span style="color: #f9cb9c;"> o que você acha do salário do menor?</span> </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">- O atual ou o que virá O atual já não representa aquilo que o menor deveria ganhar. Nós deveríamos dividir o menor em dois tipos de trabalhador. Um que trabalha na produção e que produz tanto quanto um adulto (pto.virg) e outro que é admitido na empresa como aprendiz. Na atual legislação, esse aprendiz recebe um pouco menos do que o salário mínimo. Agora, o governo vir com o argumento de que para acabar inclusive com os trombadinhas tem de reduzir o salário para que as empresas possam dar mais emprego, para nós, do Sindicato de São Bernardo Campo e Diadema, isso não cola. </span><br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><span style="color: #f9cb9c;">- Seu Lula, o problema do menor abandonado é grave no Estado de São Paulo, nas grandes cidades. Na sua opinião, qual seria a medida exata para resolver esse problema ? - Raimundo Faoro, presidente da Ordem dos Advogos do Brasil) Tendo em conta o grande e alarmante número de menores carentes e abandonados no Brasil, quais as medidas que pretendem os sindicatos reivindicar para estabelecer condições de salário e de aprendizagem dos menores</span><span style="color: #ff9966;"> ?</span> </span><br />
<br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">- Eu acho essas perguntas totalmente idênticas. Primeiro que </span><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>se dê ao trabalhador um salário digno</strong>. Segundo, que se dê recreação ao trabalhador e aos seus filhos, se dê áreas de lazer, <strong>escolas a todos</strong>, que <strong>acabarão os menores chamados de marginais, os menores abandonados.</strong> Quanto à segunda pergunta, eu acredito que a maior briga que <strong>o sindicato pode levar adiante para acabar com os menores abandonados</strong>... eu acredito que só alguma pessoa com tendência diabólica pode abandonar um menor; os menores que estão aí abandonados, é por falta de condições da família tratar dele, por falta de condições do pai ou da mãe para dar uma vida normal a esse menor. Isso <strong>só será resolvido a partir do a partir do momento em que o Estado assumir a responsabilidade de dar possibilidade para que cada família possa criar os seus filhos.</strong> E <strong>o sindicato pode lutar muito para que o trabalhador tenha um salário digno</strong> e para que cada chefe de família possa sustentar o seu filho evitando assim que ele venha a ser um menor abandonado. </span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><span style="color: #f9cb9c;">- <strong>Qual a lei que falta</strong> para proteger o menor trabalhador, Lula</span><span style="color: #f9cb9c;"> ?</span></span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">- Eu acho que <strong>a lei que falta</strong> para proteger o menor trabalhador é a contratação coletiva do trabalho, onde o sindicato, representando os trabalhadores e após uma decisão da categoria, pudesse negociar as condições de trabalho, as condições de salário, não para o menor, mas para todos os trabalhadores, <strong>sem distinção de</strong> sexo, <strong>de cor</strong>, de idade. E é a partir daí que eu vejo que <strong>a contratação coletiva do trabalho viria sanar todos os problemas</strong>, ou pelo menos 98% dos problemas existentes hoje para a classe trabalhadora. </span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><span style="color: #f9cb9c;"></span></span><br />
<div align="center" style="text-align: justify;"><strong><span style="font-family: Trebuchet MS;"></span></strong><br />
</div><br />
<span style="color: #f9cb9c; font-family: Trebuchet MS;">- (Jorge Maluly Neto, ex-secretário do Trabalho de São Paulo) O que você pensa, quais são as suas teses sobre uma mudança do movimento sindical, não apenas em São Paulo, mas do movimento sindical brasileiro? </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">- Eu <strong>tenho provado com atos a necessidade de uma mudança</strong> tanto sindical, como empresarial, como governamental. Há uma mentalidade criada pelos empresários, pelo governo, de que o trabalhador e o causador de grandes prejuízos, porque o trabalhador é culpado pelo salário, e o trabalhador que precisa de educação..., porque o trabalhador precisa de escola e uma série de coisas. E <strong>os empresários acham que o salário do trabalhador é que causa prejuízos a eles</strong>. Os próprios dirigentes sindicais são culpados por isso porque, na sua grande maioria, não se dispõem a conversar, não se dispões a ser ais sinceros consigo mesmos, pra que, quando se encontrarem com uma autoridade, possam dizer a verdade, dizer o que a classe está passando e não ficar dando tapinhas nas costas das autoridades. Mas eu <strong>precisava deixar claro ao secretário de Relações do trabalho, ou melhor, ex-secretário, porque já se afastou,</strong> que a classe trabalhadora está bem mais preparada do que a classe empresarial. Falo isso convicto, porque <strong>estive conversando com dezenas e dezenas de empresários</strong>; falo isso convicto porque <strong>tenho conversado com dezenas e dezenas de autoridades</strong>, e falo isso convicto porque tenho conversado com milhares de trabalhadores. E <strong>se hoje existe nesta terra alguém preparado para o diálogo, esse alguém, não tenha dúvidas, Sr. Secretário, é a classe trabalhadora,</strong> <strong>que é honesta, responsável</strong> e que, acima de tudo, e <strong>patriota</strong>, que <strong>ama essa terra mais do que ninguém. </strong></span><br />
<br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;"><span style="color: #f9cb9c;">- <strong>Há cerca de um mês, 15 operários da Mercedes</strong>, isso foi em abril, entraram em greve, inclusive conseguiram realizar uma assembléia com cerca de 400 operários. <strong>Você não reconheceu a atitude deles, dizendo que o movimento se realizou fora do sindicato</strong>. Queria saber por quê.</span> </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">- Eu acho que <strong>a pessoa que fez a pergunta está mal informada</strong> ou é daquelas de oposição sindical bem radicais, que às vezes <strong>não querem sequer usar pelo menos um mínimo de bom senso</strong>. Me desculpe, mas primeiro o <strong>sindicato não deixou de levar em consideração,</strong> em nenhum momento (o movimento dos operários da Mercedes). <strong>Apenas o que houve é que pelo cadastramento do movimento sindical, os trabalhadores fazem muitos movimentos à revelia do sindicato</strong>, o que eu acho até válido, porque a partir do momento em que for ao sindicato, o sindicato estará atrelado e terá que cumprir a lei e aí fica difícil ao trabalhador conseguir alguma coisa. Mas o que houve na Mercedes é que um grupo de trabalhadores esperava um reajuste naquele mês, não veio o reajuste, os companheiros pararam, estavam até organizados porque pararam todos, e 17 foram dispensados. O sindicato fez duas reuniões com a empresa, há perspectiva de reajuste para todos os trabalhadores e em nenhum instante o sindicato deixou de proteger esses trabalhadores. O que houve, isso sim, é que, pelo fato de o sindicalismo brasileiro de hoje estar desacreditado, o sindicato convocando não duas mas quatro reuniões de trabalhadores, nós tivemos lá por volta de 400 ou 500 trabalhadores. E não tenha dúvidas a pessoa que fez a pergunta, que <strong>uma das tônicas das discussões era nós sermos solidários com aqueles companheiros que tinham perdido o emprego. Mas, infelizmente, começamos a fazer reuniões e percebemos que começou a diminuir o número de companheiros que estavam participando</strong>. Mas <strong>o sindicato</strong> <strong>não estava desatento ao problema,</strong> mesmo porque <strong>vamos convocar novas reuniões</strong>, estivemos conversando com a empresa, estamos vendo se isso que a empresa está predisposta a discutir no momento – um reajustamento para o trabalhador – é verdadeiro. Porque se não for, <strong>o Sindicato</strong> de São Bernardo do Campo <strong>assumirá o seu papel</strong> e, se for necessário, <strong>até fazermos já paralisações solidárias a esses companheiros iremos fazer</strong>. </span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><span style="color: #ff9966;"><span style="color: #f9cb9c;">- Lula, você é o presidente do sindicato dos Metalúrgicos, portanto você representa a classe operária; eu <strong>vi você dando uma entrevista na televisão trajando um terno de colete,</strong> o que não representa um vestuário normal dos operários. Eu queria saber se você não ficaria melhor vestido num traje mais adequado à sua classe.</span> </span></span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">- Olha, essa pergunta foi motivo de uma briga minha com um grande jornalista, que <strong>acha que o trabalhador só tem que produzir, mas tem que andar miseravelmente</strong>, <strong>tem que comer mal porque aí é trabalhador autêntico</strong>, <strong>tem que estar como fome, senão não é trabalhador</strong>. Se dependesse de mim, se dependesse de minhas condições salariais, eu seria um trabalhador que andaria bem vestido, porque eu gosto de andar bem vestido. Eu não quero usar as palavras do Joãozinho Trinta, mas, realmente, <strong>miséria não é para a classe trabalhadora, porque a classe trabalhadora não gosta de miséria</strong>. Eu não queria dar a fonte onde tinha comprado o meu terno com colete, mas eu preciso dizer a meu companheiro que o meu terno custou Cr$ 1.750,00, e eu o comprei na cooperativa da Volkswagen, <strong>quando nem tinha direito de comprar</strong>, foi um companheiro que comprou para mim. Agora, <strong>eu peço até a Deus que num futuro bem próximo, todos os trabalhadores possam por terno e colete,</strong> pois acho que <strong>o trabalhador tem que ter tudo aquilo que ele produz até automóvel</strong>. <strong>Se o trabalhador produz, não é para a classe média usar, não é para os tubarões usarem, mas é para ele próprio trabalhador usar.</strong> Então eu acho que é um <strong>direito de termos, de possuirmos tudo aquilo que nós trabalhadores produzimos</strong>, porque senão nós iremos apenas produzir, <strong>iremos apenas vestir os outros, iremos apenas fazer os outros verem televisão a cores, iremos apenas fazer os outros nos atropelarem de automóvel</strong>, quando <strong>somos nós que produzimos</strong>, quando <strong>somos nós que construímos casas</strong> e <strong>para ser trabalhador autêntico, segundo a concepção deste companheiro, nós deveríamos morar em favelas</strong>. Ora, eu acho que a autenticidade do trabalhador não está na mendigagem dele em se vestir. Eu fui fazer uma reportagem para um jornal e fui com uma camiseta de João Ferrador; então, lá eu fui considerado autêntico porque estava mal vestido. Talvez se eu fosse de terno e colete, não fosse considerado autêntico. Eu acho que a autenticidade da pessoa não está no traje, mas nas idéias, nos atos que tenho dado demonstração de que se não tenho sido mais autêntico, é porque eu não sei ser mais autêntico, mas estou convicto de que sou honesto para com a classe que represento, de que tenho <strong>dado de mim o máximo que posso dar</strong> e em nenhum instante seria um paletó ou um colete que iria mudar as minhas atitudes para com os trabalhadores. </span><br />
<br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;"><span style="color: #ff9966;"><span style="color: #f9cb9c;">- O movimento estudantil constantemente coloca a necessidade de uma união entre os operários e os estudantes. Então eu auero saber como os estudantes podem se integrar ao movimento operário.</span> </span></span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">- Sem querer ofender nossos estudantes – talvez o meu grau de cultura, eu <strong>só tenho o curso primário</strong>, tenho o curso ginasial eliminado na base de fazer X, eu não aprendi muito, eu <strong>só tenho curso de torneiro mecânico</strong>, talvez essa minha desinformação é que me leve a ser assim – mas eu acho que a melhor maneira de os estudantes ajudarem a classe trabalhadora seria <strong>eles ficarem dentro das universidades</strong>. </span><br />
<br />
<span style="color: #f9cb9c; font-family: Trebuchet MS;">- E o queria perguntar para o Lula o seguinte: a gente vê hoje vários setores da sociedade se mobilizando na campanha da anistia. Eu <strong>queria saber do Lula, enquanto líder sindical, enquanto líder operário, como é que ele acha que os operários devam participar desta campanha pela anistia</strong>, de que forma os operários devam participar, e <strong>se existe uma preocupação pela anistia dos operários que foram cassados, banidos em 68</strong>, por exemplo, o José Ibrahim que participou da greve de Osasco, em 68. </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">- De sã consciência, nenhum brasileiro hoje pode ser contra a anistia. Eu acredito que o trabalhador também é a favor da anistia, não só dos líderes operários que estão fora. E eu até gostaria de contestar o companheiro, no sentido de que eu <strong>não gosto que me chamem de líder</strong>, pois eu não sou líder. Se eu fosse líder, comandava a minha classe para fazer o que bem entendesse. E nós sabemos que aqui no Brasil ninguém lidera nada. Eu gostaria de ser chamado de dirigente sindical, porque não me considero líder. Quanto à anistia, eu entendo que todos devem ser a favor da anistia. Mas <strong>há de se entender também que existe uma anistia para a classe trabalhadora de que ninguém tem falado</strong>. Eu acho que <strong>a classe trabalhadora está realmente precisando de uma anistia</strong>, porque <strong>ela é a grande prisioneira nessa terra</strong>. Um <strong>trabalhador que levanta às 4 horas da manhã e chega em casa às 8 da noite está precisando de uma anistia</strong>, sabe, para ele poder ter uma vida um pouco melhor. E <strong>tem</strong> <strong>pouquíssima gente se preocupando com esse tipo de anistia</strong>. Sou a favor da anistia, mas <strong>me preocupa muito mais uma anistia para a classe trabalhadora, que é realmente a grande sofredora</strong>, eu não diria só no Brasil, mas em qualquer parte do mundo. </span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="color: #f9cb9c; font-family: Trebuchet MS;">- Como você vê a discriminação da mulher trabalhadora? </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">- Existe. Existe e foi denunciada no Congresso da Mulher Trabalhadora, que nosso sindicato realizou entre os dias 21 e 28 de janeiro. Existe discriminação porque as próprias mulheres a denunciaram. Por parte do sindicato, <strong>nós esperamos nunca mais realizar um congresso de mulheres, porque esperamos acabar com este tipo de discriminação</strong>, convocando então um congresso de toda a categoria metalúrgica, com a participação de homens e mulheres. Dentro da fábrica existe discriminação da mulher. Não existe nenhuma fábrica, por exemplo, em que não haja chapinha ou fichinha que a mulher deve pedir ao chefe para ir ao banheiro. Para o homem não existe, mas para a mulher existe fichinha. A mulher faz o mesmo serviço do homem e não ganha o mesmo salário do homem, quando a Constituição proíbe isso. Isso está provado, quem quiser constatar é só ir ao sindicato examinar algumas carteiras profissionais, é só ir na porta das fábricas e conversar com as mulheres trabalhadoras. Existe discriminação no tratamento da chefia para com a mulher, desde cantada de chefe, até a persuasão, a coação para que a mulher produza muito mais, porque a mulher foi criada, doutrinada, massificada, convencida de que ela faz parte do sexo fraco. E se ela faz parte do sexo fraco, não pode brigar com o chefe. E há algumas denúncias até engraçadas. Outro dia uma mulher me procurou e <strong>disse que lamentavelmente ela era mulher e não podia partir a cara do chefe dela, porque</strong> <strong>se ela fosse homem, esperava o chefe na rua e lhe partia a cara</strong>, de tanto que esse elemento que tem um cargo de chefia perturbava ela, forçando-a a trabalhar e produzir muito mais do que o permitido pela capacidade física dela. </span><br />
<br />
<span style="color: #f9cb9c; font-family: Trebuchet MS;">- Eu gostaria de saber qual a sua impressão sobre o novo governador Laudo Natel. </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">- Eu não tenho impressão sobre o novo governador, mesmo porque eu não tive nenhuma participação na sua escolha. No dia seguinte ao da escolha do novo governador, eu disse que, pelo menos para mim, <strong>ele não tem nenhum compromisso com a classe trabalhadora, porque ele não foi escolhido pela classe trabalhadora</strong>. Ele tem compromissos, isto sim, com as pessoas que o escolheram para ser governador do Estado de São Paulo. Eu não acredito que o senhor Laudo Natel venha a fazer muita coisa pela classe trabalhadora. Ele já foi duas vezes governador e pouco fez pelos trabalhadores. E não será desta vez que ele irá fazer alguma coisa. Salvo se a classe trabalhadora estiver preparada para exigir do governador tomadas de posição que a beneficiem. </span><br />
<br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;"><span style="color: #f9cb9c;">- (Presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis) Haveria condições de o seu sindicato, através de pesquisa, nos informar o <strong>percentual de associados que deixam de adquirir a casa própria por dificuldade de comprovação de renda, nos termos exigidos pelo BNH?</strong></span> </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">- Eu <strong>não sei se é um político que fez a pergunta</strong>, mas se for político, <strong>acho bom que ele vá até o Sindicato</strong> de São Bernardo ou <strong>até a porta das fábricas</strong> <strong>ver se o trabalhador realmente tem condiçõees de</strong> <strong>comprar casa</strong> do BNH. </span><br />
<br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;"><span style="color: #f9cb9c;">- (Direção do programa) Ele não é político. É o presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis.</span> </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">- <strong>Então eu preciso informar a ele</strong> que hoje <strong>o trabalhador</strong> metalúrgico de São Bernardo do Campo <strong>que ganha até dez salários mínimos está praticamente impossibilitado de comprar uma casa</strong> pelo Sistema Financeiro de Habitação. Isto porque em São Bernardo, qualquer metro quadrado de terra, em qualquer lugar, custa Cr$ 20.000,00. Então, a grande verdade que <strong>esse presidente do Sindicato de Corretores de Imóveis deve saber</strong> é que <strong>o BNH está usando o dinheiro do trabalhador em prejuízo do próprio trabalhador</strong>, causando a especulação imobiliária e impossibilitando o trabalhador de, nos grandes centros urbanos, ter sua casa, porque <strong>o salário dele não permite comprar</strong>. E eu gostaria de citar um exemplo, de mostrar o milagre sem dizer o nome do santo. Uma determinada empresa, preocupada em resolver o problema habitacional de seus trabalhadores, resolveu construir casas para eles. E <strong>veja, senhor presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis</strong>, como a coisa é drástica. Essa empresa está vendendo casas aos trabalhadores com uma metragem de 36m2, incluindo quintal. E para comprar essa casa, o trabalhador tem que ganhar mais de Cr$ 6.200,00. E de 70% a 80% da nossa categoria não ganham isso. Então, veja por que em São Bernardo do Campo <strong>existe hoje um cinturão negro de barracos com trabalhadores especializados morando em favelas</strong> porque na podem pagar aluguel e tampouco comprar uma casa. </span><br />
<br />
<span style="color: #f9cb9c; font-family: Trebuchet MS;">-<strong>O que você acha da atuação da Igreja</strong> nos movimentos de massa ? </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">- Eu respeito muito a Igreja. Uma vez eu declarei a uma revista que a Igreja estava cumprindo o papel de quem estava com remorso. Ela tinha ficado parada durante muito tempo e <strong>agora surgiu como a grande salvadora da classe trabalhadora</strong>. Quando eu disse isso eu não quis atacar, eu não quis agredir determinadas pessoas realmente dispostas a lutar em benefício da classe trabalhadora, ou tentar pelo menos trabalhar na arregimentação da classe trabalhadora. O que eu acho, e isso eu ainda preciso discutir com determinadas pessoas, é que <strong>não podem ser criados movimentos paralelos ao movimento sindical</strong>, pois isso prejudica a classe trabalhadora. Eu acho que <strong>tudo deveria ser canalizado através dos sindicatos</strong>. Se o sindicato não funciona, que os trabalhadores façam o sindicato funcionar, expurgando de lá os maus dirigentes sindicais. Eu acho que existem algumas pessoas de extrema validade dentro da Igreja, mas, sinceramente, sob pena de não agradar a muita gente, eu acho eu a Igreja tem um pouco de responsabilidade pela situação que a classe trabalhadora vive hoje. E só por isso que eu <strong>não vejo a Igreja como salvadora da classe trabalhadora</strong>. </span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"></span><br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="color: #f9cb9c; font-family: Trebuchet MS;">- Eu gostaria de saber o que você acha das Brigadas Vermelhas, e da morte de Aldo Moro. </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">- Eu <strong>sou contra qualquer tipo de radicalismo</strong>, eu acho que <strong>não é matando pessoa que nós vamos encontrar as soluções para os nossos problemas</strong>. Não conheço os problemas políticos da Itália que levaram ao surgimento das Brigadas, mas eu acho que elas não deveriam existir, porque é lamentável que, sendo só Deus que tem o direito de tirar uma vida, <strong>grupos que falam em defesa de não sei quem, procurem matar pessoas querendo salvar</strong> assim uma nação. <strong>Não aceito que existam esses tipos de grupo</strong>, mesmo porque radicalismo gera radicalismo. Enquanto eles estão matando um, os outros vão querer matar a eles e isso vai acabar numa grande matança, o que não traz benefícios a ninguém. Eu acho que <strong>os homens podem resolver os problemas deles conversando</strong>, <strong>mas sem</strong> <strong>partir para a morte</strong>, que é um direito que cabe só a Deus. </span><br />
<br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"></span><br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><span style="color: #f9cb9c;">- (General Dilermando Gomes Monteiro) – Como comandante do II Exército, um dos problemas que muito me preocupam é o da segurança, portanto, da <strong>possibilidade de infiltração de ideologias extremistas</strong>,<strong> como é a ideologia comunista, no seio do operariado</strong>, Isso é uma preocupação de todos nós. E eu gostaria de saber <strong>como o Lula vê a possibilidade de impedir que haja essa infiltração nos sindicatos operários</strong>.</span> </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">- Eu <strong>sou contra o radicalismo</strong> tanto de esquerda como de direita. Eu acho que <strong>o radicalismo não leva a nada</strong>. Agora eu queira dizer ao general Dilermando, comandante do II Exército, que a associação do meu sindicato é livre e eu não consigo identificar quem é de extrema direita e quem é de extrema esquerda. Mas eu gostaria, isto, sim, que o comandante do II Exército nos ajudasse a brigar pela liberdade sindical, e me desse o direito, não só a mim mas a todos os dirigentes sindicais que não têm compromissos ideológicos, de lutarem contra qualquer um dos dois extremos. </span><br />
<br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;"><span style="color: #f9cb9c;">- (Direção do programa) - Lula, você, <strong>a partir das respostas deste programa, não se considera um candidato Porque você se comportou como um candidato</strong>.</span> </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">- Não, eu acho que tive a minha candidatura lançada em outubro do ano passado, nas eleições do sindicato, e eu ganhei as eleições, mesmo porque não houve uma chapa de oposição. <span style="background-color: orange;"><span style="color: white;"><strong>Não sou candidato, não sou filiado a partido político, não tenho intenção de me filiar, não tenho intenção de ser candidato</strong>, embora</span></span> alguns companheiros amigos até benevolentes, achem que eu seja um grande candidato. Mas <strong>não sou candidato realmente, <span style="background-color: orange; color: white;">não tenho interesse</span>.</strong> O meu interesse por enquanto é fazer um trabalho sério na frente do sindicato, com a ajuda da diretoria, que é muito séria; isso é muito mais importante para o trabalhador do que eu ser candidato. </span><br />
<br />
</div><div align="right" style="text-align: justify;"><br />
</div><div align="center" style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #009900; font-family: Trebuchet MS;"></span></strong><br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #93c47d; font-family: Trebuchet MS;">(*) Após as entrevistas, vêm os discursos de Luís Inácio. Em um deles, veremos o sindicalista convencendo os operáros a perder boa parte de seu salário para manter uma greve que durou mais de um mes e prejudicou os 'trabalhadô', que, segundo ele, têm muito a perder como assalariado, ao contrário dos estudantes.</span></strong><br />
</div><div align="center" style="text-align: justify;"><strong><span style="font-family: Trebuchet MS;"></span></strong><br />
</div><div align="center" style="text-align: justify;"><strong><span style="font-family: Trebuchet MS;"></span></strong><br />
</div><div align="center" style="text-align: justify;"><strong><span style="font-family: Trebuchet MS;"></span></strong><br />
</div><div align="justify" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"></span><br />
</div><div align="center" style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>Jurema Cappellettihttp://www.blogger.com/profile/16339170311595061062noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3418942780652622491.post-38047194309319299462009-02-10T09:29:00.000-08:002009-12-14T01:16:13.670-08:00Entrevista ao Jornal do Brasil<div align="center"><div align="left"><span style="color: white; font-family: trebuchet ms;"><strong>10 de abril de 1978</strong></span><br />
</div><br />
<span style="color: #333333; font-family: trebuchet ms; font-size: 180%;">***</span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;">O assunto desta entrevista é o direito de greve, principal lema de Luís Inácio para atiçar os operários. Antes de sua transcrição está o quadro abaixo, com um texto do livro <em>Viagens com o Presidente</em> (págs 90/</span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">91), que evidencia a enorme diferença entre o sindicalista e o atual presidente.</span><br />
</div><div align="center"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div align="center"><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Tanto nesta como em todas as outras, é evidente que Luís Inácio não aceita coisa alguma que parta 'do outro lado' , pois precisa se manter em eterna luta, pois é disso que depende sua imagem. </span><br />
</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Luís Inácio critica investimento do governo em empresas com dificuldades financeiras, o que agora, na presidência da República, já fez diversas vezes. Fala sobre a importância do direito de greve para o trabalhador. Justamente ele, o grande admirador e amigo de Fidel Castro, autoritário e opressor que jamais respeitou a vontade do povo cubano, dentre diversos outros ditadores. </span><br />
</div><span style="color: #333333; font-size: 180%;">***</span><br />
</div><div align="justify"><span style="color: #333333; font-size: 180%;"></span><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5302332216039343970" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirOW95VInlNfngWRbllr0-WiHcdOzJmhiNYgNOgpORP1PoKYQ5HYTeS6IJtkgNxyjiszWTPeg9ZVNEyvixTjuW-UJS1yr3evlG__Lf2DYirCOHP49zpvkebQSzv0vgXaGh_pmqYTCmGu4/s400/ONTEM+E+HOJE.jpg" style="cursor: hand; display: block; height: 247px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" /> <br />
<div align="center"><span style="color: white; font-family: trebuchet ms;"><strong>Apresentação</strong></span><br />
</div><div align="center"><strong><span style="color: #333333; font-family: Trebuchet MS;">***</span></strong><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;">Tendo como referência uma entrevista concedida pelo general Figueiredo à Folha de S.Paulo, Lula coloca aqui com extrema clareza seus conceitos sobre o direito de greve, salientando que esse direito não deve sofrer restrições: “o direito de greve deve ser universal”. Sobre negociações diretas, e tendo sempre o papel do governo, nas negociações, deve ser o de árbitro e não ode tutor, como tem acontecido. </span><br />
</div><div align="center"><span style="color: #333333; font-family: trebuchet ms;">***</span><br />
<span style="color: #333333; font-family: trebuchet ms;">***</span><br />
</div><span style="font-family: trebuchet ms;"></span><br />
<div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">- O que achou do conceito do direito de greve emitido pelo general Figueiredo na entrevista à Folha de S.Paulo?</span> - <strong>Achei o conceito de greve do general muito relativo</strong>, <strong>porque ele discrimina setores</strong> e isso já existe na atual lei de greve. Hoje <strong>só podem fazer greve os trabalhadores de determinados setores.</strong> <strong>Então, ele não está inovando nada</strong>, porque, a partir do momento em que ele diz que um determinado setor não pode fazer greve está admitindo que os trabalhadores desse setor podem ser espoliados pelos empregadores. <strong>O direito de greve deve ser universal</strong>. Nele <strong>o trabalhador se sente na obrigação de lutar por melhores condições de vida,</strong> melhores condições de salários em qualquer atividade. Se ele trabalha no setor de combustível, por exemplo, sabe que o povo não pode ficar sem combustível, mas nem por isso deve deixar de lutar. <strong>Os empregadores desse setor é que têm de resolver o problema</strong> o mais imediatamente possível para causar menos problemas à população.</span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">- Acha possível fixar objetivamente que tipo de indústria não pode parar, por causar prejuízos muito e levados à comunidade?</span> - Acho que <strong>todos os setores deveriam, quando necessário, fazer greve</strong>, por todos os setores têm empregadores e trabalhadores e em todos existem as relações sociais. Se ficarmos a favor dessa idéia de que determinados setores não podem parar porque são prioritários, cairemos numa esparrela. Pode ser que amanhã, o governo passe a considerar um automóvel um produto essencial à ação e aí os trabalhadores da indústria automobilística não poderiam fazer greve. Levando o caso a um extremo maior, os refrigeradores poderão vir a ser considerados também prioritários e aí os trabalhadores do setor não poderiam parar. Então, acho que a condição <em>sine qua non</em> para o direito de grevê é apenas a existência de trabalhadores e de empregadores.</span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">- Mas <strong>não acha que já há um progresso</strong> no fato de o futuro presidente, pelo menos, admitir o direito de greve?</span> - Eu <strong>acho que todos eles admitiram</strong>, mas, veja, o direito de greve, na atual estrutura legal, inexiste, pelo menos na prática.</span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">- O senhor foi o homem que iniciou as negociações diretas entre empregadores e trabalhadores, tentando um acordo direto com os patrões. O que achou da idéia do general Figueiredo, segundo a qual o governo deve ser sempre o árbitro, através da Justiça do Trabalho?</span> - O grande problema está exatamente na Justiça do Trabalho. Eu entendo que quando ele fala que de um lado existe um grupo de trabalhadores reivindicando e um grupo de empregadores, de outro, negando, tem razão. Mas aí estaria o fator principal do direito de greve. Agora, o papel do governo teria que ser realmente o de árbitro. Deveria, na verdade, haver um árbitro designado pelo governo ou pelo Judiciário para tentar conciliar os interesses. Mas não seria um papel de impor, como está impondo, no momento, a Justiça do Trabalho.</span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">- Então acha que a Justiça não tem funcionado como árbitro?</span> - Às vezes a Justiça até veta o direito de se negociar. Por isso,s não acho que ela tenha sido árbitro, mas uma tutora. A diferença é a seguinte: o árbitro deve permitir que as duas partes lutem até se chegar a um acordo e hoje a Justiça do Trabalho nem permite essa tentativa de acordo. No caso do reajuste salarial este ano, temos um exemplo muito bom, pelo qual aparece claramente o fato de a Justiça do Trabalho haver dado o resultado do jogo antes mesmo que ele começasse. Que tipo de árbitro, então, é esse? A Justiça do Trabalho decidiu o aumento sem sequer saber se haveria a possibilidade de um acordo prévio.</span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #f9cb9c;">- O que achou dos conceitos emitidos pelo general Figueiredo sobre a privatização das empresas estatais?</span> - Eu acho que ele tem razão. <strong>O governo não pode assumir as responsabilidades de nossos patrões</strong>, principalmente daqueles que são maus administradores. É muito cômodo o empresário cismar de montar uma empresa, mesmo ela sendo inviável, sem ter o menor risco porque <strong>ele sabe que o governo sempre o salvará com uma boa injeção de investimentos</strong>, afinal de contas dinheiro do povo. O governo não pode assumir os riscos e as responsabilidades de empresas que só dão prejuízo à Nação. Um exemplo prático é o caso da Lutfalla. O governo jogou rios de dinheiro lá dentro, beneficiando meia dúzia de pessoas e usando como argumento o fato de não poder deixar na rua 1500 operários, porque então seria criado um problema social.</span><br />
</div><div align="center"><span style="color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">***</span><br />
<span style="color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">***</span><br />
<br />
<br />
</div><div align="right"><br />
</div></div>Jurema Cappellettihttp://www.blogger.com/profile/16339170311595061062noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3418942780652622491.post-53048675805358411002009-02-09T12:16:00.000-08:002011-09-25T15:45:25.384-07:00Entrevista à Revista Visão<div align="center"><div style="text-align: left;"><span style="color: white; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>3 de abril de l978</strong></span></div><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">COMENTÁRIOS SOBRE A ENTREVISTA</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><em>“Porque, eu não sei”</em> - Ao responder sobre o motivo de sua rápida ascensão Luís Inácio se faz de bobo. Encaminha o assunto, de maneira dissimulada, para fato de o sindicato ser inexpressivo até ... ele se tornar presidente. </span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Fala de seu desejo de ver sindicatos dentro das empresas (em 78, a fábrica Villares manter o vínculo empregatício com o sindicalista, afastado desde 72, certamente aliviada, pois é impossível a qualquer empresa funcionar com um operário incentivando os outros a pararem as máquinas ao invés de trabalhar .</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Nega que o sindicato faça algumas campanhas com o objetivo de se promover, o que já era evidente pela própria pergunta formulada. Na base do “vou fazer e acontecer”, ainda um tanto tímido, procura evidenciar seu poder de exigir. Se diz pela liberdade, mas não admite o livre mercado, pois esta falsa liberdade apregoada seria direito apenas dos trabalhadores, mas não das empresas. </span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Nesta entrevista já é evidente sua intenção de abrir um novo partido político. Insiste na necessidade da atuação dos trabalhadores na política – “sinto a possibilidade de os trabalhadores participarem dos partidos políticos. Talvez não nos existentes atualmente, mas em outros cujos programas se afinem com as aspirações dos trabalhadores”. </span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Ao defender a participação de todos os brasileiros na vida política, diz o seguinte: "O dirigente sindical deve levar para a campanha, pura e simplesmente, o prestígio adquirido – se é que conseguiu algum". Ou seja, se refere a ELE próprio por ser o único sindicalislta com prestígio na época.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Em outro trecho fala sobre a necessidade dos trabalhadores terem representantes no Legislativo para mudar leis, porém em l986 foi deputado federal inapto, omisso e não fez coisa alguma. Além disso, dentre outras presapadas, Luís Inácio fala sobre acabar com a contribuição sindical e o índice de reajustamento salarial que não deve ser decretado pelo presidente da República. Pois hoje o ex-sindicalista é presidente da República e nada disso mudou. </span></div><br />
<br />
<span style="color: #333333;">***</span></div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhX-By-xVg_K3-9QAZYtwgql6b-eZjj6m39ytKHHup00CXAQv9aV_sAx_jbaar1u8KNNpxqJJkQo2k3q4FBwOCKFJGKQMx1sj89vMlxQBE9b-SfynEH63RlLZaB-0jvABinQxDO1pjQuOo/s1600-h/página+41.JPG"></a><br />
<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijDaGqtg9Ni2pxsggRG5UymQl921Nlajgmr5RJO_9GFPKzJZOJnYPPeUr8NZJDzjOsTJazMzaGE0vE3xJdQqOJ_1GyfJ52NsiLpvtVYRcRge-dtORDwnAHcIIPj3s5qkw7_qHnkrknLlE/s1600-h/página+41.JPG"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5301114301362777378" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijDaGqtg9Ni2pxsggRG5UymQl921Nlajgmr5RJO_9GFPKzJZOJnYPPeUr8NZJDzjOsTJazMzaGE0vE3xJdQqOJ_1GyfJ52NsiLpvtVYRcRge-dtORDwnAHcIIPj3s5qkw7_qHnkrknLlE/s320/p%C3%A1gina+41.JPG" style="cursor: hand; float: left; height: 320px; margin: 0px 10px 10px 0px; width: 222px;" /></a> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzgnn0UNbOj2kl2tJsaKMQFu7j9H0hMjuR9UmgQml37Zw4thuNBKf8VIyzCfwFiABW5GF4M5Ie_m8Mi6mjoTEuLcr6MvqvX3uTX4g5b3bdiNCz2UarfOG0IcPMGP673BmWi3cEarOkj5Q/s1600-h/página+41.JPG"></a><strong><span style="font-family: Verdana; font-size: 85%;">Apresentação </span></strong><br />
<span style="color: #333333;"><strong><span style="font-family: Verdana; font-size: 85%;">***</span></strong> </span></div><div align="justify"><span style="font-size: 85%;"><span style="color: #333333;"><span style="color: #333333;"></span></span></span><span style="font-family: trebuchet ms;">Quando Lula concedeu esta entrevista, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema estava começando a se tornar famoso: iniciara-se lá a campanha pela complementação do reajuste salarial de l973, que havia sido muito menor do que a inflação real. Os dados que serviram de base para o cálculo desse reajuste tinham sido manipulados pelo governo, o que resultou numa significativa perda de poder aquisitivo dos trabalhadores. Na opinião de Lula, essa campanha foi, “<strong>depois da Revolução de l964, o maior movimento sindical, em âmbito nacional, ocorrido no país</strong>”. </span><br />
<div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;">Numa linguagem simples, porém sempre clara e bem articulada, ele explica <strong>porque seu sindicato se negou a participar do processo de reajuste salarial tutelado pela Justiça do Trabalho</strong>, em 978. Fala também sobre <strong>a inadequação da estrutura sindical brasileira</strong>, que “dá a impressão de ter sido feita antes de existirem trabalhadores”, sobre as vantagens do contrato coletivo de trabalho e da negociação direta entre patrões e empregados, <strong>sem interferência do governo</strong>. Dá ainda sua opinião sobre a liberdade de iniciativa no campo econômico, sobre a co-gestão nas empresas e sobre a participação dos sindicatos na política do país.</span></div><div align="center"><br />
</div><div align="center"><span style="color: #333333;">***</span></div><div align="center"><span style="color: #333333;">***</span></div><div align="justify"><span style="color: #ffcc99; font-family: trebuchet ms;">- Em pouco tempo você se tornou uma pessoa conhecida em todo o país. Como foi sua ascensão como dirigente sindical? </span><span style="font-family: trebuchet ms;">- Essa pergunta faz parte de outra, que eu mesmo me tenho colocado: porque <strong>nos últimos tempos, tanto jornal, tanta gente começa a falar dos metalúrgicos?</strong> <strong>Por que, de repente, as empresas jornalísticas começam a permitir a publicação de matérias com trabalhadores?</strong> Até l975, em são Paulo, apenas dois jornais publicavam pequenas colunas com assuntos sindicais. Nessa época – e antes – o nosso sindicato funcionava como agora. Muitas coisas que eu falo hoje já dizia há cinco, seis, dez anos. A diferença é que <strong>agora elas são púbicas, ouvidas</strong>. O mesmo ocorre com centenas de outros sindicatos e dirigentes. <strong>Não foi o sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema que descobriu a imprensa – ele foi descoberto. Por que , eu não sei.</strong></span></div><div align="center"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: trebuchet ms;"><strong></strong></span><span style="color: #ffcc99; font-family: trebuchet ms;">- Que fato deu notoriedade ao sindicato e a você ? É um sindicato grande? Com muita participação? </span><span style="font-family: trebuchet ms;">- O fato que nos trouxe às páginas dos jornais <strong>talvez tenha sido o episódio com a empresa Ford</strong>. Ela queria diminuir o salário dos empregados e <strong>o sindicato não aceitou</strong>. Consideramos que a redução era injusta – até porque <strong>os lucros da empresa não haviam sido distribuídos</strong> e <strong>não haveria, portanto, justiça em dividir os prejuízos, baixando os salário</strong>. Um detalhe: a Ford queria reduzir o salário dos trabalhadores do setor de produção e manter o salário dos gerentes e mestres. Depois, disso, no ano passado, tivemos a campanha em favor da reposição do salário de l973, dada a diferença entre as estatísticas oficiais e o custo de vida. A partir dessas situações – digamos, a partir de maio do ano passado - , <strong>o sindicato começou a ganhar espaço na imprensa e a se tornar mais conhecido</strong>. Mas o trabalho realizado agora é apenas conseqüência e continuação do trabalho efetuado pelos colegas que nos antecederam. Além disso, <strong>não me parece muito vantajosa essa notoriedade: é muita responsabilidade sobre uma mesma entidade</strong>. O Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema tem 39.000 associados. Do total, 80% usam o sindicato para alguma coisa e pouco mais de 10% participam ativamente de política sindical. Isso significa que ainda precisamos mudar a mentalidade: sindicato não é órgão de assistência médica; é entidade de reivindicação e participação do trabalhador. Quanto à <strong>minha carreira como dirigente sindical: comecei em l969, como suplente de diretoria. Na ocasião, eu trabalhava na produção da empresa Villares. Em l972, afastei-me da fábrica para ser primeiro-secretário</strong> e, em l975, assumi a presidência. Agora, fui e leito novamente para mais três anos. E, se Deus quiser, será meu último mandato.</span></div><div align="justify"><br />
</div><span style="font-family: trebuchet ms;"></span><br />
<div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">- A campanha pela complementação do reajuste de l973<strong> acabou servindo ao sindicato como arma de propaganda.</strong> Agora, <strong>quando vocês se recusam a participar de um processo de reajuste tutelado pela Justiça do Trabalho, essa atitude não tem, também, uma função de propaganda? </strong></span>- Em primeiro lugar, a campanha pela reposição salarial <strong>não foi propaganda</strong>. Ela <strong>foi, na minha opinião, depois da Revolução de l964, o maior movimento sindical, em âmbito nacional, ocorrido no país</strong>. E muitos outros sindicatos ainda entrarão na lista dos que querem a reposição. Quanto à nossa decisão de não aceitar um reajuste arbitrado pela Justiça do Trabalho, a intenção é clara: nós <strong>queremos mostrar que o sindicato não tem influência</strong>. Queremos <strong>conscientizar o trabalhador para a importância da sua participação nessa luta.</strong> Queremos mostrar que ele só conseguirá reajustes mais justos, aumentos salariais condizentes com as necessidades, quando discutir diretamente com o empregador.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">- Qual a possibilidade de vocês conseguirem, como querem, um contrato coletivo de trabalho, com negociação direta entre empresário e trabalhador, <strong>sem interferência do governo</strong>? </span>- Praticamente não existe possibilidade. Eventualmente vamos conseguir do empregador a concessão de um ou dois itens. <strong>Não há possibilidade de contratação coletiva de trabalho sem direito de greve</strong>. Tivemos muitos exemplos práticos disso. <strong>Eu mesmo estive várias vezes conversando com representantes da Federação das Indústria do Estado de São Paulo (FIESP), com o presidente do sindicato dos Fabricantes de Autopeças, com representantes de empresários.</strong> Eles simplesmente desconversa, dizem que não podem dar isso, não podem conceder aquilo. Alegam um monte de coisas. O trabalhador pede, o empregador diz que não pode dar. O que acontece então? Nós, os trabalhadores, <strong>devemos acatar um índice de reajustamento decretado pelo presidente da República.</strong> Essa situação nós queremos mostrar à classe trabalhadora. É o momento da verdade – pelo menos para o nosso sindicato. Se nós acreditávamos numa série de coisas no passado, daqui para a frente só nos resta mostrar que erramos. E tentar, dentro do possível, acertar. Talvez neste ano a gente não consiga nada: ainda não temos nem pauta de reivindicações e o nosso processo já foi enviado para o Tribunal para a resolução do dissídio. Mas queremos mostrar aos trabalhadores que, com ou sem assembléia, com ou sem discussão, com ou sem reivindicações, o reajuste vem por decreto. Nós não conseguimos influir.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">- Quais são os riscos de vocês perderem a data-base, o reajuste, etc? </span>- Não estamos preocupados com a data-base. Definitivamente, eu <strong>não sou adepto da teoria do quanto pior, melhor</strong>. Mas, <strong>talvez, se perdêssemos alguma coisa e o trabalhador sentisse um baque, ele viesse a enxergar a necessidade de participar, de influir.</strong></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><strong></strong><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">- A contratação coletiva de trabalho que vocês advogam <strong>é a mesma existente da CLT</strong> introduzida no governo Castelo Branco? </span>- É <strong>impossível fazer contratação coletiva de trabalho dentro do que a CLT estabelece hoje.</strong> Na mesma lei em que há um artigo dizendo ser possível essa contratação, há a ressalva de que, se o patrão se recusar, o processo será remetido para a Justiça do Trabalho. A legislação trabalhista atual é injusta. Tão injusta que estamos pedindo a mudança na natureza do contrato de trabalho. Hoje o trabalhador assina um contrato individual - leonino, às vezes, com seu empregador. Sem nenhum poder de barganha, sozinho. Queremos que ele possa assinar um contrato coletivo: a empresa de um lado e um grupo de trabalhadores de outro. Essa é uma das metas do nosso sindicato. Nós <strong>vamos também começar a discutir o salário profissional e o fundo de desemprego</strong>. Atualmente, o trabalhador não pode reivindicar, pois corre o risco de perder o emprego. Em todos os países desenvolvidos há um fundo de desemprego. No Brasil não há.</span><br />
<div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">- Você considera a estrutura e a legislação sindical adequadas a essas pretensões? </span>- A estrutura sindical brasileira dá a impressão de ter sido feita antes de existirem trabalhadores. Ela é totalmente inadequada. Não se adapta à realidade, foi feita de cima para baixo. O sindicato nasceu, no Brasil, não por vontade do trabalhado, mas por desejo do governo. <strong>É preciso acabar com a contribuição sindical que atrela o sindicato ao Estado.</strong> A estrutura e a legislação deveriam ser reformuladas como resultado das necessidades. O sindicato ideal é aquele que surge espontaneamente, que existe porque o trabalhador exige que ele exista. Deve ser uma entidade que defenda os interesses da categoria sem muita burocracia. Eu talvez não possa dizer exatamente que tipo de sindicalismo o trabalhador brasileiro gostaria de ter. Mas, a partir de abril, nós vamos <strong>organizar um seminário para mostrar o que temos como estrutura sindical</strong>. O próprio <strong>trabalhador, com o tempo, se encarregará de dizer o que deve ser mudado</strong>. O que eu posso afirmar é que a estrutura atual é ineficiente, inoperante, do ponto de vista do trabalhador. Um exemplo: a lei prevê a existência de 24 representantes (sete diretores e dezessete suplentes) para sindicatos que tenham 2000 ou 3000.000 associados. O nosso sindicato, por exemplo, tem empregados em 623 empresas da região, mas só pode manter delegados em 12 delas. Mais a lei não permite. Então, temos 611 empresas sem representantes do sindicato – o que, naturalmente, dificulta a representação.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">- O que você propõe? </span>- Eu sou favorável ao pluralismo sindical. <strong>Sindicatos dentro das empresas</strong> e, também, sindicatos por categorias econômicas. Eventualmente, entidades centrais. Por que não?</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">- Uma CGT?</span> - Sim. Mas não dentro da atual estrutura sindical. Agora, ela seria a reunião de alguns trabalhadores que passariam a ser cúpula de uma organização que nada pode resolver porque a estrutura não permite. Essas entidades surgirão quando houver maior participação. Mas acredito que <strong>a liberdade sindical virá depois da liberdade política.</strong></span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">- Você, que <strong>defende a liberdade sindical, defende também a liberdade econômica</strong>, a liberdade de iniciativa? </span>- Sou amante da liberdade. Deve haver liberdade de negociação, de empreendimento. Liberdade.</span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">- E você acredita que a liberdade de iniciativa no campo econômico seja condição essencial à existência de um verdadeiro regime democrático? </span>-É mais do indispensável. É a essência da democracia. <strong>Deve haver o direito de produzir e lucrar</strong>; assim como deve haver <strong>o direito do trabalhador de exigir sua participação em parte desses lucros</strong>. Até em conformidade com o aumento da produção e da produtividade. Eu <strong>não sou partidário da intervenção estatal</strong>. Ela deve ser mínima, restrita apenas a setores fundamentais da nação: saúde, educação, minérios, por exemplo. Minha posição é: deve haver liberdade para empreender e os empregados devem participar dos lucros.</span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">- Nesse caso, você, que <strong>tem pregado a negociação livre, sem interferência do governo</strong>, entre patrões e empregados, <strong>é favorável, também à liberdade das empresas para estabelecer sua própria política, de acordo com as leis de mercado</strong>, sem a interferência do governo, como a que é exercida pelo CIP? </span>- <strong>Desde que os preços sejam justos</strong>. Não sei se somente no livre jogo de mercado, com a oferta e procura, eles seriam justos. Muita gente poderia dificultar o livre trânsito das mercadorias pra conseguir preços melhores. No ano passado, por exemplo, houve uma grande queima de cebolas no Nordeste. Hoje, a cebola custa Cr$ 30,00 o quilo. Quem ganhou? Quem estocou. E quem estocou? Talvez quem tenha mandado queimar. Teríamos de ter uma fiscalização – uma comissão de representantes dos trabalhadores, dos empresários e também do governo – para<strong> garantir que e esses preços seriam justos</strong>. Hoje, <strong>a população é obrigada a comprar aquilo que existe, pelo preço da praça</strong> - não importa quão caro. Não há nem a possibilidade de reclamar. Quanto ao CIP, ele inclusive não funciona. Um exemplo prático: autoriza-se um aumento médio no preço dos automóveis de uma determinada fábrica, de 8%. Como <strong>um modelo vende mais do que outro e o aumento autorizado é médio, a empresa reajusta o preço do modelo mais vendido em 12% e o do menos vendido em 4%</strong>.</span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">- O trabalhador deve participar da co-gestão de uma empresa? Ele <strong>deve responder pelos prejuízos da mesma maneira que participaria dos lucros</strong>? </span>- O trabalhador deveria participar da co-gestão da empresa. Ele <strong>precisa saber o que acontece na empresa em que ele trabalha.</strong> E isso ele <strong>só vai saber se fizer parte do centro de decisões</strong>. Quanto aos prejuízos, no momento ele já está arcando com eles.</span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">- Você é favorável à participação dos sindicatos na política? </span>- Eu defendo a idéia de que <strong>o sindicato deve influir na política mas deve ser suficientemente forte para não permitir a ingerência política dentro dele</strong>. Não acredito que o sindicato deva atuar como partido político. Ele deve agir é como indicador para a classe trabalhadora. Acredito e sinto <strong>a possibilidade de os trabalhadores participarem dos partidos políticos</strong>. <strong>Talvez não nos existentes atualmente</strong> , mas <strong>em outros cujos programas se afinem com as aspirações dos trabalhadores</strong>. Nós <strong>poderíamos ter representantes no Legislativo e mudar certas leis</strong> que até hoje não foram alteradas porque há raríssimos representantes dos trabalhadores nos órgãos legislativos. Não acredito que se deva atrelar o sindicato a algum partido. Mas acho, que, <strong>inevitavelmente, um dos partidos apresentará melhor programa para os trabalhadores.</strong></span><br />
<br />
</div><strong></strong><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">- Você <strong>defende, então a participação de líderes sindicais em eleições</strong>? </span>- Eu <strong>defendo a participação de todos os brasileiros na vida política</strong> – sejam eles dirigentes sindicais ou não. Mas não concordo com a utilização da estrutura sindical nessa eleição. O <strong>dirigente sindical deve levar para a campanha, pura e simplesmente, o prestígio adquirido – se é que conseguiu algum</strong>. Ele deve esperar contar com o apoio da classe trabalhadora, mas nunca esperar contar com o sindicato como entidade.</span><br />
<div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">- Qual é o grau de poder que o sindicato deve ter? </span>- A classe trabalhadora, como integrante de uma parte maior da sociedade brasileira, deveria ter mais peso político. Hoje, não tem nada. Os próprios dirigentes sindicais – e eu me incluo entre eles – não souberam aproveitar esse maior poder de influência que poderia ter.</span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">- Influir pelo voto? </span>- É uma das maneiras. <strong>A casse trabalhadora deveria exercer influência em todas as decisões governamentais</strong>, não só em época de eleição.</span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">- Você é favorável a uma união dos trabalhadores com o MDB ou com estudantes, na conjuntura atual? </span>- Não acredito nessa união em instante nenhum. O movimento estudantil é válido mas os interesses são totalmente divergentes. De um lado, uns têm muito a perder; de outro, pouquíssimo. Cada um deve atuar em faixa própria. Não vejo também o MDB como salvação de nada. É um partido, como a Arena. Tem gente boa no MDB, assim como há gente boa na Arena. O sindicato deve participar somente daquilo que é melhor para a classe, seja de qual partido for. E, mesmo se o assunto a ser discutido não for estritamente trabalhista. No futuro, se houver condições, o sindicato terá de participar da discussão de <strong>problemas habitacionais, de</strong> <strong>saúde, educação. Isso tudo afeta a vida do trabalhador</strong>.</span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">- Quais são os riscos de manipulação dessa força, em favor de interesses que não sejam os da classe?</span> - Repito o que disse: o sindicato deve influir na política mas não se deve deixar utilizar, não deve permitir ingerências. E para isso ele precisa ser forte, ter participação. </span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">- Você já foi pressionado? Já tentaram suborná-lo?</span> - Se eu falasse que já sofri pressões, estaria mentindo. Nunca sofri pressão de espécie alguma. Em tom de brincadeira, posso admitir que as únicas pressões que sofro são as da minha esposa para que eu volte a ter mais tempo para a família. Quanto à outra questão, <strong>só se suborna quem é subornável</strong>. Nunca ninguém tentou fazer isso comigo. E <strong>não teria condições morais pra tentar</strong>. Nós, aqui no sindicato, <strong>estamos convictos do que queremos e dos meios a serem utilizados para conseguir isso.</strong> O caminho ficou muito tempo fechado, o mato cresceu e está impedindo os trilhos. Agora, estamos apenas cortando o mato, desobstruindo a linha.</span><br />
<br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="color: #ffcc99;">- Você está afastado da fábrica desde l972. Que fará quando terminar seu mandato? Você se candidataria?</span> - Meu mandato termina daqui a três anos. Ainda nem tomei posse no novo período. Mas, de qualquer forma, n<strong>unca pensei em me candidatar a nada. Não tenho vocação política</strong>. Talvez daqui a três anos tenha mudado de opinião, mas <strong>pretendo voltar à minha profissão. O sindicato me paga, hoje, exatamente o que eu ganharia se estivesse trabalhando na fábrica</strong>. <strong>Voltando à profissão, portanto, não perderia nada</strong> – e pelo menos teria horário certo para chegar em casa.</span></div><div align="center"><span style="color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">***</span></div><div align="center"><span style="color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">***</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div align="center"><br />
<div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><br />
</div><br />
</div>Jurema Cappellettihttp://www.blogger.com/profile/16339170311595061062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3418942780652622491.post-51481032923502993932009-01-06T09:04:00.000-08:002010-08-18T13:02:32.694-07:00Entrevista ao Pasquim<div align="center"><div style="text-align: left;"><strong><span style="color: white;">24 de março - 78</span></strong></div><br />
<span style="color: #333333;">***</span></div><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5289334106325361538" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiI5WRa8XGQZ4w3Uus5Z-wlS493Q_16OYs0AmjuP14ZLrGnCK0djoSN0p6ZhKQEIwjOQzhSt5sr89eLM8iislRz2mEnKoDkRoTzYQADx2IGXSqlnCzSsqZ885r6jsePdOF1MBdni-S5oRM/s400/Apresenta%C3%A7%C3%A3o.jpg" style="display: block; height: 225px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" /><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<div align="right"><br />
</div>Jurema Cappellettihttp://www.blogger.com/profile/16339170311595061062noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3418942780652622491.post-28704594234165301432007-09-28T06:33:00.000-07:002009-01-08T06:54:26.972-08:00Entrevistas<div align="center"><span style="font-family:Verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfmUzbzXxTJUvdWB7snl8SgIjBZ5b5-aK63VX6ZAT5uXjzlpFITY9CUD9jLr4iHh8b7DbVzAJRj4KWK3CXcOcaSA4gtxqB4NOMWijkUMYqR8TFGOVip2foiTBwvF0ZkxrhOYJI36F_5IM/s1600-h/Entrevistas+(comentários+do+PT).JPG"></a><strong><span style="font-size:100%;"></span></strong></span></div><div align="center"><span style="font-family:Verdana;"><strong><span style="font-size:100%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzv0BgsvJQeIPk3HDgQ2bRdpRqDAMDLel99UBdWCkWOXTMKhNMzOSRvN5hbDsmds4a8jVHB_t7NA2YsXvtIeoph61_Gz1FL9w5NwulrUwo6vpuXsYxaiN15oKXVyskTTDDbTxWDjE6o28/s1600-h/Entrevistas+(comentários+do+PT).JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5115324890201973698" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzv0BgsvJQeIPk3HDgQ2bRdpRqDAMDLel99UBdWCkWOXTMKhNMzOSRvN5hbDsmds4a8jVHB_t7NA2YsXvtIeoph61_Gz1FL9w5NwulrUwo6vpuXsYxaiN15oKXVyskTTDDbTxWDjE6o28/s200/Entrevistas+(coment%C3%A1rios+do+PT).JPG" border="0" /></a></span></strong></span></div><div align="center"><span style="font-family:Verdana;"><strong><span style="font-size:100%;"></span></strong></span></div><div align="center"><span style="font-family:Verdana;"><strong><span style="font-size:100%;"></span></strong></span></div><div align="center"><span style="font-family:Verdana;"><strong><span style="font-size:100%;"></span></strong></span></div><div align="center"><span style="font-family:Verdana;"><strong><span style="font-size:100%;"></span></strong></span></div><div align="center"><span style="font-family:Verdana;"><strong><span style="font-size:100%;color:#ffffff;">Comentários do PT </span></strong></span></div><div align="center"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-family:Verdana;"><strong><span style="font-size:100%;">sobre as entrevistas e discursos que estão no livro </span></strong></span>
</span></div>
<div align="center"><span style="color:#ffffff;">
</span></div>
<p align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSRsa7vaPWwC5GqNivzVqkLPQa6D5kEy9q6CQOVUcvz3SVwuN02J5lcx_wKqZzuv6iH9soe5MErbjTmwc1bt9U5OvOg_0wqKxU74VgN_inZ4zh68cRyvvEjg-Cev5aw7jdv9pcvjSf8L4/s1600-h/ESTRELA+PETISTA+2.JPG"><span style="color:#000000;"></span></a></p><div align="justify"><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;color:#ffffff;">Desde que passou a assumir um papel de destaque na vida sindical e política brasileira, Lula tem concedido numerosas entrevistas aos mais variados órgãos de imprensa. A leitura dessas entrevistas permite acompanhar a <strong>evolução do seu pensamento</strong>, a começar de sua concepção inicial bastante simples sobre o papel dos sindicatos, até atingir uma visão mais complexa e abrangente de toda a realidade brasileira. Através de <strong>sua palavra, que jorra fácil e abundante</strong>, podemos ver a manifestação de uma intuição profunda e de um raciocínio vigoroso eu, no embate contínuo com a realidade, contribuíram, muito mais do que a leitura e a informação teórica, para a <strong>crescente e firme estruturação de seu pensamento</strong>. É inevitável a repetição dos mesmos temas em entrevistas diferentes. No entanto, <strong>não se trata de simples repetições</strong>. Lula descobre sempre novas facetas nos assuntos que aborda, revelando um aprofundamento contínuo na visão da realidade brasileira, em todos os seus aspectos, mas principalmente no que toca ao papel da classe trabalhadora. Das entrevistas que foi possível reunir, as escolhidas para integrar esta obra são as mais significativas do pensamento de Lula. Sua apresentação, neste, livro, pretende <strong>contribuir para que o pensamento e os interesses dos trabalhadores passem a ocupar a posição a que tem direito na vida do país</strong>.
</span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;color:#ffffff;"></span></div><p align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSRsa7vaPWwC5GqNivzVqkLPQa6D5kEy9q6CQOVUcvz3SVwuN02J5lcx_wKqZzuv6iH9soe5MErbjTmwc1bt9U5OvOg_0wqKxU74VgN_inZ4zh68cRyvvEjg-Cev5aw7jdv9pcvjSf8L4/s1600-h/ESTRELA+PETISTA+2.JPG"><span style="font-family:verdana;color:#ffffff;"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5115323910949430162" style="CURSOR: hand" height="15" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSRsa7vaPWwC5GqNivzVqkLPQa6D5kEy9q6CQOVUcvz3SVwuN02J5lcx_wKqZzuv6iH9soe5MErbjTmwc1bt9U5OvOg_0wqKxU74VgN_inZ4zh68cRyvvEjg-Cev5aw7jdv9pcvjSf8L4/s200/ESTRELA+PETISTA+2.JPG" width="64" border="0" /></span></a></p>
<div align="left"></span><span style="font-family:verdana;"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-size:85%;"><strong>Alguns trechos... engraçados:</strong>
1 - 'evolução do seu pensamento' e a "crescente e firme estruturação de seu pensamento" ;</span>
</span></span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;color:#ffffff;">2 - "sua palavra jorra fácil e abundante"; "...não se trata de simples repetições";
3 - contribuir para que o pensamento e interesses dos trabalhadores passem a ocupar a posição a que tem direito na vida do país.
Logo de início - nas páginas 7 e 8 deste livro - o PT cometeu terríveis enganos, como os trechos acima. Fala sobre a evolução do pensamento lulista, o que nunca ocorreu, ao menos em relação aos interesses dos trabalhadores que defendia. Estamos em 2007 e os pensamentos que Lula cospe para o povo, com os aplausos de sua claque encomendada, mostram que, após tantos anos, ainda não aprendeu a dizer uma única palavra que não seja a de um sindicalista.
</span><span style="font-size:85%;">
<span style="font-family:verdana;color:#ffffff;">O Partido faz referência às suas <strong>abundantes</strong> palavras, alegando não se tratar de repetições, parecendo justificar sua verborragia - embora textualmente limitada - mas que, naquela época, ainda eram novidade. </span></span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;color:#ffffff;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;color:#ffffff;">Quanto aos citados interesses dos trabalhadores, que <em>seriam garantidos com a ocupação de alguma posição na vida do país,</em> tão exigidos por Lula, viraram uma escada para que ele chegasse à Presidência da República. E, hoje, tudo o que pregava, pode ser considerado um cosmético usado para embelezar sua imagem.</span></div><div align="justify"><span style="font-family:Verdana;font-size:85%;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:Verdana;font-size:85%;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:Verdana;font-size:85%;"></span></div><div align="center"><span style="color:#ffff00;"><span style="font-family:Verdana;font-size:85%;"><strong>T</strong></span><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><strong>ais trechos engraçados (?), </strong></span></span></div><div align="center"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;color:#ffff00;"><strong>seriam a ilusão de sonhadores decepcionados que criaram o PT </strong></span></div><div align="center"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;color:#ffff00;"><strong>ou tapeação desses abutres oportunistas </strong></span></div><div align="center"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><strong><span style="color:#ffff00;">que já sentiam no ar o cheiro de podre que os alimenta ?</span></strong>
</div></span>Jurema Cappellettihttp://www.blogger.com/profile/16339170311595061062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3418942780652622491.post-38195892220736089042007-08-31T05:34:00.000-07:002011-10-04T14:51:40.551-07:00A VOZ E A VEZ dos trabalhadores<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWeBT0U3FHdM8W5yw162SOJ3q6kmrDXS835zj_pqW-WZDQXCNlqEIzD5yaPelbSLDxpvjh8Y7m1w4CBJDrra-9-DuBrfqmfPhbAiuw3EDEBi49gjM6_44V7xWiI1fQ6LjGTmXbS4yjqKE/s1600-h/A+VOZ+E+A+VEZ+dos+trabalhadores.JPG"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5104867345693673218" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWeBT0U3FHdM8W5yw162SOJ3q6kmrDXS835zj_pqW-WZDQXCNlqEIzD5yaPelbSLDxpvjh8Y7m1w4CBJDrra-9-DuBrfqmfPhbAiuw3EDEBi49gjM6_44V7xWiI1fQ6LjGTmXbS4yjqKE/s320/A+VOZ+E+A+VEZ+dos+trabalhadores.JPG" style="float: left; margin: 0px 10px 10px 0px;" /></a><br />
<div><div align="justify"><span style="color: black; font-family: verdana; font-size: 85%;"><strong></strong></span></div><br />
<div align="justify"><span style="font-family: verdana; font-size: 85%;"><span style="color: white;"><strong>O livro, comprado num sebo, veio com esta página manchada e um pedaço rasgado no final à esquerda. As outras páginas estão com alguns trechos marcados e algumas anotações, mas inteiras.</strong><br />
</span></span></div><br />
<br />
<br />
<div align="center"><span style="color: white; font-family: verdana;"><strong>A VOZ E A VEZ</strong></span></div><div align="center"><span style="color: white; font-family: verdana;"><strong>dos trabalhadores</strong></span><span style="font-family: verdana; font-size: 85%;"></span></div><div align="justify"><br />
<br />
<span style="color: white;">Os acontecimentos de que foram protagonistas os metalúrgicos do ABC, nos anos 78-80, constituem sem dúvida momentos de grande significado no processo histórico brasileiro. E entre os protagonistas desses acontecimentos, a figura de Luís Inácio da Silva, Lula, ocupa indiscutivelmente o primeiro lugar. Sua liderança se formou a partir do momento em que, soando como algo estranho no cenário sindical do país, sua voz assou a encarnar os anseios mais simples e imediatos – por isso mesmo os mais legítimos – de seus companheiros de fábrica.Ao longo desses três anos, durante os quais os metalúrgicos deflagaram três importantes greves, Lula viu o momento que germinara modesto atingir dimensões de âmbito nacional. Foi de dentro desse movimento que ele emergiu para a vida política. Se isso ocorreu contra sua própria vontade, foi porque os trabalhadores que ele liderava, ao reivindicaram coisas tão singelas quanto um salário decente e um mínimo de estabilidade no emprego, esbarraram numa obstinada intransigência do poder político. Assim, ao contrário de esgotar-se em si mesmo, como desejavam alguns, ... movimento passou a ... contornos imprevisíveis, puramente reivindicatórios.... aspirações dos operários orientaram-se para o terreno em que se assenta a própria estrutura de poder.Ao encarnar essas aspirações, e ao empenhar-se na construção de um sindicalismo que levasse os trabalhadores a tomar consciência dos próprios direitos, em vez de se limitar a funções meramente assistenciais, Lula começou a incomodar os donos do poder. Para esses donos do poder, passou a ser uma ameaça a movimentação de uma parcela do exército de explorados que, no entender dos beneficiários do milagre brasileiro, além de produzir mais e mais riquezas, devem conformar-se com a miséria e a exploração.Uma vez vislumbrada essa ameaça, não é de estranhar a fúria com que se atiraram sobre Lula e outros líderes sindicais os órgãos de repressão (*1). Além de terem sido destituídos dos cargos que lhes foram confiados pelo voto dos companheiros, foram encarcerados ilegalmente e processados por crime contra a Lei de Segurança Nacional. Na verdade, o que existe portrtás desses processos é a mão do próprio regime, que visa abafar um movimento, hoje considerado por todo o país, que resultou na criaç~çao do Partido dos Trabalhadores. Essa movimentação amedronta o poder ... para sustentar-se em meio à corrupção, ao terrorismo e à crise econômica, precisa manter o povo no silêncio e no conformismo. Daí as manobras e as perseguições contra as lideranças de um partido que o próprio povo criou.Ao registrar as palavras e o pensamento de Lula, este livro pretende mostrar ao público brasileiro o quanto são justas as aspirações da nossa classe trabalhadora. Se Lula não se tem cansado de repetir sua mensagem é porque está convicto de que suas palavras traduzem necessidades legitimas. Cada letra aqui impressa constitui uma prova da legitimidade dessa mensagem; e cada leitor será um juiz cuja sentença contribuirá para que a História se encarregue de julgar os que outorgaram a si mesmos o poder de usar a Justiça para sustentar a exploração dos trabalhadores.No entanto, mais do que as palavras de Lula, este livro registra alguns momentos significativos da própria História do Brasil – os acontecimentos vividos pelos operários do ABC. Por isso, este é um livro escrito por trabalhadores. Ele guarda em suas páginas a memória de um tempo feito por homens que através de sua disposição de luta e da palavra de seu líder, mostraram que a classe trabalhadora brasileira é capaz de construir seu próprio destino (*2).</span></div><br />
<div align="justify"><span style="color: white;"></span></div><div align="justify"><span style="color: white;"></span></div><div align="justify"><span style="color: white;"></span></div><br />
<div align="justify"><span style="color: white;"></span></div><br />
<div align="justify"></div><br />
<div align="justify"><strong><span style="color: #009900;">(*1) Vocês verão adiante o exagero oportunista quando o livro fala sobre a FÚRIA dos órgãos de repressão em cima do suposto pai dos trabalhadores, quando o próprio Lula comenta sobre seus dias de ‘presidiário sofredor’ numa das entrevistas.</span></strong></div><div align="justify"><strong><span style="color: #009900;"></span></strong><br />
<strong><span style="color: #009900;">(*2) Após 29 anos, Lula chegou à Presidência da República e os trabalhadores ainda não encontraram seu destino. Lula foi um incompetente ou um mentiroso?</span></strong></div></div>Jurema Cappellettihttp://www.blogger.com/profile/16339170311595061062noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3418942780652622491.post-6103787573125520562007-08-31T04:46:00.000-07:002008-12-09T07:01:50.651-08:00Apresentação do livro<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnXsqec2RMV7_BV711TEpUGl8QUeEQL6Fw_g-JAyNMRs2iZ-QraZ09RTDAT7T3zIrZRCTwlPgPNAAqAjJZGx5nM95jTxeqSouobhIWGJelhqk3L0LKOIeIQzFtzFbChcZFOxm5Ltv2dak/s1600-h/LIVRO.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5104838045426779858" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnXsqec2RMV7_BV711TEpUGl8QUeEQL6Fw_g-JAyNMRs2iZ-QraZ09RTDAT7T3zIrZRCTwlPgPNAAqAjJZGx5nM95jTxeqSouobhIWGJelhqk3L0LKOIeIQzFtzFbChcZFOxm5Ltv2dak/s320/LIVRO.jpg" border="0" /></a><br /><div align="center"><strong><span style="font-family:verdana;color:#ffffff;">APRESENTAÇÃO DO LIVRO</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-family:verdana;color:#ffffff;">Contra-capa e Índice</span></strong></div><p align="justify"><span style="font-family:verdana;"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;">Por que editamos este livro(contra-capa)Editar um livro que reunisse as principais entrevistas de Lula na imprensa e seus discursos no estádio de Vila Euclides nos pareceu importante por diversas razões:Em primeiro lugar, porque ele registra palavras de um operário que conhece profundamente os problemas de sua classe. Assim, o livro constitui um verdadeiro retrato da situação dos trabalhadores, suas necessidades, seus interesses, seus sofrimentos...Em segundo lugar, porque o livro registra alguns acontecimentos que vão entrar para a História do Brasil. Da maneira como geralmente é escrita e ensinada, esta História não mostra a participação do povo na vida do país nem a exploração a que os trabalhadores são submetidos. São contadas apenas as ações dos governantes (imperadores, presidente, ministros), dos ricos, dos generais, dos ‘heróis, etc. O livro de Lula, ao contrário, conta fatos vividos pelo próprio povo: os metalúrgicos do ABC e sua luta por melhores salários e melhores condições de vida.O livro é importante ainda porque Lula e outros líderes sindicais estão sendo processados pelo governo por defenderem os trabalhadores e por organizarem um partido representativo dos verdadeiros interesses do povo. A publicação do livro é uma forma de apoiar a sua luta e de demonstrar que os trabalhadores estão do lado deles.São Paulo, outubro de l980Núcleo Ampliado de Professores do Partido dos Trabalhadores (São Paulo)Toda a renda do livro destina-se, em partes iguais, ao Partido dos Trabalhadores e ao fundo de greve dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema.</span> </span></span></p><div align="justify"><span style="color:#ffffff;"></span></div><div align="center"><span style="font-family:verdana;color:#ffffff;"><strong></strong></span></div><div align="center"><span style="font-family:verdana;color:#ffffff;"><strong></strong></span></div><div align="left"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-family:verdana;"><strong>- ÍNDICE -</strong></span> </span></div><div align="left"><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgB8PtgHYxkjTGKGadVOTmIcQ6Dmi1u63aZE622sdvr5YWvrE2n9q1lhVJ_dak1fq1FRdxQMaXdPpivyX5WNP7a7QPJYF0ggPL2NFYLCnJHFDK2F1bETchbuNOse4gxgr3t18q1agt20Dk/s1600-h/RELAÃÃO+ENTREVISTAS.jpg"><span style="color:#ffffff;"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5104833076149618354" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgB8PtgHYxkjTGKGadVOTmIcQ6Dmi1u63aZE622sdvr5YWvrE2n9q1lhVJ_dak1fq1FRdxQMaXdPpivyX5WNP7a7QPJYF0ggPL2NFYLCnJHFDK2F1bETchbuNOse4gxgr3t18q1agt20Dk/s200/RELA%C3%87%C3%83O+ENTREVISTAS.jpg" border="0" /></span></a><span style="color:#ffffff;"><br /><span style="font-family:verdana;"><strong>Entrevistas</strong></span><br /></span></div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-family:verdana;"><strong>l978</strong></span><br /></span></div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><strong>24 de março</strong> – Pasquim</span><br /></span></div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><strong>3 de abril</strong> – Visão</span><br /></span></div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><strong>10 de abril</strong> – Jornal do BrasilMaio – Vox Populi, TV Cultura</span><br /></span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><span style="color:#ffffff;"><strong>4 de junho</strong> – Folha de S.Paulo</span></span></div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><strong>10 de junho</strong> – MancheteJulho – Senhor Vogue</span><br /></span></div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><strong>23 de julho</strong> – Diário do Grande ABC</span><br /></span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><span style="color:#ffffff;"><strong>24 de setembro</strong> – Folha de S.Paulo</span></span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;color:#ffffff;"></span></div><br /><br /><div align="justify"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-family:verdana;"><strong>1979</strong></span><br /></span></div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><strong>14 de janeiro</strong> – Jornal do Brasil</span><br /></span></div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><strong>21 de fevereiro</strong> – Isto É</span><br /></span></div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><strong>24 de março</strong> – Folha de S.Paulo</span><br /></span></div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><strong>4 de abril</strong> – Movimento</span><br /></span></div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><strong>5 de abril</strong> – Gazeta Mercantil</span><br /></span></div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><strong>29 de abril</strong> – Jornal da Semana</span><br /></span></div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><strong>22 de maio</strong> – Renato Tapajós</span><br /></span></div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><strong>25 de maio</strong> – Em Tempo</span><br /></span></div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><strong>Julho</strong> – Playboy</span><br /></span></div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><strong>Dezembro</strong> – ABCD</span><br /><br /></span></div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-family:verdana;"><strong>1980</strong></span><br /></span></div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><strong>10 de janeiro</strong> – Em Tempo</span><br /></span></div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><strong>12 de fevereiro</strong> – Tribuna da Imprensa</span><br /></span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><span style="color:#ffffff;"><strong>20 de fevereiro</strong> - Isto É</span></span></div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><strong>Abril </strong>– Revista Especial</span><br /></span></div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><strong>28 de maio</strong> – Isto É</span><br /></span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><span style="color:#ffffff;"><strong>3 de julho</strong> – Em Tempo</span></span></div><br /><p align="justify"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;color:#ffffff;"></span></p><p><span style="color:#ffffff;"></span></p><br /><p><span style="font-family:verdana;"><strong><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiN3uA_RNTA_t0SdMXMo5JHW4alNccWee3iXuZTsC5ryca0bXisFPkhIh0FGEynYYKtNMKg3A_PGSLaVOujm2IUXQzebaGEYspC2AL09lMM6wPng_XIeQrBIqtjcpf_K-mpG3dVK6zgdUU/s1600-h/RELAÃÃO+DISCURSOS.JPG"><span style="color:#ffffff;"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5104834794136536770" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiN3uA_RNTA_t0SdMXMo5JHW4alNccWee3iXuZTsC5ryca0bXisFPkhIh0FGEynYYKtNMKg3A_PGSLaVOujm2IUXQzebaGEYspC2AL09lMM6wPng_XIeQrBIqtjcpf_K-mpG3dVK6zgdUU/s200/RELA%C3%87%C3%83O+DISCURSOS.JPG" border="0" /></span></a><span style="color:#ffffff;">Discursos</span></strong></span><span style="color:#ffffff;"><br /></span></p><br /><div align="justify"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-family:verdana;"><strong>1979</strong></span> </span></div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><strong>22 de março</strong> - Estádio da Vila Euclides na véspera da intervenção do Sindicato.</span> </span></div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><strong>27 de março</strong> – Paço Municipal de São Bernardo :suspensão da greve.</span> </span></div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><strong>1º de maio</strong> – Estádio de Vila Euclides lotado, diante de numerosas categorias de trabalhadores.</span> </span></div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><strong>13 de maio</strong> - Estádio de Vila Euclides: fim do prazo de 45 dias.26 de maio – Sindicato, após suspensão de intervenção.</span><br /><br /><br /></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;color:#ffffff;"><strong>1980</strong></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><span style="color:#ffffff;"><strong>30 de março</strong> – Estádio de Vila Euclides: decretação da greve.</span></span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><span style="color:#ffffff;"><strong>1º de abril</strong> – Estádio de Vila Euclides: primeiro dia de greve.</span></span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><span style="color:#ffffff;"><strong>3 de abril</strong> - Estádio de Vila Euclides, no dia seguinte à decisão do TRT de declarar-se incompetente para julgar a greve.</span></span></div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><strong>7 de abril</strong> - Estádio de Vila Euclides, 7º dia de greve.</span><br /></span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><span style="color:#ffffff;"><strong>8 de abril</strong> - Estádio de Vila Euclides, 8º dia de greve.</span></span></div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><strong>10 de abril</strong> - Estádio de Vila Euclides, 10º dia de greve.</span><br /></span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><span style="color:#ffffff;"><strong>14 de abril -</strong> Estádio de Vila Euclides, 14º dia de greve.</span></span></div><div align="justify"><span style="color:#ffffff;"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><strong>17 de abril</strong> – Sindicato, às 22 horas, após a notícia da intervenção </span><br /></span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><br /><span style="color:#33cc00;"><strong>Está aí o poder da mídia, que vendia suas edições, praticamente sencionalistas, ao enfatizar a imagem de um sindicalista que surgiu numa hora bem apropriada: o limite entre o regime autoritário e a proximidade da democracia. Hoje, quem elege um semi-analfabeto à Presidência da República é o povão que nele se espelha, mas quem deu força e fez o astro-pop Lula crescer foi a imprensa. A mesma imprensa que, atualmente, ele tenta censurar por expor sua incapacidade e seus conchavos</strong> .</span></span> </div>Jurema Cappellettihttp://www.blogger.com/profile/16339170311595061062noreply@blogger.com0